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Nessa manhã chuvosa pus meus olhos por sobre
A janela, para ver tão gélido e mórbida natureza,
Trazidas na manhã de brumas madrugais.
No realçar dantes a pintura magistral, no poetar
Hoje de palavras abertas, te passa despercebida
Tão linda beleza recôndida em gélidos cristais.
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Gotas de orvalho caem do céu, nubladas, mortas
Lavando o corpo e a alma, purificando os jardins.
Cristalizando, emoldurando sua forma helênica
Na paisagem matinal de uma manhã de Julho.
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A manhã feita de aroma em terra molhada...
Úmida, germinada com nardos vastos de colinas
Em mares de verdes vivos, trazidas e cultivadas
Por tua manhã de Julho. Na noite de taciturnas
Brumas vão-se colher os suspiros, abraços
Calorosos eternizando teu dia de Julho.
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O que gosto em você não é a sua beleza,
Dom de Deus, com toda certeza;
Nem o seu modo de andar,
Se poucas vezes a vi caminhar;
Tampouco o balançar de suas cadeiras;
Flashes de imaginação,
Minha pura besteira.
O que mais gosto em você não é a sua boca molhada,
Por mim poucas vezes beijada;
Nem o seu olhar cativante,
Que tive apenas por instantes.
O que gosto em você não é a sua língua dançante,
Que senti num desses beijos provocantes.
O que mais gosto em você não são os seus olhos cor de mel,
Brilho de estrela jamais vista no céu;
Nem da lágrima que deles desceu,
Pois suspeito que isso nunca aconteceu;
Tampouco o seu cabelo desarrumado,
Se jamais acordei ao seu lado.
O que quero de você não é a sua sexualidade,
Pois jamais experimentei de verdade.
Não quero seu "vulcão" sexual,
Pois dele nunca vi nenhum sinal.
O que mais quero de você não é o aperto do seu abraço,
Pois isso eu mesmo faço,
Nem os seus movimentos sobre o meu corpo deitado;
Sonho pedido, nunca realizado.
O que admiro em você não é o seu modo alegre de viver,
Pois isso nunca pude perceber;
Nem a sua capacidade de dizer "não",
Produto da ausência de amor no seu coração.
O que mais admiro em você não é o seu jeito de dizer "amor",
Pois dessa palavra nunca tive o sabor.
O que adoro em você não é a sua capacidade de amar,
Pois isso você nunca pôde provar.
O que mais adoro em você não é a sua proclamada sinceridade,
Poucas vezes sentida de verdade;
Nem sua clara indecisão,
Fruto do desconhecimento do próprio coração;
Tampouco a sua teimosia
Que faz do amor, mera fantasia.
O que me intriga em você é essa total contradição,
Que faz da felicidade, contramão.
O que amo em você é esse seu dom de poder despertar
A minha capacidade de amar
Que consegue fazer renascer,
Esse dom divino de tudo isso poder escrever.
O que sinto falta em você é uma coisa um pouco engraçada:
C*H*O*V*E
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Chove a chuva.
Chora e chove.
Chora lenta,
sem parar.
A dor que ela sente,
eu sinto.
Pois conheço
seu pesar.
Chove a chuva.
Chove e chora.
Na vidraça à tilintar.
Chora o pranto
de desgosto.
Batendo na vidraça
até sangrar.
A chuva segue
chorando.
Querendo aplacar
sua dor.
Enquanto meu
peito dorido.
Não suporta minhas
lágrimas de dor.
Choro um choro
sofrido e triste.
Juntando com as
lágrimas do céu.
Que chora um
pranto sentido
Igual à minha dor.
Chove a chuva.
Chora e chove.
Nessa tristeza
sem fim.
Chorando vamos
lavando.
As dores do
nosso sofrer.
Sinto-me fugidia e perco totalmente a razão
nessa minha vontade em te ter, percorro um vão
num êxtase que arde e fere de tanto te querer
Em lágrimas incontidas, que choram tua ausência
num corpo flamejando, implorando tua presença
insensatez essa, sobrevivo de esperanças oclusas
Assim, vou vivendo entre sonho e realidade,
essa ilusão é como a bruma que borda o amanhecer,
e vivo assim em passos lentos caminhando sem saber...
Flutuando em silêncio nessa utopia virtual,
és como um vírus que adentra meu mundo introspecto e real...
e assim vou soprando escritos ao vento nessa divagação,
Numa nuvem ilusória, onde o alvo seja teu coração
sentir o que sinto, não tem explicação e nem teoremas,
pois tudo o que digo e te escrevo, está em meus poemas...
