Blog de Rosamares da Maia

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Voo Duplo

Voo Duplo

Tenho medo, muito medo de altura,
Tenho tonturas, sempre me falta o ar.
Mas se voar é fobia, insano é constatar,
Que só a vertigem me faz te alcançar.

Então experimento a sensação de ousar
Arrisco por necessidade de viver a emoção.
De saber que só teu amor me faz decolar.

De olhos fechados, a beira do pânico,
Aperto com força as tuas mãos.
Meu corpo não tem peso nem a cabeça razão,
O mundo roda, ainda assim, abro as asas e vou.

Voo e exponho toda a minha fragilidade,
Desço num looping vertiginoso, desatinado,
Mas medo não é o bastante para me impedir
Você é minha razão para tentar e voar... e tentar

O vento fustiga, faz biruta de nossos corpos,
Impõe-se a ousadia, corta, mas sei que posso,
Porque teu amor é o que me faz decolar.

Bem no alto, por sobre as montanhas,
O ar é rarefeito, pesa e o coração explode,
Não consigo pensar, sequer respirar.
Mas você me ensinou a planar e aterrissar.

Do platô novamente saltamos em voo duplo,
Assustados, cruzamos a linha do horizonte.
Ousamos, mergulhamos e tornamos a flutuar.
Por amor,... um amor que nos faz decolar.

Rosamares da Maia – 06.09.2012

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Se...

Se...
Se eu apenas tivesse te olhado sem te ver,
Sem arder na mesma chama, sem te tocar,
Se eu não houvesse desejado os teus desejos,
Se apenas pensasse em tua boca... sem te beijar,
Se tudo fosse brincadeira, um jogo entre anjos,
Se não houvesse considerado as possibilidades da paixão,
Se não houvéssemos desfrutado os prazeres do sexo.
Todo este amor diluído no tempo perderia o sentido.
Se somente eu, não houvesse te deixado me amar,
Ou se pelo menos houvesse amado pouco e no tempo certo,
Meu peito, certamente, desta dor estaria liberto.
O deserto deste meu presente seria passado.
Mas o ninho estava aberto para o beija-flor inesperado.
Se finalmente houvesse eu, esquecido de sentir saudade,
Não me machucaria hoje esta louca vontade...
...de com você fazer tudo, ...tudo de novo.
Rosamares da Maia

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Ensaio e Erro

Ensaio e Erro

Nada há que ao meu coração engane.
Não, nada mais! Pensei.
Não fosse de fato um pequeno equívoco.
O de haver sugado no canudo, por descuido,
O milk shake da existência - Por engano. É claro!
Ora! Então se existir não é mais uma certeza,
Se nada mais é sólido, correto ou concreto,
Vivemos em suspenso, cada momento uma surpresa.
E eu descobri mais: A vida é só sobressalto.
Um após o outro a espantar, desencantar.
Vislumbramos os encantos entre enganos,
Bailando entre luz e sombras – realidade difusa.
Vivemos sim, mas, em completa ignorância,
A vida é um ensaio e erro burro,
E quando ela se vai, no momento do aprender,
No exato momento do flash de Ser,
Passa como um cometa caudaloso de luz.

Rosamares da Maia
02/02/2004

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Desencontros

Desencontros

Juntos...

Toma minhas mãos e junta as tuas.
Novamente refaz o caminho,
Abre as portas do Mundo.
Olha nos meus olhos e vê,
Ainda são os mesmos.

Mentiras!

Tolas mentiras!
Os meus olhos hoje refletem uma luz baça.
Minhas mãos estão enrugadas e descarnadas,
Não se unem mais para abrir as portas do Mundo.

O tempo...

O tempo corre como um rio que não retorna,
Segue corroendo pedras, sempre em novos caminhos.
Águas novas sobre o leito que se deixa transformar.

O elo...

O elo é uma saudade que ata e desata os nós.
Saudade que é rescaldo de corações incendiados,
Que não morrem, mas, como o rio, se estreita num fio.
O tempo tece o fio das lembranças transformadas,
Um fio de vida, inconformado, porém sereno.

