Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

Sinal de partida

Começa a largada...
A todos é dado o sinal de partida.
Partículas de vida se espalham na ida.
Viagem que não deve ser interrompida,
adiada ou antecipada.
Irreversível corrida.

Ao que persiste a estrada é curta,
tempo exato de cumprir a labuta.
Longa e árdua ao que desiste da luta,
na certeza da hora incerta...
Pelo medo que em seu âmago aperta.

Há o que fica parado...
acorrentado, alienado
a preconceitos e outros pecados.
Tempo precioso, desperdiçado
e jamais recuperado.

Qualquer que seja a estrada
ficarão nela cravados
as rosas plantadas, colhidas,
espinhos doridos, o sangue vertido
dos evoluídos, dos desprendidos,
dos atrevidos...

Só a caminhada faz crescer,
Não sendo em vão...
alimenta a alma, é o seu pão.
Sem pensar na chegada,
nem retroceder.
Parar é o mesmo que morrer...

Ande, caminhe, nunca desista,
mesmo pra lugar que não exista
ou que possa ser encontrado.
Até mesmo sonhado...
sem sequer saber se um dia
irá chegar.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

Evocação à Lua

Quero ver-te bem de perto, coração entreaberto,
pisar de leve tua aura branca
e derramar os meus contidos sentimentos
em teu pálio de luz que a dor abranda.

Levam-me a ti, meus pensamentos,
teleguiados pelos meus anseios e tormentos
que de tão sedentos já chegaram aí
em busca da mais pura inspiração
guardada na alma ardente dos amantes
e que aflora, redemoinho de emoções,
quando à noite tu despontas tão vibrante.

Não... Não ouças as merencórias serenatas,
as juras mentirosas, palavras tão ingratas,
nem uivos de lobos, falsos, traiçoeiros
gourando desventuras aos amores verdadeiros.

Hoje me ouve...tão somente a mim,
que desafiando a noite abraçar-te vim.
Encontro-me só, apaixonada, angustiada...
Ajuda-me a encontrar palavras,
rimas mais ousadas e lunáticas
pra compor meus versos de amor sem fim...

Banha-me em tuas fases com o teu luar,
intensifica meus sonhos, clareia meu poetar,
envolve-me em teu fascínio, lua branca, nua...
Torna-me poeta para que eu possa gritar,
com as inaudíveis vozes da alma,
o dom de amar!

E ainda que as nuvens te encubram, já dormente,
hás de brilhar como um céu torvo que se estrelasse
de repente!

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Pessach

Passagem, Páscoa, Pessach,
ponte de amor sobre o abismo,
passar da condição de escravidão
para a liberdade, vencer o sismo,
voltar-se à caridade,
calar as iniqüidades.
Renovação de esperança,
com Cristo, nova aliança.

Páscoa,
da morte para a vida,
fim dos tormentos,
bárbaros acontecimentos,
de sangue e de cruz...
Passagem...
das trevas para a luz.

Oportunidade de retrospectiva,
estabelecer um ponto de partida
para recomeços...
Modificar os avessos,
repensar os próprios erros
e procurar acertar.

Vida nova, iluminada e regrada
pelos preceitos de Deus...
Buscar a terra prometida,
imagem refletida
no coração dos cristãos.
Sairmos do “Egito”,
vivermos como irmãos.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Estações do tempo...e da vida (inspirada no texto de pe Fábio de Melo:Outonos e Primaveras...)

Final de inverno...
Lacradas estão as folhas
que esverdearam sonhos,
derrubadas pelo vento,
sepultadas pelo rigor do frio
no silêncio das sombras
na escuridão do chão...

Embaladas pelo outono
que tristonho se foi
e ansioso espera
ver renascer a primavera
que adormecida sob o solo
nos priva da visão
de sua germinação...

Fase que não vemos
mas que nela cremos..

É o ciclo de vida e morte...
Vida que não se finda,
morte que não se acaba...

Processo que se encaminha sem pressa,
movimento que vai se cumprindo em partes,
o cair das folhas, fecundidade,
cumplicidade do tempo,
canto das cigarras, assovio dos ventos,
o ressurgir da aquarela , o florido sobre a terra,
o renascer da primavera...

Cumprida a missão, o outono agora espera
o retorno de outra primavera...
a sua ressurreição.
Assim como a vida...
a próxima estação.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Mudanças

Coloco sobre a mesa meus pecados,
falsos recatos, inconsequentes atos.
Quero sentir-me leve, isenta da opressão
que pesa a minha alma, reflete no coração.
Reconciliar-me comigo mesma,
expulsar sentimento de auto-destruição,
habituar-me a pedir perdão...

Partir em busca das conseqüências
de erros cometidos, sem ponderação,
tentar revertê-los com minha conversão
para que, em sã consciência, eu me ajoelhe
e possa me encarar a mim mesma
sem encenação,
acreditar em mim mesma
pra minha edificação,
conhecer a mim mesma
através da reflexão.

