Quando o amanhecer entardece,
Quando o sol escurecer.
Nesta altura o claro torna-se escuro,
E o sorriso começa a desvanecer,
A alegria empalidece,
Com o aroma a solidão.
A escuridão que desnorteia,
Este fogo que não incendeia,
Este sol que não encadeia,
Este ser não sendo,
Este querer não tendo.
O tempo corre como aguas paradas,
Por isso sempre estático,
Apático.
O caminho percorre-se longe
Aproximando-se de mim,
Nada esmorece,
Pois toda a saudade tem um fim.
No momento da união,
No recomeço do viver.
Na vaporização de algo que passa.
Na aventura do poder,
Na certeza de em breve sentir,
Em breve ter.
Então sou feliz não o sendo,
Momentaneamente,
Pois este infortúnio tem prazo,
Na lonjura de um oásis,
Vejo o sol a pairar,
Sol que chega e me beija,
Sol que me ilumina e deseja.
Sou alegre quando penso,
E triste por nem sempre pensar,
Sou auto-suficiente,
Mas és tu que me fazes continuar.
Enviado por Paulo Master em Qua, 03/06/2009 - 13:39
Jovial e insano, sagrado, mas profano, amor ou ódio, poetar as coisas bonitas, como fazer chorar em momentos inesperados surpresas que são certas e certezas inesperadamente absurdas, assim bate um coração literário e a cada curva do destino a mudança se torna indispensável, como as manhãs e o sol que brilha imponente.
Não tem como temer o amanhecer ou chorar sem saber por que, viver uma ilusão fantasista criada por alguém com tanta verdade que até parece à vida de outrem, a ilusão de sentir o verbo e tecer cada página torna-se um bem tão precioso quanto viajar sem motivo ou voar sem ter asas, num vôo magistral e mágico como flutuar no vazio ou tocar o imenso céu anil.
Tal arte de compor está no sangue e viaja pelo intelecto chegando até o coração que responde como uma ferramenta de sensações sem precedentes, levando emoção ao carente e fazendo-se amar o indiferente.
Sentir o amor na pele, viver ele e o ver florescer, ouvir a voz de uma dama ao menos por ilusão, sentir o suave bater do seu coração, as histórias acontecem assim, com começos meios e afins, uma viagem sem volta e muitas com retorno gratificante, como vencer um gigante ou sentir no emocional aquele mundo tão interessante, ter duas vidas e vivê-las com tanta intensidade, obter a chance de errar duas vezes, mas poder amar mais de uma vez.
Tomar uma vida para si, viver ela e odiar os covardes vilões, ouvir o grunhir dos canhões ou lutar contra imensos dragões, enganar, mentir e ainda sair são ou tornar-se vilão, sofrer, sorrir, chorar, sentir e amar, desejar tudo e nunca ter nada, vagar sozinho por toda a madrugada e não ver o sol nascer, sentir o amanhecer tão belo e as flores de setembro com perfume de primavera, lançar-se ao infinito e voltar a ser o que já era.
Assim vive um coração literário, ele busca, procura e anseia, sente medo, ama e odeia, mas também compartilha com seu mundo as coisas alheias, faz da amargura a ternura e da despedida o retorno e na presença faz saudade, no amor a castidade, sente aperto no coração, mas almeja um simples aperto de mão, a felicidade e o amor pela liberdade, como um pássaro escapando do alçapão.
Ah! Essa prosa poética sai do coração, conforta quem escreve sabendo que não devaneia só, pois não existe tal solidão que tenha participação ao menos do solitário que ao voltar uma página confortou-se em não entender tal raciocínio, infelizmente, a maioria assaz atrás do pão e outras diversões, menosprezam tais escritas, verdadeiros cultivos nos íntimos jardins, manifestações da alma.
Video Poema - A Magia da Noite
Edição: Carmen Cecília
Poesia em parceria: Maria Goreti Rocha e Carmen Vervloet
A MAGIA DA NOITE
O dia carrega o sol
em seus braços.
