Desgosto

Foto de Oliveira Santos

Seu Moço

Seu moço que vem lá de bem longe
Aqui reina a falta de horizontes
Recursos para uns poucos contemplados
E o desespero para os malfadados
As expectativas se reduzem
Ao passo que as horas se conduzem
Enquanto se teme o outro dia
Se vive o de hoje em agonia

Seu moço que vem lá de bem longe
Por que é que para nós o sol se esconde?
A obscuridade nos massacra
Nos faz reviver a Via Sacra
Mas não existe coroa de espinhos
Nem cruz nas costas pelo caminho
E sim o pesar de um miserável
Frente ao seu destino irrefutável

A esperança já deixou nossos corações
Sórdida miséria nos prende com grades e grilhões
Desgosto profundo dos dias que hão de se passar
Será que o mundo tem capacidade para mudar?

24/11/97

Foto de annytha

Era só uma amizade!!!

Era só amizade!!!

Nesse momento, minha alma está chorando de tristeza e vergonha, por ter feito uma grande confusão com relação à sentimentos.
O que poderia continuar sendo só uma amizade desinteressada, agora já nem sei daqui pra frente o que será!
Quanta angústia, quanto desgosto, quanta solidão. Solidão esta, que me fez confundir uma pura e simples amizade, com um sentimento mais forte...
Meu Deus! Sinto-me envergonhada de mim mesma! Como pude?
Estou me sentindo pior ainda, porque vi o amigo que só queria me estender sua mão amiga, nos momentos difícies da vida,e eu confundi tudo. Hoje, notei toda a sua indiferença por que ele percebeu que eu queria ir além de uma simples, pura e sincera amizade...Como doeu tanta indiferença! Este não olhou pra mim uma só e única vez e no final do evento, me senti na obrigação de cumprimentá-lo e ainda perguntei se ele havia lido o recado que eu deixara em seu computador! Ele, friamente, respondeu que sim. Senti um vazio muito grande tomar conta de mim, chegando a ficar meio que descompensada...Quase não consegui falar e nem olhar em seus olhos, pois a vergonha foi tamanha. Apenas, quando apertei a sua mão pra cumprimentá-lo, as palavras que emiti saíram desconexas...Estremeci! Saí de sua presença imediatamente e vim correndo pro carro e voltei pra casa às pressas. E cá estou, a desabafar toda a minha tristeza e angústia
. Também, o que eu estava esperando? Meu Deus, o que? Ele só me ofereceu uma amizade pura e desinteressada, mais nada, uma vez que já ama e é amado?
E eu, com minha carência, devo ter dado fim a uma linda e sincera amizade ...
Não terei mais coragem de lhe dirigir a palavra, e nem olhar mais em seus olhos!
Inevitavelmente nos encontraremos sempre...Mas, já nem sei se ainda terei um grande amigo, ou simplismente um conhecido!
Agora sinto dor e vergonha por ter confundido um amigo, com alguém que pudesse ser mais que isso...

Foto de Anderson Maciel

EU NÃO CONSIGO ESCONDER O QUANTO EU TE AMO

em um momento de minha vida em que vivia triste desanimado caindo aos pedaços, muito cansado com tudo o que me acontecia e cada vez mais o coração pulsava de desgosto e temor. O meu medo era constante de que vinhesse a ficar sozinho dentro deste mundo aonde eu fui gerado para ter uma função que ainda me traz muitas dúvidas de verdadeiramente mas diante de tudo isso deparei-me com sua voz direcionando a mim até você e pude ver que era uma moça bastante bonita que gritava em alta voz o meu nome e por muitas vezes me sentia acoado até que tomei a iniciativa e fui ter com você. Pude ver que você estava com um vestido branco por sinal muito lindo e seu rosto claro brilhava mais que a luz, um encanto de mulher que me seduziu me fez ficar apaixonado por ela e entre cada vez que eu a olhava em seus olhos um grande vinculo de beleza sobrepunha meus pensamentos ficava muito entusiasmado e meu coração não mais pulsava de desgosto e sim de mais pura alegria e você a cada vez mais se achegava perto de mim e me fazia sentir mais este desejo. Cheguei-me a certo ponto de ver você ao meu lado, nos meus sonhos te tinha como princesa do meu reino encantado é mas de tudo isso quando acordava eu via que estava só sem você quando derrepente começava tudo outra vez aquela voz me chamando e se achegando a mim; pois é eu não tava conseguindo esconder meus sentimentos por você até que me veio a coragem de ir falar contigo e seguindo eu aquela voz que me chamava e que me fazia sentir mais perto de você deparei-me com seu rosto e seu vestido branco que a cada olhar parecia mais branco e alvo que a neve e seus olhos brilhavam a cada segundo em que te olhava e nestes momentos puros aonde eu me deparava olhando para você, caia-me de joelhos e te falava só uma única palavra "Eu Te Amo". Anderson Poeta

