Cinzas

Foto de sidcleyjr

O azul das flores

E o respirar do vento no pomar amizade.
O excêntrico trevo azulado custando habilidade
Entre cores, timbre e símbolo
O afago da borboleta
Ao toque em pânico na pétala
Costura o horizonte
Como mentor póstumo dos rabiscos do céu
Chovendo grão de uma essência
Em terra, cinzas de uma fênix.
O mar jarro a uma linda flor
Amada na brisa
Ansiada em rochas inanimadas sobre custodia da lua
Continua assim o caminhar das flores nuas
Sem espinhos
Sem orvalho
Apenas o azul
Colhido o buquê do amor que nunca morre.

Macro '

http://recantodasletras.uol.com.br/autores/sidcleyjr

Foto de Osmar Fernandes

O mundo encantado de Isabel

O mundo encantado de Isabel

Em uma terra muito distante, vivia uma menina que se chamava, Isabel. Essa terra, onde ela morava, era um lugar encantado. Havia fadas, gnomos e duendes. Nesse lugar encantado as flores falavam e todos os animais se comunicavam entre si. As nuvens eram feitas de algodão doce e os rios eram formados de sucos, refrigerantes e água potável. A menina Isabel adorava essa terra de sonhos, era o seu mundo encantado. Todos, ali, viviam felizes.
Um dia a menina Isabel e a sua amiguinha – a fada Raio de Sol, ficaram desesperadas ao verem a floresta do mundo encantado pegando fogo. Uma enorme nuvem negra era vista pelos quatro cantos do mundo encantado. Formou-se um cataclismo. Viram que um imenso Dragão do mal estava incendiando a floresta, soltando muito fogo pela sua boca. A menina Isabel ficou muito angustiada, indefesa e sem saber o que fazer. Foi quando teve uma idéia supimpa e falou de supetão à sua amiguinha:
- Fadinha, você tem que me ajudar a salvar o mundo encantado, urgente, antes que seja totalmente destruído pelo dragão do mal. Transforme-me num animal poderoso para que eu possa dominar e conter a fúria desse monstro de asas.
Tristemente, a fadinha lhe respondeu:
- Não posso fazer isso sem a permissão do poderoso mago, Merlin. Ele é o comandante do meu reino. Se ele descobrir que alguma fada principiante, como eu; desrespeitou o livro sagrado, ele a manda para ser julgada no Tribunal das Fadas; e dificilmente a ré obterá a absolvição, pois é falta gravíssima e a condenação é inevitável. Além de perder todo o poder mágico, a fada condenada volta a ser uma simples mortal. Para mim, é sentença de morte. Não posso correr esse risco. O castigo é muito severo.
A menina Isabel, chorando, respondeu:
- O mago, Merlin, nunca vai saber disso. Será o nosso segredo para o resto de nossas vidas. É causa justa, é caso de vida ou morte! Se você não me transformar logo, vai ser tarde demais. Todos irão morrer. Aquele dendroclasta está exterminando o meu mundo. Amiguinhos meus estão morrendo indefesos. Pelo amor do criador do mundo do faz-de-conta, ajude-me a salvá-los, por favor!?
A fadinha amiga, piedosa que era, não vendo outro jeito, comovida, repleta de compaixão, resolveu desobedecer à ordem do seu superior, e, ao estatuto de sua lei, e decidiu ajudar a menina Isabel.
Pôs o seu dedo mindinho no narizinho dela e pronunciou as palavras mágicas, dizendo:
-Pirilim, trintrinc, trimplintrinc... Repetiu três vezes, e, de repente, o corpinho da menina Isabel foi sofrendo uma mutação, e transformou-se numa ave grande e forte e muito formosa – numa Águia Dourada.
Bem baixinho, a fadinha sussurrou ao pé do seu ouvido, dizendo:
- Voa, voa, voa bem alto minha linda Águia Dourada, e salve o mundo encantado e todos os habitantes do reino da menina Isabel.
A ave deu um vôo rasante, e aos poucos começou a voar, voar bem alto e poderosamente, como nem outro pássaro jamais havia voado em todo o mundo encantado.
A fadinha sentou-se muito preocupada diante da sombra de uma bela arvoreta, e, resmungando, disse a si mesma: “Por Merlin! Como vou sair dessa?... Desobedeci o mandamento mais sagrado do livro das fadas. E, agora?!”
