Sermões

Foto de Oliveira Santos

Carta

Meu amor

Sei que talvez não dê mais tempo de lhe dizer qualquer coisa para tentar uma reconciliação...

Errei muito, eu sei, e nem é necessário dizer o quanto você tem razão em tomar essa atitude. Mentiras, omissões, palavras mal ditas ou não ditas entre outras coisas permearam o nosso relacionamento e o conduziram até este ponto.

Durante todos esses dias de um quase desprezo seu tenho sofrido tanto...

Não lhe beijar antes de trabalhar nem depois de você chegar, não apertar seus pés vendo nossos programas preferidos ou uma série interessante e até um filme "mamão com açúcar", não dormir no chão da sala como um cão de guarda do seu lado porque você pega no sono no sofá e eu não quero interromper seu descanso, não ficar azul de fome esperando você para jantar, não lhe ouvir dizer que meu estrogonofe está "top, amor!" ou aquela picanha de forno... essas são só algumas das pequenas coisas que me martirizam por não ter mais.

...E tudo minha culpa!

Aproveitei esse tempo para refletir, recapitular nossa vida juntos na tentativa de encontrar o momento em que me perdi pelo caminho...

Isso mesmo, me perdi. Em qual bifurcação eu peguei o lado errado? Em qual rótula eu peguei a saída errada? Difícil responder... O que eu sei é que fiquei dando voltas e voltas sem chegar a lugar algum, ou melhor, sem sequer sair do lugar.

Preciso achar aquele homem por quem você se apaixonou... Resgatá-lo! Aquele que se encantava com seu sorriso; que você flagrava absorto te olhando e dizia que só estava babando; que sempre fez questão de dizer o quanto você é linda; aquele te agarrava cheio de vontade de você! Ele não morreu, está vagando, mas já estou indo buscá-lo mesmo que eu precise fazer uma terapia de regressão!

Brincadeiras à parte, eu sei que caí em descrédito. Não reguei a plantinha e ela secou... Mas não posso ficar de braços cruzados vendo a banda passar e se existe alguma esperança, por mínima que seja, preciso me mexer, aliás, já estou me mexendo! E isso não é só por você ou pelas crianças, é por mim também.

Fico olhando nossas fotos juntos, com nossos filhos lindos... Que família maravilhosa eu estou perdendo! Que mulher espetacular eu afastei de mim! Olho para cada canto da casa e chego a nos ver ali em algum momento passado de alegria ou simplesmente do cotidiano, como você sentada no sofá comigo e as crianças ou no computador trabalhando. Fecho os olhos e até consigo sentir seu cheiro!

Mas em lugar disso tudo eu dei vez ao orgulho, à teimosia, à intransigência, à falta de sensibilidade... falhei como homem e marido com você sem que merecesse e agora pago o preço por isso: o nada, o isolamento, a solidão.

Me magoar? Sim, você já me magoou com suas palavras duras. Mas pensando bem era uma reação ao meu descaso em relação a nós dois. Meus erros foram maiores que seus sermões.

Por fim quero dizer que TE AMO COM TODAS AS FORÇAS e vai ser assim por um longo tempo, queria poder fazer tudo diferente, recomeçar, não tentar de novo! Re-co-me-çar... Mas acho que não tenho mais vez na sua vida... então só posso agradecer por tudo que fez por mim, pedir desculpas por tudo que fiz e desejar que seja feliz como sempre sonhou ser, se cuide, seja sensata e cautelosa nas suas decisões. Vá e vença!

...De um homem que não soube te amar.

11/09/2018

Foto de Rute Mesquita

Soluços embriagados

Ela chega embriagada,
feliz, contente
mas, mal encarada
num olhar descontente.

Embriagada ela chega
estafada de álcool se rega…

Pousa a cabeça
sobre a mesa
perdida em pensamentos…
será que mereça
estes jumentos?

De mão trémula
leva a morte à boca.
À boca tumula
e esconde-se nessa dita ‘toca’.

Canta…
com uma voz lenta.
Lentos são agora os seus reflexos…
Espanta
a foz sedenta
com os seus perplexos.

Recusa-se a ouvir
explicações, sermões…
Apenas se quer suprimir.

Lamenta-se
por entre sorrisos
melancólicos…
Afoga-se
pelos seus precisos
e albergados tons alcoólicos.

A cama?
Nem pensa nela…
Age como se o Mundo acabasse hoje…
Clama,
pel’aquela felicidade que lhe foge.

Fala em morrer…
despedindo-se,
promete enfraquecer
desmetindo-se…

Repete e repete
a música sem fim…
Será que compete? Que lhe compete
este destino assim?

Não aceita mudar
quando uma voz amiga lhe soa…
Conjuga compulsivamente o verbo ‘chorar’
até que a alma lhe doa…

Segreda-se
arrependida…
Desemprega-se
desta vida…

Vêm à tona não revelados…
e choram-se as almas
contam-se os desabafos…
Agrafos,
de vidas aparentemente calmas.

Assistem-se,
confrontadas…
Complicam-se
insensibilizadas.

E eu não aguento mais…
levanto-me e vou deitar-me…
Já amanheceu num ‘jamais’
onde nunca pensei encontrar-me.

Foto de Henrique Fernandes

AMO-TE PAI

.
.
.

Pai, não te tive na minha infância
Como ambos desejaríamos
Porque andavas ocupado com a vida
Numa luta constante pelo meu alimento
Um sacrifício pelo meu melhor futuro
Mesmo assim, ocupado naquela luta
Por entre muitos breves momentos
Foste o meu pai
O muito pai que sempre foste e serás
E quando finalmente conseguiste
Um pouco deste meu melhor futuro
Partiste
Levando contigo o resto da sabedoria
Que hoje me falta
É com alegria que te recordo
Foram tantos os sorrisos sinceros
Foram gargalhadas, foram brincadeiras
E aprendi ouvindo os teus sermões
Quando ralhavas aos meus erros
E tanto mais que me ensinaste
Sou a continuação do homem que foste
Respeitando teu presente do passado
No hoje de cada dia com saudade
Dos abraços que ficaram por dar
Das conversas que não tivemos
No tempo que nos foi tão curto
Mas acredito que de onde estejas
Estás comigo nos melhores valores
Desculpa todas as desilusões que te causei
Amo-te pai

(Ao meu pai Vitorino Fernandes que já está noutra dimensão)

Foto de laurinda malta

Vida Carimbada

Vida Carimbada

Vida gasta em tinteiros,
Pensamentos rasurados,
Ideias feitas em sorteios,
Carimbos de vida pintados.

Lições teóricas em sermões,
A prática ilustrada na rotina,
Bebemos vida aos tropeções,
Suamos gotas de dor cristalina.

Vida mungida nas mágoas do dia,
Horas carimbadas por negra tinta,
Época marcada por nãos à fantasia,
Sonho em lágrima que já não brinca.

“Não”, que se diz ao querer brincar;
Viver carimbados na lei a aprender;
Tinta preta a magoar o nosso sonhar,
E carimbados, morremos sem saber.

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