Essa minha calma é falsa,
é desassombro, é escombro,
o ar inerte das ruínas,
a marcar que houve batalha.
Chego a duvidar se há pausa,
a ave que pousa meu ombro,
inerte, ou voa ao que destina?
Ao inexistir que se espalha.
Sequer o sonho movimenta,
esvai a alma em abandono,
se queda, lânguido e lasso.
Mesmo desperto, se assemelha
na inércia amena, que sustenta
a passividade do sono.
Mas, mentirosa a sei, disfarço
a dor; tensão; a cor vermelha...
O ar, só o éter disforme
as minhas vísceras afaga,
envolve, tal morno azeite
mixando ao mundo que dorme.
Torna em si tudo o que traga,
me desarma e sopra, aceite...
Talvez, corpo o limiar nem forme,
seja só o nada que vaga...