Só aí ela se deu conta do que tinha feito. Não havia mais jeito de voltar atrás. O grande problema, além de sua desobediência, era que não sabia desfazer aquela mágica. A menina Isabel poderia viver eternamente como uma Águia Dourada. Era sua primeira mágica, sua iniciação.
Enquanto isso, a Águia Dourada fora ao encontro daquele monstro destruidor da floresta e ao se aproximar dele, furiosamente, disse:
- Por que você está destruindo o mundo encantado da menina Isabel?
O dragão respondeu:
- Porque alguém deste mundo encantado roubou o ovo de ouro do meu povo, e, sem ele, todos os dragões desaparecerão. Será o fim da minha espécie. Eu soube ainda, através da bruxa Doroti, que, o sumiço do ovo foi a mando do mago Merlin, porque ele quer dominar todos os mundos.
A Águia Dourada, ficou entristecida e muito pensativa... Na verdade, o que aconteceu, de fato, foi que a bruxa malvada invejosa queria destruir a felicidade do mundo encantado da menina Isabel, e, ao descobrir o segredo do ovo de ouro dos dragões resolveu roubá-lo, e pôr a culpa no mundo da menina Isabel.
A Águia Dourada, levantando a cabeça, emocionada e preocupada com a mentira da bruxa, respondeu ao dragão:
- Como você pôde acreditar numa loucura dessas! Você sabe que a feiticeira é cheia de inveja, de ira; ela tem ciúme de todo mundo que vive feliz. Você acha que o poderoso mágico de todo o universo, o criador de todo o mundo do faz-de-conta, precisaria mandar alguém do mundo encantado roubar o ovo de ouro dos dragões para aumentar o seu poder e dominar todos os mundos? Você não acha que aí tem coisa? Tem o dedo podre da feiticeira?!
O dragão, fazendo uma pausa, parou e pensou... Deu um vôo extraordinário, foi até o rio do mundo encantado, encheu sua enorme boca d’água, e, sobrevoando a floresta em chamas, como um verdadeiro bombeiro, começou a apagar aquele incêndio, que ele mesmo havia provocado.
A Águia Dourada ficou muito feliz com a atitude do Dragão, e começou a ajudá-lo. Depois de muito trabalho, o fogo foi controlado e apagado, e o incendiário disse à sua ajudante:
- Desculpe-me, perdoe-me! Causei muitos estragos, sofrimentos, tristezas e mortes. Eu estava enfurecido, descontrolado, irado, e não parei para refletir. Acreditei na conversa mole daquela malévola feiticeira e fiquei fora de mim. Acreditei em quem não deveria, e, agora, estou arrependido. Vou tirar isso a limpo, vou até o castelo daquela maldita e vou exigir suas explicações, minuciosamente, detalhadamente, e, se ela não me disser a verdade e não me devolver o ovo de ouro, destruirei aquele lugar fedorento e horrendo.
Animada, feliz com esse procedimento, disse ao Dragão:
- Vou junto contigo, quero olhar bem no fundo dos olhos daquela invejosa, e quero ouvir o que tem a dizer.
O monstro concordou imediatamente, e os dois voaram três dias e três noites rumo ao destino almejado, o castelo da bruxa.
Mas, antes que eles chegassem, a feiticeira foi informada pelo seu olheiro, que vivia no mundo encantado – o seu Piolho, seu puxa-saco – de tudo o que havia visto e ouvido... E que o Dragão e a Águia Dourada estavam a um passo de seu castelo.
A feiticeira não perdeu tempo e convocou o seu exército do mal para impedir a ação do Dragão e da Águia Dourada.
O exército da feiticeira armou uma cilada, uma tocaia para os invasores, que foram surpreendidos, feridos e imobilizados, acorrentados e presos no calabouço do castelo.
Longe dali, no mundo encantado, Dona Arvoreta despertou subitamente e acordou a fadinha angustiada e disse:
- Eu tive um sonho muito ruim, um mau presságio. Vi o seu Dragão e sua amiguinha – a Águia Dourada, tocaiados pelo exército do mal da feiticeira e foram surpreendidos, feridos, acorrentados e presos no calabouço do castelo da bruxa. Correm perigo de vida. Você tem que fazer algo imediatamente, senão eles vão desaparecer para sempre.
Meio sonolenta ainda, e sem compreender direito, a fadinha disse, de supetão:
- Mas, como assim? Que conversa fiada é essa? Quem me diz uma asneira dessa?
