Bem

Foto de Sonia Delsin

OBSERVANDO

OBSERVANDO

Estou sentada numa varanda.
Observando.
Estou sentada numa cadeira macia.
Estou olhando.
Estou aqui a olhar.
Não só o que se descortina diante de meus olhos.
Vejo mais.
Vejo o tempo.
Escorrego pros meus primeiros anos.
Que delícia!
Nos balanços vou tão alto.
Meus pés quase tocam as nuvens.
Rio.
Corro pelas terras.
Sou a dona das borboletas azuis.
As que aprisiono e as que ficam soltas.
Agora sou uma menina-moça.
Mas que dor no coração!
A mocinha não pode colocar o pé no chão.
Pronto, ela se libertou...
Mas o tempo passou.
Outro mundo ela encontrou.
Vejo dois enamorados.
Rio de novo.
Tão apaixonados.
Vejo uma mulher madura.
Uma uva...
Um vinho tinto.
Vejo um céu azulado.
Um céu ficando acinzentado.
Vai chover?
Não... já choveu... a cântaros.
Agora brilha o sol...
Um raio vai bater bem na pedra branca do jardim e reflete no espelho do tempo.

Foto de nelllemos

Vampiro

Vazio
Absurdo
Absurdamente vazio
Seus pedaços são meus
Por partes
Teu inteiro se desintegra antes de você chegar
Tuas chagas
Os meus cortes
Quando me rasgo de te esperar
Não sei a hora
Tuas datas
Nem sei bem se vai chegar
Absorvo o teu sangue em minhas veias
Cravo os teus sentidos nos meus
Inventando
Reescrevendo cada instante
Cada hora
Imaginando ser o seu céu
Querendo ser o véu que cobre o seu rosto
Quero fugir,
Mas também quero ficar
Retirar cada espinho do chão
Para que você possa passar
Ser cada canto seu
Ser teu cada passo meu
Restringir-me
Deixando-te assim expandir
Pra que você seja meu som
O resto dessa dança que ainda não aprendi a dançar
Quero às vezes tuas veias
Teu sangue em sangria sugar
Pra ter-te mais
Quero os vãos
As réstias
As suas
Os seus
O que te pertença
Quero que seja meu
Não quero mais nada
Já pedi
E também perdi tudo
Já te suguei
Sou teu vampiro te eternizei
Sou teu pecado te crucifiquei
Sou o resto do mundo
E você é o que resta dele

Nell Lemos

Foto de Cecília Santos

MANHÃ SEM SOL

MANHÃ SEM SOL
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#
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Pela manhã, ao abrir minha janela.
Um vento frio e úmido beijou-me a face.
Prenúncio de que o dia seria um caos.
O sol não rasgou as nuvens,
seus raios não vieram iluminar meu dia.
A garoa fina se transformou e o céu deixou,
sua tristeza transparecer em forma de chuva.
Tal qual essa manhã triste, e melancólica.
Meu coração e minh’alma, entristeceram também.
Meu pranto rolou pelo meu rosto.
Como eu queria que minhas lágrimas.
se fundissem com a chuva.
Se tornando forte o bastante,
pra levar essa dor embora.
Como eu queria voltar o tempo,
e ser feliz novamente.
Como eu queria olhar o mundo,
com olhos de bem querer.
Mas nada pode atenuar meu sofrer.
A sua presença era, como uma luz na minha vida.
Ocupando todos os espaços.
Seu amor guiava meu caminhar,
me mostrando a direção.
Amar você era tão simples... quanto sorrir,
caminhar, cantar, respirar...
Mas, você foi embora, me deixando,
completamente perdida...
De repente, não mais sabia,
se era inverno ou verão, se era dia, ou noite.
Me perdi na sua falta, no fato, no acaso.
E nesse caos, que se tornou minha vida.
Todo dia, é mais um dia, pra eu lembrar de você.

