melancolia

Foto de Arnault L. D.

Sonhar o próprio sonho

Lua, minha amiga, andei distante um pouco.
Sonhar o próprio sonho devaneia...
Ébrio de esperança, esqueci do real,
não fiz assim de meu ouvido mouco
as canções da musa, ou melhor, sereia.
Atirei nos olhos, marejar de água e sal...

Olhos cansados, miragem passageira...
Lua indiferente a minha ausência, espera,
confiante em saber que eu voltaria
ao contemplar, só, a vida da vida à beira.
Amputar o sonho, o peito dilacera...
Ah... Quem dera... Volta a Lua, sai o dia.

Farei novo poema, distante de mim,
pois, sou corpo e ele apenas diz a alma...
Tal a luz do Sol a refletir na Lua
que fria se dilui..., não mais parece assim.
Em brandura, a chama jaz na calma
do luar que o brilho só alcança a rua...

Dentro das casas, fundo dos corações
a penumbra prevalece... E a pode olhar,
projetada fria, longe luz que veja,
o sabor da doçura, desejo e paixões
emprestados de um Sol... Já sem queimar;
direi que é garoa, o que o rosto goteja...

Foto de Carmen Lúcia

Envelhecer

Corre tão desatrelado o tempo
cumprindo a sina de jamais parar,
atrás vem ela em ritmo lento
sem nunca ter pressa para chegar.

Absorve profundamente cada momento,
recolhe da vida o que ainda há...
E o que passou, instantes que revive
com toda a supremacia no olhar.

Caminha tecendo beirais floridos
entrelaçados aos sonhos por realizar;
poucos, porém hoje mais intensos
que os que um dia deixou desperdiçar.

Abre janelas, vê o mundo lá fora
indiferente aos detalhes que percebe agora,
emoções preenchem os espaços,
transcendem os limites de seus passos.

Trazem a primavera a sua porta
e a alma, sem rugas, se desprende
ante a beleza da estação que surpreende.
É o presente...tudo o que mais importa.

_ Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

O tempo é agora

O tempo é agora

Deixei que corressem as horas
fazendo dos dias um tempo parado,
chorei as lembranças de outrora,
apostei no amanhã, desprezei o agora.

Tracei o futuro incerto, quis o ontem bem perto
de meu sonho estancado,
nem vi a alegria chegando
ancorada à certeza do presente ao meu lado.

Gastei toda carta da manga
num jogo blefado, caminho bifurcado...
e assim vi a vida escorrer
que agora sem tempo
pede pra reviver.

_Carmen Lúcia_

Foto de Himesama2012

Somente escutando os pássaros...

Somente escutando os pássaros...

Gosto de ouvir os pássaros cantando...

Seja de manhãzinha, no alvorecer, seja ao entardecer... quando os raios de sol se deitam no horizonte. Eles parecem uma porção de crianças, a conversarem. O que eles dizem?? Somente o Criador consegue entender... Mas, mesmo sem compreender absolutamente nada, eu me sinto bem ouvindo-os... Muito embora, uma certa melancolia me invada o ser... Eu confesso. Porém, mesmo assim, eu continuo a escutá-los e, como num passe de mágica, eu sorrio! :-)

São seres tão pequeninos... mas que, se não existissem, tornariam as nossas manhãs e tardes tão mais tristonhas... para aqueles que são solitários, como eu...

Himesama2012

Foto de Carmen Lúcia

Náufragas palavras

Pobres náufragas e inaudíveis palavras,
vagueando perdidas no vasto oceano
à mercê do vento, ondas e tormentas,
tentando emergir a um novo plano.

Viajantes sem destino buscam outro rumo,
uma razão maior pra se tornarem texto,
vagam imersas, desencontradas, sem prumo,
apagadas, sem nexo, longe de um contexto.

Ah, palavras, que não se deixam ouvir...
Que itinerário pretendem então seguir?
Não emitem som, trazem dias sem glória...
Qual ancoradouro aportará a fantasia,
a ousadia se um dia se tornarem história?

Quem sabe as estrelas do mar as embalem,
aconchegantes e faceiras as façam refletir,
ou a linha do horizonte as encontre
defronte ao novo pôr do sol que há de vir...