Só um pouquinho depois, ela se deu conta de que estava sozinha, que havia sonhado, tido uma premonição ou algo parecido... Confusa, olhou para os lados, não viu ninguém... E dona Arvoreta mais uma vez insistiu, dizendo:
- Não, não é devaneio seu, sou eu que lhe falo.
E, despertando a fadinha, dona Arvoreta lhe mostrou, através do seu espelho mágico, o Dragão e a sua amiguinha, presos. E, contou-lhe tudo o que havia acontecido... e ainda, disse-lhe:
- Somente você pode salvá-los. Faça isso antes que seja tarde demais, pois a bruxa malvada pretende transformá-los em soldados de seu exército maligno. Esse castigo é pior que beber do veneno da própria morte.
A fadinha, chocada com essa notícia, não viu outro jeito, senão pedir socorro para o grande mago, Merlin, e lhe contar toda a história, acontecesse o que acontecesse. Era tudo ou nada! Era caso de vida ou morte! De súbito, transportou-se para o Castelo do grande Mestre. Imediatamente, marcou uma audiência e foi ter com ele, e lhe confidenciou:
- Senhor, criador do planeta da imaginação, do mundo encantado e do mundo do faz-de-conta, cometi um grave erro, um pecado mortal, desobedeci a lei do grande livro das fadas. Sem o seu consentimento transformei a menina Isabel em uma ave poderosa. Mas, afirmo-lhe, senhor, foi por causa justa e urgente, caso de vida ou morte! O Dragão destruidor, estava incendiando o mundo encantado. Perdoa-me, senhor, por isto! Mas, a menina, Isabel, desesperada, vendo o seu mundo em chamas ardentes e os seus amigos morrendo, suplicou-me, e, naquele instante, agi de acordo com o meu coração, e vi que a única forma da menina enfrentar a fúria do monstro era através da minha ajuda, por isso, fiz o que fiz.
A fadinha contou-lhe toda a história, e disse que precisava de sua ajuda para salvá-los das garras da bruxa malvada, senão eles poderiam morrer ou tornarem-se escravos do exército da feiticeira. O poderoso mago, respondeu:
- De fato, você cometeu uma gravíssima falta e será julgada de acordo com o seu erro, pelo Tribunal das Fadas. Se for condenada, nada poderei fazer para ajudá-la. Se for absolvida, dar-lhe-ei poderes para que lute contra o exército do mal e os feitiços de Doroti, e salve os seus amigos.
A fadinha ficou detida no palácio do mago. Mas, naquele mesmo dia, o grande mestre convocou o Tribunal das Fadas, para julgá-la, assim composto: O juiz – O mago Merlin; o defensor público do livro sagrado – o papa das fadas – o senhor Bagú; o advogado da fadinha – o doutor Galileu; O corpo de jurado – formado por sete fadas madrinhas, dois duendes e dois gnomos.
Iniciado o julgamento, o defensor do livro sagrado do mundo do faz-de-conta, disse, após a leitura dos autos:
- As leis do livro sagrado são bem claras, e diz: no seu capítulo I - art. 4°. “-Nenhuma fada iniciante poderá fazer qualquer mágica sem a permissão do grande mago, Merlin. Aquela que desobedecer a lei perderá o seu poder mágico e viverá como uma simples mortal, e será jogada e abandonada para sempre no calabouço do mundo da escuridão.” Por isso, peço ao corpo de jurado que a condene, para que isto sirva de exemplo para as outras fadinhas principiantes. Não podemos abrir nem um precedente, para que não caiamos na ridicularidade em casos futuros. Peço pena máxima para a fadinha desobediente.
Levantando-se, o advogado da fadinha disse:
- Excelentíssimo senhor Defensor se esqueceu de que toda regra tem a sua exceção. A fadinha não fez uma mágica por achá-la bonita ou para se aparecer. Ela socorreu uma amiga em apuro, que, desesperada, implorou-lhe ajuda para salvar o seu mundo da fúria do Dragão e do incêndio da floresta. Foi caso de vida ou morte! Se a fadinha não tivesse tomado essa atitude naquele momento, todo o mundo encantado teria sido destruído e se transformado em cinzas, e todos os seus habitantes estariam mortos agora. Não vejo nenhum crime nisso. Provavelmente, se ela não tivesse tomado aquela decisão, naquela hora, estaríamos aqui, não a julgando, mas condenando-a por omissão, o que seria de fato um crime imperdoável.
