Busquei por um oásis dentro do deserto
na secura de minh'alma a sede do amor
buscava-te na obscuridade do céu aberto
pegadas na areia tórrida sangravam de dor
caminhei... nessa vida malfadada e cruel
atrás de tua imagem eu perambulava
Açoites do vento assoviando no breu
minha busca em ti que se fragmentava...
vi holocaustos, alucinações nesse martírio
dentro de mim sonhos perdidos na escuridão
dormência... paz... acalento... e o abrigo...
pálpebras fecham-se cansadas nesse desvario
teu nome, num sopro eu desenho na imensidão
nessa miragem, meu corpo no tremor de tua mão.
OÁSIS DE AMOR
Não sei por que tremem as minhas mãos?
São elas conchas d’água que levo à amiga,
Num lapso do tempo de escuridão
Em que encosta-se ao meu ombro e se abriga
Desse vento que vem da imensidão
Infinita e ora com areia fustiga
Teu corpo e provoca alucinação
E assim não sabes se o que imagina
É real ou apenas sonho de paixão,
Eis que neste momento de fadiga
Afloram-lhe à mente a recordação,
Dum passado remoto que religa
O âmago de tua alma ao coração
E então vês a miragem que te intriga.
Vídeo em homenagem ao meu querido irmão, Flávio Mauro, que faleceu aos 29 anos, devido a um infarto. Partiu ainda tão jovem, mas viveu cada minuto intensamente.
A música escolhida é "Índios" da Legião Urbana, sempre que ouço me vem a mente momentos vividos com meu irmão. Sei que ele também gostava da banda, e nada melhor do que essa música para homenageá-lo. Ele era lindo, amigo, amava o mar, as montanhas, as estradas, as matas... Leve e livre, como um índio, que iluminou e encantou corações nessa selva de pedra.
Poema "Doces Lembranças": Carla Ivana
Poema "Saia da Rotina": Flávio Mauro
Música "Índios": Legião Urbana
Fotos: Arquivo Pessoal
No vazio inglório e inerte, ouço tua voz!
Choro compulsivo em lágrimas secas no leito,
Sufoca-me o ar, nessa demência insone e atroz.
Onde estás? Arranca de mim o que resta em meu peito.
Sem meu corpo efêmero, minh'alma envolta no véu,
Aflição, angústia em ti nessa busca intensa.
Murmúrios deletérios na negritude do céu.
Sombras que sopram ao vento a saudade imensa.
Teu silêncio gélido desgraça meus dias e noites.
Livre do corpo moribunda... Busco-te, meu amor!
Sigo nessa espera intrépida, de abismos e açoites.
Submersa nesse sono letárgico, fico a tua mercê.
Oh! Por que não ouves em meu sonho, o meu clamor?
Estarei eu, morta ou viva? Responda-me, por favor!
(Lu Lena )
CLAMOR DE OUTONO
Vejo apenas alguns fragmentos no retrós
Dos fios que interligam a minha e tua vida.
Ouço o grito insone e saudoso de tua voz
Que desperta - me deste sono para a lida
Sob o zunido desse vento intenso e veloz,
Que me traz lembranças e imagens já vividas
Que revejo em rápido flash de muitos nós
Da nave que singra o mar de tua alma sentida
Trazendo do céu para a terra e a todos nós
A chuva de prata outrora prometida
Cuja luz iluminará as sombras do albatroz
E afastará a ave de rapina que abatida
Fugirá ou cairá aos pés da águia e do condor feroz
Que se postam lado a lado de forma intrépida.