Quem sabe as ondas do mar as naveguem
e brancas espumas as façam se quebrar
num castelo de areia que ansioso aguarde
o mundo de sonhos que sonham ancorar.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Saudade

Não mais a inocência estampada,
tatuada no rosto, no gosto, nos traços,
nos passos da ingenuidade, tenra idade,
quando a verdade feito um baluarte
sustentava a vida chamada Felicidade.

Não mais a magia do encanto,
do surpreendente rondando os cantos,
do inesperado sendo realizado,
da alegria num sorriso franco...

Não se escrevia...Via-se poesia!
Pintada num cenário surreal,
interpretada pela euforia de cada coração
onde a emoção brincava além das fronteiras
ultrapassando o ápice da abstração.

Não, agora não mais assim...
Nada acabou, tudo se transformou.
A ingenuidade vira maturidade,
a inocência chega ao fim.
Felicidade se reduz a momentos
poucos, parcos, finitos enfim...

A vida mostra uma outra face,
cara lavada, sem disfarces...
O mundo fica pesado, profundo,
o sorriso não sai espontâneo,
o encanto gera desencanto...

Ainda resta a poesia;
nada ou ninguém irá roubar.
Ela traz a primavera todo dia,
na janela...Bailando no ar!
Vibra a emoção adormecida
permeando sonhos que persistem
refletidos nas flores, nas cores,
nos amores que ainda existem,
vivos em lembranças que hoje
se chamam Saudade.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Busca infindável

Busco-me...
Nas profundezas do meu eu
onde o mais sensível sentimento
encontra-se com a essência da essência...
Que de tão puro e transparente
assemelha-se à fragilidade do cristal...
Basta um leve toque, um simples choque
e ele se desfaz...

É aí que me encontro,
que me confronto,
que me estilhaço,
que me perco e me acho,
me desabafo das tensões do dia,
dos meses sem fim,
do ano que não termina,
do novo que nunca vem...

Soluço de mansinho
pra não me fragmentar
e junto com meu pranto
tento deixar rolar
as dores já vencidas,
as mágoas corroídas
e todo o desencanto
da estupidez da vida.

Carmen Lúcia

Foto de Rosamares da Maia

Desencontros

Desencontros

Juntos...

Toma minhas mãos e junta as tuas.
Novamente refaz o caminho,
Abre as portas do Mundo.
Olha nos meus olhos e vê,
Ainda são os mesmos.

Mentiras!

Tolas mentiras!
Os meus olhos hoje refletem uma luz baça.
Minhas mãos estão enrugadas e descarnadas,
Não se unem mais para abrir as portas do Mundo.

O tempo...

O tempo corre como um rio que não retorna,
Segue corroendo pedras, sempre em novos caminhos.
Águas novas sobre o leito que se deixa transformar.

O elo...

O elo é uma saudade que ata e desata os nós.
Saudade que é rescaldo de corações incendiados,
Que não morrem, mas, como o rio, se estreita num fio.
O tempo tece o fio das lembranças transformadas,
Um fio de vida, inconformado, porém sereno.

Rosamares da Maia
17/07/2006

Foto de Rosamares da Maia

Tributo ao Tempo

TRIBUTO AO TEMPO

Tempo, fórmula e resolução.
Tempo, forma de transformação,
Memória viva e esquecimento,
Certeza e contradição
Antítese plena entre realidades,
Quem transforma éter em verdades?
— Etérea é a vida entre os tempos.

Tempo, quem ou o que é você?
- Pleonasmo dos viventes.

Hoje, brilho em olhos reluzentes,
Amanhã pálidas e embaçadas pupilas.

Tempo, te vi refletido no espelho,
Olhavas para mim.
Como um menino assustado
Pasmo, tocavas os meus cabelos,
Tentando arrumar o seu desalinho,
E o que restou da minha vaidade.
Tuas mãos confundiram-se com as minhas

Dos teus olhos rolaram pacíficas lágrimas,
Que aparei, constatando a inequívoca simbiose.

Rosamares da Maia

Foto de Carmen Lúcia

Antes e depois

Antes e depois

Vivo?
Resisto...
Já vivi antes dos vendavais
sob brancas nuvens clareando meus quintais.
Agora sobrevivo...
Após a devastação de sentimentos e raízes
plantados dentro de mim,
do extermínio de flores e matizes,
essências a compor meu ar, agora rarefeito,
fincando marcas indeléveis
do mau tempo...em meu peito.
Hoje simplesmente existo.
Ou inexisto?

_Carmen Lúcia_

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