HOJE EU ACORDEI PRECISANDO DE VOCÊ
Por: William Vicente Borges
Hoje eu acordei precisando de você, precisando olhar para teu corpo sempre radiante ao amanhecer. Precisando tocar-te levemente sem te acordar, apenas deslizar meus dedos suavemente sobre ele, e ver você ajeitar o edredom por cima dos ombros. E depois ficar olhando pela janela os primeiros raios tímidos de sol entrar em nosso ninho de felicidade. Sentar-me na cama, e aspirar ao seu perfume que impregna o ambiente e soltar um gemido sussurrado de contentamento.
Hoje eu acordei precisando de você, precisando mais do que nunca do calor do teu corpo nu, encostado ao meu que diz que sempre está frio, eu sempre pensando como meu corpo pode estar frio já que meu coração arde em paixão? Teu corpo está sempre em chamas, chamas que não me chamuscam, mas que com certeza me inflamam, que alimentam minha alma apaixonada ainda com mais paixão. Do que mais um homem precisa para ser feliz?
Hoje eu acordei precisando de você, precisando de ficar te olhando, ainda dormir, ficar imaginando os teus sonhos, sempre povoados de afetos, que teus sonhos construam ainda mais imagens de nossos amores. Pena, não conseguir invadir a tua mente e assim desvendar os mistérios do seu inconsciente que sei, idealizou um amor pra toda vida, idealizou um homem, idealizou uma vida de alegria, enfim que me idealizou.
Hoje eu acordei precisando de você, precisando mexer em teus cabelos, desgrenhados ao amanhecer, mais continuamente lindos, continuamente brilhantes, continuamente meus. Cabelos que mais parecem de um anjo celestiais depois de devidamente pintados por Deus. Como é bom tocá-los, como é bom emaranhar-me neles sem ter pressa de desemaranhar. Como é maravilhoso cheirá-los e devanear.
Hoje eu acordei precisando de você, precisando apenas saber que está aqui, que depois de tudo o que passamos para sermos um do outro, você está aqui, dizendo que me ama, cuidando de ser meu sol, de ser minha lua, de ser meu tudo. Eu podendo dizer-te te amo a cada minuto, podendo finalmente amar-te, abraçar-te, ter-te.
Hoje eu acordei precisando de você, precisando de, no exato momento em que abrir os olhos, lhe dizer tudo o que um homem poderia dizer a mulher que ele ama mais que a própria vida. Podendo olhar dentro dos seus olhos e me ver neles, e você olhar nos meus e se ver neles. Podendo mergulhar meu abraço no teu abraço, mergulhar meu beijo no teu beijo, mergulhar meu amor no teu amor.
Hoje eu acordei precisando de você, e enquanto pensava tudo isso, você acordou, virou-se e quando me viu ficou sorrindo pra mim e envolveu-me num doce abraço. Então entendi perfeitamente porque hoje, porque ontem, e porque amanhã sempre acordo e acordarei precisando muito de você.
Hoje eu acordei precisando de você, e que bom que estavas aqui, comigo.
Sentei-me perdida numa escada,
Feita de sonhos e de ilusões.
Esqueci-me de sentir...
Abandonei o amor...
Deixei-me levar pelo vento frio
Que cobriu minha alma...
E não quis mais lutar.
Senti-me gelada,
Coberta com os trapos
Dos restos dos meus pesadelos...
Quase oiço a morte se aproximar
Do meu corpo esfarrapado.
Ignorei a vida,
E todas as fantasias dos meus sonhos.
Senti-me terminar
Junto com tudo o que fui....
E não mais renasci.
Sentei-me, cansada,
De nada mais esperar,
De não ter o que querer,
E deixei-me ficar assim
Presa nas amarras desta ignorância
Que cobre o meu destino...
Para nunca mais acordar.
Poema de Malume (Manoel Lúcio de Medeiros)
Fortaleza, Ceará – Brasil. 17/03/2009. 22h25min.
¸.•´¸.•*´¨¸.•*
Boa noite saudade, eu quero dialogar contigo,
Saber por que andas sempre ao meu lado,
E não queres apartar-te de mim!
Saudade, eu queria nesta hora te inquirir,
Saber mais do meu amor,
Por onde anda, por onde se encontra!
Saudade permita-me fazer-te um pedido:
Vai ao encontro do meu amor,
Bate-lhe a porta do seu coração,
Mas, bate-lhe suavemente,
Da mesma maneira que faço,
Para que se lembre de mim!
Dize-lhe saudade, que ainda a amo,
Que ainda a espero, que ainda a quero!
Dize-lhe que não será a distancia, nem o espaço,
Que me separarão deste amor!
Afirma-lhe que ainda a trago na alma,
No oculto do meu coração!
Apresenta-te saudade, fala-lhe da minha ansiedade,
Conta-lhe dos meus desejos, da minha vacância,
Do quanto anelo amá-la, recebê-la e tê-la,
Pois sua ausência tem aberto no meu peito,
Um vazio tão profundo, que confesso:
Estou aos poucos me perdendo no próprio seio!
Cada hora marcada, cada dia que esmaece,
É como se eu descesse num abismo, num precipício,
Estou me afundando dentro de mim mesmo!
Vai saudade, traze meu amor nas asas do vento,
Pois preciso deste alento, para socorrer meu coração!
Somente nela, posso encontrar meu verdadeiro lenitivo!
Saudade, a noite se despe de suas densas trevas,
As estrelas já brilham no firmamento multicor,
Não quero ficar nesta lúgubre insônia, vendo o frio chegar,
Tenho que dormir, mas, por favor, só me acordes,
Quando trouxeres meu amor de volta,
Porque anseio despertar, mas somente em seus braços!
Promessa não cumprida, histórias falidas.
Desculpas sem sentido abusivas.
Não tem, mais as mesmas expectativas.
Não faz nada para agradar.
Só sabe cobrar aquilo que não pode dar.
Perdeu o tino de conquistar.
Não contempla mais o céu, nem as coisas vividas.
Não enfeita o ar com singelo aroma de paixão.
Vejo tudo em brancas páginas,
Um amor falecido e desprovido.
Sinto que o amor pede por socorro.
Não vejo nada que possa sustentá-lo.
Vejo um objetivo muito distante.
Onde perguntas fazemos e não temos respostas.
A existência desse amor que um dia foi avassalador
Hoje se despede com dor.
Frio despudorado, um amor que viveu obcecado.
Agora se encontra nas mãos do acaso.
Um amor que não obteve continuidade foi fraco acabou,
O amor que por culpa dos porquês.
O vento levou...
O amor que grita que revela a verdade,
Talvez fomos imaturos para esse amor.
Julgo que não tenha existido amor.
Amor quando verdadeiro.
Não termina desta forma.
Sempre deixa sua essência nunca aparência.
Porque esse!..é um amor falido!
Real, Virtaul...
Será que somos autômatos..ou pessoas, quem é virtual?
Na verdade não existe virtualidade e sim uma forma diferente, moderna e avançada de relacionamento a distância, impessoal, fria e nem sempre com boas intenções.
No entanto, cabe afirmar aqui que toda a generalização compactua para que sejamos injustos, e injustiça leva-nos e pensar em vitualidade, quando somos reais e não um teclado de computador.
Sim, utilizamos um meio frio de comunicação quase que instantânea, porém jamais virtual.
Mesmo porque sem o homem não substiria a comunicação por quaiquer forma, pois nos dada foi, essa capacidade de expressar sentimentos através de palavras que viraram frazes, onde livros surgiram impressos retratando as mais diversas e até curiosas situações sejam elas reais, fictícias e ou mesmo vituais... ou não...
Afinal, o que é real e o que é virtual???
Se estou aqui e falo com vece em um outro ponto do pais ou de outro continente, onde está a virtualidade disso?
Então tudo é real, só mudou a forma, de missívas para e-mails, mas reais.
Quem és tú anjo de pureza,nunca vi tanta beleza,meu coração a palpitar.
Mulher sofrida,sertaneja,que de trabalho a mão caleja,mesmo assim a quero amar.
Eu sonho acorado mil noites passo em claro,só pensando em você.
Minha estrela mais bela,eu de longe aqui na terra,choro e sofro sem você.
Em vida sofrimento,em morte guardo meu lamento,em seu peito frio de cimento faço um juramento,que apartir desse momento só você amar.
Do que me adianta ser seu amado,se estando a seu lado,estou sem ninquem.
Ó belos lirios dos campos,que enxuquem os meus prantos,daquela megera mal amada.
Dediquei minha vida a ela,alem dela ser bela.ser fria feito pedra,eu sempre me senti só.
Você hoje é um momumento,e eu cai no esquecimento,como tudo de bom que há.
Pois se tudo que tens eu quem te dei,mas meu juramento não esqueçerei.
O juramento que te fiz,vou parar de ser feliz,minha bela imperatriz,mais ninquem devo amar.
Com esse amor platônico as vezes fico atônito de como te contar.
Quem és tu anjo de beleza,sofrida sertaneja,só você quero amar
Dedicado a J. Sempre me ensinaram que anjos têm asas, mas agora sei que isto não é verdade. Anjos também sofrem acidentes, caem e se machucam. Mas eu sei que você vai superar tudo isto, minha querida, e voltar a pisar com seus lindos pés este chão que é abençoado com seus passos.
- Mais alguma coisa, Barão?
Respondi negativamente, com um gesto. Pedro, meu mordomo de tantos anos pegou suas malas e saiu da mansão vazia. Olhei para aquelas paredes que antes estavam tão repletas de quadros, aqueles cômodos outrora adornados por móveis caros... Agora vazios. A mansão, herança de meus antepassados que agora pertencia a outra família, novos ricos que investiam nessas velhas mansões que resistiam ao tempo, à especulação, fomentavam sonhos e sofriam com o alto valor do IPTU.
Além do mais, minha antiga mansão precisava de empregados, e eu já não podia mais contratá-los. Aos 98 anos, só me restava partir como fizera Pedro. Mas a partida de Pedro tinha um destino traçado por sua aposentadoria. Quanto a mim, iria me aposentar da vida. Aproximei-me da janela e vi o mar lá embaixo. Uma linda vista para a praia particular que já não me encantava como antes, em minha infância e juventude. Em minha juventude antes de encontrá-la.
Sim, antes de encontrá-la. Foi um único encontro, e desde então eu quero que ele se repita. Ela me prometeu que viria me buscar, e cá estou esperando. Por isso, deixo a mansão e vou até a praia. A lua se reflete nas águas escuras do mar que, revolto, se choca contra a areia. Deito-me distante, recostado numa pedra, triste porque sei que ela não virá. Prometeu que viria me buscar, mas minha esperança de que sua promessa iria se cumprir, é em vão. Qual a razão de tornar a ver este velho, ela que está tão jovem e linda como antes? Sim, como naquela época...
Eu tinha vinte anos, naquela época, e estava no Rio de Janeiro, participando de um réveillon e gastando em demasia a fortuna de meus pais, como sempre fazia. O baile no grande hotel estava animado, com figuras de escol, todos bem vestidos. Lindas damas, gentis cavalheiros, nobres decadentes, empresários espertos, políticos corruptos, agiotas rapaces, toda a elite brasileira e estrangeira se encontrava comemorando a passagem de ano. Eu já havia beijado e agarrado em segredo mulheres casadas, solteiras, viúvas, desquitadas, ou seja, tudo aquilo que é permitido a um descendente direto dos primeiros colonizadores da nação.
Uma donzela, filha de paulistas produtores de café, flertava comigo a todo instante. Esperei a hora certa de agir. Quando a moça olhou para mim e se dirigiu ao corredor que, naquele momento estava deserto já que todos se reuniam como gado nos últimos minutos do ano velho, percebi que deveria agir. Eu a segui com dificuldade, abrindo caminho entre a multidão de felizes e embriagados foliões. Já a perdera de vista e temi que não a encontrasse mais. Finalmente consegui ter acesso ao corredor, mas não a vi. Andei lentamente pelo corredor, sem ver a donzela. No caminho, encontrei seu lenço caído no chão. Percebi que uma surpresa não muito agradável poderia estar à espreita. Dei mais alguns passos, quando ouvi um gemido vindo atrás de uma das portas fechadas. Auscultei com atenção. Uma voz feminina tentava gritar por socorro, mas estava muito fraca. Tomei coragem e empurrei a porta, conseguindo abri-la.
A donzela estava desfalecida nos braços de uma garota vestida de negro. Fiquei estupefato, a princípio, mas depois fui tomado pelo horror. Do pescoço da donzela jorrava sangue, sua jugular fora atingida por algum objeto cortante. Então, com maior horror, notei que o corte partira dos dentes da outra garota. Recuei alguns passos. A garota largou o corpo da donzela, que tombou ao chão, e literalmente voou até mim. Caí para trás, ao chão, quando a garota me pegou pelo pescoço com a mão direita, enquanto sua mão esquerda amparou minha cabeça ao segurar minha nuca. Fiquei estendido no chão do corredor, com a garota sobre mim.
Foi assim que eu a conheci há mais de setenta anos. Ela me olhou profundamente. Seu corpo era esguio, ágil e leve. Sua pele morena e suave, as mãos, que seguravam meu pescoço e minha nuca, firmes. Os braços compridos e fortes. As pernas também fortes, as ancas discretas. Cabelos curtos e castanhos. Os pequenos seios comprimiam meu peito. Olhei diretamente em seus olhos. Eram negros como a noite. Nunca havia visto olhos de um tão belo negror. De sua boca, onde dentes alvos e perfeitos sorriam ironicamente para mim, exalava um aroma de morangos silvestres. Seu corpo tinha o cheiro do mato molhado que, na fazenda de meu pai, tanto alimentava meus sonhos infantis.
- Vale a pena deixar que você morra em meus braços? ela me perguntou com sua voz grave, mas com uma docilidade infantil.
Eu não conseguia pronunciar uma palavra sequer. Fiquei extasiado com a beleza daquele ser misterioso. Ela me largou e se ergueu agilmente. Levantei-me também e, num gesto ousado, segurei-a pelo braço.
- Quem é você? consegui perguntar.
Ela me olhou como um felino. Desvencilhou-se de mim, mas eu tornei a segurá-la.
- Me solte! ela ordenou.
- Então, me diga quem você é. insisti, largando seu braço. Ela caminhou até a janela, e eu pensei que iria fugir. – Por favor. pedi. – Me diga quem você é.
Ela tornou a me olhar, veio até mim e me abraçou. Disse-me:
- Sua vida não existe. O que você faz é arrastar-se por este mundo ilusório. Mas você pode viver novamente.
Neste momento, ela me deu um beijo ardente no rosto e depois na boca. Apertei-a fortemente. Nunca tinha sido beijado daquela forma. Foguetes estouraram, gritos animados explodiram, pois chegara o novo ano. Não sei quanto tempo se passou, mas ouvi que algumas pessoas estavam vindo ao nosso encontro. Ela abriu os olhos negros. Quando nossos corpos se separaram, ela tornou a caminhar até a janela.
- Não vá. tornei. Apontei para o cadáver da donzela, estendido no outro cômodo. – Eu posso dar um jeito nisso.
Ela sorriu para mim.
- Você está tão morto quanto ela. disse. – Mas você pode viver novamente. E quando for morrer de verdade, virei te buscar.
Terminando de dizer estar palavras, saltou pela janela. Fiquei desesperado, imaginando que se suicidara. Estávamos quase no terraço do grande hotel. Mas, quando cheguei à janela, eu a vi voando... Sim, voando ela fez um rápido vôo contra a claridade da lua e desapareceu no manto da noite.
Gritos me despertaram de meu torpor. Acharam o corpo da donzela, as pessoas outrora alegres pela chegada do novo ano, estavam aterradas. Fui forçado a responder uma série de perguntas. Fui conduzido à delegacia, tive que lá voltar várias vezes, mas após algumas semanas minha inocência foi comprovada e me deixaram em paz.
Assim me lembrei das palavras de minha amada. Eu estava morto sim, pois tinha uma vida dependente dos sucessos de meus pais. Mas poderia viver novamente. E assim terminei meus estudos, formei-me, fui dar aula de filosofia num seminário e depois numa faculdade que acabou sendo incorporada, posteriormente, a uma universidade federal. Casei e tive filhos. Viajei pelo mundo. Mas meu único objetivo era reencontrar aquela garota. O tempo ia passando para mim, deixando suas marcas. Herdei uma fortuna de meus pais. Fiquei viúvo aos 59 anos. Quando ultrapassei os setenta anos doei meus bens a meus filhos, à exceção da mansão onde vivia, buscando evitar para eles o martírio de um inventário.
Estava me acabando, e não a via mais. Sempre olhava para a lua, sabendo que em algum lugar deste mundo ela voava contra sua claridade. Sabia que ela era a personificação do amor, mesmo sendo uma criatura sombria. Eu a amava mais do que tudo. O que importa se era um ser noturno? Ora, a claridade da lua só pode ser vista à noite, mas ela pertence ao sol que lança seus raios luminosos contra este frio satélite. E esta claridade lunar inspira histórias de amor e, claro, de lobisomens. De seres perdidos como eu. Eu estava perdido sim, pois minha vida, embora recuperada, não era completa sem aquela garota que eu encontrara há tantos anos.
Dissera para mim que viria me buscar quando eu fosse morrer de verdade. Por isso estou nesta praia. Já não tenho mais nada. Como eu disse, doei meus bens para meus filhos, exceto a mansão onde vivia, mas que agora eu a havia vendido porque não poderia levá-la para o túmulo, e depositara o dinheiro na conta bancária de meus netos. Dispensara os empregados, após lhes arrumar colocação em outras casas e empresas. Meu mordomo Pedro conseguira se aposentar. Tudo estava em ordem, mas eu não conseguia morrer assim, feliz, já que esperava por ela e ela não vinha.
Aqui estou olhando as vagas do mar que choca contra a areia da praia. Não me incomoda a pedra sobre a qual estou recostado, pois minha dor pela saudade é maior do que a dor que a pedra impinge a este corpo de velho. A lua está lá, como sempre, iluminada pelo sol. O mar negro se agita. E eu aqui, sozinho, sabendo que minha hora chegou, mas a promessa dela não será cumprida.
Neste momento de desespero, desesperança e descrença, sinto um toque de uma forte mão em meu ombro. Ergo os olhos e a vejo, jovem e linda como antes. Sorri para mim, seus olhos negros brilham em contraste com a lua.
- Eu não disse que viria? ela diz.
Sim, neste momento único ela cumpriu o que dissera no dia em que eu encontrei o verdadeiro amor. E agora posso também cumprir meu destino, tão diferente do dela que é viver para sempre, mas o cumprirei em seus braços. Sua mão roça meu ombro, e ela, ao voltar, me deu a paz.