Blog de Rosamares da Maia

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Verso e Vida

Verso e Vida
Sou ainda verso perdido, introvertido,
Na estrofe de algum poema inacabado.
Frase solta, mesmo que bem construída.
Ainda carente de ação - verbo e vida.

Talvez na métrica nem me encache.
Ninguém verso para poema me ache.
Talvez apenas vá de boca em boca.
Sem chegar à regra das páginas.

Quem sabe possa me dar ao desfrute?
E totalmente viver a leviana liberdade.
Ser apenas cordel, verso do populacho.

Sem os compromissos com o erudito.
Ficará sempre o dito pelo não dito.
Sem cuidado com a pureza da linguagem.
Sem concordância do verbo com a rima,
Restará sempre o efeito da imagem.

Pensando bem, não quero ser poema!
Celebre e rimado, dilema empoeirado.
Preso na anátema da estante solitária.
Não! Somente quero ser uma quadrinha.
Cantada e repetida nas cirandas de roda.

“Oi eu entrei na roda... dança e não sei...”.
Cantada por criança, gente feliz e comum.
Crianças de todas as idades, sonhos simples.
De toda origem, de boca em boca, triviais.
“E roda pião, bambeia pião” - todas vivas.

Rosamares da Maia 1985-2013

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Palavras ao Vento

Palavras ao Vento

Nossas palavras são leves, estão soltas ao vento,
Mas, não se enganem, não são tolas, ocas ou vazias.
No seu conteúdo há amor, saudades e até lamentos.
Palavras contam histórias, socializando a memória.

Palavras levitam, dançam como crianças ao vento.
São impressas em folhetins e em cantigas de roda.
E de tudo que contamos um pouco fica no tempo.
Constrói sentidos, desconstrói razões e vira moda.

São ritos, juras, ditos populares - palavras ao vento.
Não como transitórios castelos construídos na areia.
Não, se é responsável e generoso aquele que semeia.

Palavras ao vento são balões de condição libertária,
Desnudam o autor e extraem a essência - poesia na veia.
Palavra é sangue de poeta, transfusão gratuita e solidaria.

Rosamares da Maia

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Estranho amor

Estranho amor

O teu amor tem tantas e tamanhas estranhezas,
Revela-se mais por fragilidades e por incerteza,
É como ter pés nus – desconforto.
Teu amor me faz descomposta, me põe nua.
Mas tua alma também está aberta, exposta.
E eu, te quero mesmo assim.
Num querer meio acre e doce.
Tempero de gosto especial e invulgar.
Teu amor tem o aroma de todos os jardins.
É palácio de exóticos desejos.
Eu sou Sherazade encantando ao Sultão.
Entre sedas e joias ofereço-te a vida, boca em beijos.
Mas teu amor de tantas estranhezas tem sutilezas.
Na medida certa desenhas tua pele, que só cabe em mim.

Rosamares da Maia 27 de setembro, 2013.

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Réquiem a Dom Quixote

Réquiem a Dom Quixote.

Quem és tu Cavaleiro e nobre Senhor?
Sob o manto da triste figura de cavalheiro andante,
Vagas no deserto da razão entre as lufadas do vento,
Combates os gigantes dos moinhos em delírio errante.

Quem és Cide de alma nobre? Que riqueza aspira?
Combates pela prenda de uma formosa dama?
Por ela enlouquecestes em bravatas sem sentido.
E perpetuas histórias de quem sem sentido ama.

Sob a jocosa razão de teu fiel escudeiro fustigas a fera.
Desvario entre sentido e visões dos moinhos de letras.
Ensandecendo enquanto em seu amor reconstrói a glória.
Veste a grotesca armadura e empunha a espada da quimera.

Parte e recompõe a dignidade trazida do baú da memória.
Manda sempre notícias dos feitos e conquistas a tua amada.
De cada um deles lhe dá conta, para que honre a tua vitória.
Pois é ela e somente ela a razão desta tua insensata jornada.

