Escuro

Foto de yurirbraz

Vampiro Mortal

Vampiro Mortal
Yuri Rodrigues

Quem pensas ser tú pequena rosa?
Como podes tú fazer do poeta
Um simples escravo dos teus próprios desejos...
Fez do demônio seu servo,
E fez todo o ódio virar amor.
Como podes tú dominar-me de tal forma
De modo a me tornar apenas uma dádiva da tua existência...
Eu que um dia vivi na escuridão da floresta,
Lutando contra os mais intrépidos monstros,
Destruindo todas os sentimentos do homem.
Hoje, eu, o mesmo que um dia matou,
Me vejo preso ao sangue de cada sentimento que um dia eximei.
Aquele pântano que um dia foi escuro,
Se irradiou com o brilho dos teus olhos,
Os morcegos se foram,
Deixaram apenas os pássaros com a tua canção...
E até mesmo as árvores com seus galhos secos
Se tornaram fontes sublimes de beleza...
Como posso eu então, um simples vampiro,
Não me render aos teus encantos?
Agora sou teu servo,
Escravo do teu brilho,
Um vampiro que sacrifica toda a sua imortalidade,
Por uma vida com o seu amor...

Foto de Allegra

A Dança

Naquela noite escura
Eu estava sonhando
E devagar veio até mim
Uma sombra caminhando.

O escuro ocultava
O vislumbre de um olhar.
E na sala escura
Ele pôs-se a dançar.

Rodando, rodando
Em volta de mim,
Eu conheço aquela sombra
Quem é que dançava assim?

Segurou as minhas mãos
E eu o vi pálido e frio.
Mas eu sei que não havia ninguém ,
Que estava tudo deserto e vazio.

Convidou-me para dançar
E eu aceitei o seu abraço
Aquele olhar só tinha um dono -
O susto feriu-me como aço.

Aquela expressão tão doce
No rosto branco como o mármore
Ele estava parado
Como no jardim as árvores.

Mas ele sorria para mim
E alegre ele estava
Eu novamente estava abraçando
Quem eu mais amava.

De onde ele veio,
Será isso possível?
Será apenas um sonho
Ou um pesadelo horrível?

Meu amado esta noite
Deixou seu túmulo silencioso
E veio ver-me de novo,
A saudade é um sentimento horroroso.

Talvez ele nem saiba
O que aconteceu
Talvez não tenha percebido
Que ele morreu.

Então vem ver-me de noite
O escuro é mágico e misterioso.
O frio da noite
É um conto amoroso.

Eu beijo seus lábios frios
E acaricio seu rosto pálido
Minha cabeça em seu peito –
É ainda o seu abraço tão cálido!

Então adeus amado
Eu sei que chegou a hora
De se despedir
Que você tem de ir agora.

Tão alegre é o encontro
E tão triste a despedida
Sem você é tão vazia
E cinzenta a minha vida.

Vá com a minha lembrança
O seu beijo me fez sorrir
E lembrando a nossa alegra dança
Nós vamos em paz dormir.

Foto de Sirlei Passolongo

Sou barco

Sou barco à margem de tudo
Sou barco a flutuar no escuro.

Sem porto,
Âncora e escudo
Sou barco a navegar a esmo.

Sou barco solitário e mudo
Imerso por águas do passado.

Sem bússola,
Sem remo
A deriva de mim mesmo.
(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Paulo Zamora

Perdi a razão

Quando de repente perdi a razão, perdi você, antes morava em meu coração, o que essa distância sabe fazer é destruir a boa lembrança do que juntos comemoramos desse sentimento,confraternizado por nós em instantes inesquecíveis...
Perdi a razão quando não lhe encontrei na mesma cama.
Perdi a razão quando precisei de alguém e me vi sem você.
Perdi você quando não poderia ficar sem ninguém.
Se aparecesse agora e me dissesse para perdoar... eu perdoaria sem medir esforços, apesar de tudo sei que não vai rir, um dia quem sabe precise de mim...
Por onde vai o horizonte se esconder logo vou eu, pro escuro da noite; infelizmente sem você; que ainda amo, que ainda é desejo; mantenha meu coração aceso; um dia quem sabe precise de mim.
Estou vivendo sem razão porque de saudade calou-se meu coração.
Quando... de repente perdi, o efeito da paixão, partes do coração, afeição, perdi a razão; perdi você...
(Escrito por Paulo Zamora em 28 de fevereiro de 2007)

www.pensamentodeamor.zip.net
paulozamoracontato@bol.com.br

Foto de Lou Poulit

Poulit em Versos II

No cancioneiro brasileiro, até pouco tempo atrás eram muito raras as compositoras. Poucas, como Chiquinha Gonzaga por exemplo, tiveram personalidade para romper a bolha machista e fazer sucesso fora dela. Mas há uma outra característica no contexto musical do nosso país: Muito poucos compositores dispuseram-se a entrar na bolha! E construir letras onde o “eu” era feminino. De cabeça, qualquer um poderia se lembrar de Chico Buarque e Caetano Veloso. Mas existem outros menos famosos. “A Fruta e o Pássaro” é meu melhor resultado:

“Se me guardo navego
Se me entrego não volto
Porque quero me solto
Porque temo me prendo.

Me fendo como a fruta
Que um pássaro perscruta
E me agarro ao meu talo
E me calo
E me odeio e me odeio e me odeio.

Eu receio o seu espaço
Despencar da canção
Ficar só, de cansaço
Ser comida no chão.

Me fendo com a fruta
Que um pássaro desfruta
Mas te sonho e te tramo
E te amo e te amo e te amo”.

Seguindo uma linha poética na qual se solidariza contra o condicionamento e as injustiças da cultura machista, o poeta se arrisca a ser atropelado. Vejam, a maior parte dos conceitos hoje vigentes têm origem no ideário judeu do tempo de Jesus, ou dele derivaram. Ironicamente, não obstante o anti-semitismo fazer parte das idéias de povos e governos, historicamente, ao longo de milênios, com a expansão do cristianismo esses conceitos vieram no seu bojo e se espalharam pelo mundo cristão.

As instituições cristãs, obras do homem com necessidades próprias, e à revelia da mensagem do seu “protegido”, ambicionaram o poder e alavancaram a absorção desses conceitos durante a idade média principalmente. Passaram de perseguidas a perseguidoras, abençoaram as fogueiras e criaram um documento oficial, no qual os depois chamados judeus-novos (designação preconceituosa) declaravam e assinavam serem cristãos, para continuarem vivos. Assim apareceram sobrenomes de árvores frutíferas como Pereira, Limeira e, no meu caso, Oliveira, uma clara alusão à figueira amaldiçoada por Jesus. Dentre tantos conceitos, quero destacar aqui o moralismo egoísta e segregacionista. A falsa idéia de que há um certo e todos os discordantes errados. Uns são ditos filhos de Deus, mas não se diz de quem são filhos os demais.

Pode parecer que eu esteja exacerbando, que não é tão importante. Vou dar um exemplo para provar que não: nunca houve e provavelmente jamais haja um sucesso literário comparável ao da Bíblia! Nem em volume de vendas, nem no poder de convicção do seu conteúdo e nem no poder político das instituições que lhe deram endosso. Sua multiplicação editorial coincidiu com a massificação da alfabetização. E no bojo de qualquer uma delas, está a maior parte do ideário judeu, pois que Jesus era judeu e os principais apóstolos também. Nada pode ser comparado a isso.

Então recebemos por herança um falso direito de fazer julgamentos, como teimam belicosamente em fazê-los até hoje judeus e árabes. Mais que isso, de exilar os “adversários” das nossas convicções em nome de uma identidade divina que nos autoriza. Em um certo ponto da nossa história, com o fim da segunda guerra mundial e toda a explosão tecnológica que se seguiu, nosso ideário saiu dos guetos europeus para recriar antros ideológicos em todo mundo. Suscitaram-se todas as revoltas. Vieram os hyppies, a dita reforma, depois a contra-reforma... Mas a essência de tudo tem sido sempre a mesma: a segregação.

Bem, na poesia, como nas artes em geral, não cabe essa natureza dominadora e egoísta. Na imensa maioria das vezes o poeta se coloca do lado mais frágil. Ele não submete, mas aceita submeter-se para se impregnar das dores, amores e demais humanidades que constituem sua matéria prima. O poeta é um habitué dos antros. A começar pelo seu próprio. E faz dessa “condenação” um caminho escuro, para a luz do seu amor penitente, prostituto, voluntarioso. Encontrei em meus antigos alfarrábios uma letra de música que define muito bem as minhas convicções a esse respeito. Chama-se exatamente “Antro” e foi construída num período da vida em que me senti condenado por todos, exilado em meu pequeno ateliê, de onde tentava tirar minha sobrevivência física.

“No antro em que sou ninguém
Alguém que me faz feliz
Me faz ser a conquista
O herói mais vigarista
Um corpo no chão
Vazado de luz.

No antro em que volto sempre
No ventre em que asilo o ser
Dos lanhos da minha viagem
A chuva molha a tatuagem
No chão da alma
Vazado se luz.

Seria meu santuário
Não fosse o amor um cigano
Seria meu cadafalso
Vagasse profano e descalço.

Um amor que não se detém
Me fez refém, com salvo-conduto
Mas eu luto contra aparências
Eu vivo das nossas essências
É um antro bom... dentro de mim”.

Foto de Lou Poulit

Ao Largo

Ao largo, o veleiro se desabriga

Do sonho frágil do cais viçoso

Olhando a lua, em seu caminho vicioso

Ao rés dos telhados da vila antiga;

Suas lonas, de estrelas abarrotadas

Túmidas vergam amadeirados mastros

Porque não são estrelas, são astros

Que lhes esgarçam de canções desatadas.

Mas são imensos os perigos insuspeitos

De se amar ao largo assim, e tanto

Os olhares plenos vagueiam estreitos

E a boca beijosa já basta ao espanto.

Então, ao cair da lua sobrevem o escuro

No chão da rua, de destino incerto

O poeta mendiga d’alma o pão duro

E uma gota de orvalho que sacie o deserto.

O silêncio da madrugada é soberano

E sob a clava transita a alma em julgado

Pois vem ao mundo para amar, humano

Mas nem tanto, por ser humano, é amado.

O rosto antes plácido agora lateja

O golpe súbito, que à dignidade exila

Mas o mar revolto, de água ainda beija...

O exílio é melhor que a mágoa de ferí-la.

Ao largo, o poeta trama a amada em prece

Se fortalece, recompondo areias suas;

Abarrota de céu suas veias, exíguas

Que o galo já canta... Em breve amanhece.

Foto de Sirlei Passolongo

Um Bombom!

Se a vida fosse um doce

Seria feito um bombom

Recheios deliciosos

Morango, chantili e castanha

Sabores maravilhosos

Chocolate ao leite ou crocante

Branco ou escuro, tanto faz

E sempre o gosto de quero mais.

Eu dividiria contigo

Cada pedacinho desse doce

Você caminharia comigo

Não importa onde fosse.

Se a vida fosse um bombom

Um recheio especial seria sua amizade.

Você é a parte mais doce da minha felicidade.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora.

Feliz Páscoa!

Foto de Junior A.

É noite...

É noite, sinto-te pela casa, em passos, por entre os espaços, vazios de ti. Logo há de chegar, as velas, sobre a mesa queimam e se gastam, em um pouco da esperança de logo ver-te.
Teu perfume, ameno paira pelo ar, mistura-se ao aroma das pétalas que cuidadosamente deixei ao chão, da casa, escuro, escuso de si em saudade, luzes apagadas, tudo em silêncio, realçado apenas com o brilho das estrelas, distantes, ao céu, que se intrujam por entre os vidros da janela da sala.
Dar-se o tempo, oiço, bate a porta, chegas, um tanto atrasada, envolta por pingos da chuva, que serôdia se derrama, como em pranto, fraco, presente. Num vestido vermelho, rente ao corpo, cabelos soltos, olhos sôfregos e coração pulsante, insegura talvez, mas bem delineada para com teus anseios. Despojas o teu vestido, único acessório que cobria tua pele, branca, teu cheiro inunda os cantos, os meios, os lados que não se viram, que não se vê. Teu libido grita por entre teu olhar, serrado, fitado em mim. Entras por entre porta, cala-me o dizer com tua língua que afaga a minha, tuas mãos inquietas, tua estuga em achar-me. Dou-me ao palor de outrora, acomete-me a dor das amarras.
Desato-me do teu beijo que queima em meus lábios, afasto-me do teu quadril que o meu procura, no desejo de encaixar-te. Cá, não me cabe. Não se desatina a mente, liga-se as luzes que não escureciam, já que lúcido ainda estava. Recolho teu calçado por sobre tapete, lhe devolvo o vestido que se perdera no caminho e peço-te:
- Vai embora.
Teu desejo, mais que tua nudez me assusta, tamanho é o infortunio que nada mais de ti desejo. Enamorei-me por tua alma, nua, onde a beleza intacta se apura ao decorrer do tempo. Vá, cubra os teus excessos, procure-me no dia em que isento de mim mesmo, ei de querer-te apenas num corpo, sem alma. Deixa-me só agora, como quase em todo o tempo estou, apague as luzes antes de ir por favor, deixe apenas o vinho, o cheiro que não se vai, para apetecer-me a sonhar com o dia em que ei de encontrar, a nudez, que tua pele sem roupa esconde.
Permita-me pensar, que cá ainda não chegaste, para quem sabe assim, ter de ti aquilo que em verdade almejei.

Foto de Enise

Delator...

o amor
é como rio que corre para o oceano
uma luz que acende outros planos
o sonho que busca um abrigo.

é a fera mansa do ser humano
o possível sem ser engano
um pecado sem ter castigo.

é como o vento que bate num muro
uma sombra que se acompanha no escuro
uma força nunca vencida.

é um compartilhar sem medo
uma entrega sem segredo
na extensa fronteira da vida.

o meu amor
se não for maior como no melhor folhetim
é tão delator, como um ferro em brasa
que marca e vaza dentro de mim...

Foto de Minnie Sevla

Depois que me deixaste

Depois que me deixaste

Depois que me deixaste
Vivo a contemplar
As estrelas do céu
Esperando você voltar

Depois que me deixaste
A Vida não tem sentido
Eu olho o lindo jardim
Como se nunca tivesse partido

Depois que me deixaste
O sol perdeu a luz
E a lua entristecida
Perdeu o que a conduz

Depois que me deixaste
Meu mundo ficou gelado
Perdi a minha energia
Por não ter o meu amado

Depois que me deixaste
Eu vivo na solidão
Procuro no céu escuro
Um pouco de amplidão

Depois que me deixaste
Fiquei aqui a pensar
De que adianta viver
Se eu não posso te amar

Depois que me deixaste
Tudo ficou muito chato
Meu mundo perdeu a cor
Pois não está ao meu lado

Minnie Sevla

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