Coragem

Foto de Fagner Boelter

Amor como não querer

O amor, ah o amor...
Palavra forte e inocente
Que invade agente
Sem pedir licença...

Ah o amor...
Forte como a natureza
E ao mesmo tempo tão frágil como as asas de uma borboleta.

Não escolhe cor, raça,
Sexo ou idade.
Qualquer um está a sua espera mesmo sem querer,
Até mesmo eu !!!

Sim, o amor chegou,
de mansinho se aproximou,
Me pegou, abraçou meu coração,
E com uma enorme explosão,
Me trouxe seu coração.

Apaixonado, muito apaixonado,
Preso nesse mundo fantástico,
Que nos dá coragem,
De enfrentar o impossível,
De querer o inalcançável,
De fazer tudo sem limites...

Limites ???

Para que limites quando trata-se de amor?
Não tem limites,
Não tem fronteiras,
Não existe o não posso, não quero...
Pois tudo que é proibido é mais gostoso

Não tem o que fazer,
Somente deixar acontecer...
É isso que faço,
Deixo que esse laço,
Domine meu coração,
Que está repleto de paixão...

Fagner Boelter Dias

Foto de jessebarbosadeoliveira27

VENTANIAS DA MENTE

Preciso adelgaçar cometas.
Preciso nivelar-me ao celeste azul.
Preciso ler Manuel Bandeira.
Preciso ouvir As Rosas Não Falam, Free Jazz e Blues!

Preciso garimpar as incertezas da certeza.
Preciso tomar um porre de Rum.
Preciso pôr as cartas sobre a mesa.
Preciso flertar com O Bando de Teatro Olodum!

Preciso sentir a textura da tez da minha Preta.
Preciso prementemente ir á rua desnudo do habitual calandu.
Preciso assistir --- de novo --- á película O Baixio das Bestas.
Preciso pagar --- com os juros da cara --- a conta de luz!

Preciso dormir por 8 horas.
Preciso comprar os acústicos de Jorge Benjor, Seu Jorge e Paulinho da Viola.
Preciso gostar de comer chuchu e saber que não sou cult.
Preciso criar coragem para suportar o peso da minha Cruz!

Preciso encarar a barrela.
Preciso fazer 1 bilhão de aquarelas.
Preciso descobrir minhas raízes no Benin ou na Nigéria.
Preciso demonstrar mais amor pela Terra.
Preciso ser Angola, Moçambique, Sudão, Somália, Etiópia e África do Sul.
Preciso chupar acerola, umbu, cajá além de caju.
Preciso largar mão de querer rimar com o fonema e o corpo da letra U!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

http://bocamenordapoesia.webnode.com.pt/
• http://twitter.com/jessebarbosa27

Foto de Cris Cas

Descobri

Descobri...
Descobri q ñ pode implorar o AMOR
Descobri q migalhas de sentimento magoam muito mais q o odio
Descobri q dizer q ama ñ significa nada, pode se dizer a quem lhe convém
Descobri q a palavra amor pode ser absulutamente uma palavra e só
Descobri q atitudes dizem muito mais q "EU TE AMO"
Descobri q qdo se ama, perde totalmente a noção, até de principios q pareciam nunca poderem serem ultrapassados
Descobri q acreditar deveria ser a essencia, e todos deveriam dizer a verdade
Descobri q as pessoas vivem para propria conveniencia, ñ importa os sentimentos
Descobri q a falta de dignidade do outro acaba com vida d quem o ama, e com isso das pessoas q as rodeam
Descobri q a falta de coragem pertence a pessoas pequenas
Descobri q a verdade pertence aos grandes
Descobri q ter inocencia pode significar sofrimento
Descobri q pessoas ruins aproveitam de boas, para sentir como reagem qdo são massacradas
Descobri q existem má indole disfarçado de generosidade
Descobri q lagrimas foram criadas para purificar a alma
Descobri q recomeçar é o necessario
Descobri q cada ciclo tem o tempo adequado
Descobri q o meu tempo ñ é nada, mas o tempo certo é o de Deus
Descobri q a oração faz a diferença, descobre qquer farsa, e coloca a verdade sempre em nossas mãos
Descobri q msm na dor, posso e tenho o q agradecer
Descobri a grandeza de ser amada de verdade..

