Cinzas

Foto de LuizFalcao

"LIBERDADE"

De Luiz Antônio de Lemos Falcão em 01/06/2004.

Qual pássaro que ingênuo pousa para comer o grão,
Que por mais arisco que seja em laço se vê.
E assim, qual pequena ave engaiolada, a “Liberdade” finda,
Na rotina do não e do sim;
E do talvez;
E do quem sabe;
E do não sei.

“Soltai-me, peço-vos, para a vida lá fora!”
Implora a “Liberdade” tristonha, agitada nas grades da gaiola!
Seu clamor é a bela melodia que todas as manhãs antes de raiar o dia,
A todos na casa acorda,
Vibrantes, belas e inúteis notas,
Flutuam no ar sem resposta.
Não há quem entenda tratar-se de uma súplica!

E assim, chora a “Liberdade” em todas as manhãs de todos os dias,
Exceto um.
O canto súplice termina...
Pobre “Liberdade”!
No chão da gaiola cansou de cantar!
O suplicatório em notas sufocou na garganta!

Não salta mais “Liberdade” em seu pequenino cárcere dourado!
Caída no fundo de sua injusta prisão,
Jaz inerte a ave graciosa.
Dos olhos vívidos extinguiu-se a luz.
Jamais verão novamente os galhos da arvore onde nascera.
Nem suas asas em surf planarão nas ondas do vento.
Nem seu canto encherá de notas harmoniosas o firmamento.

Morreu!...
Morreu mesmo a “Liberdade”?
Desistiu do seu brado a poderosa ave?
“Liberdade”!... “Liberdade”!... “Liberdade”!...

O grito de “Liberdade” não pode morrer!
Enquanto houver quem sonhe com ela,
Enquanto existirem encarcerados,
“Liberdade” será “Esperança”,
E “Esperança” tornar-se-á “Vontade”
E “Vontade” será novamente “Liberdade”.

“Liberdade” alçará um vôo ainda mais alto e mais livre.
Planará como a águia,
“Liberdade” nunca mais cantará o canto dos aprisionados,
Nunca mais ao chão pousará para comer o grão.
Arrebatará ainda em vôo suas presas,
Elevando-as as alturas, alimentando-se dos sonhos e dos anseios!
Avolumando seu canto em ondas sonoras que se espalham no ar,
O brado eterno que ecoa nas almas humanas!
Seu ninho estará nos altos rochedos.
Contemplando a planície dos campos,
As copas das matas, o leito dos rios e as ondas dos mares.
Não haverá limites além do horizonte para a fênix ressurgida,
Reerguida das cinzas da morte.
Senhora dos céus, novamente livre a amada “LIBERDADE!”

01/06/2004.

Foto de NiKKo

Metade

Quando eu te conheci meu mundo se iluminou;
Senti que renascia em mim a alegria há muito perdida.
Desejei do fundo do meu coração estar sempre ao seu lado
e fiz de você o único sentido e rumo de minha vida.

Quando eu me aproximei de você sentindo tantas emoções,
deixei que meu coração inquieto se acalmasse mesmo na espera.
Pois criei para mim fantasias que envoltas em nuvens róseas
que me ensinaram que o sonho é mais que uma simples quimera.

Quando eu te toquei pela primeira vez eu pude sentir
que teu corpo despertava em mim tanto desejo.
Que meu Ser envolto em seus toques carinhosos
irradiava suave luz de ternura que explodia em longo beijo.

Quando senti teu calor em minha pele
deixando seus braços meu corpo envolver.
Senti que meu sangue fervia em minhas veias;
senti que do teu amor eu não poderia me esconder.

Pois o teu meigo sorriso minha alma iluminou
e no teu coração como pássaro livre, eu quis me abrigar.
Desejando fazer de sua presença meu porto seguro
como barco guardado no cais, eu quis ficar.

Assim eu fiquei presa de livre e espontânea vontade
sabedora que você é tudo aquilo que eu sempre procurei.
Que somente ao seu lado eu me transformo e sou feliz
por isso neste céu noturno em sua direção eu voei.

E la do alto do céus a terra na sua grandeza eu pude olhar
e cada detalhe que eu vi em versos eu tentei descrever.
Tendo as estrelas como minhas guias solitárias
deixei que luz de seu doce olhar iluminasse meu Ser

E foi assim que eu me descobri ressurgindo das cinzas
ao permitir que meus sonhos se transformassem em realidade.
Me entregando a você sem traumas ou medo,
percebi que antes de você eu era apenas uma metade.

