Dia

Foto de Trajano

Meu erro (Trajano)

Para você...

Espero que possa um dia me perdoar, pois te magoei sem querer, espero que possa um dia te olhar sem medo de te esquecer, espero que um dia possa de abraçar sem medo de te ferir.

Nunca te desejei fazer algo de ruim, fui

Foto de Carlos

Queima o sangue um fogo de desejo (Alexander Puchkin)

Queima o sangue um fogo de desejo,

De desejo a alma e ferida,

Da-me os teus labios: o teu beijo

E o meu vinho e a minha mirra.

Reclina a cabeça

Ternamente, faz que eu durma

Sereno ate que sopre um dia alegre

E se dissipe a nevoa nocturna



Alexander Puchkin (1799-1837)

Foto de FERNANDO_JOSÉ

ROSA AUSENTE!! (Fernando José)

Para Ti ROSINHA

O AMOR

É SENTIMENTO QUE SE SENTE

É O CORAÇÃO QUE NÃO MENTE

É O DESEJO DE PRESENÇA

É A DOR DA TUA AUSENCIA

O AMOR

É FERIDA SEMPRE ABERTA

É UMA NOVA DESCOBERTA

É UM CONTÍNUO SUSPIRAR

É O DESEJO DE TE AMAR

O AMOR

É O SUOR DOS NOSSOS CORPOS

É O LANGUIDO GEMER

É O MEDO DE SOFRER

É UMA LÁGRIMA TEIMOSA

É UMA MÃO DESEJOSA

É O BEIJAR CONTINUADO

É UM MOSTEIRO ENGALANADO

É UMA NOITE FUGIDIA

É A HORA JÁ TARDIA

É UMA VIAGEM QUE NÃO QUERIA

É A ESPERANÇA DE UM DIA...

É UMA ROSA ORVALHADA

É SABER-TE MINHA AMADA

É UMA TRISTEZA MUITO TRISTE

É FICAR NOVAMENTE SOZINHO

É NÃO ACEITAR QUE PARTISTE...

Fernando José

Foto de Carlos

Este Inferno de Amar (Almeida Garrett)

Este inferno de amar - como eu amo!

Quem mo pôs aqui na alma...quem foi?

Esta chama que alenta e consome,

que é a vida - e que a vida destrói -

Como é que se veio atear,

Quando - ai quando se há-de ela apagar?



Eu não sei, não me lembra; o passado,

A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez...-foi um sonho-

Em que paz tão serena dormi!

Oh! Que doce era aquele sonhar...

quem me veio, ai de mim! Despertar?

Só me lembra que um dia formoso

eu passei... dava o Sol tanta luz!

E os meus olhos, que vagos airavam,

em seus olhos ardentes os pus,

que fez ela? Eu que fiz? - Não no sei,

mas nessa hora a viver comecei...

Almeida Garrett (1799-1854)

Foto de Carlos

Amor vivo (Antero de Quental)

Amar! Mas dum amor que tenha vida...

Não sejam sempre tímidos harpejos,

não sejam só delírios e desejos

duma doida cabeça escandecida...


Amor que viva e brilhe! Luz fundida

Que penetre o meu ser - e não só de beijos

dados no ar - delírios e desejos -

mas amor... dos amores que têm vida...

Sim, vivo e quente! E já a luz do dia

não virá dissipá-lo nos meus braços

como névoa de vaga fantasia...

Nem murchará o sol

Foto de Carlos

Us Cavaliers si Jazia (Um Cavaleiro deitado estava) (Bertran d'Alamanon)

Us Cacavaliers si jazia

ab la re que plus volia.

Soven baizan li dizia

"Doussa res, ieu que farai?

Que'l jorn ve e la nueyetz vai.

Ai!

Qu'ieu aug que li gaita cria:

Via sus! Qu'ieu vey lo jorn venir

Apres l'alba.


Doussa res, s'esser podia

que já mais alba ni dia

no fos, gran merces seria,

al menis al luec on estai

Fis amicx ab so que'l plai.

Ai!

Qu'ieu aug que li gaita cria:

Via sus! Qu'ieu vey lo jorn venir

apres l'alba.

Dousse res, que qu'om vos dia,

no cre que tal dolors sai

cum qui part amic d'amia,

qu'ieu per mezeys o sai.

Ay las! Quan pauca nueyt fai.

Ai!

Qu'ieu aug que li gaita cria:

Via sus! Qu'ieu vey lo jorn venir

apres l'alba.

Doussa res, ieu tenc ma via:

Vostres suy, on que ieu sai.

Per Dieu, no m'oblidetz mia,

que'l cor del cors reman sai,

Ni de vos mais no'm partrai.

Ai!

Qu'ieu aug que li gaita cria:

Via sus! Qu'ieu vey lo jorn venir

apres l'alba.

Doussa res, s'ieu no us vezia,

breumens crezatz que morria,

que'l grans dezirs m'auciria;

Per qu'ieu tost tretornarai,

que ses vos vida non ai.

Ai!

Qu'ieu aug que li gaita cria:

Via sus! Qu'ieu vey lo jorn venir

apres l'alba.





(Versão Portuguesa)


Um Cavaleiro deitado estava

com a dama que mais amava

Muito a beijando dizia

"Doce amiga eu que farei?

Que o dia vem e noite vai.

Ai!

Que eu oiço a atalaia que grita:

Abalai! que vejo o dia vir

após a alva.

Doce amiga, se eu podia

nem noite e dia haveria,

e grande favor seria,

pelo menos onde estamos

amiga fiel que me aprazes.

Ai!

Que eu oiço a atalaia que grita:

Abalai! que vejo o dia vir

após a alva.

Doce amiga, como vos dizia

não creio que exista maior dor

como a de separar o amor

que eu por mim o sei

Apre! que curta a noite foi

Ai!

Que eu oiço a atalaia que grita:

Abalai! que vejo o dia vir

após a alva.

Doce amiga, tenho a minha vida:

Vosso eu sou, vá eu para onde for

por Deus, não me esqueças amor

Que o meu coração convosco está

e daí não partirá

Ai!

Que eu oiço a atalaia que grita:

Abalai! que vejo o dia vir

após a alva.

Doce amor se não vos via

crê-me, brevemente morreria,

pois grande querer me mataria;

Assim breve tornarei,

que sem vós vida não tenho.

Ai!

Que eu oiço a atalaia que grita:

Abalai! que vejo o dia vir

após a alva.

Bertran d'Alamanon (1230-1266)

Foto de Patrícia

Eu cantarei um dia da tristeza (Marquesa de Alorna)

Eu cantarei um dia da tristeza

por uns termos tão ternos e saudosos,

que deixem aos alegres invejosos

de chorarem o mal que lhes não pesa.


Abrandarei das penhas a dureza,

exalando suspiros tão queixosos,

que jamais os rochedos cavernosos

os repitam da mesma natureza.

Serras, penhascos, troncos, arvoredos,

ave, ponte, montanha, flor, corrente,

comigo hão-de chorar de amor enredos.

Mas ah! que adoro uma alma que não sente!

Guarda, Amor, os teus pérfidos segredos,

que eu derramo os meus ais inutilmente.

Marquesa de Alorna (1750 - 1839)

Foto de Patrícia

Onde porei meus olhos que não veja (Diogo Bernardes)

Onde porei meus olhos que não veja

A causa, donde nasce meu tormento?

A que parte irei co pensamento

Que para descansar parte me seja?


Já sei como s'engana quem deseja,

Em vão amor firme contentamento,

De que, nos gostos seus, que são de vento,

Sempre falta seu bem, seu mal sobeja.

Mas inda, sobre claro desengano,

Assim me traz est'alma sogigada,

Que dele está pendendo o meu desejo;

E vou de dia em dia, de ano em ano,

Após um não sei quê, após um nada,

Que, quanto mais me chego, menos vejo.

Diogo Bernardes (1520-1605)

Foto de Patrícia

Saudades (D. Francisco Manuel de Melo)

Serei eu alguma hora tão ditoso,

Que os cabelos, que amor laços fazia,

Por prémio de o esperar, veja algum dia

Soltos ao brando vento buliçoso?

Verei os olhos, donde o sol formoso

As portas da manhã mais cedo abria,

Mas, em chegando a vê-los, se partia

Ou cego, ou lisongeiro, ou temeroso?



Verei a limpa testa, a quem a Aurora

Graça sempre pediu? E os brancos dentes,

Por quem trocara as pérolas que chora?

Mas que espero de ver dias contentes,

Se para se pagar de gosto uma hora,

Não bastam mil idades diferentes?

D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666)

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