Tempo

Foto de Carmen Lúcia

E ele vem de novo...

E lá vem ele de novo!
Corações palpitam...
Expectativas se agitam
E invadem o ar...
Estará mudado?
Deixou o ruim de lado?
Ou virá de qualquer jeito
Sem ter-se reciclado, transformado?
Despojado-se das dores, dos rancores,
Das lágrimas, dos dissabores
Que salgaram, que pesaram
E sacrificaram tantas vidas?
As mesmas que agora lhe pedem guarida...
As mesmas que acreditam em sua vinda...
Ou virá perfeito, refeito, desfeito
Das atrocidades que desejamos apagar
Das mentes, das gentes, dos inocentes...
E que nós, impotentes, não pudemos abrandar...
Fechemos os olhos...deixemo-lo entrar...
Acreditemos...O amor é o que irá reinar!
Ele virá modificado...E por Deus abençoado!
Fará o mundo feliz...Tempo venturoso!
Vai começar do “Novo”!
Sem incertezas ou enganos...

Feliz Novo Ano!

Foto de Wing0Angel

Réquiem Do Amor ~O Destino Do Coração~

Antes que aquele amor pudesse revelar
Seu imensurável peso exercido sobre meus ombros
Todas as formar de compreensão tentei rejeitar
Ele acabou se transformando em ódio...

Mesmo que tenhamos feito uma promessa
Nos esbarramos sem que pudéssemos notar
Acabei desiludido pelo fato, tendo que te abandonar
A cada encontro entendemos e destruímos um ao outro...

Não me confesse - mesmo se eu confrontá-la...
Não posso escapar das lembranças de minha queda
Encontrarei seus olhos, erguido pela sua calorosa mão
Até o tempo parece selado por aquela união

Talvez nem desvanecendo-se aquele lugar irá mudar
Nossa salvação... Será que iremos buscar?
Como que na pele de alguma pessoa honesta
Estamos dentro de um friável cristal...

Uma vez que invento mais e mais mentiras
Você disse "O amor acaba sempre me machucando"
Estava com medo de acreditar em mim e chorou
Torne-se forte: aprenda com o temor que sua fraqueza criou...

[ Descobrirá o significado do amor verdadeiro,
Antes que todo ele se converta em puro ódio?
Aquilo que eu desejava não era esse mundo cruel;
Incontempláveis dias, desprovidos de razão... ]

A solidão habita o interior dos meus olhos
As mentiras - eles estão cansados de enxergar...
Será que uma delas tentará meu coração roubar?
Daquele caloroso sentimento, não consigo me aproximar

Finalmente parei de acreditar e passei a conviver
Com pensamentos negativos alimentados pela agonia
Não me importo mais com a brevidade da vida
Certamente isso não era o que eu queria...

Um amor perdido naquele lugar...
Se pelo seu significado procurar
Talvez eu possa me transformar
E ser capaz de seguir em frente...

Foto de Rosinéri

INTROSPECÇÃO

Para um pouco, põe-te em pé,
retém o olhar neste horizonte
e escuta o murmurejar da tua vida
a eterna despedida em cada onda
a sul, assim batida pela maré...

Vê agora esse barco ancorado
que jaz tímido a teu lado,
Assim tão despido e esquecido das cores da juventude
pela passagem do tempo e dos amores das ondas,
sereias encantadas, Deste e de outros mares...

Repara, é você, que como ele te esconde
no ângulo mais escondido deste cais,
sofrendo o abandono da mais fina e luz,
emersa no lodo e nas neblinas das manhãs
onde a pureza até parece não voltar jamais...

desvenda os olhos, rompe o nevoeiro que há em ti
e vem abrir os braços aos ventos varonis,
deixa-os velejar ao sol do meio-dia
e verás as cores de outrora a voltar e as velas a enfunar
de tal paz, de tal alegria
que há de ter saudades de ti,
Quando partires na maré de um belo dia...

Foto de Rosinéri

DIALOGO COM A MORTE

Quando a morte vier para mim e sussurrar:
__Teus dias acabaram.
Eu direi
___Eu vivi no amor e não apenas no tempo.
Ela perguntará.
__Seus poemas permanecerão?
Direi.
__Não sei, mas estou certa de que muitas vezes encontrei
minha eternidade quando escrevia.

