Blog de Carmen Lúcia

Foto de Carmen Lúcia

De vez em quando há primavera

Envelheci feito folha de outono
e com ela me deixei levar
pelo vento, de qualquer tempo...
Às vezes, parada obrigatória,
mudava o enredo de minha história,
enroscando-me em empecilhos
a travar meus passos, marcando
as fases desbotadas de ilusão transitória,
persistindo, sem modéstia, em minha trajetória.

Alguns foram vencidos e outros por vencer,
bloqueios impenetráveis vergando estruturas,
fazendo um inverno intensamente gelado,
enrijecendo as mãos que acariciam esculturas,
artesãos a espera de um sol a brilhar
enquanto o branco da estação acentuava
os meus cabelos grisalhos.

Entre tropeços e avessos compulsórios,
duras quedas que me levaram ao chão
e emolduraram o meu íntimo de emoção,
percebi detalhes que jamais teria visto,
não houvesse eu caído
e ter cavado a inspiração,
se não houvesse molhado de pranto
a estrada por onde andei
trazendo-me, vez ou outra, a primavera,
fazendo a vida ficar mais bela.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Sem emoções

Ditas-me as regras
e as assimilo,
trafego em teus princípios
se me impões as diretrizes
e nunca vacilo.

Teu credo reverencio
e mesmo sem crer
o vivencio...
Em teu pergaminho
caminho, sem nada ver,
traçando o meu descaminho,
vivendo só por viver.
Será que assim tu me tens?

E as emoções esquecidas,
real sentido da vida,
que afloram sem ser instruídas,
mas permanecem contidas
quando ao meu encontro tu vens?

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Vento Noroeste

Vens assim de repente
qual vento noroeste
que tudo desarruma e desveste,
mormaço quente, passional,
precedendo temporal...
Redemoinho de efeitos
arrombando janelas,
varando por elas
como um vendaval...

Vens feito ciclone
desrespeitando espaços
desfazendo laços
varrendo ilusões...
Um festival de arroubos,
de impetuosidade rompante
nesse teu ar petulante...

És o dono da situação,
desnudas os sentimentos,
roubas os melhores momentos,
deixas marcas da paixão...
E vais assim como vens,
devastando os lugares
nublando céus
agitando mares
causando desolação...

Fruto da adversidade,
senhor da insensibilidade,
devorador de emoções.

_Carmen Lúcia-

Foto de Carmen Lúcia

Sem lembranças

Recomeço do agora...
Olho as cinzas esvoaçando,
meu interior se esvaziando
levando suavemente o passado
que perde espaço
no decorrer das horas.

Lembranças felizes permeiam o ar,
querem voltar,
teimam em ficar
apesar da decisão irrevogável,
relutância inexorável
de não as levar,
de me libertar.

Difícil resolução tomada
após ter sido amparada
por essas ausências vividas,
pelas reminiscências floridas
no jardim de um tempo
que já se perdeu,
não sobreviveu.

Respiro suas fragrâncias
que não mais inebriam
a imaginação,
só fantasiam a alucinação...
Fantasmas que não mais amedrontam,
perderam o fascínio, são sombras.
Apenas vagueiam
cerceando os caminhos
de pura ilusão.

Recomeço do agora...
Sem pressa, sem hora,
vazia do ontem,
esquecida do outrora.(?)
Fechada a lembranças
que trago fincadas
no cerne baldio
de meu coração.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Sem inspiração, sem você...

Sem inspiração quis transbordar em versos...
Descrever as batidas insossas de meu coração
tentando reativar o que um dia fora emoção
e hoje é um jeito sem jeito de viver...
É um viver por viver, estar viva sem ser...

Sem inspiração quis plagiar meu sentimento
sem saber onde encontrá-lo nesse momento,
se ainda existe ou se perdeu por esse mundo afora
deixando marcas indeléveis de um passado
que nunca passou, mas que o levou embora.

Sem inspiração tentei ainda ser poeta
esmiuçando os parcos instantes que me disseram tanto,
intensificando nossa história dos mais incríveis planos,
meros enganos que aos poucos foram se desgastando
na mesma proporção de meus sonhos insanos.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Margarida e margaridas

Figura sinistra, simbólica,
que trago em minha memória,
que faz parte de minha história...

Metódico e irreverente, despojado e carente,
sábio e indolente, infeliz ou demente...(?)
Lembrava Cristo, fisicamente.
Vestes rasgadas, cabelos longos, barba mal aparada.
Ou quem sabe, um anti-Cristo,
oscilando entre o normal e o descomunal,
às margens do convívio social.