Foto de Lou Poulit

UM INCENTIVO À REFLEXÃO DE TODOS OS PROSADORES TÍMIDOS

Continuando uma conversa, esquecida noutro lugar...

Dei-me conta de um outro conceito integrante do curso, que também tem tudo a ver com essa reflexão sobre os nossos personagens na vida. E avança sobre fazer arte, sobre percorrer um trajeto evolutivo, lucidamente. O que inclui escrever prosa (a arte da palavra fluída) de modo mais artisticamente pretensioso, e não exatamente presunçoso...

Depois de entrar no ateliê, com a coragem e a desenvoltura de quem entrasse no castelo de Drácula, e tentar compreender alguma coisa da parafernália que havia ali, que equivalia a uma avalanche de informações visuais e olfativas nem sempre esperada, pinturas e esculturas por toda a parte, rascunhos espalhados como que por alguma ventania, uma infinidade de miudezas, coisas difíceis de imaginar e fáceis de fazer perguntar "pra que serve isso?"... O aluno iniciante dizia, como se ainda procurasse reencaixar a própria língua: eu não sei desenhar nada, sou uma negação, um zero à esquerda, nem sei direito o que estou fazendo aqui...

Eu tentava ser simpático, e sorria sem caninos, para provar que não era o Drácula. Depois pedia ao rapaz espinhento (convenhamos que o fosse neste momento) que desenhasse aquilo que melhor soubesse desenhar, entregando-lhe uma prancha em formato A2 e um lápis. A velha senhora (agora convenhamos assim) procurava uma mesa como se houvesse esquecido a sua bússula, e a muito custo conseguia fazer a maior flor que já fizera, de uns 15 cm numa prancha daquele tamanhão, e muito distante do centro da prancha. Claro, eu não conseguia evitar de interromper, se deixasse ela passaria a tarde toda ali improdutivamente. Aquele desenho já era o bastante para que eu pudesse explicar o que pretendia.

O executivo que arrancara o paletó e a gravata para a primeira aula, depois do expediente, com a gana de quem subiria num ringue para enfrentar um Mike Tison no maior barato e cheio de sangue no álcool, olhava pra mim, a interrompê-lo, como quem implorasse deixá-lo continuar! Queria mostrar talvez que eu deveria investir nele, que estava disposto a tudo, e que ele estava ali para que eu fizesse com ele o que bem quisesse. E eu finalmente explicava: não é necessário, já vi que você pode fazer. Me diga, quantas vezes você estima que já tenha desenhado esse mesmo Homem-Aranha que acabou de rascunhar?... Ah, não contei, mestre... Claro que não, mas talvez possa fazer uma estimativa, em ordem de grandeza. Uma vez? Uma dezena? Uma centena? Mil vezes?...

O velhote, com jeitão de militar reformado, pôs a mão no queixo. Mas em vez de estar fazendo alguma conta para responder, na verdade tentava avaliar (com a astúcia que custa tantos cabelos brancos) que imagem a sua resposta produziria, na cabeça do jovem mestre. Afastou as pernas uma da outra e naquele momento eu pensei que ele pretendia bater continência para mim, mas não, aquilo era um código comportamental. Sempre fui antimilitarista, mas procurei entender o seu personagem íntimo. Afinal, ele resolveu arriscar: Mais para mil vezes... Alguém poderia acreditar nisso – perguntei a mim mesmo? Se o velhote houvesse desenhado Marilyn Monroe, vá lá que fosse. Ou a bandeira do Brasil, um obuz, uma bomba atômica, ao menos um pequeno porém honroso canivete suíço!... Mas não. Um militar que estimava ter desenhado quase mil vezes o Papa-Léguas – antigo personagem de quadrinhos e desenhos de televisão – ou tinha algum grave desvio (talvez culpa do canivete) ou estava construindo naquele momento um personagem específico para a sua insegurança, o que mais convinha deduzir. Antes que ele dissesse “Bip-bip” e tentasse correr pelo ateliê, eu tratei de prosseguir com a minha aula.