Nesse momento, a platéia, que era formada por muitos gnomos, duendes e pelos habitantes do mundo encantado, pronunciaram: “Ela é inocente! Inocentem-na! Salvem-na, antes que seja tarde demais! E o Juiz, o poderoso mago, Merlin, com o seu martelo prateado, bateu-o várias vezes em sua sineta, pedindo: silêncio! silêncio! Senão vou colocá-los para fora do tribunal.
O Julgamento foi suspenso por duas horas. O júri reuniu-se para tomar a decisão final.
Logo depois, recomposto o julgamento, o juiz, o todo poderoso mago, Merlin, perguntou ao Presidente do júri:
- Senhor presidente, qual foi o veredicto do júri?
O senhor presidente respondeu:
- Excelentíssimo senhor juiz mago Merlin, o júri, depois de muito raciocinar, por unanimidade, chegou à conclusão de que a fadinha Raio de Sol é inocente!
A felicidade do auditório foi de grande euforia... E o senhor juiz determinou que ela fosse solta, imediatamente. A Fadinha agradeceu o seu advogado e todo o júri, dizendo: “Muito obrigada! Por Merlin, muito obrigada!” E, foi ter com o juiz, em seu gabinete, dizendo:
- Senhor, meu poderoso mago Merlin, ajude-me a salvar o Dragão e a menina Isabel, eu não sei o que fazer!
Merlin disse à fadinha Raio de Sol:
- A partir de agora, você será uma fada de quinta grandeza e terá poderes de uma fada madrinha. Ordeno-lhe que descubra quem roubou o ovo de ouro do mundo dos Dragões e o puna conforme a sua consciência. Dê-lhe o merecido castigo.
A fadinha, rapidamente, convocou treze amigos, para ajudá-la nessa missão. E partiram para a batalha na hora do crepúsculo.
O exército do bem, representado pela fadinha e seus amigos, iria enfrentar o exército do mal, da bruxa malvada. O risco de morte e destruição era muito grande. O combate seria sangrento e ninguém podia prever o seu final.
Ao se aproximar do castelo maligno, o exército do bem surpreendeu o exército do mal; e a fadinha, seus gnomos e duendes, transformaram o exército da bruxa em estátua gélida... e invadiram o castelo; e de surpresa adentraram o laboratório da megera, e a fadinha Raio de Sol, com os poderes ganhos do seu mestre, disse a ela:
- Exijo que solte os meus amigos agora mesmo, senão, vou transformá-la numa coisa feia, tão feia, que teria sido melhor nunca ter existido. Se não me atender agora mesmo, vai se arrepender por toda a sua existência diabólica.
Sentada no seu trono horrível, a bruxa, desconcertadamente, com ares de coitadinha, disse:
- Não sei do que você está falando!
E, a fadinha, irritada, impaciente, severamente, respondeu:
- Estou perdendo a minha calma, obedeça-me, ou destruí-la-ei eternamente.
A bruxa, notando que a fadinha falava com compostura, com medo respondeu:
- Eu sei que você agora tem poderes, é uma fada madrinha, mas, só vou pô-los em liberdade, se fizermos um acordo.
A fadinha, angustiada, disse:
- Que tipo de acordo?
A bruxa, tremendo de medo, falou:
- Você tem que me prometer que vai conter a fúria do Dragão, para que ele não me destrua. Esse é o acordo. Sei que a palavra de uma Fada Madrinha não pode ser quebrada em hipótese alguma. Isso está escrito no grande livro sagrado das Fadas. Não é?
Raio de Sol, respondeu à bruxa:
- É verdade. Tem a minha palavra! Agora, solte-os.
A bruxa ordenou aos seus malfeitores, que soltaram o Dragão e a Águia Dourada. Foram trazidos imediatamente ao laboratório da bruxa, que ao verem a fadinha, alegraram-se, e o Dragão, enfurecidamente, disse:
- Doroti, bruxa de belzebu, larapia e mentirosa, agora me fale aonde está o ovo de ouro do meu povo?
A bruxa, encurralada, sitiada, resolveu ceder e contar a verdade, dizendo:
- Está bem, eu confesso que o roubei, mas só vou devolvê-lo se me prometer que não vai destruir-me, conforme o acordo que fiz com a Fada Madrinha.
Nesse exato momento, o Dragão fitou a Fadinha, que balançou a cabeça, afirmativamente, e, o Dragão então disse:
- Sendo assim, prometo. Mas, traga-me logo o que é meu, antes que eu mude de idéia.
