Encontro

Pouco sei, quase nada fiz.
Me sinto as vezes vazia,
outras vezes tão completa.
A natureza da gente,
diverge, e nuca sabemos
o que de certo queremos
Me encolho, me restrinjo...
Outras vezes, corro, busco, luto.
Há dias que fico apática,
não encontro lugar seguro.
Em outros me solto,
canto, até brinco,
escuto o som da minha risada.
É um dia de graça.
As vezes estou tão segura,
parece que já tenho tudo
planejado, arquitetado...
Mas não tenho assim essa estabilidade,
quando o meu emocional
que sempre é inseguro,
aflora no meu coração,
sinto tudo ir-se embora.
Sei! preciso de um porto seguro,
onde eu possa ancorar o meu coração.
Até quando vou continuar nessa procura?
Célia Torres

Eu erro quando acho que assim irei curar toda a dor e a carência que sinto; um momento onde somente cabe ao prazer não é importante, mas não sei me negar... é aonde sofro depois.
Não é por amor, eu sei que não é por amor; na medida que o tempo de estar só aumenta, mais carente me sinto, e procuro alguém que não encontro... é a força da noite presente na minha vida.
Quem é meu grande amor? Quem deve estar aqui perto de mim? Eu erro mesmo quando tenho que aceitar que a vida tem que continuar, mas com quem? Quem sou eu para escolher?
Assim irei me ferir mais... sofrer mais... padecer ao extremo, eu carente como ninguém procurando um beijo, procurando um pouco de carinho; confuso em tudo o que faço; assim não posso ficar; eu estou longe de tudo, até de mim; percebo que até a minha sombra tem sentimento; e precisa de alguém para não ser triste...
Vou de novo tentar esquecer minhas maneiras de querer me livrar das dores do ontem mau pensado, assim não vivo bem, querendo ter alguém, querendo ao mesmo instante sumir do mundo, e de repente acordo... devo continuar; devo consertar os erros e seguir ao caminho da felicidade. “ Assim” não posso ficar...
(Escrito por Paulo Zamora em 25 de dezembro de 2006)

Fernanda Queiroz: espero ter correspondido ao desafio. Ao que parece, esse é o primeiro soneto que fiz na vida. Igualmente, o primeiro poema em que falo de amor após 13 anos.
Fer.Car: não preciso dizer que seu poema sobre esse sentimento complexo ajudou bastante.
Izaura: de certa forma, você também foi mãe desse soneto.

Também agradeço aos demais poetas: vocês estão fazendo com que meu sentir poético saia do coma. Obrigado.

Entre Versos e Vícios

Quão estranhas são estas palavras a fazerem minha mente cintilar,
Penetra em sussurros a angústia: sigo as notas de clamor profundo,
Sentimento complexo meu peito inunda, vejo em papel sinuoso burilar,
Violino em frenesi: cansado queda-se o espírito, a abandonar moribundo,

Em minha profícua solitude, parto ao encontro da letra indolente,
Do âmago deste ser surge tímida estrofe: sofrível descortinar,
Debalde, está linguagem a descrever algo com o qual a razão não assente,
Suor, batidas descompassadas de um coração: tortura antes do guilhotinar,

Íris minha com aquilo a captar não esconde esperneante fascínio,
Com vagar, verbo e letra anunciam da arte o nascimento,
A cada linha desfiro facadas, vislumbro do símio em mim assassínio,

Enfrento mudez: dela não ouso falar, embora ouça seus auspícios,
Toca-me o candor do amor, êxtase a findar com incômodo tormento,
Num átimo o poeta deixa o recinto: suspiros entre versos e vícios.

Gabriel Luís de Almeida Santos

Eu te amo
tu me amas
nunca nos vimos
namoro por carta.

Viro poeta
tu te tornas poetisa
juramos amor eterno.

Tempo passa.
Saudade sufoca.
Mil cartas já não satisfazem
inevitável surge o primeiro encontro.

Na praça do lindinho
nossos olhares se entrelaçam
te abraço, te beijo, e te prometo:
Hoje o dia será eterno
porque eu não vou deixar o sol se pôr...
A promessa se cumpre... nos nossos corações!