Mas qualquer que fosse o aluno, eu pedia então que sentasse nas almofadas que ficavam pelos cantos do espaço, e em seguida me sentava no chão, sem almofada. E perguntava: você já ouviu falar no Maurício de Souza, o “pai” da Mônica?... Sim, das revistas... Isso mesmo. Sabe que ele é capaz de desenhar a Mônica (mas talvez não outro dos vários personagens que assina) de olhos vendados?... O aluno tentava refletir, mas eu não esperava pela resposta. Garanto a você que ele faz isso. Sabe por que?... Acho que não, assim de surpres... Por um motivo muito simples e óbvio: ele já fez tantos desenhos semelhantes, que não precisa mais se preocupar em construir nenhuma imagem do desenhista que ele é. Muito menos com o desenho que vai fazer.

Eu não estou pretendendo estabelecer nenhuma comparação com a sua pessoa, mas somente adiantando para você uma espécie de chave para quase todas as perguntas inerentes a aprendizados. Você pode achar até que é um zero à esquerda, quer diga isso ou não. Não é. Mas a sua memória técnica é. E essa seria a principal razão de você achar que não sabe desenhar, ou não ser capaz de ver-se como artista. Todo mundo nasce com alguma sensibilidade, percepção para o belo, capacidade de fazer associações psíquicas, afetivas, emocionais e tal. Isso tudo é inato, intrínseco à natureza humana. Contudo para transpor o que está dentro de você (imaterial) para fora, de modo que outros, além de você próprio, possam compreender através de alguma sensorialidade, é preciso usar um meio físico, também chamado de veículo. Para fazer essa materialização você terá que lançar mão de uma técnica, e a técnica não é inata (salvo em raros casos).

Essa é razão mais elementar pela qual está me pagando. Mas eu não fabrico desenhistas. Apenas, com base na minha própria experiência e na minha memória técnica, vou traçar um atalho para você chegar ao que definiu como suas preferências, na nossa conversa inicial. Bastará que você faça apenas algumas coisas simples, mas que podem exigir alguma disciplina: que não faça os exercícios como faria um robô, que preste atenção com intuito de memorizar o que vou lhe dizer (como se fôsse um robô!) e que não jogue fora nem mesmo o pior dos seus resultados, pelo menos até que termine o curso. Os seus resultados de exercício, em ordem cronológica ou pelo menos lógica, por mais que pareça entulhar a sua vida, serão como os frames de um filme que só existe na sua memória, e que serve para estruturar a sua memória sensorial. Será a mais eficiente forma de avaliar o processo de aprendizado, e poderá estar sempre disponível para reavaliações.

Sua verdadeira obra, será construir um arcabouço de informações técnicas. Muito naturalmente e sem começar pelo fim ou pelo meio, você irá armazenando o conjunto da sua sensorialidade ao exercitar. Não irá memorizar tão somente o desenho em si, mas a interação entre os materiais, os sons, o cheiro, a impressão tátil de manusear e pressionar, enfim, tudo será memorizado, e a partir de certo ponto, além de saber, você estará compreendendo o que faz. Contudo, não tem que esperar o fim do curso para estabelecer uma relação mais madura consigo próprio, enquanto artista. Poderá começar a amadurecer (e reorientar) desde logo o seu foco preferencial, a sua linguagem e estilo próprios, seus conceitos e o seu próprio personagem de artista...