Foto de Diario de uma bruxa

Quando não mais procurar, ele te encontrará

Andei, andei
A procura de um amor
Um amor que valesse a pena
Viver por ele
Não encontrei nada
Só tive desgosto e desilusão
E muito prejuízo no coração

Gastei tudo que tinha
Minhas forças, meu caráter
Fui para lugares estranhos com
Pessoas esquisitas
Que desperdício, não ganhei
Nada com isso

Voltei pelo mesmo caminho
Triste, cansada
De mãos vazias.

Depois de muito andar
De muito procurar
Percebi... Que quanto mais procura
Nada se acha

E quando no nada fiquei, sem nada encontrar
Silencioso, você me encontrou
E com você recuperei tudo
Minha alto-estima, minhas forças
Meu caráter.
E é com você que pude
Conhecer e viver
Um verdadeiro amor.

Poema as Bruxas

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de Zaruquita

Busco em vão

Busco em vão

Busco em vão
Nas zonas mais recônditas,
dos corações humanos.
Onde eu penso encontrar,
almas puras e sensíveis.
Busco em vão.
Nas estrelas mais distantes,
onde o brilho mais intenso,
pode cegar meu olhar,
e vagueio neste céu imenso.
Busco em vão.
Nos mares onde navegam meus fracassos,
minhas tristezas e desilusões,
onde eu vejo meus sonhos escassos,
em desencantos e frustrações.
Busco em vão.
Nos ventos que sopram nas montanhas,
e levam minha tristeza além,
nas tristes noites insones,tamanhas
onde a solidão ao meu encontro vem.
Busco em vão.
Na chuva que cai e molha meu rosto,
no reflexo do relampago e trovão,
em cada hora,minuto de desgosto,
que deixou marcas em meu coração.
Busco em vão.
a esperança de ser feliz um dia,
nesta vida de desilusões,
busco o amor que eu tanto queria,
mas só encontro contradições.

De Arlete Anjos
20/04/2006

Foto de Paulo Zamora

Vários poemas de Paulo Zamora (www.pensamentodeamor.zip.net)

Inverno febril
Folhas secas se escondem no chão. No cantinho do coração atravesso um inverno...
Onde você passou primeiro deixando marcas. O que o frio fez com as flores? De repente me vi sorrindo, o que foi? Tive a impressão de que tinha voltado. Então minha vida acordou para a realidade; ainda é inverno.
Do meu lado esquerdo tem alguém procurando o coração. Dias são temporais de distâncias. Calei-me e deixei as lágrimas caírem.
Vou indo...
Caminhando pelo inverno. Sendo as folhas e flores. Sendo a saudade.
Foram promessas e desafios, desconforto, nada aqueceu-me do frio, do inverno febril.
Enquanto as folhas se escondem, finjo não saber de nada, minto não ser madrugada, somente para não tremer na falta que me faz.
Quem não tem coragem fica a vida inteira numa mesma estação. Chamei o sol, então ele passou a ser alguém importante, possuidor de uma luz interna. Folhas... caem e ali ficam...
Estou com febre, vivendo o inverno que me cerca, me prende em algemas. Já é solidão...
(Escrito por Paulo Zamora em 10 de maio de 2010)

O próprio infinito
Onde vou requerer ajuda? Estou sentindo sem saber explicar, e depois disso esqueci o verdadeiro sentimento; estou confundindo tudo, abrindo portas e janelas doentias, mesmo sem querer estou ficando perdido.
Estou me perdendo dentro das carências. A mente não descansa. O sono não tem sonho. O peso da consciência machuca. Estou girando, tentando esquecer, procurando nem lembrar, mas não tem jeito. Se eu pudesse voltar no tempo, se eu pudesse extraviar destinos, quem sabe não sofreria como estou sofrendo; ninguém entende, não podem ter pena porque não sabem como age o pensamento, eu mesmo não sei...
Dizem que fases passam, porque os ventos passam...
Minha voz já não é a mesma, meu comportamento mudou, estou triste, triste e ninguém notou, porque tudo é por dentro, no mundo dos sentimentos; onde perambulando me envolvi contigo, chamei de aventura e hoje não sei como se cura...
Parece que estou destinado a sofrer por um sentimento inexplicável, onde por instinto vou seguindo, e fica mais longe o caminho de volta. Onde vou requerer ajuda? Estou sendo o próprio infinito...
(Escrito por Paulo Zamora em 10 de maio de 2010)