Andava pelas ruas e calçadas
fazendo gestos sem nexo, sem fazer mal,
balbuciando palavras distorcidas,
apavorando os perplexos normais
que temiam uma conduta anormal.

Um buquê de margaridas,
alvas, brancas, cultivadas,
a todos ele ofertava (e se orgulhava),
pois, por ele eram plantadas
em terras baldias, abandonadas.
Flores por todos ignoradas.

Havia momentos de agitações.
Delírios, alucinações, comoções...
Então ele era rei, poeta e compositor,
erguia o cabo da vassoura e era imperador!
-Camisa de força para o louco, o agitador!
Ao som da sirene era levado a um abatedor ...

E num desses manicômios,
tratamento de choque, fortalecer neurônios,
encontrou sua Margarida, sua amada, sua vida
e como loucos, amaram-se mais que o normal.
Amor que surpreendeu a muita gente
pela doçura, pela brandura de dois doentes.

Porém um dia, não mais a encontrou.
Levaram-na dali, outro rumo tomou
e transtornado pela dor, o louco chorou.

Não mais quis ser rei nem imperador.
Somente poeta pra cantar a sua dor...
Até que um dia para sempre se calou.
E numa cova fria, em pó se transformou,
ou foi ao encontro de seu amor...

Ao passar o tempo, viram lá nascer,
fazendo a cova triste resplandecer,
risonhas e brancas margaridas...
Vida e paixão, após a morte, restabelecidas.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Em nome do amor

Fala-me com doçura...
Necessito embalar-me em tua paz!
Momentos de brandura
que só tua presença traz.

Ajuda-me a renascer!
Já morri tantas vezes...
Ensina-me a viver!
Quero voltar a crer.

Abraça-me com ternura
e no mesmo compasso
da mesma emoção,
sejamos um só coração.

Afasta-me dos medos,
sombras e fantasmas
que impedem meus passos,
sufocando meus sonhos.

Vens libertá-los...
E juntamente comigo sonhá-los.
Traze-me de volta a mim
antes que seja tarde
e nosso tempo acabe...

Está em tuas mãos...Socorre-me!
Coisas que só o amor pode.

_ Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Revivendo...

Do passado, só lembranças que fazem sorrir,
momentos marcantes que arrasto comigo
para eternizá-los, camuflando os conflitos.

Trago a criança arteira, sonhadora,
sem lágrimas vertidas ou utopia enganadora,
a adolescente apaixonada, delicada,
e a esperança que a vida não lhe cobre nada...

Amigos, ainda sobraram...
e aos que se foram, minhas despedidas.
Os poucos que ainda restaram
farão parte de minha nova vida.

Coragem quero absorver,
meus medos tentar esconder,
aos amores que vêm clandestinos
meu coração trancado mudando o destino.

A dança, magia que encanta,
suavizará meu tempo, inspirando poesia,
Fazendo do hoje meu primeiro dia,
levando pra sempre toda a nostalgia.

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Lúcia

A bailarina da tela

A música surge instantânea ...
Basta fechar os olhos
e a melodia se avoluma
num som perceptível apenas
a quem há de mais sensível ...
a quem foi legado
o dom sagrado de perceber
o imperceptível...

As cores, pinta-as o coração...
Tal deslumbre só é compatível às pulsações
de quem define as sensações,
gerando efeitos que invejam o arco-íris,
colorindo uma dança de emoções
num perfeito desequilíbrio da razão...

Uma aura de luz indefinida
define a moldura, incandesce a pintura
da tela que se acautela quando percebida,
revelando a bailarina pisando cristais,
rodopiando espelhos a refletir
fragmentos de amores imortais.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Abstrato e concreto

Tudo o que não revelo
pelo bem de quem mais quero,
por saber não haver retorno,
para não causar transtorno
ou qualquer constrangimento,
guardo trancado no peito...

Abstratos sentimentos,
esmiuçados lamentos,
eternos momentos
que me fizeram crescer,
que me fazem viver
ou quem sabe morrer...

O que trago no peito
é muito abstrato, ninguém pode ver...
É muito querer e pouco se ter,
é tanto amor e nenhum calor.
É desejo, é carinho,
é sofrer em desatino,
num contínuo transbordar.

Sair da abstração,
revelar a paixão
até se concretizar...
Quando não há mais jeito
o amor sai do peito...
Se revela e apela,
mostra a cara e encara
e com jeito, sem fragilidade ou medo,
tende a se materializar.

_Carmen Lúcia_

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