A bruxa mandou os seus comparsas buscarem imediatamente o ovo de ouro, e o entregou ao seu legítimo dono.
O Dragão, felicíssimo, despediu-se dos seus amigos e mais uma vez pediu perdão para Águia Dourada, pelos danos, mortes e sofrimentos que causou aos habitantes do mundo encantado, e partiu.
A fadinha disse à bruxa malvada:
- Prometi e cumpri. O Dragão não lhe destruiu. De hoje em diante, você não terá mais o poder de fazer mal. Passará o resto de sua vida nojenta condenada a vegetar no mundo da escuridão, no calabouço do seu castelo sujo, sozinha. Conhecerá o sofrimento da pobreza, da solidão e da velhice. Depois pagará os seus crimes conforme o que está escrito no grande livro do mago Merlin. Será, a partir de agora, uma simples mortal, e conhecerá a morte... Seu exército transformá-lo-ei numa tropa do bem, vai ajudar todos os necessitados... Chamar-se-á o exército da salvação dos excluídos. Aonde houver uma destruição, incêndio ou catástrofe, estará lá para ajudar a salvar e depois a reconstruir... Esse é o seu castigo.
Condenando a bruxa, enviou os exércitos para uma missão secreta... A fadinha, despediu-se... E partiu com a sua amiguinha.
Depois de longa viagem, resolveram descansar. Aterrissaram debaixo daquela mesma arvorezinha... E a Águia Dourada disse:
- Estou muito feliz por toda ajuda que me deu. Salvei muitos amigos e meu mundo encantado da fúria do Dragão, e a questão do roubo do ovo de ouro foi esclarecida. Agora quero voltar a ser novamente o que sou, a menina Isabel, certo?
A fadinha tristemente lhe respondeu:
- Virei o meu mundo do avesso para ajudá-la. Fui parar no Tribunal das Fadas por isso. Não estou nenhum pouco arrependida pelo que fiz. Faria tudo de novo. Mas, não sei como desfazer essa metamorfose, não sei como transformá-la novamente na minha amiguinha. Naquele dia eu tentei avisar você, mas tudo aconteceu tão rápido, que não me deu ouvidos, nem tempo para eu falar.
A Águia começou a chorar, desesperadamente, e a dizer para si mesma: “E agora, meu Senhor, Merlin, criador do mundo do faz-de-conta e do mundo encantado, o que será da minha vida? O que vou dizer para os meus pais? O que vão pensar de mim ao me verem assim? Ajude-me!”
De repente, com autoridade, uma voz serena sai da boca daquela arvorezinha e diz:
- Não chore, menina Isabel, não chore! Sou eu, o mago Merlin. Ouvi os seus clamores... Conheço seu coração e a sua grandeza, e vi o amor que sente pelo seu mundo encantado e pelos seus amigos; vi a sua coragem ao enfrentar a fúria do Dragão para salvá-los; o desafio que encarou para provar quem era a verdadeira ladra do ovo de ouro. Todo o seu gesto e toda a sua ação são dignos de aplausos em todo o meu mundo. Portanto, dou à fadinha o poder para que ela possa desfazer essa mágica e você voltar a ser quem era.
O poderoso mago Merlin deu poderes à fadinha, e ela pôs o seu dedinho no nariz da Águia Dourada e disse:
- Pirilin, trintric, trimplintric... Repetiu três vezes as mesmas palavras e mais três de formas inversas, e a menina Isabel, num passe de mágica voltou a ser como era.
O mago Merlin, assistindo a esse momento espetacular, deu um grande “arroto”, fechou sua boca, enorme, e adormeceu novamente. E, a fadinha disse à sua amiguinha:
- Vá imediatamente para o seu mundo encantado e reencontre a felicidade, porque é a única riqueza que vale a pena, é o tesouro; todo mundo a carrega dentro de si mesmo, mas pouca gente consegue encontrá-la.
E, falando assim, abraçou a menina Isabel, deu três beijinhos e partiu...
A menina Isabel, correu para o seu mundo, convocou todos os seus amigos, e disse:
Vamos reconstruir nosso mundo encantado, num mutirão de solidariedade, porque a vida só tem valor e graça se tiver cooperação de todos, em qualquer momento, mas principalmente nos difíceis. O amor, o respeito e a amizade são sentimentos fundamentais para que uma sociedade possa viver em paz. A amizade salvou o nosso mundo encantado da fúria do Dragão e da mentira da bruxa Doroti.