Rosamares da Maia
17/07/2006

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Emoções

Emoções

Teus olhos são lagos turbulentos,
Onde Minh ‘alma insiste em nadar,
Exposta, desarmada e indefesa.
Meus segredos são teus, todos,
Mesmo os incontáveis, desvelastes.

Tua voz é como a flauta de Pan,
Converte-me às tuas vontades,
Não há lógica ou qualquer razão,
Somente emoção servil, a me servir,
Na bandeja dos teus caprichos.

Não há generosidade em ti, não!
Mas emoções densas, dissonantes.
Somente jogo de cena, sedução.

Teus cabelos, como de um anjo barroco,
Emolduram o sorriso de menino.
Posso sentir de longe o teu cheiro.
E lembrar o gosto da tua pele,
Sonho contigo noite a fora e desejo.

Não há generosidade em ti anjo,
Mas as sensações que desejo sentir,
Somente emoções, pecado e loucura.

Repudio o pensamento e cultivo o desejo.
Estou perdida, mas, quero perder-me.
Sabes de tudo e atiças perversamente,
Sussurras ao meu ouvido tua melodia,
Sensual que a boca ousada premeditada.

Sopra inocentemente a minha nuca.
Inocente? Por certo que não!
Malicioso, deliciosamente sedutor,
Caçador que espalha as armadilhas.
Mas, sou presa espontânea e fácil,

Deixo-me abater sem lutar, vencida.
Depus todas as armas, cativa.
Jamais pretendi uma saída vitoriosa,
Teu amor é um julgo, mas é minha emoção,
Uma explosão do sol que me faz viva.

Rosamares da Maia /06.11.2002

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Tributo ao Tempo

TRIBUTO AO TEMPO

Tempo, fórmula e resolução.
Tempo, forma de transformação,
Memória viva e esquecimento,
Certeza e contradição
Antítese plena entre realidades,
Quem transforma éter em verdades?
— Etérea é a vida entre os tempos.

Tempo, quem ou o que é você?
- Pleonasmo dos viventes.

Hoje, brilho em olhos reluzentes,
Amanhã pálidas e embaçadas pupilas.

Tempo, te vi refletido no espelho,
Olhavas para mim.
Como um menino assustado
Pasmo, tocavas os meus cabelos,
Tentando arrumar o seu desalinho,
E o que restou da minha vaidade.
Tuas mãos confundiram-se com as minhas

Dos teus olhos rolaram pacíficas lágrimas,
Que aparei, constatando a inequívoca simbiose.

Rosamares da Maia

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Só as Mães Deveriam Ir à Guerra

SÓ AS MÃES DEVERIAM IR À GUERRA

A guerra é uma invenção dos homens.
Também eles não têm útero!
E sem parir, como saber ou sentir?
São como lobos, urinam demarcando o território.
Lei de balas e bombas que estabelecem o poder.
Na guerra somente as mães deveriam combater.
Depois é claro, de uma metamorfose,
Onde o ventre contrariando a lógica da natureza,
inverte a determinação da vida, e por osmose,
torna a agasalhar os filhos que teve, também,
preventivamente, os que estão por nascer.
Assim, guardados na forma primitiva da semente,
esperam por tempos de paz, onde florescerão.
Nas frentes de batalhas, mães lutam bravamente,
trazendo o seu amor guarnecido no ventre.
Defendem o direito de não doar filhos à pátria,
de não oferecer em holocausto a sua cria.
— As pátrias sempre deserdam as mães.
Que sejam elas então, filhas degredadas,
Mas, de ventres intactos, livres.
Pereçam combatentes, mas, rosas perpétuas,
mães meninas, guerreiras de viço permanente.
Derramem filhos nos novos campos da paz.
E neste chão cultivado de amor, sejam sempre
e somente, sementes de vida,
Pulsantes, pungentes, brotando de gente.

Rosamares de Maia

Dedico:
Às mães deserdadas das pátrias do Oriente, também as mães da Pátria da gente, atingidas em seus filhos, pela fome, pela droga, nas ruas, pelas balas perdidas, na violência cotidiana, que mata tanto ou mais que as guerras do Oriente.
(Exposição com David Queiroz - Traços e Versos / Niterói - 2010)

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O CIRCO DE DAYSE

O Circo de Dayse

Palhaço solitário deserdado, sem circo,
Faz da vida a piada, lona e picadeiro.
Malabarista por destino desengonçado,
Dribla a falta do cenário, ensaia e encena.

O seu texto? A comédia diária da sua vida.

Trapezista sobrevivente do dia a dia se atira,
Sem rede, com medo, sem prumo, sem rumo.
Em baixo o pesadelo na garganta dos leões.
Queda livre, pirueta ousada, abuso fatal.

Bem próximo de ser devorado, no quase,
Cai no sono profundo embalado no riso,
Ouve as gargalhadas das crianças. Dorme feliz.
Sonha com as peripécias da vida de palhaço

Salvação atrapalhada, de muitas trapalhadas.
Sonha com o seu quarto – O que nunca teve.
Vê janelas pintadas de azul, viradas para o sol.
Um quarto branco com duas amplas portas.

Uma a da entrada, a outra a salvação da saída.

Quando entra é Arlequim, dor e lágrimas,
Palhaço insosso e triste de um mundo que pesa.
Quando sai é palhaço da periferia, nome Alegria.
Canta, rola cambalhotas na grama verde.

Vê o céu, janela azul e irreverente faz careta,
Reverências para uma plateia que o espera.
...Senhoras e Senhores – Tam, taram, tam tam!,
Que rufem os tambores!

“E o Palhaço o que é?...Hoje tem sim senhor!”
Acorda! Vamos palhaço! O show é a vida.
E o espetáculo vai recomeçar.

Rosamares da Maia

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Fernando Rei de Letras

Fernando Rei de Letras

Salve D. Sebastião! Salve El Rei!
De bravura e bravatas, El Rei de Portugal.
Cantado por Fernando o rei sem castelo.
Tão pessoa o impessoal torna-se imortal.

Fernando, rei de letras, de palavras e versos,
De espirito e sensações de além Terra,
De além do mar lusitano neste Universo,
Da morada e glorias de El Rei, Dom Sebastião.

O mar das dúbias certezas de Fernando,
Mestre em caustica ironia e sobriedade.
Tinge-se em vinho, sangue e vaidade.

Fernando de palavras amou D. Sebastião.
Fernando, menino dos amores profusos,
Encastelou-se homem em sentimentos difusos.

Rosamares da Maia

12/01/2004

*Uma modesta homenagem a Fernando Pessoa.

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DICOTOANIMA

Dicotoânima”

Este é meu corpo,
Fôrma que perdeu a forma,
Quadro que não se enquadra.
Meu corpo está fora dos padrões,
Esbarra na moda das vitrines,
E se o abdome transborda,
Tem logo uma cinta que comprime.
Este é o meu corpo,
Do qual somente enxergam a boca,
Instrumento voraz, insaciável,
Nervosa, quase louca.
Que absurda ditadura!
A que tabela obedecem estes padrões?

Não poderei apenas ser um corpo,
Farto e feliz?

Este é o meu corpo,
Onde minha alma não cabe,
Pula leve como a bailarina,
Desliza e flutua,
Dá cambalhotas, como menina.
É pássaro que voa
E das asas não sabe,
Fogo que sobe, aquece, arde,
Não é chama que se apague.

Eu sou este Ser.
Não um corpo, ou uma boca,
Mas minh’alma, que sobra,
Que não se cabe e transborda,
Que ergue a taça da vida,
Cheia, até a borda e brinda.
Brinda a ausência dos padrões,
Servida com o manjar da
Essência dos corações.

É assim que sou,
Ciência que jogou fora
A fôrma e a forma, mas
Preservou light a consciência,
Que exposta diante do espelho,
Olha nos olhos, se acalma,
Pois o que sobra do corpo,
Transborda na alma.

Rosamares de Maia (06.09.2000)

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