Medo de perder
No mesmo instante a sós. Confia na compreensão enganosa da desconfiança. Quer viver a vida sem correr riscos. Quem ama nunca engana. Amo você. Sou sua felicidade provada. Você não quer perceber a realidade que há por detrás da infantilidade que estamos vivendo...
Revirou o amor, subtraiu da paixão, multiplicou as complicações...
Batem na porta na noite invernal, ventos... Contratempos... Perigos... Coisas doentias causadas pelo medo de perder.
Taças de sentimentos se quebraram quando você gritou a despedida. Sou ciumento impulsivo. Por quê? Por nunca ter encontrado alguém como você, que ama, sabe das imperfeições e perdoa facilmente nos meus momentos inseguros e de imaturidade. Tanto você como eu, entretanto não confiemos na compreensão enganosa da desconfiança, esta que entrou pela sua janela. Me chame de amor como antes, deite-se comigo para sorrir, fala cócegas, é prazer indo além...
O medo de perder nos corrói. A angústia nos abandona na calçada da desesperança. Falei dos seus defeitos sem ver os meus. Estou errado.
No mesmo lugar como na primeira vez que nos vimos, estou vendo você partindo, não pode ser, não pode ir embora assim. Assumo culpas, deliro no silêncio presente. Pelo medo de perder estou perdendo você.
(Escrito por Paulo Zamora em 06 de Maio de 2010)

É mãe
É a mãe o ser que nos gera a vida, nos alimentamos da sua respiração; chamar uma mulher de mãe é o maior orgulho de um ser humano...
Com ela aprendemos as primeiras lições da vida. A verdadeira mãe ama todo o tempo, dedica-se sem limitações, porque o amor a sustenta em cada novo dia de luta. Compreensão, carinho, afeto, amizade, amor eterno; MEU DEUS COMO DEFINIR MAE?
Quantos são os que ainda sentem saudades? Quantos são os que tem mãe e não dão valor? Se você tem uma mãe, ame-a como nunca amou ninguém nesta vida, respeite-a usando os sentimentos mais profundos; porque mãe merece ser amada e respeitada...
Ela é o verdadeiro exemplo de perdão... Mãe é tudo na vida de um filho...
Imagine aquela mãe, que hoje sabendo a importância do amor está distante do filho por algum motivo. A mãe é aquela que ama mesmo sabendo que os erros do filho foram causadores de dores e aflições, há filhos em presídios, outros dando desgosto sem saber do sentimento dessa mulher; imagine como está aquela mãe sabendo que seu filho está num leito de hospital, então você filho, tente imaginar o rosto de sua mãe sabendo que você está ausente quando poderia estar presente; no fundo ela sempre entende, porque é mãe...
O que você faria por um beijo de sua mãe? Por um abraço repleto do mais puro amor?
Tente refletir o valor de uma simples ligação, onde você pode dizer: Mamãe eu te amo, minha querida...
Onde você está? Onde está sua mãe neste momento? Quem cria é mãe. Quem está presente nos momentos mais complicados é mãe. A mulher, a esposa, a amiga, a Senhora da vida, é mãe...
A mãe existe na presença, na saudade, na esperança; a coragem, ela é o coração que pulsa...
Nunca brinque com os sentimentos de sua mãe, nunca a abandone, ela é único ser que daria sua própria vida por você.
Diga a ela sem ter medo ou vergonha: MAE EU TE AMO MUITO, E MINHA VIDA DEVO A VOCE, PESSOA QUE CUIDA DE MIM DESDE ANTES DE EU NASCER... Mãe contigo aprendi que nada levamos da vida senão os bons momentos que podemos desfrutar ao lado de que amamos e também nos amam. É mãe a pessoa que eu mais amo, é mãe a razão da virtude... dos sonhos alcançáveis... É mãe!
(Escrito por Paulo Zamora em 05 de Maio de 2010)

Que eu daria minha vida por você

Passe o que passar,
Dentro do meu querer existe uma certeza;
Que eu daria minha vida por você...

Diante do que acontecer definiremos se vamos ou não ficar juntos;
Se não te esqueço é porque nada é tão belo quanto te amar.
Estou sem saber o que fazer.

O sonho usa sua voz para me acordar durante a noite,
Então sem rumo me perco dentro de casa,
Sem saber pra onde vou e nada sei de mim.