Foto de mariana benchimol

Martírio

Desejo
que não morras
sem sentir, por um instante sequer,
amor igual a este que sinto.

Desejo
que saibas
deste sentimento nostálgico
que me fascina e
me magoa,
mas que eu, sob hipótese alguma, abriria mão.

Desejo
que sejas parte
desse sentimento mal recompensado
estagnado na minha retina,
semblante de um bem inatingido.

Mas se, por acaso,
desencarnares sem senti-lo
lembra-te que serás sempre
o estopim deste meu amor insano.
Lembra-te que apesar de seguirmos
para lados opostos
nossos caminhos serão sempre adjacentes.

E lembra-te que quando minhas cinzas
estiverem voando nos ares
nos encontraremos de novo.

Foto de mariana benchimol

Martírio

Desejo
que não morras
sem sentir, por um instante sequer,
amor igual a este que sinto.

Desejo
que saibas
deste sentimento nostálgico
que me fascina e
me magoa,
mas que eu, sob hipótese alguma, abriria mão.

Desejo
que sejas parte
desse sentimento mal recompensado
estagnado na minha retina,
semblante de um bem inatingido.

Mas se, por acaso,
desencarnares sem senti-lo
lembra-te que serás sempre
o estopim deste meu amor insano.
Lembra-te que apesar de seguirmos
para lados opostos
nossos caminhos serão sempre adjacentes.

E lembra-te que quando minhas cinzas
estiverem voando nos ares
nos encontraremos de novo.

Foto de Sonia Delsin

QUATROCENTOS ANOS DE SILÊNCIO

Ele esteve adormecido por quatro séculos.
Estava lá e o povo sabia que a qualquer hora podia despertar.
O povo todo sabia que ele podia a qualquer instante cuspir fogo.
A belíssima montanha escondia um segredo e o povo da ilha sabia que de repente o gigante podia acordar.
E ele acordou soltando gases tóxicos.
Pelas encostas da montanha um rio de fogo correu.
O gigante despertou com toda a sua fúria.
A belíssima paisagem ao redor foi destruída.
Tudo se transformou em cinzas.
É doloroso demais ver agora o que restou da beleza da ilha.
Mas o homem sabe que os vulcões despertam.
O homem sabe que eles são arrasadores.
O homem sabe...

Foto de Alexxa

instante

por um instante
distingui-te além
envolto em azul e ouro
e aroma de terra molhada

desassombrei-te
e nesse instante pulsante de eternidade
rememorei-te em teias de luz distante
inflamada de momentos
absortos no brejo que escorre do olhar da fénix
em busca impaciente de cinzas para ressurgir

Foto de Carmen Lúcia

Desabafo

Antes que ao pó eu retorne
registro a vida
em pequenos relatos...
E se, sem querer, desacate
os recatos de quem
indigne-se com os fatos,
talvez seja porque não houvesse
se decepcionado
com a incoerência dos atos,
envolto em redoma de vidro
alheio a tudo, distante e perdido.

Antes que em cinzas me torne
tentarei descrever esse mundo restrito;
e enquanto alma eu tiver,
escrever eu puder,
não calarei esse grito.

Não há existência sem dor,
caminho sem pedra, rosa sem espinho.
Amar é a beleza da vida,
mas também é chorar
e sangrar a ferida.

O mundo é um círculo vicioso
que circula furioso
sem nunca chegar...
Nem bem se inicia a partida
temos que voltar para recomeçar...

São raros os momentos felizes
que tentamos roubar
para eternizar...
E tantos os infelizes
que pensamos passar,
mas que se eternizam.

Escrevo aquilo que vejo,
que sinto, que penso,
o que já passei...
Não é a verdade que almejo,
o sonho que sonho,
em que acreditei...

E a quem indignem meus traços
me ensine a crer ou descrer desses fatos;
talvez esses meus olhos tristes
me impeçam de ver
que a felicidade existe.

(Carmen Lúcia)

Foto de wandersonfeliz

POEMA DE UM AMOR DISTANTE

VOLTA AMOR...VOLTA
QUE TÚ VERÁS O QUANTO TRISTE
NAVEGAM EM LÁGRIMAS ESTE OLHOS
E O QUANTO ESTA BOCA TE DESEJA

VOLTA AMOR...VOLTA
E SINTA O QUANTO ESTE PEITO FRÁGIL
E QUANTO AMOR ESTE CORAÇÃO SERENO
TEM GUARDADO... PRA TE DAR...

VOLTA AMOR...VOLTA
QUE HEI DE TER VIDA EM TEUS BEIJOS
E ESSA SOLIDÃO CRUEL QUE ME DESATINA
HÁ DE TORNAR-SE APENAS CINZAS E UM PASSADO

VOLTA AMOR...VOLTA
E ME DEVOLVA AQUELE NOBRE SORRISO
QUE ANTES TROUXERA AO VE-LA LINDA
EM NOSSAS CONVERSAS DE AMIGO.

VOLTA AMOR...VOLTA
QUE VOU AMA-LA PERDIDAMENTE
SEM VOCÊ APENAS VOU SONHANDO, APENAS...
SOU UM SER VIVENTE!

Foto de DAVI CARTES ALVES

YUMI, UMA LINDA IKEBANA DE SENSAÇÕES N'ALMA

Aquele tímido sorriso iluminava minha alma, poucas palavras, discrição, o olhar pensativo, distante entre as pedras e formigas do caminho, um silêncio que amava compartilhar, pausas longas, quebrada pelas folhas secas que eram pisoteadas, enquanto caminhávamos no Parque São Lourenço

Yumi tinha um que de Fernandinha Takai, puerilmente menor, quão delicada, ao cingi-la nos braços, sentia a leveza de um feixe de tulipas frescas, cabelos amiúde colhidos sob maria –chiquinhas com as cores da bandeira japonesa.

A linda boquinha modelada por buril divino, avessa a brilho labial, fonte melíflua cujos beijos me transportavam, ao ápice de vertiginosos Satoris.

Família, esse era um refrão nos lábios nacarados de Yumi, trabalhava com os pais num quiosque de ikebanas no Mercado Municipal. A noite cursava Sistemas e Redes, quando a conheci na fila da reprografia.

Que flores são essas Yumi, que imitam pássaros de fogo?

Assim a tirava do seu sagrado ritual, enquanto confeccionava com suavidade nos gestos, ternura e habilidade na alma e nos dedos, arranjos tão sublimes.
Me olhava com afeto, uma pausa, um sorriso, envolvia um olhar maternal novamente no arranjo: essas são estrelicías, lembram não só pássaros de fogo, como origamis de luz, aquelas coloridas são gérberas, estas aqui que imitam grandes sinos tingidos são lírios. Que tal ficou este?
Belíssimo Yumi, quanta harmonia entre flores, cores e formas !

Foi um dia memorável, aquele em que fomos ao restaurante Nakaba ali na Rua Nunes Machado, não, não paguei mico, financiei gorilas em 36 vezes!!

Ela me apresentou os hashis, e com as mãozinhas tão meigas, me conduzia no manuseio dos
“ gravetinhos polidos”, mas ficou tudo mais fácil com aqueles de elastiquinho para iniciantes e comedores compulsivos de feijoada.

Nunca tinha comido tanto e me sentido tão leve, já no prato de Yumi, dava pra contar apenas alguns “enroladinhos”, a medida que iam sendo servidos, e ela ia me ensinando os nomes dos pratos tão marcantes, realçados pelo shoyo.
Esse você já conhece, é o sushi, aqui temos o tempurá, e que tal o yakissoba?
Yumi, gostei do rolinho primavera com este risoto. Também adoro, este risoto é uma especialidade da casa, chama-se Yakimeshi.
Arrgghh , já estas ostras frescas podem levar!
Ó quem fala mocinho, costumado a comer suan de porco!
Explosão de gargalhadas!

Sabe Yumi, eu sempre tive uma grande admiração pela cultura japonesa, que em você transformou-se em fascínio.

Admiro tanto a disciplina de vocês, a aplicação nos estudos no trabalho, a reverência a família e aos valores, é elogiável! Não que aqui isto não seja relevante, mas, por exemplo, eu nunca presenciei no dia a dia, em lugares públicos, japoneses discutindo alto, casais brigando , não vejo em nosso país, japoneses em matérias relacionada a prisão e a cadeias, e eles estão ocupados em “ papar” vagas nos vestibulares, concursos públicos, lá no Tribunal onde trabalho como terceiro, tem tantos japoneses, umas japinhas tão lindas...
ai, ai, desculpa, brincadeirinha...