E, por mais que eu tente escrever e expressar o meu desejo
uma brisa suave invade meu corpo em orgásticos lampejos
tu'alma enlaça-me com volúpia e paixão e vem me dizer:
- Palavras, pra quê...? (Autoria LU LENA )
2ª - PALAVRAS AO VENTO I - Respostas ao vento são iguais as que são colocadas em garrafas e jogadas ao mar
Eu sinto uma espécie de encantamento
Ao lembrar-me daquela única vez
Em que te amei e sinto aquele momento
Em que penso em ti e em tua nudez.
Tão remoto foi esse deslumbramento
Eis que tenho sim o dom de cupidez
Tão remoto foi esse deslumbramento
Eis que tenho sim o dom de cupidez
Infinita desse instante é o tormento
A romper minha vergonha e timidez
De pensar em ti relance e fragmento
D’um amor transcendente o invés
Do real em que hoje lamento
Essa dor que me causa tantas trepides.
3ª PALAVRAS AO VENTO II
São tantas as palavras sem sentido
Que ouves que acha melhor as apagar
Do seu acervo de escritos tão eruditos
Eis que cada uma é uma flor que tens de olhar,
Vedes cada rosto de seus queridos
Amigos e do teu amor a te assombrar.
Fluem delas para ti os ventos benditos
Que a fazem sem querer te despertar.
Vedes o tempo passado e perdido,
Que pretende de algum modo recuperar
Mas são como ondas dum vento invertido
A lançar contra ti as águas do mar,
Despertam e mexem com tua libido
Eclodindo nessa vontade de amar. (Autoria Dirceu Marcelino )
4ª - PALAVRAS AO VENTO III - DUETO
"Palavras ao vento rolam no espaço
Flutuam ao léu e dançam ligeiras
Sem notas e sem rumo ou qualquer compasso
Nos ventos do céu como em brincadeiras
Felizes de crianças que num abraço
Dançam sob o encanto de verdadeiras
Músicas, cantos d’amor no entrelaço
De almas tão puras sempre a navegar"
Sobre nuvens brancas e alvissareiras
Das palavras que aprendem antes de andar
Aqui ou em qualquer terra estrangeira
Como faremos para ensiná-las a captar
Tanto àquelas como as brasileiras
O significado uno do verbo amar (Autoria SEMPRE-VIVA e Dirceu Marcelino )
*
* Este soneto em Homenagem a Sempre Viva é um preparativo para um vídeo poema, incluindo quatro poesias, uma de Lu Lena, três de Dirceu Marcelino, sendo que a última um dueto feito com palavras de amor que devemos ensinar às crianças inspirado e com palavras de Sempre Viva.
Palavras ao vento rolam no espaço
Flutuam ao léu e dançam ligeiras
Sem notas e sem rumo ou qualquer compasso
Nos ventos do céu como em brincadeiras
Felizes de crianças que num abraço,
Dançam sob o encanto de verdadeiras
Músicas, cantos d’amor no entrelaço
De almas tão puras sempre a navegar,
Sobre nuvens brancas e alvissareiras
Das palavras que aprendem antes de andar
Aqui ou em qualquer terra estrangeira
Como faremos para ensiná-las a captar
Tanto àquelas como as brasileiras
O significado uno do verbo amar.
Foi num dia perdido,
Numa noite esquecida,
Por um tempo perdoado,
Foi numa altura indiscreta,
Que sentimentos impossíveis
Assolaram minha mente,
E deixaram-me perdida
No meu próprio caminho.
Uma sintonia perfeita,
Feita de amor e magia,
Penetrou minha alma,
E o destino, entrou em acção.
Então,
o céu de cor viva,
Perdeu a sua tonalidade,
Tornando-se mais harmonioso,
Mais suave.
Um sentimento estrondoso,
Penetrou dentro de meu ser,
E por momentos deixou-me
Num estado perpétuo de pura divagação.
Um sentimento perfeito,
Surgiu, de entre muralhas,
Deixou-me assim, neste estado,
Neste mundo já preso,
Perdido e achado.
Deixou-me assim, perdida,
Foi então,
Num mundo perfeito,
Numa vida fantasiada,
Num destino incerto,
Num momento inesquécivel,
Que percebi...
Que te amava.
Teus versos elevaram meus olhos ao céu
Eu precisei por meros instantes apreciar.
Ver o firmamento e as luzes do sobrecéu
Que a fazem como dizes nele levitar.
E te vi a dançar sobre as nuvens com um véu
De purpurinas que descreviam sob o luar
Palavras de amor e deixava um fogaréu
No lençol que se formava naquele lugar...
Lugar muito mais alto que um arranha-céu,
Mas são nuvens de algodão como ondas do mar
A vagar pela imensidão sem rumo ao léu
E deitada sobre ela te vejo a flutuar
Sedutora como o próprio e lindo troféu
Irradiando tua própria alma a quem vai te amar.