Direitos reservados*
Cecília-SP/07/2007*

Foto de Rosinéri

ACONTEÇA O QUE ACONTECER

Aconteça o que acontecer, esteja em paz com você mesmo.
Aconteça o que acontecer, medite sobre a sua postura perante a vida, diante do seu próximo.
Aconteça o que acontecer, esteja alerta aos seus sentimentos em relação a si e aos outros.
Aconteça o que acontecer, esteja em paz com Deus, que o criou e que quer-lhe bem.
Aconteça o que acontecer, esteja feliz, porque a vida é a melhor escola para que você cresça.
Aconteça o que acontecer, esteja ativa na vida, pois passiva e trancada, nada lucrarás, a não ser, a estagnação.
Aconteça o que acontecer, ame, apóie, agasalhe, ajude ao próximo.
Aconteça o que acontecer, esteja em paz.

Foto de Sonia Delsin

BEIJA MEUS DEDOS

BEIJA MEUS DEDOS

Belo meu, beije meus dedos.
Entrelaçe-os e beije.
Corra a língua pela minha mão.
Pelo meu pulso.
Suba beijando o braço lentamente.
Lindo amor meu.
Continue. Nos meus ombros percorra com a língua suavemente.
No meu colo...
Volta pros meus dedos.
Beije um a um.
Cada unha.
Cada dobrinha.
Cada curvinha.
Me diz no ouvido assim:
Você é minha.
Sussurrando.
Minha orelha beijando.
Volte a beijar minha mão.
Quero hoje que meus dedos sintam todo o calor da sua boca.
Vai, me deixa bem louca.

Foto de elcio josé de moraes

MINHA ETERNA NAMORADA

Minha eterna namorada,

Voce é meu bem querer.

Voce é a minha amada,

A razão do meu viver.

Voce é o meu lindo sonho,

Que um dia , eu já sonhei.

De repente em minha vida,

Com voce, eu me encontrei.

Hoje nós estamos juntos,

Já não somos, voce e eu.

Somos um neste universo,

Que o amor nos concebeu.

E felizes para sempre,

Viveremos até o fim.

Eu gostando de voce

Qual voce gosta de mim...

Escrito por elcio-moraes

Foto de Logan Apaixonado

Serena

Calmaria, anjo novo
paz alegre invade-me agora
tão suave tua pele
feito pétala de rosa nova
sois a brisa da aurora
bem como a lua da noite
orvalho doce que cobre a relva
luz tão clara do meio-dia
difícil disfarçar a euforia
diante de tanta harmonia
perfeita musa inspiradora
tomou conta da minha mente
deslumbrante sentimento
agora novo, forte e disposto
pois não vejo só um rosto
ao olhar a tua imagem
vejo a força e a coragem
de uma mulher decidida
que sabe bem que a vida
as vezes nos surpreende
por mais que se resista
não me peças que desista
de provar-te claramente
que a vida é diferente
que podemos ter amor
sem que seja necessária
uma lágrima de dor...

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

Foto de opoeta josé carlos martins de lima

a vida e o tempo

o meu coração dói por muitas saudades de velhos sentimentos que não habitam mas em meu ser um dia em minha vida fui criança e tivi muitos sonhos e eu queria que o tempo não tira-se de mim as alegrias e tambem que não as transforma-se em dor mas agora eu cresci e vejo que a vida e o tempo sobre ela é como uma velha brincadeira de criança em que se pega uma flor e ao arrancar petalas por petalas a vida me diz bem me quer ou mal me quer .

Foto de opoeta josé carlos martins de lima

não sei

voçe saiu e nem olhou,mas eu estava chorando.fiquei ali em nossa cama ,tentando imaginar por que um amor tem duas partes como o dia e a noite imaginava tambem que voçe em todo o nosso tempo seria o meu bem mas hoje voçe se tornou o meu mal e percebi tambem que as lagrimas que saem de meus olhos são salgadas pois com voçe nunca havia provado e as rosas que eu lhe dava a cada dia um dia eu vi morrer. mas voçe saiu e nem olhou pois eu ainda continuo chorando mas talvez hoje seja essas lagrimas por mim ou quem sabe por voçe .

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