Vocês realmente se destacam nos concursos públicos, nas áreas de tecnologia, ao passo que, com todo respeito a essa profissão, eu nunca vi um japonês pedreiro, é engenheiro civil pra cima, entende Yumi, quão intensa torna-se a a minha admiração a vocês ao refletir nisso.

E como aumenta o meu encanto por esse nenê de colo muito fofo, gut, gut, vem aqui, anjo lindo , me da um abraço.

Aquela gélida noite de junho, como esquecer?

Comíamos um cachorro quente em frente a faculdade, e percebi que Yumi estava muito mais introspectiva, muito distante, diferente, evitando o meu olhar.
Esta tudo bem?
Tudo.
Você ta tão quieta.

Ué você já me conhece tanto e...
Por isso mesmo Yumi
E por causa da exposição de Ikebanas no hall de entrada da Biblioteca Publica?
Não, isso ficou para o mês que vem, com outro quiosque de amigos e familiares.
Longa pausa,
Uma só mordida no cachorro quente abandonado
C ta muito estranha nenê?
Impressão sua, respondeu-me, mas com os olhos marejados
Por favor Yumi, o que foi que houve meu amor
Silencio sob a pequena e perene lua vermelha do oriente.
Ai estas suas pausas Yumi, fala!!

Me abraçou tão forte entre soluços incontidos
Um beijo longo com gosto de lágrimas
Outro olhar demorado dentro d’alma:

Minha família vai voltar pra Maringa

E a estrelicia perdeu a cor,
e o frio de junho confeccionou tanta,
mas tanta dor
E começou a garoar n’alma,
Fel & torpor

Compreendi ainda melhor, que família , não éra só um refrão nos lindos lábios nacarados de Yumi, era de fato uma instituição vitalícia, que a globalização e o diabo a quatro, como ocorre por essas paragens, jamais iam dissolver.
Até porque, ela recebeu inumeros convites das colegas de curso para permanecer em Curitiba.

Sim, a família estava acima de tudo, doa a quem doer.
E pra nos separar daquele ultimo abraço no Aeroporto do Bacacheri, só mesmo com um pé de cabra.

Na faculdade, os olhos duradouramente vermelhos e pisoteados, trouxeram inquietação dos amigos:
C ta cheirando um beg né?
Mas só pode ta encomendando de jamanta?!!

Ah Yumi, a saudade é uma doce melancolia
Enquanto você rouba meu pensamento
Acho que beijar esse rostinho, se vive mais cem anos
Por isso queria tanto, viver eternamente
do seu lado Yumi.

Ao lado de Yumi, usufrui experiências e sensações tão díspares, e sob matizes tão perenes, uma brisa para os sentidos.
Tudo oferecido com a mesma suavidade, leveza e brandura, do cisne ao atravessar o lago, no Parque São Lourenço.

Hoje aqui no Parque , sob céu de lama e cinzas, salpicando fina garoa,
imagino Yumi
vir correndo, de lá do outro lado do lago, com aquela graciosidade, encanto e leveza que devorava a minha alma.

Yumi se foi,
Mas deixou pra sempre, indelével
Uma linda & perene
Ikebana de sensações n’alma.

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Foto de DAVI CARTES ALVES

VOU-ME EMBORA ISADORA

Vou-me embora Isadora
Deixar de uma vez por todas
O mel em tintas tão rubras
Nos teus lábios de amora

Vou-me embora Isadora
minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora

Vou-me embora Isadora
Na varanda da nossa paixão
Sobre um mar de arco – íris
Engolfou-se céu de cinzas
Aguilhoadas de escorpião

Vou-me embora Isadora
eu jamais devia derrubar
mas jamais devia vasculhar
na tua caixinha de Pandora

Vou-me embora Isadora
Deixar de uma vez por todas
De esmaltar tuas velhas promessas
De servi-las em coloridas travessas
Mas que pelas janelas d’alma
você sempre arremessa

Vou-me embora Isadora
Deixar de gritar teu nome
Como estocadas de cimitarras
Como poções melífluas de amor
que num corpete tecido por ninfas
tu sempre sedutoramente amarras

Vou-me embora Isadora
Deixar de suplicar teu nome
Como um refrão de vida e luz
Que ora dissolve ora revigora
No frio ou no calor das horas

Já vou-me embora Isadora
Só me diga como viver
Sem minha pequena lua nua
louçania de tulipa
que se ama e se adora?

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