Blog de Rosamares da Maia

Foto de Rosamares da Maia

Poema dos Amantes

Poema dos Amantes

Insano é despertar
Das horas nuas,
Apear dos lençóis,

Deixar teu aroma
Com o raio da aurora,
Abdicar de tua pele,

Veludo profano,
Toque de absinto,
Favo de mel.

Fere-me a luz.
Nenhuma manhã
Será o bastante.

Deixa-me voar
Para as tuas noites
De puro pecado,

Perder em ti
O rumo abominável
desta realidade.

Quero consumir
Teu fogo, satisfazer
Desejos, derreter,

Para que recolhas
Os mistérios do
Meu ser em concha.

Num beijo úmido,
Profundo, único,
Sugando-me a vida.

Nenhuma manhã
Será grandiosa.
O dia não vale a pena.

Eu vivo da noite,
Da tua cama
Onde a vida se esvai.

Ferida pela claridade.
Escondo-me, espero-te,
Para renascer contigo,

Emergir dos dias vazios,
Das horas desertas,
Da vida perdida,

Do desencontro de almas
Queixume de bocas,
Do frio cortante.

Há pouca coragem
Para mudar, buscar,
Ralar-se em nova dor.

Se te deixo fugir,
Toco a tua ausência.
É tarde demais

És denso, ficastes no
perfume das fronhas e
Lençóis, grudado em mim,

Penetrando-me o corpo,
Fertilizando-me a alma.
Espero-te na penumbra.

Nenhuma manhã, nada,
Terá a beleza
Das tuas noites.

Nenhum raio de sol
Poderá traduzir-te como
o poente que te despe

Teu enigma noturno é
Livro da lua cheia,
Que a nova decodifica

E se este amor de fases,
Sempre e mais se multiplica,
Sou tua lua crescente,

Lua de amor e fel.
Lua dos amantes,
Lua de mel, clara e nua.

Rosamares da Maia
26.06.2000.

Foto de Rosamares da Maia

MULHER - ANOS 40

Mulher - Anos 40

Despertei aos quarenta
e descobri que ainda espero
meu cavalheiro andante.
Lancelot, Galahard, Arthur?
Por que não esperá-lo?

Não será o primeiro.
É certo que não.
O último?... Talvez.
Será meu bravo pioneiro.
Um sábio? Um guerreiro ou menino?
Quem desbravará meu coração?

E se neste território
onde habita o meu Ser,
não houver mata virgem,
Ainda encontrará recantos
originais, muitos encantos,
Áreas inteiramente preservadas.

Sonho aos quarenta. É justo.
Ainda desejo amar. É lícito.
E por que não sonhar?
E por que não realizar?

Sou pura essência,
Alma intacta, sem máculas,
sem rótulo de validade
Minha paixão não
está contida na idade,
ou deserdada pelo tempo.

E este fogo é incêndio
que brota no coração.
Simplesmente não se apaga.
É mar de larvas que se propagam.
Sempre em ebulição, erupção,
Onde só quem queima nada.

E se é verdade que o tempo acalma,
Sou como o próprio vulcão,
Que respira, medita e apenas dorme,
Aos quarenta! Viva a vida, pois nada morre.

Rosamares da Maia - 2000

Foto de Rosamares da Maia

FLASH

Flash

Tive medo de capturar na foto
tua beleza... tão nua,
- E capitular.
A alma fotografada vive.
Tão clara e exposta,
E no quarto escuro se revela
Mas em desenho e zelo te desvelas.
Ou será que na verdade te escondes?
O belo transpira e transparecem desejos.
O belo pela beleza?
Delicadeza do beijo da lente na fotografia?
Sublima-se o homem a flor da pele.
Seduzido o belo é despretensioso no olhar.
Mas olha e pulsa.
Se o profano não se revela,
Deseja e não realiza.
Transforma a humana energia.
Sublime, sublima.
Fome e sede em obra santa.
Tenho medo do homem de desejos contidos
Da alma que arde em santa doutrina,
Do abismo entre contestações e certezas.
Meu medo não é o belo visto pelos teus olhos,
Compreendido e sublimado no ato da fotografia.
Mas, ver a cena pelos desvarios dos meus versos.
Encantada.
No minuto do flash que explode, arde e queima.

Rosamares da Maia 03/01/2011

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PAS-DE-DEUX

PAS-DE-DEUX
No espelho desafia-me a bailarina,
Suavemente rodopia, faz piruetas,
Seu olhar é terno, mas forte, arguto,
Contrastando os movimentos em rodopios
Questiona a minha existência - Olho no olho!
Assim, o dialogo é vigoroso, mas virtual.
Dizemos coisas mais próprias do sentir,
Mas ao paladar, ao ouvir e meditar.
Ela desliza, faz movimentos que eu não ousaria.
Nosso Pás-de-deux é quase mortal.
Eu concretamente vivo, mas toco o surreal.
Ela rodopia - graça e leveza. A certeza de bailar.
Eu caustico vislumbro realidades – o dia a dia.
Mostra-se no espelho, acompanha-me nas sombras.
Dança a melodia na chama flamejante d’alma.
- Eu danço conforme a música permite.
A imagem refletida baila, por motivo comum,
Companheira inevitável da mesma história.
Ela, prisioneira do melhor dos meus sentidos,
Reflexos do meu olhar que escapa do espelho.
Altiva, em estudada harmonia revida o desafio.

- Quem é a prisioneira de quem?

No espelho revelam-se os preconceitos.
Vem! Estendes a mão, instigas.
Fecho os olhos e mergulho profundo.
Ao emergir deixo os conceitos e amarguras
Do fundo da alma trago o espelho.
E transformo em música, traços, passos de bailarina,
Toda a alma, a minha e a tua, em versos,
Refletidas e tracejadas nas letras destas linhas.

Rosamares da Maia - 10.03.2011

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