E um dia, finalmente, quando a tua consciência renascer,
Tendo o teu fiel Sancho encarnado a tua triste figura,
Vagando dentre os ventos dos moinhos em trilha inglória.
Deita na tua cama pobre o corpo cansado para morrer

Sobe aos céus no cortejo fúnebre de guerreiros gigantes.
Com todo o coral de mouros e anjos a te reverenciar.
Repousa o teu corpo magro e gasto em carruagem celeste.
Deixa a dama de Toboso te perfumar em branca veste
Pois hoje, finalmente, ela sabe e está pronta para te amar.

05 de setembro de 2013.
Rosamares da Maia

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Morte em soneto

Morte em Soneto

No dia em eu tiver que morrer,
Há! Seja breve e inusitado instante,
Pleno, mas de total insignificância.
Em assumida e conspirada ignorância.
Quero morrer como folhas que caem.
Soltas no simples balançar do vento.
Em transformado e útil estado servir.
Tornar-me alimento pra a terra nutrir.
Que morrer seja breve sem lamento.
Desatento como bom e leve perfume.
Nos ares fluir desatinado a me esvair.
E que todo o meu capitular desenlace
De mera rotina da vida não passe.
Como sol que se põe e anuncia o porvir.

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Melodia da Vida - Renovação

Melodia da Vida- Renovação

Ouço o ritmo da melodia, atento acompanho.
Vejo que o mundo todo suavemente dança,
Os passos cadenciados revelam o meu sonho.
Novamente tenho os olhos vivos de criança.

Tudo é somente som, mágica melodia.
Minha alma é uma partitura, simples,
E o meu corpo flutua sem peso, leve.
Passos no tom da vida em pura harmonia.

A água corre, canta em ritmo natural,
O vento sopra lufadas nas folhas que sobem,
Em seu balé dançam cantam, se encantam.
Não é sonho, o mundo que vejo é real.

Acho graça nas asas do pequeno beija-flor,
Que para no ar faz a corte e beija a sua flor,
Admiro as abelhas trabalhadeiras em sua obra
Buliçosas borboletas ao sol fazendo manobras.

Todos engravidam de pólen a natureza,
Promovem o encontro de amantes distantes.
Que olhos não veem, mas o amor tem certeza.
Toda a vida se renova em ritmo constante.

Fecho os meus olhos, deixo fluir a melodia,
Sou a orquestra, meu corpo é instrumento.
Que toca no mesmo diapasão em total sinergia.
Com os pés na água que corre, sou parte da magia.

A vida com mais capricho me desenha natural.
E sou como a folha flutuando ao vento, breve.
Renovada no encontro distante dos amantes.
Gravida do amor que não vejo, mas sei, é real.

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Medidas do Amor

Medidas do amor

Quanto eu te amo? Não sei.
Só sei amar sem medidas.
Do que sou capaz por ti?
Não sei. Sei somente que sou.
E somente amo, sem limites.

Sei que teu silêncio é minha dor.
Tua indiferença meu desespero.
Teu olhar dia, claridade, luz.
Não sei de razões ou sentido.
Sei de amar este amor.

Querer-te incondicionalmente.
Quem ama é porque ama.
E essa é toda a razão.
Somente faz sentido sentir.

É tudo simples assim:
O amor preenche a vida
Não amar esgota, esvazia.
Amor abraça e afaga.

Não amar é frio sem esperança
Corpo na busca solitária de calor
Amor é prumo dos sentidos.
Solidão é deserto entre tempos.
Angustia oprimindo o espaço

Quanto eu te amo?
Não sei, nem o quero saber.
Vivo toda a vicissitude do amor.
Vertendo sorrisos e lágrimas.

Bebendo das alegrias e tristezas,
Tolices e artimanhas de amar.
Somente sei amar sem medidas.
Com a pele toda exposta ao sol.

Rosamares da Maia – 12 de julho de 2013.

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A SENHORA DO TEMPO

A Senhora do Tempo

Sou uma velha senhora assombrada por velhos fantasmas.
Há! Como queria eu viver pelo menos três centenas de anos.
Somente assim conseguiria me gastar e expressar o que sinto.
Esgotar este viver e saber mais das coisas que estão por vir.
Mas sou uma velha senhora que vive enganada pelo tempo.
Olho a janela da vida e espio pais, filhos e netos, absorvidos,
Partindo, chegando, se distanciando no redemoinho do tempo.
Espio a areia fina que sem parar escorre entre os meus dedos.
Uma dor profunda dilacera o meu peito e comprime a alma.
Quebra minha alegria, como se quebra a casca da noz.
Sou uma velha senhora que tem saudade do Mundo passado,
Mas que anseia pela visão do futuro atrelada ao viés do presente.
Sou a velha senhora querendo resgatar os designíos do tempo.
A dor inexplicável que me esmaga é a solidão entre os tempos.
A paixão e o apego a cada tijolo depositado nesta construção.
Uma cidadela confinando a vida que não quer se esgotar.
Existirá a missão ou uma história a resgatar? É possível voltar?
Que a sanidade e a memória me permitam entender e continuar.
- Apenas por mais três centenas de anos, somente e apenas!
Sou uma senhora velha que não consegue ser a dona do tempo.

Rosamares da Maia – 01 de julho de 2013.

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EVOLUÇÃO

Evolução
No tempo a história da Humanidade fala.
Conta à saga da Criatura que de pé caminhou.
Criando laços, traçando passos e trajetórias.
Emitiu sons guturais e logo modulou o tom,

Aperfeiçoando o gesto, ferramenta da mão.
Eis os arquitetos de uma nova criação!
Corpo ereto, pés sustentando movimentos,
Pés e mãos, veículos da mente para circulação.

Artérias a amostra rasgam um novo chão.
Mas logo, o dom de caminhar não basta!
Precisava viajar e transportar, transcender.
Saciar o seu desejo de saber e conhecer.

Assenhorou-se dos rumos desta nova vida.
Pés e mãos convertem-se em máquinas,
Fundem sua força no elo da transformação.
É a nova era, poder, riqueza e progresso.

E da nova vida Homem? Deleite e desfrute.
Fabuloso prêmio ao Senhor dos tempos.
Mais qual o preço? Qual vida? Que valor?
A Criatura é refém da própria criação!

Transita no berço da morte, guiando destruição.
O elo da humanidade perdeu o seu rumo.
Na rota do futuro desencontrou-se do Homem.
Onde e como reaprender o caminho?

É preciso restaurar o caminho e cada passo.
Sem pressa reencontrar o valor do espaço,
A rota do Criador e a humildade da criação.

Laços, passos, traços, elos de vida - Humanidade.
No tempo a história do Homem subverteu-se,
Já não fala, grita e suplica num pranto de dor.
Roda e motor, rolo compressor. Perdão Criador!

Rosamares da Maia

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ORAÇÃO DA MANHÃ

Oração da Manhã

Senhor,
Obrigado por meus olhos descortinando o horizonte,
Enxergando belezas que nem todos conseguem perceber.
Obrigado pelas janelas que permitem a claridade do sol,
E o azul deste céu, que tinta alguma imitará.
Obrigado Senhor pela chuva, por estender as mãos,
E com ela lavar o rosto, somente para brincar.
Obrigado senhor pela alegria inexplicável das crianças,
Que perseguem uma simples folha arrancada pelo vento.
E porque ela, ainda me habita o peito adulto, pacificamente.
Obrigado Senhor,
Pelos meus ouvidos, que ouvem a música dos Homens,
Como uma manifestação da Divindade na Terra,
Por fechar os meus olhos e ouvir a melodia dos anjos.
Obrigado pelo olfato, que capta o cheiro das manhãs,
E pelo paladar Senhor, obrigado.
E o gosto das nuvens, como montanhas doces e belas.
E pela mão que faz o café, de sabor inigualável.
Pelo sentido do tato, que recebe o afago e aquece a alma,
Que repele as asperezas da vida, como primeira defesa.
Obrigado Senhor,
Pelo sentido da vida, que encontro em uma manhã clara,
Pois percebo os Vossos olhos bondosos sobre nós.

Rosamares da Maia

08/06/2010.

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