Sei que eu daria minha por você,
Faria qualquer coisa pra você voltar,
Sentindo paixão, amor e outros bons sentimentos...

Ao passar por mim fingindo não me conhecer,
Diga pelo menos um Oi,
Para eu sentir que simplesmente passou diante de mim alguém que se parece contigo.

Trará o vento alguém diferente,
Provará a boca de outros eloqüentes beijos,
Mas será levado pelo mesmo vento a que veio porque não será você.

Quantas vezes menti não te amar dizendo somente gostar,
Com o tempo a distância veio me provar,
Que para todo o sempre vou te amar.

Teremos o dom do amor presente,
Quando tanto você como eu deixar a alma falar por nós;
E vivermos uma relação sem pena ou algo que definhe.

Vou criar coragem e pedir pra você voltar.
E dizer palavras sensacionais e se preciso chorar pela emoção e afirmar;
Que eu daria minha vida por você.

(Escrito por Paulo Zamora em 29 de abril de 2010)

Foto de Del Montenegro

´Quiula´

Menina,
O céu abriu-se para ti
Mesmo que não tenhas percebido.
E entre tantas dores
e preocupações,
ficou teu sorriso,
teu jeito de ser
de sentir
de viver a vida!
Vida!
Que te lançou prematuramente
à morte,
mas que ainda nos deu a sorte,
de contigo conviver.
Todas as letras do poema
Não conseguem pintar a beleza do teu rosto,
que não se desfez no desgosto,
mas que renasce com a tua lembrança
todo dia,
toda hora,
no poema,
agora.

Poema dedicado à Maria Walquíria Campelo Borges.

Foto de onil

DOCELIMA

CHAMAVA-SE DOCELIMA
REZA A HISTÓRIA AQUI EM RIMA
NOS VERSOS DESTA CANÇÃO
VIVIA SÓ POBREZINHA
E QUANDO VINHA A NOITINHA
SENTIA A SOLIDÃO

TÃO CEDO PERDERA OS PAIS
UM DESGOSTO QUE JAMAIS
DO SEU PEITO SAIU
OCUPOU-A A MELANCOLIA
E PASSAVA TRISTE O DIA
SEU OLHAR NÃO MAIS SORRIU

ENTÃO TRISTE CANTAVA
E QUEM SUA VOZ ESCUTAVA
SENTIA SUAS DORES
ERA LINDA A SUA VOZ
HERANÇA DE PAIS E AVÓS
QUE TAMBÉM FORAM CANTORES

COSTUMAVA IR LAVAR
SUA ROUPA E A CANTAR
NA FONTE SE ENTRETIA
E A VELHA FONTE GUARDAVA
OS SEGREDOS QUE ELA CANTAVA
NINGUÉM MAIS DISSO SABIA

ERA TRISTE O PENAR DELA
QUE EM SUA VOZ TÃO BELA
REVELAVA MIL TORMENTOS
SUA ALMA DESGUARNECIDA
DE QUEM A TROUXE Á VIDA
NÃO ESQUECEU NEM POR MOMENTOS

DOCELIMA ERA POBRE
MAS TINHA UM CORAÇÃO NOBRE
DE TERNURA E BONDADE
E A VELHA FONTE COITADA
CHORA AGORA MAGUADA
COM A SUA INFELICIDADE

DOCELIMA JÁ PARTIU
ALGUÉM A DESCOBRIU
JÁ FRIA NO SEU LEITO
O RETRATO DE SEUS PAIS
QUE ELA NUNCA ESQUECEU MAIS
APERTADO CONTRA O PEITO

O OLHAR QUE NÃO VIVIA
PELA DOR QUE A CONSUMIA
PARECIA ENTÃO A SORRIR
A SEUS PAIS QUE AMAVA TANTO
A RAZÃO DO SEU TORMENTO
POR FIM SE FOI UNIR

QUEM PASSAR AQUELA FONTE
NA LINDA ALDEIA DO MONTE
NEM SEQUER IMAGINA
OS SEGREDOS ALI CANTADOS
DOS TORMENTOS PASSADOS
NA VIDA DE DOCELIMA

NUNCA EM SI PERDEU A ESPERANÇA
PELOS PAIS SEU AMOR CRIANÇA
MANTEVE SUA PAIXÃO
EIS A HISTÓRIA TÃO SINGELA
DE UMA MOÇA QUE ERA BELA
TINHA NO PEITO A SOLIDÃO