Despojo-me do fardo
que me impede a caminhada,
o excesso de bagagem
torna a viagem complicada.
Quero atingir o auge da libertação
pra que essa mudança não seja em vão...
Cuidar pra que a chama jamais se apague
e as desarmonias não prevaleçam sobre mim.

_Carmen Lúcia _

Foto de Carmen Lúcia

O que é morrer?

Morrer é ver truncados os sonhos,
não os deixar fluir, condená-los ao abandono,
é querermos ser diferentes do que somos,
carcereiros do que seremos e do que fomos
aferrando grades pelo corpo inteiro,
afastando o amor, quiçá verdadeiro...

Viver uma vida de ilusão,
querer dizer sim quando se diz não,
privar-nos de fantasias, indiferentes à poesia,
reprimir os sentimentos, dar vazão aos lamentos,
negar um gesto de carinho,
sentir a solidão, mesmo não estando sozinho.

Ser sombra que assombra ou mal assombrada,
ser sapo ou bruxa, nem príncipe ou fada
e no fundo sentir que não é nada...
 
Enfim, morrer é desconhecer o prazer
de envelhecer sem ter envelhecido,
de se apaixonar, embora não correspondido,
de pular o muro e se deparar com o desconhecido.
 
              _Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Quando passa o tempo...

Agora o tempo passou...
Encaremos uma nova história,
não a que ontem vivemos,
surpreendente a cada capítulo
irreverente a cada mandamento
sem idéia de fim ou recomeço
inerente ao que fomos ou somos,
mudando apenas o endereço.

Escrita a quatro mãos,
traçando rumos diferentes,
delineando destinos coerentes
menos a incoerência da gente...
história rica de acontecimentos
marcada de inusitados momentos.

O que era banal tornou-se sério,
o que era revelado virou mistério,
o que era simples se modificou,
o que era pra ser não foi ... parou...
e agora tanto arrebatamento
já não cabe nas páginas restantes,
amareladas e reticentes,
onde se imagina cada instante
inesquecível e imortal
deixando ao tempo o ponto final.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Via Crucis

E então decidi...
Despojar-me de todos pecados
ser meu próprio Pôncio Pilatos,
ter meu corpo crucificado...
Não pra salvar a Humanidade,
não me crivaria de tamanha dor,
Cristo foi mais sonhador...

Não, foi mesmo auto-piedade
da própria alma
em busca de serenidade...
Caminhei com a cruz...A que me impus...
Não caí somente três vezes...
Foram muitas!
Já havia tombado tanto
pelo peso de meu pranto
por minha consciência pesada
não ouvindo a voz da razão,
nem mesmo a do coração...
E agora, Via Crucis, levo-me à condenação.

Fui Verônica...
Cantei o meu desencanto,
Limpei sangue de meu âmago,
deixei registrado no pano
o meu triste desengano...
A Madalena arrependida,
pelo homem incompreendida,
agora cheia de dores e acatos....
vítima dos desacatos.

Tentei levantar-me, ser o meu Cirineu,
Reacender a chama que um dia morreu...
Momento sublime...
Maria, mãe que redime,
um encontro...um olhar...
Nem foi preciso falar...
A única expressão...a de nosso coração!

Sedenta de amor, bebi o seu mel...
Desnudei minha alma, arranquei-lhe o véu...
E chorei...Implorei...Me ajoelhei...
Finalmente, enxerguei uma luz
semi-apagada, de um sol eclipsado
recomeçando a acender...

_Carmen Lúcia_

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Bem-vindo ao mundo!

Sem passaporte
confiando na sorte
meio que se atropelando
entre atropelos vagando,
junte o que pode juntar
e se embrenhe pelo mundo
vasculhando o vazio e o fundo,
indo aquém e além
do que se possa imaginar...

Caminhadas desacertadas,
um ir e vir sem definição,
sem mudanças, mesma direção...
"Mens(in) sana in corpore (in) sano”
pisando o sagrado, driblando o profano
finitos e infinitos superando,
sempre viajando,
perdendo-se em labirintos,
achando-se em círculos,
movimentos cíclicos
que levam ao mesmo lugar...
Da chegada... Da partida?
Quem há de saber?Tanto faz!
 
E nessa roleta-russa
denominada “Vida”,
há o certo e o incerto
e também a sobrevida...
Um jogo de azar,
a bala ainda não vencida,
uma cartada pré-estabelecida,
a vitória favorecida...
Sorte?
 Única certeza:
 Morte!
 
 
(Carmen Lúcia)
 

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Crepúsculo

Observo o crepúsculo...
perco-me em cores
lanço-me ao infinito
retiro-me do mundo
em alma e pensamento
que ao corpo se fundem
numa leveza irreal
esqueço o que é finito
no encontro com o surreal
tonalidades múltiplas
ofertadas pelo céu
misticismo que palpita
magia que convida
a repensar a vida
revertendo o papel
a viver o que ainda resta
do muito que se perdeu
de tudo que ainda pulsa
do tudo que quase morreu...

_Carmen Lúcia_

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