Deuses

Foto de JGMOREIRA

CARTAS DE AMOR II - O escrevedor

Homens tristes, olhos encovados
Faces macilentas, noites de segredo
Andando pelas ruas atrás de cigarro
Que o acompanhe em seu desterro

Ritual de amor oculto nas trevas
Coração, chaga que não fecha
Passo a passo pelas alamedas
Que nada dizem à alma cega

Cavoucando guardados enterrados
Sob toneladas de papéis envelhecidos
Antiguidades que nada têm de raro
Querendo reviver o há muito esquecido

Depois de cumpridos todos os ritos
Senta-se no quarto em brasa
Convoca deuses esquecidos
Inicia com floreios uma carta

Carta de amor se escreve à noite
No silencio das rodas da lembrança
Erguendo as costas do açoite
Permitindo-se ares de bonança

O coração se acalma da arritmia
As mãos tornam-se rochas milenares
O rosto se abre em repentina alegria
Tendo a sombra amada por companhia

A carta de amor faz bem ao remetente
Mas mais bem faz a quem a remete
Que amor que é amor é amado sempre
Retirando os amados do mundo dos ausentes

Não importa quem a receba, ou quando
O importante é que se a escreva com amor
Mesmo que voltem, voltarão amando
Mesmo que entristeça o escrevedor

Carta de amor, quando o amor é amado
Com muito cuidado, escreve-se à mão
Para que chegue cheia de bordados
Para ser guardada dentro do coração

E um dia, quando for hora de abandono
Será a carta de amor que trará algum sentido
Fará com que uma lembrança seja sonho
Para viver mais um dia pelo amor um dia vivido

Escrevo cartas de amor todos os dias
Mesmo que seja para não serem lidas
Mesmo assim as escrevo todos os dias
Que declarar amor é o que salva a minha vida.

Foto de Henrique Fernandes

SOU HOMEM QUE SAI DE SI

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Perco a noção do meu exterior
Excepcionalmente frágil
Hipnotizado pela dor
Dentro de mim tão hábil

Sou homem que sai de si
Sem fascínio daquele instante
Na pele designo o que já sofri
Pelo meu percurso de gente

Fui aliado de tanta arrogância
No meio de uma multidão
Trocando a fé pela ciência
Os Deuses não gostam desta opção

Sentia-me poderoso e inusual
À espera do que de mim saísse
Contudo não deixei de ser animal
De um corpo que me abolisse

Foto de NiKKo

365 dias

Hoje vou comemorar, mais um ano sem você.
Quero ir para as ruas me embriagar de fantasia,
entorpecer minha alma com falso carinho,
por horas pelo menos, fingir que sinto alegria.

Hoje quero comemorar e fazer brindes.
Levantar a taça de minha amargura ao céu.
Quero festejar esse vazio que você deixou
e da noite solitária, romper seu negro véu.

Quero festejar ate o sol romper em novo dia,
que iluminando todos os porões de minha alma
deverá arrancar de mim às lembranças que você deixou,
só depois disso vou voltar para casa com calma.

Hoje eu vou sair para comemorar como louca
o amor que você não me permitiu viver.
Por isso vou comemorar sozinha em meio a tantos
que somente, sorrisos em meus lábios vão poder ver.

Nenhuma das pessoas com que eu cruzar esta noite
poderão ver em mim a dor que estarei sentindo.
Porque hoje comemoro mais um ano sem você
e para todos que estou feliz, eu direi, mentindo.

Mas se você se lembrar do nosso aniversario
e por ventura ler estes versos em forma de poesia.
Saberás que hoje comemoro mais um ano sem você,
Trezentos e sessenta e cinco dias de tristeza e melancolia.

E então saberás que em meu peito ainda trago
as lembranças de tudo o que contigo eu quis viver.
Por favor, em silencio faça um brinde aos deuses do abandono
e implore a eles que me ajudem a te esquecer.

Foto de Raiblue

Arco e flecha

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Éter na mente
Seus olhos
Dentro dos meus
Des cobrindo breus
Acendendo estrelas
Despertando deuses
Em um coração ateu
Incógnitos
Alheios ao mundo
Afundamos
In fusão
Secreções da língua
Molham dedos
Pingam
Pa lavra
Na pele
Poesia
In carnada
Profano segredo
Segregamos fluídos
Nos abismos do ser
Insustentável leveza
Na íris
O arco se fecha
Cupido atravessa
Flecha
Dilata
Pupilas
Acerta o amor
Cega...

(Raiblue)

Foto de Henrique Fernandes

ENTREGA

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Sinto no trovão a inveja dos deuses
Na entrega da minha carne ao amor
E cada uma das luxúrias que tu ouses
Exibir a tua forma de amar sem pudor

Dominas o íntimo rude das tempestades
Quando me molhas de suor na cama
Colando a vice-versa das nossas metades
E degelas os pólos com tua chama

Impedes que adormeçam os vulcões
Com ondas gigantes de prazer
Trazes o sol aos meus serões
Na tua erupção de sementes a arder

És esplanada donde vejo o fim do dia
Colhendo no teu colo a alegria da vida
És vista nua e crua da fantasia
Maravilhosa aventura destemida

Foto de Mentiroso Compulsivo

NOITE QUE FOI MADRUGADA

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Esta noite foi a noite que foi madrugada
Em que ao sexo ficaste por mim devotada
Como quem se prende num jardim
De sons de flores a chamar por mim
Resguardados na jarra que deixei
Olhares lançados deitados na cama
Sobre um corpo de curvas moldadas
Entre lençóis brancos desdobrados
Nuvens suspiravam teu sono, ou seriam sonhos?
Vi teus olhos verdes num embalo fechados
Sentia o ar que junto a ti respirava
Como uma perpetua carícia incandescente
Que dentro de mim entrava para sempre
Caminhei em direcção a ti e junto de ti
Invoquei aos deuses a imagem de Afrodite
Sonhos invisíveis brotaram do silêncio
Incontidos em pianos de espuma com cio
Eras corpo azul pelo âmbar da manhã
Capaz de perdurar adormecida para sempre
Na chama de um nome que ao mundo não digo
Nesta noite que foi madrugada
Foste pedaços de muita coisa
Que eu tentei juntar e colocar
Mas havia sempre algum que ficava desfeito
Na chuva que caia, levado pelo vento
Eu abri a porta e sai, deixando-te a dormir ali.

© Jorge Oliveira

Foto de Henrique Fernandes

CADA INSTANTE

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Cada instante
Que conquisto tua atenção
Impulsiono-me
Num vácuo que me enche de eterno
O sorriso que te provoco
Faz-me acreditar na imortalidade
Desperto homem
Na tua voz de mulher e respeito
Tuas palavras
Que apontam meus defeitos
Com modéstia aceito
Teus elogios atentos e ouço
Entenderes
O que quero que ambiciones de mim
Afeiçoado ao teu ser
Que fascina e me veste de paixão
Armazeno todos meus sentidos
Nas palmas das mãos
Guarnecidas com o dom
Dos deuses protectores do amor
Caio nas carícias
Que distribuo pelo teu corpo
Numa entrega que me prega á felicidade
Mesmo que te tenha longe é uma hora de ponta
Enfrascando emoções e sensações
Que domam o meu tempo
No dorso de uma força
Sedutora que me atrai a ti
Elevo-me numa vontade colossal
De levar a ti o meu enlaço
Com a paixão de nunca no nosso todo-o-sempre

Foto de Henrique Fernandes

TEU OLHAR FALA-ME Á ALMA

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És o centro do universo o Sol do próprio Sol
És a luz que ilumina as rainhas
E a agua que mata a sede dos Deuses
Questiono ser quem sou
Simples mortal dono do teu amor
No colo da tua sabedoria mestra de mulher
Deixo de ser simples e sou homem
Ensinas-me o orgulho humilde
Das fraquezas na força do teu olhar
Que sem divagar me fala á alma
És mulher que procurei pensando não existires
Agora que te encontrei a vida é uma jornada
De instantes maravilhosos
Respiro sentir teu existir e atiro minha alma
Ao lago da tua calma que me ampara e encurta
O longe que me separa da realidade
Antes corrupta sem gota de felicidade
Elevo nos braços as palavras que me dizes
Dando relevo aos traços do meu destino
Ocultado na sombra de uma montanha
De incerteza que a tristeza ganha
Onde componho ilusões e desaguou o sonho
Cultivado de emoções raras raso de dúvidas
Meu corpo decorado pelo teu corpo apaixonado
Fica bem em qualquer constelação
És mulher, és o fim do meu não
És o sim das coisas boas
Não serei nunca homem sem ti, mulher

Foto de Mentiroso Compulsivo

O TESOURO (O MAIS BELO DESTA VIDA!)

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Nesta noite fria mergulhei
Nas profundas águas de cristal
E desapareci no fundo do mar
Num afago de brisa transparente
Fui levado por mares e correntes
Até ao reflexo do um rosto perdido
(o mais belo de todos os encantos)
Explorei por cada canto o náufrago navio
Feito dos ramos de amendoeiras em flor
(Das mãos de um pirata mouro
Que um dia se enamorou por uma princesa de neve).
Levado pelos peixes com asas de borboleta,
Encontrei um espelho de diamantes negros
Ornado de algas verdes e medusas brancas.
E… fez-se silêncio… caiu a respiração… o coração parou…!
Fui assaltado pelo azul do mar, quando enlevado fiquei,
Paralisado no reflexo de dois olhos, ora grandes, ora pequenos!
Mudavam em instantes: verdes, castanhos, azuis, negros…!
A rir ou a chorar eles estavam sempre a brilhar.
Eram jóias do tesouro já há muito perdido
Mistérios e segredos escondidos no evo
Resguardados pelas imensas luas, sóis e estrelas,
Adormecidos em cada noite pelo canto das sereias.
Noite após noite, dia após dia, tempestades e bonanças,
Deuses nos mares séculos andaram embarcados
Num desespero demente e inquieto para o descobrir
Rendidos à fatiga, desistiram de o procurar
E, porquê eu? Porque tive eu de o encontrar?
Eu que sou um simples pescador neste mar!
Encontrei no oceano duas gotas de água,
O tesouro onde tudo acaba e o amor se forma,
Escrito na areia branca em pétalas de rosa.

© Jorge Oliveira / 20.FEV.08

Foto de Henrique Fernandes

A MULHER É BELA

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Aformoseias maravilhas que elogiam a vida
Tua alma é uma nascente de perfeição
Formando abundância de sinceridade
Abismando qualquer duvida de inteligência
Que arremessas com sabedoria de gente
Na tua calma constante de prazer
Exibida na tonalidade tão enérgica
Quão serena da tua pele como que iluminando
Um templo erguido de paz honrando verdade
Verdade de mulher com qualidade humana
Deixo flutuar a curiosidade dos meus olhos
Sobre o requinte subtil dos teus lábios
Invejando o detentor e senhor do privilégio
A quem a protecção dos Deuses disciplinou
Provar o néctar excelso dos teus beijos
Meu olhar afável e esquecido da realidade
Percorre as fantasias expostas no teu rosto
Questionando firme a justeza do sentimento
Que dança na minha alma num vórtice
Devorando-me no chamamento do teu encanto
Endereçando-me ao fundo mágico do teu olhar
Onde perpetuam ecos que inspiram poesia
Teu olhar é repleto de planícies sumptuosas
Presenteando o equilíbrio supremo do belo
És o desvendar do enigma da existência
Teu semblante edifica a elegância do desejo
Hipnotizado medito o êxtase da tua imagem
Sem consonância de uma ou mais palavras
Que se ajustem a magnificência do teu ser

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