Surge a noite
pendurada em laços
de escuridão.
Amarrados a um lençol
de estrelas cintilantes,
pequenos pontos
de luz...
Brilhantes
que cobrem a terra
na sua vastidão!
O clima é fantástico, misterioso!
A noite mostra
sua dupla face...
Uma enigmática, sombria,
outra, romântica...
Pura magia!
Na calada da noite
surgem sonhos, delírios.
Lobisomens, fantasmas,
sacis-pererês...
Piam corujas
causando arrepios,
cantam grilos e sapos...
Estranhos assobios.
O uivo dos ventos,
o frio da noite,
a inércia da morte,
o medo das trevas...
A madrugada é sombria!
O som do silêncio
é a música dos anjos,
o canto sereno
das águas dos rios.
Embalados nos sonhos,
surgem os amores.
Lingeries de seda...
Um roçar de pernas,
Sem rubores,
sem pecados,
sem falsos pudores.
Corpos flamejantes...
Fusão de almas,
concretização do amor!
O dia desata
os laços da noite
e ela caí
em gotas de rocio.
Leva consigo
Seu lado vadio,
e com ele
as delícias do cio.
A face do horror,
a face do amor,
a magia da noite
em todo esplendor!
Não posso viver sem você!
Nossos destinos foram entrelaçados
pela força do universo,
às vezes tento, confesso,
mas nossas vidas são tão ligadas
que quando um parte
na loucura do coração,
o outro sabe de antemão
que tudo é em vão...
A volta é certa,
sozinhos
perdemos o rumo
e o prumo!
A alma fica deserta
e logo, logo, juntos estamos
porque nos amamos
com uma força tão grande
que até o sol se esconde
na tristeza da separação
cobrindo com negro véu
nossa solidão!
O luto de nossas almas
influencia a natureza
as nuvens choram tristeza,
lavando a dor da insensatez...
E outra vez
diante de mais um engano,
nos perdoamos...
Entrançamos nossas almas
agora em paz,
e continuamos a jornada
ritmada pela sinfonia da passarada!
E nos entregamos a este calor
que nos leva ao êxtase do amor!
Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora.
Sinto tua suave e doce fragrância
Recém saída do banho com os cabelos molhados
Ousada, fogosa, atrevida, me dominando
Roçando teus belos e fartos seios em meus lábios
Mordisco a ponta da tua orelha
Aspiro o perfume inebriante do teu sexo, hum...
Desço com a língua em teu corpo
Até encontrar a fonte de prazer maior
E aí detenho-me longamente...
Uma criança feliz no parque de diversões.
Vivemos uma suave e doce conjugação de prazer
Adentramos em um paraíso!
Quando menos percebemos, encontramo-nos
Em um inferno de explosões
De risos, prazeres e fantasias realizadas
Vencidos pelo cansaço, dormimos abraçados
Murmurando palavras de amor
Despertamos! O sol tímido espia pelas frestas da janela
Desejando teu corpo, que possuo
Desejando teus beijos que me são ofertados
Desejando tuas palavras a mim dirigidas
Desejando e nada tendo
E assim ele vai embora zangado
Vingativo, chama a chuva em seu auxilio
O que importa? O som da chuva nos embala
Para mais uma partida de amor
Agora é a chuva que teimosa, invejosa
Tenta adentrar pelo telhado
Tenta nos seduzir com o seu frescor
Prometendo banhar nossos corpos suados
Prometendo lavar nossos pecados
Que temos prazer em cometer
Não aceitamos a oferta da chuva
Que vai embora, mandando a noite
Que tenta nos envolver na escuridão
Que tenta nos assustar com seus mistérios
Inúteis suas investidas, fracassam suas tentativas
Nos aproximamos mais ainda
Recomeçamos tudo de novo
Em um longo e ardoroso beijo
Nos envolvemos em desejos
Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2009 All Rights Reserved