QUE LUTOU SEM GANHAR NADA
DESTA VIDA AMARGURADA
NEM TÃO POUCO AMOR MATERNO
GANHOU SIM DIREITO AOS CÉUS
COM SEU PAIS JUNTO A DEUS
O SEU LAR SERÁ ETERNO

ONIL

Foto de onil

DESENCONTRO

TIVEMOS NOSSO AMOR DESENCONTRADO
POR ESCONDERMOS UM DO OUTRO O SENTIMENTO
QUE NO FUNDO DO PEITO ESTÁ IMPLANTADO
SEM O SABERMOS SÓ RESTOU O SOFRIMENTO

MAS NUNCA É TARDE E O CORAÇÃO NÃO ESQUECE
A ANGUSTIA CRUEL DE VIVER SEPARADO
E O PRAZER DO AMOR QUE NA VIDA ACONTECE
NO PEITO DE QUEM AMA ESTÁ SEMPRE GRAVADO

EMBORA ÁS ESCONDIDAS CONTINUOU A SONHAR
ILUSÕES PROIBIDAS NO PEITO FECHADAS
ESPERANDO A VEZ E A HORA DE SE LIBERTAR
DE DUVIDAS CRUÉIS E MÁGOAS PASSADAS

O MEU CORAÇÃO NÃO CALOU UM INSTANTE
A VONTADE DE TODO O AMOR PODER DECLARAR
MAS SEMPRE MINHA VOZ FICOU DISTANTE
E NUNCA MEU SENTIMENTO TE FIZ ESCUTAR

PASSARAM ANOS E TODO O DESGOSTO
MEU PEITO CONTINUOU A DILACERAR
PORQUE SEMPRE LEMBRANDO O TEU ROSTO
SONHAVA OS TEUS LÁBIOS SOMENTE BEIJAR

PORQUE NOS MEUS LÁBIOS ESTÁ GRAVADO
AQUELE BEIJO QUE DESTA PENA É CAUSADOR
PORQUE TODO ESSE AMOR DESENCONTRADO
NÃO SABENDO UM DO OUTRO É SEM VALOR

AGORA DEIXEI MEU PENSAMENTO VAGUEAR
E O CONTACTO QUE TIVEMOS AQUI FOI LEMBRADO
OS TEUS LÁBIOS EU ANSEIO SABOREAR
PORQUE O DESEJO NOS MEUS ESTÁ PREGADO

PASSAM POR MIM LEMBRANÇAS QUE NÃO CONSIGO PARAR
PARA FICAREM NO MEU CORAÇÃO SÓ MAIS UM MOMENTO
PORQUE CERTA ALTURA EU SONHEI TANTO TE AMAR
E ADMIRAVA TUA EXISTÊNCIA COMO MEU ENCANTO

TEU CORPO PERFEITO ONDE HABITA O PRAZER
DE MIL DESEJOS E SONHOS SEM NUNCA FINDAR
DE AMOR CONTIGO ME QUERO PERDER
E O PRAZER PROIBIDO PODERMOS ENTÃO DESFRUTAR

TANTOS ANOS PASSADOS EM TRISTE IGNORÂNCIA
PORQUE DO AMOR GUARDAMOS SEGREDO
HOJE LEMBRO A AMIZADE QUE VEIO DA INFÂNCIA
E SEI QUE O AMOR ENTRE NÓS COMEÇOU BEM CEDO

MAS A DUVIDA NUNCA FALAR NOS DEIXOU
PARA CONFESSAR O SENTIMENTO QUE TANTO NOS UNIA
POR ISSO NO SEGREDO ELE SEMPRE MOROU
ESPERANDO QUE A VERDADE EXPLODISSE UM DIA

SEMPRE ESPERANDO MAS COM FÉ E ESPERANÇA
NO DESEJO PROIBIDO QUE NO PEITO GUARDAVA
NÃO SABIA SEQUER SE O AMOR DE CRIANÇA
QUE TINHAS NO PEITO MEU AMOR ACEITAVA

SEI HOJE E É UMA VERDADE CRUEL
QUE O TEU CORAÇÃO MEU AMOR ACEITAVA
E QUE NO FUNDO FOSTE SEMPRE FIEL
Á TERNURA DO AMOR QUE NOUTRO PEITO HABITAVA

SONHANDO SEMPRE O AMOR ALCANÇAR
VIVE A VIDA COMO O BEM MAIS SAGRADO
DEIXA OS TEUS SONHOS GANHAR ASAS VOAR
AO ENCONTRO DO AMOR QUE JÁ FOI ENCONTRADO.

12.9.00
ONIL

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