“Lembrem-se que a verdade vem sempre à tona, doa a quem doer... A mentira tem perna curta!... E, o bem sempre vencerá o mal, custe o que custar!”

(Respeite o direito autoral... - do livro de minha autoria Crisálida - a motivação da vida)

Foto de jcguimaraes

22 ARCANOS





O Mago da natureza
exibe em forma de jogo,
repousados sobre a mesa,
terra, água, ar e fogo.

A influente Sacerdotisa,
símbolo da imortalidade,
dá à alma que agoniza,
a paz da espiritualidade.

Imperatriz e Imperador
que educam nobres herdeiros,
mostram que a fome e a dor
são sofrimentos passageiros.

O sábio Sumo Sacerdote,
grande voz do conhecimento,
antes que o mal nos derrote,
dá-nos luz e discernimento!

O jovem Enamorado
que corta o laço materno,
busca o amor açorado
para que seja eterno.

O Carro conduz, na verdade,
a vontade de seu condutor,
seu destino é a liberdade
seu desejo, o libertador.

A Justiça nos faz entender
que no peso de cada ação,
a balança deve pender
para o lado da razão.

O Ermitão se isola do mundo
para rever o seu próprio eu,
e num mergulho profundo
percebe o que não percebeu.

A Roda da Fortuna gira
como um ser em evolução,
que do passado retira
a herança da geração.

A Força dos nossos instintos
que nos faz agir sem pensar,
é caminho de labirintos
sem saída para encontrar.

O Enforcado nos aponta
o sentido da iniciação,
é quando a fé se confronta
com a grande transição.

A Morte nos faz renascer
com a purificação do fogo,
pois, das cinzas vamos crescer
para a nova etapa do jogo.

A Temperança realizadora,
é a força da purificação,
a alquimia que sintetiza
o poder da transformação.

O Diabo traz o oculto,
que perturba a nossa mente,
para um confronto adulto
com o que nos faz impotente.

A Torre destrói padrões,
quebra a estrutura do ser,
rompe com as relações,
para voltar a crescer.

A Estrela é inspiração,
é toda leveza do amor,
é o espírito em ascensão,
é a vida com esplendor.

A Lua nos faz mergulhar
nas profundezas da dor,
e descobrir ao chorar
a nossa força interior.

O Sol ilumina os caminhos,
da jornada espiritual,
na qual não estamos sozinhos,
como num grande ritual.

O Julgamento é necessário
no confronto de valores,
pois, senão, do contrário,
de nada valeram as dores.

O Mundo é o fim da jornada
que une os lados distantes,
é a premiação almejada,
o fim da busca incessante.

O Louco segue adiante,
na sua eterna procura,
um cavaleiro errante,
movido pela aventura.

Foto de Sonia Delsin

ENFIM

ENFIM

EU DIGO ASSIM
ENFIM
ENFIM COMPREENDO
ENFIM ME RENDO
DIGO
ENFIM
SOU COMO GALHO DE JASMIM
ARRANJADO
NUM VASO
NÃO SOU ACASO
SOU PRO UNIVERSO SEM PRAZO
SOU A GAIVOTA
A PORTA
PRO SONHO
SOU ASA
ESCONDIDA BRASA
SOB AS CINZAS GUARDADA
SOU POESIA
ENFIM
EU DIGO ASSIM
SEI MAIS DE MIM

Foto de Lu Lena

CARTA DE AMOR...

*
*
*

Tentei, mas não consegui
fugir de ti...
Por quê? esconder-me
dessa insensatez...
és a minha nostalgia e euforia
ou apenas mais uma poesia?
volúpia, pecado ou talvez?
ou mais uma divagação?
perco-me nessa alucinação
és o meu suor, o meu calor
a carne do meu prazer
tudo que quero tudo
que não tenho, mas sonho nos
teus braços morrer e renascer
ressurjo das cinzas!
Impetuosa e majestosa
és o meu mistério no ar
um enigma que não consigo
decifrar...
és aquele que em meus devaneios
enlouquece-me, nesse gozo que
desnorteia-me e me entorpece
sou tua loba felina, feiticeira
fada, ou menina?
nesse martírio que me alucina
és o meu teu tudo e o meu nada
que em ardências me desvanece
inebria-me e aos poucos me mata
és o meu pecado e minha luxúria
qualquer coisa que quiser
serei sempre aquela que te ama
pois sou e serei sempre a tua
mulher...
nesses versos com e sem rimas
absurdos ardentes de loucura...
em manuscritos soltos...
levados ao vento a tua procura
queimas-me com teus desejos
entontece-me com teus beijos
nas madrugadas embriaga-me
em teus absintos...
és o meu destino em labirintos
és minha inspiração nessas palavras
escritas em papel de pergaminho
nesse traçado longínquo te busco
no meu caminho...
Diga-me?
o que queres que eu faça?
Não quero como resposta
uma carta de euforria,
pois és a paixão que tanto me fascina,
sou e serei sempre tua escrava, tua sina...
és o meu dono, meu homem e o
meu senhor...
pois perene sublime e lírico...
é o grande amor que por
ti eu sinto...

Foto de SamaNtha SaMm

Dor

Cinzenta manhã de inverno
Aguça o cheiro de paz
Traz conforto ao ser
preso atrás dos vitrais
Singular sentimento
Me deprime ao extremo
Nostalgia me domina
Dilacera meu peito
Meu coração agora sangra
Minha alma se despedaça
Num segundo, sou luz resplandecente
No outro, só cinzas da tristeza
Ultra-romantismo crônico
Intrínseco desejo mórbido
O mal-do-século me fez assim
De repente me fecho e morro
Transpiro a solidão dos mortos
Nas sombras caio em devaneio
Moribundo nos braços da Deusa
Minguante e soturno, desvaneço
Sou um estranho dentre os vivos
Uma árvore retorcida pelo tempo
Espírito perdido na névoa
Espectro num cemitério maldito
Sou o choro da criança
O desespero num funeral
Sou o último suspiro
A melancolia fatal
Sou lágrima que escorre
Sou brisa que beija a face
O viajante que não retorna
Sou o semblante da saudade
Transpiro a solidão dos mortos
Do teu olhar ainda lembro
Transpiro a solidão dos mortos
Por que fostes tão cedo?

Foto de Rozeli Mesquita - Sensualle

Cores da dor (do amor)

*
*
*
*
Dor de amor, cores cinzas
Mágoa, tristeza, lágrima que na face rola
Pedaços de sentimentos negros
Partículas do tempo imperfeito
Dor de amor, cores mortas a tingir o vermelho pulsante
Cratera profunda que inunda ...dói!
Chorei...perdi a identidade... Arrisquei!
Dor de amor, cores foscas acordando sentimentos
Medo, solidão, mágoa. Recheios podres da massa
Requintes de crueldade...e dói!
As palavras choram, os poemas nascem
Solto o grito na noite sem luar...
Dor que bebo sozinha...que embriaga...e dói!
O amor não é dor...mas é dor de amor, irmã gêmea da alegria
E como dói!
E antes que a dor se transforme em loucura
Transformo a dor em Amor!

Foto de Lu Lena

MEU ESPADACHIM

*
*
*

Amórfica...
num quanto qualquer...
vejo epitélios infectos
de seres mortais...

podridão, vermes no chão
espremidas em lágrimas de dor...
corroídos sem viço num coração
que goteja rastilhos do amor...

na imagem mórbida que ficou
vejo amargura em teu semblante
sina lírica, diabólica e mortal
seguimos entre o bem e o mal...

no brilho da arma reluzente
vejo um olhar trepido e ausente.
em outras vidas foi meu algoz
corpo e alma o que será de nós?

vácuo inexistente...
efêmero e persistente...
último suspiro fecha os meus
olhos e beijas minh'alma...

sopras ao vento cinzas de ti
e de mim...
grifada em tua espada fica essa
frase:

Voltarei...

Amo-te, meu espadachim...

Foto de Sonia Delsin

REACENDENDO

REACENDENDO

Eu pensei que o fogo tinha se apagado.
Que tudo tinha ficado no passado.
Pensei.
Pensei que teu beijo não mexeria mais comigo.
Pensei.
Vou vê-lo como amigo.
Como me enganei!
Tua boca ainda é aquela fornalha que me abrasa.
Sob as cinzas eu era uma brasa.
Pensei apagada.
Mas ela está viva, abrasada.

Foto de NiKKo

Magia e sedução.

Meu coração andou entristecido pelo céu noturno
procurando em meio à solidão um novo alento.
Vaguei em meio ao som dos mares bravios das incertezas
para tirar de mim lembranças que me martirizavam o pensamento.

Confesso que não sei por quanto tempo assim eu voei
e nos cumes traiçoeiros e sombrios muitas vezes me abriguei.
Pois a solidão margeava minha alma com tamanha intensidade
que ela era a minha amante, muitas vezes eu imaginei.

Com ela bebi a taça dos desejos roubados e esquecidos
e entoei as canções como faunos para com as Dríades dançar.
Compus poemas e rimas falando somente da dor que sentia
que minhas lágrimas mais se pareciam com as águas do mar.

E de repente no horizonte surgiu uma luz tão clara
tal qual a aurora de um novo dia que esta para nascer.
E envolveu minha vida uma suavidade há tanto tempo perdida
que ao me tocar com seu carinho me fez renascer.

O brilho que vi naquele momento tão especial e fugaz
aproximou-se e então, surpresa eu pude notar
a luz era dos olhos de um Ser tão delicado e sensível
que quebrando a minha solidão, me convidou a de novo voar.

Abri minhas asas e deixei que o vento me ajudasse a subir
pois desejava ir ao mais alto dos céus para me proteger,
pois eu tinha encontrado a metade que me faltava
que junto dela para sempre eu queria viver.

E voando assim nos braços de Morfeu eu me deixei levar
nem percebi que Cronos queria roubá-la de mim.
Que fez com que Netuno a defendesse com seu tridente
criando ondas gigantes no oceano sem fim.

Mas para que o nosso sentimento ficasse registrado
venus apiedou-se a resolveu na lua tatuar.
Fez com que nossos nomes ficassem gravados no universo
juntando a estrela com as penas da Fênix a voar.

E la na imensidão surgiu uma nova entidade luminosa
que nenhum homem consegue descrever.
São as lagrimas dos olhos da Fênix que encantada,
chora por amor e com isso consegue as almas rejuvenescer.

Pois contem em sua gota a magia do encantamento
que sara os corações entristecidos e magoados.
Fazendo com que as cinzas da solidão sejam levadas pelo vento
e se transformem em alegrias nos corações dos apaixonados.

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