Foto de LU SANCHES

Um dia daqueles!

Acordou assustada naquela manhã de inverno, olhou para o despertador e teve vontade de espancá-lo, pois já passava dos oito; deu um pulo da cama. Foi ao banheiro olhou para o espelho, sabia que o café da manhã estava fora de cogitação; Kátia estava com raiva, se já não bastasse os cobradores de ônibus estarem em greve geral, até o relógio resolveu voltar-se contra ela.
Sabia que não chegaria a seu destino a tempo, então resolveu apelar a Jéssica, amiga de infância que morava no apartamento ao lado e possuía um belo importado. Pronto, seu dia estava salvo, afinal aquela data era esperada com ansiedade. Ela funcionária dedicada com alguns anos de experiência, pronto para ser promovida.
Vestiu-se formalmente para a ocasião, pegou sua bolsa e mais que depressa bateu na porta da amiga. Bateu e bateu, mas nem sinal se Jéssica. Respirou profundamente três vezes para manter a calma. A solução agora era pedir a seu Joaquim para fazer uma corrida até o centro, ele taxista, senhor de boa aparência passava todos os dias debaixo de uma árvore à espera de um cliente.
Desceu pelo elevador e foi às pressas ao encontro de seu Joaquim, que não se encontrava no ponto. Provavelmente fora fazer alguma corrida, fato raríssimo, mas que naquele dia ocorrera.
Kátia que não era supersticiosa estava para mudar de idéia. De ônibus não tinha como chegar, sua amiga que nunca saia de casa tão cedo não se encontrava, seu Joaquim arrumara passageiro justo naquela manhã, seu carro sem previsão de sair da oficina.
Como chegar? Do que ir? Eram perguntas à procura de respostas. Kátia lembrou de sua bicicleta; fazia tempo que não á usava.
Pedalando pela cidade, notou algo estranho, diferente. Que será que estava acontecendo? A maior parte do comércio estava fechado, eram poucos os carros que circulavam pelas ruas. Mas a preocupação de chegar logo a seu destino era maior do que a curiosidade de saber o que estava ocorrendo.
Com aproximadamente duas horas de pedaladas, ela estava exausta e toda desarrumada; porém aliviada por estar chegando, cruzou a esquina andou alguns metros e em fim chegou pelos fundos como fazia todos os dias. E aquele era especial, pois não é todos os dias que se é promovida.
Mas algo estava estranho, a porta encontrava-se trancada e não havia ninguém no local. Kátia estressou-se começou a chutá-la e esbofeteá-la; ações que chamou a atenção de um moço que passava na calçada, que resolveu perguntar a ela o que estava ocorrendo e se ela era da cidade; posteriormente disse-a que aquela agência não abria aos sábados e nem aos feriados.

Foto de minnie_heart

no coração...

a mudança vem para nos levar,
o tempo que nos arrasta
nós nao os vemos, nao os dominamos
podemos apenas senti-los

no sentimento de perda
da saudade, de uma vontade de tudo resgatar
e das nossas memorias trazer de volta
para a realidade do amanhecer

a verdade é que temos de crescer
e deixar o mundo nos invadir de realidades
algumas vêm para destruir, outras para renovar
mas todas temos de adquirir

nao pudemos do mundo fugir
pois nascemos para viver
nao para suprimir
nao para parar, adormecer...

as lembranças teremos sempre
guardadas nos nossos coraçoes
e nada nos pode roubar
se vivermos as emoções!

Foto de Carmen Vervloet

OLHOS QUE VEEM, CORAÇÃO QUE SENTE

No meu coração, gravada em felicidade, a fazenda Três Meninas! O casarão caiado em branco, portas e janelas pintadas em ocre, a varandinha, como mamãe chamava, com jardineiras repletas de gerânios coloridos e camaradinhas que caiam até o chão. Em frente à casa, estonteante jardim, onde borboletas faziam seu ritual diário, beijando com amor a cada exuberante flor, cena que meu coração menino guardou para sempre. As cercas todas cobertas por buguenvílias num festival de cores. Em seguida ao jardim, o pomar com gigantescas fruteiras (olhos de criança, enxergam tudo maior), mangueiras, abacateiros, laranjeiras, goiabeiras e tantas outras que não se conseguiria enumerar, onde com a agilidade da idade subia, não só para colher e saborear os frutos maduros, mas, para ver de perto os ninhos de passarinhos, que papai com sua profunda sabedoria, já me ensinava a preservar. Passava horas sobre os galhos das minhas fruteiras prediletas, principalmente goiabeira, que era só minha, ficava ao lado do riacho, onde também costumava pescar. Lá do alto, no meu galho preferido, junto aos pássaros, voava em meus sonhos de criança feliz!
Nos meus devaneios, fui mãe (das minhas bonecas), fui anjo (nas coroações de Nossa Senhora), viajei pelo mundo (sempre que via um avião passar), fui menina-moça (sonhando o primeiro amor). Na vida real fui criança feliz, cercada pelo amor e carinho de minha doce mãe, de meu sensível e amigo pai (ah! Que saudade eu sinto de você, pai), de minhas duas irmãs mais velhas que faziam de mim sua boneca mais querida, colocando-me sobre uma pilha de travesseiros, num altar improvisado sobre a cama de meus pais, onde eu era o anjo, na coroação que faziam de Nossa Senhora. Nesta época eu tinha apenas dois anos e se o sono chegava, a cabecinha pendia para o lado, logo me acordavam, pois não podiam parar a importante brincadeira.
Já maior, menina destemida, levei carreira de vaca brava, só porque me embrenhei na pasto, reduto das vacas com suas crias, para colher deliciosa jaca, que degustara com o prazer dos glutões. O cheiro da jaca sempre me reporta às boas lembranças da Fazenda Três Meninas... Até hoje tenho uma pequena cicatriz na perna, que preservo com carinho, sinal de uma infância livre e feliz. Desci morros em folhas de coqueiros, cavalguei cavalos bravos, pesquei com peneira em rio caudaloso! Ah! Tempo bom que não volta mais!...
Mês de dezembro. Tempo de expectativas e alegrias. Logo no começo era a espera do meu aniversário, da minha festa, do vestido novo, do meu presente, o bolo, a mesa de doces com os deliciosos quindins feitos por mamãe. Depois a expectativa do Natal, a escolha do pinheiro, do lugar estratégico para montar a imensa árvore, os enfeites coloridos, estrelas, anjinhos, bolas que eu ajudava mamãe a pendurar, um a um, com delicadeza e carinho, junto à certeza da chegada do bom velhinho, em quem eu acreditava piamente, com todos os presentes que havia pedido por carta que mamãe me ajudava a escrever. O envelope subscritado com os dizeres: Para Papai Noel – Céu
E depois era esperar a chegada do grande dia. Era o coração batendo em ansiedade, era a aflição de ser merecedora ou não da atenção do bom velhinho. Quando chegava o dia 24, sentia o tempo lento, as horas se arrastando, o sapatinho, o mais novo, sob a árvore, desde muito cedo, o coração batendo acelerado. Mal anoitecia, já deixava a porta entreaberta para a entrada de Papai Noel e corria para minha cama tentando dormir, sempre abraçada a minha boneca preferida, para acalmar as batidas do meu coração. O ouvido apurado para tentar ouvir qualquer ruído diferente. Era sempre uma noite muito, muito longa! Os olhos bem abertos até que o cansaço e o sono me venciam!
No dia seguinte, cedo pulava da cama. Que grande felicidade, todos os meus presentes lá estavam sob a árvore. Era uma festa só! Espalhava os presentes pela casa toda, na vitrola disco LP tocando canções natalinas, função de papai que adorava música... (Ah! Papai quanta coisa boa aprendi com você). Lembro-me bem de um fogãozinho, panelinhas, pratos, talheres que levei logo para o meu cantinho, onde brincava de casinha. Lembro-me também de uma boneca bebê e seu berço que conservei por muitos e muitos anos.
Todas essas lembranças continuam vivas dentro de mim, como se o tempo realmente tivesse parado nestes momentos de paz e felicidade. Os almoços natalinos na casa de meus avós paternos onde toda a imensa família se reunia em torno de uma enorme mesa. Vovô na cabeceira, vovó sentada a sua direita, tios, tias, primos e mais presentes para as crianças, comidas deliciosas, sobremesas dos deuses, bons vinhos que eu via os adultos degustarem, (depois do almoço, escondida de todos, eu ia bebericando o restinho de cada copo), arranjos de frutas colhidas no pomar, flores por toda a casa e depois minhas tias revezando-se ao piano, já na sala de visita, onde os adultos tomavam cafezinho e licores. A criançada correndo pelo quintal, pelo jardim, pelo pomar... Tantos momentos felizes incontáveis como as estrelas do firmamento! Momentos que eternizei no meu coração.
Hoje o tempo é outro, a vida está diferente. Muitos se foram... Outros chegaram... Os espaços estão reduzidos, as moradias se verticalizaram, as janelas têm grades por causa da violência, as crianças já não acreditam em Papai Noel, desapareceu o espírito cristão do Natal para dar lugar a sua comercialização, as ceias tomaram o lugar dos grandes almoços em família, da missa do galo...
Mas a vida é dinâmica e temos que acompanhá-la. Os grandes encontros de família são raros. As famílias foram loteadas, junto aos espaços, junto a outras famílias, junto à necessidade de subsistência.
Nada mais é como antes, mas mesmo assim continuamos comemorando o nascimento do Menino Deus, em outros padrões é verdade, mas com o mesmo desejo de que haja paz, comida e felicidade em todos os lares.
Feliz daquele que tem tatuado nas entranhas da alma os venturosos natais de outrora vistos por olhos que vêem, olhos atentos de criança, sentidos com a pureza do coração!
Olhos da alma, sentimentos eternizados!...

Carmen Vervloet
Vitória, 23/12/2008
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À AUTORA

Foto de Vadevino

DOIS PERSONAGENS

ALGUÉM,
Na cadeira de rodas
Eternamente sentado...
Para se locomover
Precisa ser empurrado.

OUTRO,
De corpo perfeito que
Pode andar pra todo lado,
Não aprecia o que tem –
Passa o tempo todo parado.

Foto de Sonia Delsin

SAPATINHOS DE CRISTAL

SAPATINHOS DE CRISTAL

Amor, sobre a penteadeira eles descansam.
Eles não se cansam...
De me contar.
O passado eles vivem a guardar.
São tão pequeninos.
Uns mimozinhos.
Tão bonitinhos.
Lilases.
Um dia os vi num lugar.
Fiquei a olhar.
Parecia que dentro deles um filme começava a passar.
Comprei.
Sobre o móvel coloquei.
Eu olho e vejo nós dois ali.
Figuras de um passado que não se apaga.
Como posso entender mensagens que o tempo vem me trazer?
Lembrança de algo tão especial.

Foto de Carmen Lúcia

"Vida sem vida"

“Vida sem vida”

Por onde se perdeu a minha vida?
Em qual esquina tropecei em minha sina?
Qual derrocada me deixou tão derrotada?
Que passo em falso me atirou ao cadafalso?
Sou um fantasma que trafega com o vento;
um leve sopro e me ancoro em qualquer tempo,
se vier mais forte, meu suporte se arrebenta
e a poeira do meu rastro se incendeia,
e me abrasa, levando-me à cegueira.

Por que de mim a vida se perdeu?
Pergunta infértil que não leva a nada,
visto que a resposta sou eu...
E o silêncio que me inunda se aprofunda
na essência congelada
retratada em meu ser, que sem saber,
sem se conter, quer responder...

Poderia ter sido feliz, mas não quis.
Sem qualquer explicação, de tudo me desfiz.
Sonhos que gerei e que não busquei
ou tardiamente procurei...
E já não tinham mais razão de ser.
Amor que imortalizei, mera ilusão...
Versos que materializei, inspiração,
espatifados no mais alto patamar,
onde a poesia conjuga o verbo amar;
que desprezei, não o soube conjugar...
E não me amei, nem me deixei amar.

Sou corpo sem abrigo,
espectro sem jazigo,
alma a perambular...
Que ainda ousa a chance
da luz de um novo dia,
virar a página e resgatar a vida,
ir ao encalço da esperança perdida,
sepultar a vã filosofia,
deixar de morrer a cada dia
e a cada amanhecer
dançar a dança do saber viver.
E sobreviver...
Louvando a graça recebida!

E na próxima esquina, ainda espero,
Esbarrar-me com o novo...
Recomeçar do zero!

Carmen Lúcia

Páginas

Subscrever Tempo

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma