Inverno

Foto de Izaura N. Soares

Brancas Nuvens

Brancas Nuvens
Izaura N. Soares

Neves brancas, inverno seco sem ar,
Gélido tempo, com flores mórbidas,
Folhas secas levadas pelo vento
Encontram-se uma alma a vagar.

É o silencio na madrugada que aquece
Entre a lareira acesa no inverno constante
Por entre as faíscas de luzes adormece
Um corpo nu, com o coração palpitante!

É no frio que o calor se sente
As almas tristes sem destino;
Vem! Adormece nos meus braços quentes
Donde o embalo suave canta como um hino.

Tão longe as nuvens brancas se passam
Por entre o ar carregado de sonhos
Cinge o tapete de folhas e de flores
Abra o coração, despeça dos sonhos tristonhos.

Foto de Carmen Vervloet

É Primavera

No sítio, entre palmeiras, correm ligeiros os riachos
anunciando que a hora flui e tudo se renova.
Morre o cinzento inverno e descansa em sua cova,
renasce a primavera adornada por buganvílias em cachos!

Sob um céu azul, bate a alegria em cada porta...
A vida se mostra no vôo leve das borboletas,
no canto dos pássaros, nos brotos que se exibem na horta...
No céu se espalham tintas sutis derramadas da divina paleta.

O sol esparrama sua vital energia por toda parte
fazendo renascer os sorrisos, baterem felizes os corações...
A natureza em festa exibe com ousadia a sua arte,
enquanto olhos passeiam, sobre a paisagem, sorridentes e brincalhões.

A vida tem ritmo, tem som e contagia...
O coração bate no tom da alegria.
A alma encantada extasia-se com tanta beleza
e agradece a Deus por esta primavera plena de delicadezas.

Foto de SATURNNO

Primeira flor da primavera

Em repentino momento,
Onde a vida morosa nos acomoda
Como em um amorável acalento
Urge o que me desperta

Em plena rotina,
Sol a sol, dia a dia,
Surge sorrateiramente o que me fascina,
Algo que me desconcerta.

Sinto a mais intensa alegria,
Faz-me esquecer o tempo,
Desordena a fina harmonia
Que a vida então me oferta.

Primeira flor da primavera
No vazio do meu coração,
Em vasto campo prospera
A beleza ora liberta.

Vivo experiência singela
Com insanos pensamentos carnais,
Não importa o quanto é bela
Quero essa flor para mim.

E se um dia for esquecido,
Saiba que prefiro por isso passar
A nunca ter conhecido
Teu rosto de serafim.

Ambos somos comprometidos
Mas ando alegre por te conhecer,
Descompassas o bater atrevido
Do meu coração carmesim.

Por fim, se o destino porfia em nos afastar,
Por cruas noites de inverno passarei,
Mas jamais cansarei de esperar
Que a primavera da vida,
Em generoso ato gentil,
Faça florir a minh'alma
E te traga de volta para mim
Cândida, formosa, sutil.

João F..R. 16/09/2011

Foto de João Victor Tavares Sampaio

Setembro – Capítulo 2

Somos divididos em dois tipos de seres humanos, na nossa realidade. Os de sangue quente e os de sangue frio. Os possuidores de sangue frio, por apresentarem poucos escrúpulos, com o tempo se tornaram dominadores da sociedade em que vivemos. Sua palavra é lei, seu gesto é dinástico. Trocam de pele a cada três meses e detestam variações de temperatura.
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Meus patrões estão fazendo planos para o final desse mês de abril. Foi-se o frio do inverno junto com as reclamações dos meus mestres, suas peles hoje são rosadas e alvas, as crianças pedem menos colos e mimos, o trabalho se torna de novo vital e urgente. Embora ainda se demonstre certa lentidão na retomada dos afazeres, os ditos, por serem necessários, logo são realizados para a satisfação geral dos anseios.

- Vai boi, pasta!

O generoso e bom Luís Maurício é o melhor do que se pode esperar de um superior.
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Um dia li um livro. Ou melhor, engoli. Não que eu tenho sido obrigado à comê-lo, por mais que acreditem ser essa minha obrigação, pelo que lhes disse até agora, não sei bem, o que conto, nem para quem. Não sei se estou num passado ou num presente. Bem, não importa. Como citei li um livro de relance, por uns três milésimos, o suficiente para obter a seguinte frase de seu interior:

“Não é por ser engraçado que seja comédia.”

Não entendi muito a frase, mas a guardei na memória. Eu nunca havia lido um livro antes. Sequer sabia se sabia saber ler. Pois então, o livro estava nas mãos da dona Clarisse. Dona Clarisse é uma atriz. Finge que ri, finge que ouve, finge que pensa e que tem opinião. Admiro seu jeito, nas minhas modestas faculdades. Antes que achem que sou apaixonado por ela, soa tão doce a minha maneira de tratar desta e tratá-la, logo que a vejo, provarei que nunca a amarei do fundo do meu coração contando o episódio cômico e engraçadíssimo que vivemos.

- Venha idiota, preciso de um tapete! – Dona Clarisse é sempre um doce de mulher.

- Não.

- Disse alguma coisa?

- Não.

- Quem bom. Deixe-me que eu te pise, e não grite.

Ela me quebrou duas costelas ao me usar em ser inútil.
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Depois de tal chalaça, e quase que digo que era anedota, outra situação com alegres conseqüências me turvou o rosto em lágrimas de riso, de escárnio, de champanhe em sal gelado escorrendo pelas pálpebras. Em outro dia, ou mesmo hoje, ou mesmo agora, a patroa observa fixamente todos os seus bens acumulados pelo marido e sua mobília nobiliária, milionária, da qual sou tão íntimo em jamais encostar.

- O Luís Maurício é tão bom...

Finjo que observo em silêncio.

- Amo o Luís Maurício, ele é o homem da minha vida...

Não uivo por dentro, nego o que esperam que eu sinta.

- O Luís Maurício me dá tudo o que quero...

Por um instante imagino que a patroa está tentando convencer a si mesma de que ama seu marido, que está infeliz com os caminhos que tomou e que preferia a liberdade ao invés do conforto. Besteira, ela não seria assim tão ingênua

- O Luís Maurício é minha alma gêmea...

Enfim, vocês não enxergam que nunca vou amar minha patroa, que ela não é o ar que respiro todos os minutos e que não quebraria essa horrenda jaula imunda e sufocadora que limita os sonhos e aspirações que eu teria se eu fosse livre?

- O Luís Maurício... É um maldito...

Droga. Pensei alto. Tão alto que a patroa disse exatamente aquilo que eu estava pensando.
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- Clarisse, você...

- Eu mudei de idéia. Não quero trocar o engolidor.

- Mas eu nem disse o que eu queria...

- O que importa? Qual o problema? Eu não quero mais trocar o engolidor e posso te dizer isso antes que me pergunte.

O patrão fingiu que me olhou com um generoso e bom ódio.

- Luís, eu sei que se preocupa comigo. Mas você não precisa se preocupar tanto. Eu estou bem, juro. Nosso casamento está firme, nosso amor é como uma rosa que desabrocha na mais pura beleza em flor que anuncia a primavera.

Por um momento achei que a patroa me olhou fixamente nos olhos e quis dizer que somente comigo seria feliz de verdade nesse mundo sujo e cruel ao qual temos que nos sujeitar.

- Eu te amo, Luís, não desconfie.

Eu não admito que amo aquela mulher.

- Ou você acha que eu iria te trocar por um simples... Dimas...

Foto de Cecília Santos

Princípio ou fim?

Era viver um
dia tranquilo.
É morrer em
amargo silêncio.
Era como ter asas
e voar livremente.
É tê-las cortadas
rentes ao corpo.
Era viver a vida com
hora certa pra chegar.
Agora é contar os segundos
sem você voltar.
Era saber quando
começava o dia.
É não saber mais quando
termina a noite.
Não sei se já é inverno
ou se o verão já se foi.
Só sei que dentro
do meu coração.
A noção do que fomos
agora está dividido.
Já não sei onde começa a vida,
onde termina a morte.
Não existe meio termo
é unicamente.
O princípio ou
o fim!

SP/07/2009*

Foto de Carmen Vervloet

Campo de Girassóis

Hoje as folhas se espalham sobre o caminho
mas, o ar ainda guarda um perfume de primavera...
De mãos dadas como dois românticos velhinhos
continuamos a almejar nossas infindas quimeras.

Deixamos para trás mágoas que oprimem,
coisas inúteis que sobrecarregam a caminhada...
Os nossos olhos o amor maduro exprimem
mesmo que nossas bocas fiquem caladas.

Um campo de girassóis abre-se à nossa espera,
sinal de que não importam as rugas da face...
No inverno ainda se colhe primavera
desde que permitamos que o sonho nos abrace.

Foto de carlos loures

Hoje

eu ja nao vejo mais a beleza que eu via.
eu ja não tenho mais os sonhos que eu tinha,
a beleza murchou,
os sonhos morreram,

era um tempo legal,
eu acha que era bom,
tudo parecia normal,

mas derrepente meus pes tocaram a terra,
até meu carinho machuca quem amo,
meu coraçao entrou em guerra,

hoje tenho a solidao por companhia,
será que deveria recebe-la com alegria?
talvez eu a coompreenda,
e um dia ela me entenda

carlos loures
itapevi, inverno de 2011

Foto de Felipe Ricardo

Um Sublime Soneto Para a Menina Que Muda

Agora durmo pois a tua bela
Luz não mais me banha com
O radiante e sutil brilho e o frio
Já bate a minha porta, pois o outono

Chegou e com ele minha folhas decaem
Sobre o frio solo, mas assim tu vens
Como cada floco branco de neve a trazer
O gélido halito do inverno, mas veja que

Belo é o teu desabrochar, pois tu minha
Primavera aquece minh'alma pouco a
Pouco e assim acordo de meu sono, já que

Agora forte é o meu radiante brilho e como
O teu doce e sincero sorriso faço-me Verão
Pra te ver sorrir e brincar minha jovem criança [...]

Foto de Marilene Anacleto

Amor Escravo

Leva a vida sem saber onde pisar
Junta caveiras para não contrariar
Humilha-se sem poder dizer não
Porque crê que perderá o coração.

Coleciona cometas escaldantes
Com medo de parar um só instante
O céu já nem almeja, decerto,
A vida se assemelha a um deserto.

A estação será sempre o inverno
Já nem almeja um carinho terno
Os dias são de nuvens densas

Soma-se este tempo ao eterno
Supõe que haja apenas o inferno
O amor não faz parte de suas crenças.

Amor escravo. Tristeza. Solidão a dois.

Foto de carlos loures

sonhei com você

Ontem sonhei com você
e acordei sentindo seu cheiro
hoje acordei sem você
e nem parece que faz tanto tempo assim

hoje pensei em você
mas e dai eu faço isso todos os dias
tem dias que me lembro do seu sorriso
tem dias que que perdo na lembrança do seu olhar

tem dias que queria esquecer que você foi embora
todos os dia eu queria te amar
este não é só um desejo
pois te amo mesmo sem te ver
sem sentir se perfume
sem olhar se us olhos doces
e sem ouvir sua voz

ainda sim te amo como antes
te amo como agora
te amo como sempre

carlos loures
itapevi inverno de2011

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