Isso mesmo, o artista, seja pintor, músico ou escritor, tem um personagem próprio. Para as pessoas que só podem conhecer a sua arte a partir do veículo e não a sua pessoa, será inevitável eleger atributos para agregar referencialmente ao seu nome, ou para humanizar o seu nome, e torná-lo mais compreensível. As pessoas “tocam” o produto artístico como se tocassem a pessoa do artista subconscientemente. Por isso, se você não quiser criar lucidamente o seu personagem e torná-lo compreensível para eles, os admiradores da sua arte o farão instintivamente e você só saberá depois, ou talvez passe pela vida sem saber como é visto, ou pior ainda, imaginando o que não corresponda nem de longe à realidade.

Não importa muito a linguagem artística que se escolhe. O processo evolutivo é muito semelhante. E todo aquele que reluta em mostrar seu trabalho e predispor-se a um julgamento que não se submete ao seu próprio, apenas retarda a sua própria evolução.

Foto de Angelgoiabinha2

Ainda há esperança

Ainda há esperança

Enquanto souber que ainda me ama
Ainda há esperança !
Amor de Romeu e Julieta
Separados estamos
por fim familiares;
me aventurei a respirar outros ares
Me machuquei!
Porque tú não teve coragem de lutar
como eu lutei,
prefiriu chorar
como eu chorei,
mas ao menos guerriei
contra tudo e todos
afim de tê-lo novamente,
infelizmente tive de voltar
mas não desisti!
Pois enquanto nosso amor existir
Enquanto vida tiver
Ainda há esperança!

Angelgoiabinha

Foto de Marcelle leite amorim

Sem sentido

Sentido não existe.
Para o amor se persiste.
Quando não conseguimos ver.
Só enxergar com o coração.
Enquanto que deixa de lado a razão.
Dialogar quando não se tem mais esperança.
Desvendar ao máximo a inocência de uma criança.
Ficar a mercê de um gesto.
E esperar o tempo certo aparecer.
O que eu quero ouvir não ouço.
Mais digo o que muitos querem dizer.
Coragem não vem de dentro.
Se mostra na hora precisa.
Se demonstram quando há quem ver.
Depois não entendem de onde surgiu.
Amor é semente, muitos plantam mais não sabem colher.
Tenho 2 certezas na vida.
Um dia vou morrer, e até esse dia no meu coração levarei você!

Foto de onil

DOCE ESCRITOR POETA

FOI AO FIM DE TANTOS ANOS
CONFESSEI-TE O MEU AMOR
VIVI MÁGUAS POR ENGANOS
SUPORTEI A MINHA DOR

FOI A DOR POR ESCONDER
A VONTADE DE TE AMAR
E A CORAGEM DE DIZER
QUE SONHAVA TE BEIJAR

FOI ASSIM A SOLIDÃO
FOI ASSIM, MAS AGORA JÁ MUDOU
FAZES PARTE DO CAMINHO
ONDE QUERO ANDAR
E ASSIM VIVO PARA AMAR
QUEM ME CONQUISTOU

DOCE ESCRITOR POETA
QUE TE ENCANTOU
MAS PRESO FICOU
AO BRILHO DA ESTRELA
DOCE ESCRITOR POETA
FAZ-TE SONHAR
FALANDO DE AMOR
ESCREVENDO A RIMAR

HOJE AO FIM DE TANTOS ANOS
OS SENTIMENTOS SÃO IGUAIS
NÃO VIVEMOS JÁ DE ENGANOS
NOSSO AMOR É BOM DE MAIS

FOI A VIDA QUE SONHEI
DESDE UM BEIJO TÃO SAGRADO
NO MEU PEITO EU TE AMEI
QUIS TE TER SEMPRE A MEU LADO.

FOI ASSIM A SOLIDÃO
FOI ASSIM, MAS AGORA JÁ MUDOU
FAZES PARTE DO CAMINHO
ONDE QUERO ANDAR
E ASSIM VIVO PARA AMAR
QUEM ME CONQUISTOU

DOCE ESCRITOR POETA
QUE TE ENCANTOU
MAS PRESO FICOU
AO BRILHO DA ESTRELA
DOCE ESCRITOR POETA
FAZ-TE SONHAR
FALANDO DE AMOR
ESCREVENDO A RIMAR

28/02/02
ONIL

Foto de Fernanda Queiroz

Pedaços de infância

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.

Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.

Meu pai me aconselhou a planta-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.

Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, primaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.

Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de "dentinhos, arrebitadinhos".

Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.

O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.

A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.

Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontra-las.

Papai quieto assistia meu marasmo em deposita-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.

Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escudeiras dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.

Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.

Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na sequência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.

Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.

Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.

Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.

Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.

Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Resernados

Foto de onil

É ASSIM A MINHA TERRA

VOLTEI A PASSEAR NESTAS TERRAS
VI FLORES LINDAS NAS SERRAS
E DE SAUDADES ME ENCHI
LEMBREI TEMPOS DA MOCIDADE
EM QUE ASPIREI A LIBERDADE
NESTA ALCOFRA ONDE NASCI

VI CARQUEJA E O SEU DOIRADO
CÔR QUE NASCE EM QUALQUER LADO
É DA SERRA INFINDA BELEZA
OUTRAS CORES HÁ PELOS MONTES
ÁGUA FRESCA CORRE NAS FONTES
ASSIM É BELA A NATUREZA

JÁ VI NOS CÉUS A ÁGUIA VOANDO
NOS MONTES O MELRO CANTANDO
ESTA PAISAGEM ME ESPANTA
É COMO UMA CONCHA ESTA TERRA
Á VOLTA TEM LINDA SERRA
COM FLORA QUE ME ENCANTA

A ÁGUA NO RIO CORRENDO
ESPUMA BRANCA VAI FORMANDO
LEMBRANDO UM RENDILHADO
NO RIO DA BOUÇA SAUDOSO
FOI TEMPO MARAVILHOSO
QUE FICA NA MENTE GRAVADO

LEMBRO TEMPOS DE INFANCIA
NÃO ERA LONGE A DISTANCIA
DA MINHA ALDEIA AOS TAPADOS
NO RIO A ÁGUA PURA DESLIZAVA
A SEDE SAUDAVEL SACIAVA
RECORDAÇÃO DE TEMPOS PASSADOS

DO CIMO DO CABEÇO CARMOL
VI O ESPLENDOROSO PÔR-DO-SOL
Á SUA BELEZA FIQUEI PREGADO
JÁ CORRI TERRAS DO MEU PAIS
MAS SÓ AQUI ME SINTO FELIZ
NÃO QUERO VIVER NOUTRO LADO

QUERO SENTIR O AR NO ROSTO
SUAR COM O CALOR DE AGOSTO
PORQUE ISSO ME DÁ PRAZER
A MINHA ALDEIA É TÃO LINDA
ESSA BELEZA NÃO FINDA
NINGUÉM DELA VAI ESQUECER

LEMBRO-A EM POEMAS ESCRITOS
FALO DE SITIOS BONITOS
QUE DÃO GOSTO EM VISITAR
A MINHA ALDEIA É CERCADA
POR CARQUEJA AMARELADA
NA SERRA QUE A ESTÁ A RODEAR

NA PRIMAVERA SEUS PRADOS
POR VERDURA ORNAMENTADOS
FAZEM-NA SEDUTORA E LINDA
A QUEM POR AQUI PASSAR
ESTA BELEZA VAI AGRADAR
E A SUA VISITA NÃO FINDA

CADA ESTREITA CALÇADA
DÁ UMA HISTÓRIA CONTADA
DO POVO QUE NELA VIVEU
PORQUE AQUI NASCERAM E AMARAM
NAS TERRAS DURO TRABALHARAM
MAS ALGUÉM NUNCA OS ESQUECEU

SOU POETA E TENHO AMOR
Á MINHA ALDEIA E DOU VALOR
A TODOS QUE AQUI NASCERAM
QUEM FICOU TEVE A CORAGEM
E ESTA É A MINHA HOMENAGEM
AOS QUE NA NOGUEIRA VENCERAM

MAS A TODOS EM GERAL
QUE DAQUI SÃO NATURAL
ESTE POEMA DEDICO
EU POR MIM SONHO VOLTAR
E PODER SEMPRE VISITAR
NOGUEIRA E A VILA-DO-PICO

26/05/09
ONIL

Foto de Graciele Gessner

Entre Eles Existe... (1) (Graciele_Gessner)



Categoria: conto



Uma narrativa misteriosa recheada de fantasia. Entre eles existe atração, harmonia e romance, diria até que uma parceria muito positiva!

... Então ele chamou a sua atenção, cumprimentando-a. Ela foi pega de surpresa, não esperava por isso. Quem era ele? Por que a cumprimentou?

Dias depois, viu-a passando na rua. Pegou o seu carro e deu carona. Ela na hora não queria aceitar, pois era um desconhecido. Levou-a até o seu trabalho e durante o percurso explicou que estava interessado nela. Ela ficou um tanto apreensiva já que naquele momento não o conhecia direito. Porém, como um leão, seu instinto de paixão tomou todo o seu ser. Ela percebia que existia uma imensa sinceridade na revelação, mas não deu esperanças ao rapaz.

Quando ele a via ou se passasse na sua frente, ele oferecia carona. Começaram a criar uma amizade, trocavam algumas palavras no início, depois frases mais expressivas. Ele possuía uma persistência que até no final do expediente de trabalho ele levava ela para casa. Só que antes de chegar nesta questão, ele chegou a segui-la para saber onde morava. Por algumas vezes ele foi ousado, chegando à sua casa, cercando-a. Ele levando sempre um fora, e jamais desistindo.

Contudo, um dia algo inevitável na vida da moça permitiu uma aproximação. Conhecendo a sua vida, conhecendo-a mais intimamente, aprendendo a admirar pela determinação... Ele não se enganará, ela era a deusa que ele procurava.

No ponto de vista dela, ele era possuidor de uma energia e vitalidade admirável. A presença dele chamava a sua atenção por onde passava. Ele era dono de um natural ar de nobreza, segurança e autoridade que ela jamais tinha conhecido. Entretanto, existia insegurança por parte dela, desconhecia a possibilidade de ser correspondida. Ela não queria se machucar, não queria apenas aventura. Sentia-se envolvida, levada pelo charme dele. Conquistou-a com a sua sinceridade, com a sua coragem, generosidade... Ele era envolvente, criativo, dominador e simplesmente encantador.

Ela por muitas vezes o ignorou. Ela tinha consciência que estava sendo flechada por um novo sentimento. Este envolvimento ficou mais intenso quando finalmente aceitou o convite de sair com ele.

Saíram, e as qualidades dele ficaram expostas, possuidor de um grande coração. Sem contar no entusiasmo de estar saindo com ela, uma alegria de quem conseguiu o que queria.

No ponto de vista dele, ela era de um encanto natural, uma leveza e refinamento. Eles se entendiam, se admiravam e de alguma forma existia um sentimento. Entretanto, ele se identificou com ela, ambos eram alegres e apreciavam viver uma vida despreocupada. Além de extraordinário bom gosto natural, ela era demais atraente!

Na eventual saída, que por sinal muito desejado por ele, aconteceu o primeiro beijo. Ela combinava perfeitamente com ele, e o beijo era ardente, envolvente. O orgulho de tê-la em seus braços quase coloca tudo a perder. O exagero de se sentir o tal mostrou uma recusa por parte dela. Então, ele dosou as suas verdadeiras vontades para não assustar a sua deusa.

Ele é do tipo de homem que gosta que alimente o seu ego, mas para sua decepção ela não o fez. Porém, há algo especial nesta relação que ferve, ele é um gato, digamos um tanto ciumento que não tolera que persigam a sua gata. Entre eles existe calor e paixão, existe harmonia e equilíbrio. Existe algo de se invejar, há o combustível da atração. O que mais existe entre eles?!



13.02.2010

Escrito por Graciele Gessner.



*Se copiar, favor mencionar a devida autoria. Obrigada!

Páginas

Subscrever Coragem

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma