Areia

Foto de Darsham

Amor à escrita

Se há coisa que eu gosto e tenho um enorme prazer a fazer, é escrever, poemas, histórias, tudo o que me faça imaginar e voar para outras realidades…assim como ler, que me proporciona verdadeiros momentos de deleite vivendo outras vidas que não a minha. Mas escrever, é o que mais me preenche, sendo que aí posso ser eu a inventar, a criar, a sentir como meu…ao escrever é como se desse vida a coisas inanimadas, é como vestir o vento com um xaile e vê-lo esvoaçar, porque ganhou vida… é modelar algo, como se de barro se tratasse, é exprimir o que mais fundo mora em mim e que muitas vezes não sei, ou não quero, ou não tento saber. Consciente ou inconscientemente, tesouros bem guardados a sete chaves, para que não perturbem o nosso equilíbrio. Todos eles acabam por sair, devagar e gradualmente, ainda que implicitamente, e reflectem-se em cada sílaba e cada frase que nos faça transportar para um terreno que nos transmite desconfiança, mas que não nos é tão desconhecido assim. Mas não só de medos, e de receios, e sentimentos recalcados que o amor à escrita se caracteriza. Ele é também sonhador, e menino, criança, ingénuo e impulsivo, que constrói sonhos em cima de castelos de areia, querendo acreditar que nunca se irão desmoronar. A vida, a nossa vida, seja como a vivemos presentemente, ou como gostaríamos de a viver, é o que se transporta invisivelmente para a escrita, neste caso a minha. E a minha vida, como todas as outras, não sendo perfeita, nem perto disso, tem dualidade extremamente grande, a felicidade e a tristeza, o amor e a solidão, o sorriso e a lágrima, o abraço e o virar de costas, o sucesso e o fracasso, a sorte e o azar, os que gostam e os que não nos gostam… e poderia continuar numa lista infindável, porque tudo o que de bom temos, tem sempre o inverso, é disso que é feita a nossa vivência, sentir e aprender com o mau, para conquistar e manter o bom…

Vânia Santos

Foto de Neryde

Encontro com o mar...

Pés na areia...
Te olho
Me olhas.
Tua beleza
Me fascina,
Encanta!
Maresia...
Hummm...Seu cheiro,
Me invade
Embriaga!
Ouço seu canto...
Sigo teu ritmo
Uma onda, outra onda,
Outra e mais uma.
Me enfeitiças,
Me convidas,
À ser sua , toda!
Não resisto,
Me permito,
Não me nego,
Me entrego!
Caminho pra ti,
Me tocas...
Te sinto,
Me arrepias...
Caio em teus braços,
Envolve-me,
Penetra-me,
Banha-me
E...
Me inunda de prazer!

OBS:Resolvi escrever este texto depois de reler um conto de Clarice Lispector, escritora que amo de paixão.
Conto: "As Águas do Mundo" do livro Felicidade Clandestina.
"O caminho lento aumenta sua coragem secreta - e de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda!
O sal, o iodo, tudo líquido deixam-na por instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada".

Beijos à todos no coração!
Namastê!
Neryde.

Foto de Sandra Ferreira

Ausência !!

Ausência das palavras
Que magoam o meu coração
Deixas te me sozinha
Neste mar de solidão
Com o vento,
Estrelas, o luar
Corpo, areia
Olhos, fechados
Imagino - te
Beijos, molhados
Teu olhar,
Perdida, estou perdida
Nesta areia fria
Sem ti, sem amor
Envelhecendo
Distraída,
Com o perfume da maresia,
Brisa do mar
Lembrando teu abraço
Que é o meu lar.

RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
Obra registada na
SOCIEDADE PORTUGUESA DE AUTORES

Foto de Carmen Vervloet

CAMINHO DO SÓ

Caminho do só...

Fadas do tempo...
Acendam as estrelas em luz...
Levem, este meu sentimento
Às rotas do vento...
Libertem-me desta cruz...
A noite fez-se em breu
E perdi o rastro de Jesus.
Tropeço em sombras...
Esbarro em ondas
Que me levam sem dó...
Neste caminho do só...
A dor machuca... Fere...
Faz sangrar meu coração...
Mas não transfere
Esta minha solidão...
Na vastidão deste tempo
Conduzo meu pensamento
Que retorna a branca areia...
A dor corre entre veias
Da fria madrugada...
No tempo do nada...
No breu da estrada...
Levaram meus sonhos,
Meus lábios risonhos...
E agora sou apenas
Uma triste cena
De uma noite sem luz...
Arrastando a minha cruz...
Socorram-me fadas
Ou acabo em nada...

Carmen Vervloet

Foto de Dirceu Marcelino

RESPINGOS DE PAIXÃO IX - DUETO - ROSITA BAIANA

ACRÓSTICO: R O S I T A B A I A N A

Sou mulher sedutora
R-esplandecente e encatadora

A bailar no palco dos sentimentos
O-lhando-nos com encantamentos

Sou amante
S-e vê em teu semblante

Que se entrega totalmente
I-ntensa e divinamente

Sou cupido
T-enho dito

Querendo alguém encantar
A-mar e deslumbrar

Sou menina
B-onita, melhor, linda

Desejosa de carinhos ganhar
A-morosa, mas difícil de apanhar

Sou ternura
I-ntensamente pura

Que envolve e aquece
A-lma que nos enternece

Sou encanto
N-o entanto

Que não deixa o pranto derramar
A-legria que nos faz só te amar.

Sou paixão
Um botão

Que quando ama entrega sem reservas o coração.
Como uma mulher cheia de excitação.

Sou sereia
Deitada na areia

Que se faz amar pelo canto
Em sentida melodia de encanto

Sou uma lágrima
Que cai como rima.

Onde está a tristeza ou alegria
E faz-nos a proeza de uma poesia.

Sou gatinha manhosa
Ou pantera maliciosa.

Que pede carinho dengosa
Ou ataca muito gulosa.

Tenho nome de uma flor
Que representa o amor.

Muito prazer... sou a Rosa.
Prazer! Sou o jardineiro deste

Jardim de Rosas.

Foto de Maria Goreti

Certeza, enfim

(Dueto, com Arlete de Castro)

Era uma pradaria
No alto da montanha
uma casa pequenina
ao redor flores,
múltiplas cores,
um jardim...
Um sonho p'ra mim!

Eram as águas de um rio
caudaloso, imponente
que corria impetuoso
sorrindo p’ras margens
seguindo seu curso
corajoso, em frente...
Inatingível p’ra mim!

Era o brilho da lua
pleno esplendor
e um facho de luz
refletindo no mar
de ondas tranqüilas
beijando a areia...
Belo demais p’ra mim

Era um sol escaldante
fatigante, sem fim,
brilho intrigante!
calor penetrante
queimando a pele
o tempo, a vida
Poder a mais p’ra mim

Era um belo homem
de sorriso aberto
cabelos ao vento
mãos estendidas
olhar cintilante,
penetrante...
apaixonante demais p’ra mim!

Era um coração enamorado
determinado
tocando-me de leve nas mãos
na vida, no que era cômodo
no medo...

Era a coragem nascendo
e levando-me de mãos dadas
a tocar o jardim colorido
a lua em seu esplendor
o rio que sorria p’ras margens
o brilho do sol e seu calor
e a tua face morena...

Era eu te descobrindo
mergulhando nas águas serenas,
Aprendendo a voar com as falenas...
Pura emoção enfim!

©Arlete Castro e ©Maria Goreti Rocha

Foto de Rosinéri

APRENDI COM VOCÊ

Aprendi a conhecer você, assim como os pássaros conhecem
seus caminhos sem dúvidas ,num voo livre...
Aprendi a caminhar com você, assim como
os rios caminham numa só direção,num rumo direto sem
correntezas, de passos firmes como as águas...
Aprendi a respeitar você, assim como as estrelas
respeitam o brilho da lua e sabem que como
aquela só existe uma no mundo.
Aprendi a brigar com você assim como as
ondas do mar brigam e se debatem inutilmente
para depois se transformar em sua vez,
espumas na areia.
Aprendi a entender você assim como os pássaros amam
a liberdade, os rios amam suas águas, as estrelas amam o céu, as ondas amam o mar, as montanhas amam os campos.
Aprendi a amar você, com o amor mais puro e sublime que existe em
nós, assim como amo a Deus eternamente.
Meu amor, coisas maravilhosas acontecem quando se ama uma
pessoa como você.

Foto de Inês Santos

Coração de areia...

De areia é o meu coração...
Vagos e soltos são...
as partículas que fenecem...
E que me arrefecem...

Estou fria,neste fogo...
De pó é o meu jogo...
Nestas gotículas, sem afago...
Estou gelada,e as chamas apago...

Sinto que o vento...
Leva os vagos,então...
Solta-os no ar...(tira-me o alento)
sem areia fica o coração...
assim finalmente...
as lavaredas o consumirão...
e calmamente...
apenas se sente o clarão...
das particulas arder...
um defeito de conforto...
deixa o corpo morto...
e a mente a sofrer...
até morrer...

Foto de Dirceu Marcelino

AVATAR - I - S A L O M É

“Imagino-te”? Como nessa imagem.
Morena, esbelta, elegante, altaneira.
Eu me imagino, que sou essa miragem
Sobre o mar de forma sorrateira.

Espectro a interromper tua passagem,
Uma nuvem de verão e passageira,
A envolver-te em atos de libertinagem
E carregando-a para uma alvissareira,

Noite sob o luar desta paisagem
Num colchão de ar sobre a areia
A flutuar no balanço de vai-e-vem

De teu corpo belo de sereia
A entrelaçar-me com a voragem
Da Ninfa que em mim faz uma ceia.

Foto de Lou Poulit

LASO, Cia. de Dança Contemporânea

UMA EXPERIÊNCIA LINDA

O bailarino/coreógrafo/ator/professor CARLOS LAERTE, seus intérpretes e assessores, foram uma das mais felizes surpresas da minha vida.

Estava expondo minhas pinturas no Corredor Cultural do Largo da Carioca. Derrepente chegam um mulatinho e uma mulher, ambos lá pelos trinta. Perguntam quanto tempo eu levava para pintar uma daquelas telas (série Bailarinos Elementais). Descrente, respondo que dependia do grau de elaboração, uma hora... um dia... Eles se entreolham e depois o mulatinho pergunta se me interessava por apresentar meu trabalho num espetáculo de dança contemporânea e quanto cobraria. Confesso: além de não acreditar, na hora também não entendi. Nunca soube que espetáculos de dança apresentassem pintores trabalhando ao vivo!

Acertamos cachê, marcamos data e hora. Me pegariam de van em Copacabana, onde tinha ateliê, e estaria embarcando para Campos, cidade aqui do estado conhecida pelas muquecas e peixadas, onde faríamos uma apresentação no dia seguinte. Só acreditei quando a van chegou, trazendo uma penca de bailarinas tímidas e a tal mulher, que parecia saber todas as respostas mas não era a deusa. O deus era o tal mulatinho, bem quetinho no canto dele.

Pois bem, a gente nasce com dois olhos e ainda assim é muito pouco. Íamos fazer um ensaio técnico de véspera e estava prestes a conhecer um trabalho artístico maravilhoso, seríssimo e cativante. Fizemos aquela apresentação no Teatro Municipal de Campos, depois fui novamente convidado e fizemos outras, no Espaço Sérgio Porto, no Centro Coreográfico da Tijuca... A cada dia tinha a impressão de reencontrar uma aura registrada no meu sangue e da qual não me lembrava mais. Explico para que entendam: minha avó paterna, Nair Pereira, fora bailarina no tempo do teatro de revistas. E dessa história só restava, até há pouco tempo, a madrinha de batismo de meu pai, hoje falecida, Henriqueta Brieba. Também pelo lado paterno, meu bisavô que não conheci em vida, Antônio "Paca" Oliveira, fora homem de circo: o maluco (me perdoe o linguajar moderno) foi o primeiro homem-bala do Brasil, num tempo em que se fazia isso para matar a fome. Só podia ser! E sem seguro?! Em troca de meia-dúzia de cobres e o aplauso de meia-dúzia.

Na hora da apresentação ficava pintando no palco e de costas para o balé, mas durante os ensaios aquela gente me impressionava. Assim descobri o talento inequívoco do coreógrafo Carlos Laerte, a sua memória fantástica de um trabalho artístico que usa vários recursos simultaneamente, e ainda tem registrados todos os pequenos erros das últimas apresentações para que não se repitam. Até eu, que estava ali assim, como vira-lata caído do caminhão, também mereci uma crítica para melhorar o desempenho!

Os intérpretes estimulavam a minha adimiração. Carol, Simone, Yara, Bianca e Rodolfo, o espírito da arte habita, com certeza, todos eles. Não se pode compreender aquela gente de outra forma. Repetem infinitas vezes seus movimentos, perseguindo pequenas eficiências. Tornam-se íntimos do cançasso e, não é exagero dizer, da dor física. Controlam o próprio ego para que o coreógrafo corrija a interpretação de outro bailarino, já que precisam estar sincronizados, e isso é uma espécie de ginástica psíquica. Outra deve ser a nacessidade de por temporariamente na gaveta os problemas de casa, filhos, maridos/namorados, para não perder a concentração.

E tudo em troca de cerca de cinqüenta minutos. Esse é o seu tempo. O tempo em que os intérpretes são os senhores do momento, da luz que explode em seus corpos húmidos, da linguagem do movimento, do ritmo do qual nem o cosmo pode prescindir, enfim, da emoção que paira sobre e em todos, profissionais e expectadores, como uma hóstia artística que paira sobre o cálice do sacrifício e da adoração. Nessa hora a arte é a deusa e o espetáculo me parece uma grande comunhão, porque nos faz comuns uns aos outros, porque amamos isso e nos oferecemos para construir e transmitir a emoção. Incrível isso, eles constróem sua arte complexa em muitas horas de dureza. Ao final é como o velho exercício de imagens feitas de areia colorida nos mosteiros do Tibet, como alusão à transitoriedade da vida humana: o mestre passa a mão na imagem pronta, perde o momento, e nos liberta dela para que possamos recomeçar, com o mesmo amor, a reconstrução do nosso próximo momento. Uma pintura minha pode ser feita por dias consecutivos e depois guardar aquela emoção por décadas, talvez um século. Por isso me parece tão menor do que a arte que esse pessoal faz.

O espetáculo "Caminhos" fala exatamente disso: reconstruir sempre. Recomendaria aos expectadores de primeira viagem que se vistam condignamente. Aos homens que não deixem de fazer a barba e se pentear. Às mulheres que não usem saias demasiadamente curtas, pintem-se com sabedoria, cuidem do andar e do falar. Porque talvez estejam indo na direção de um grande e insuspeito amor. Se em minhas palavras houver poesia, não há mentira. No meu caso particular, como no de muitos outros, esse amor atravessou várias gerações".

Páginas

Subscrever Areia

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma