Gotas

Menino dos olhos carvão
o que trazes tu na mão?

O Mundo, senhora
o Mundo!

E é fecundo
esse teu Mundo?

Receio bem que não...
Está morto,
é terreno infértil.

Roubaram-lhe o sol e as gotas da chuva,
é chão que já não dá uva.

Menino dos olhos carvão,
que carregas
morto o Mundo
na palma da tua mão,

revolve-o com tua enxada,
cobre-o, ao orvalho da madrugada.

Alimenta-o de nova esperança
e um dia,
te prometo,
lhe nascerá criança!

Carinho, gota, prece, vela, instante

Uma prece

Plantei amor,
Gotas de carinhos
Virei-me do avesso
Às vezes com alguns tropeços
Em cada pedaço do caminho
A cada instante de dúvida
Para onde seguir?
Guiada pela razão
Ou pelo coração?
Acendi uma vela
Pra minha santa querida
E numa prece
Pedi: orienta-me nessa estrada
Cuida da minha vida
Pois agora estou aqui
Jogada num canto...
Contabilizando risos e prantos
Enveredando com espanto
Numa retrospectiva
Por essa jornada
Que escaneia
O tempo que escorre
Como areia...
Revendo o passado
E o presente que corre
E pedindo com ardor...
Ao futuro, por favor,
Que ilumine meus passos
E clareie minha caminhada
É o que importa...
Mais nada...

Carmen Cecilia

05/06/2010

Nas pétalas que se tingem no coração
Nas rosas que desabrocham rubras em paixão
No néctar que sugo dos sentimentos
Eu te ofereço esse buquê de versos
Perfumados com gotas de alfazema
Essência pura da minha alma
Encantada por ti!

Carmen Vervloet

Você chegou como garoa
umedecendo a paisagem,
parecia uma coisa atoa.
Um detalhe, uma bobagem

A cada gotícula somada
juntado as demais pequenas gotas
Formaram-se poças espaçadas
ilhas pequenas, ainda rotas

Logo depois já chovia
e as poças se espalhavam
e por onde havia a via
espelhos d'água faiscavam

Para cada instante a mais
mais forte, já era tempestade
o que era seco tornou cais
e no mais a agua invade

Inundação, a tomar conta
e aquelas poças agora, lagos,
em torrente já se remonta,
os horizontes tornando vagos

Por fim... calmaria
da paisagem... o mar.
E do antes que se via, ... havia...
existe agora outro lugar

E nem mais sei do submerso
e por entre mares me movo
pois você, como a água, ou verso
fez da paisagem um mundo novo.