Lua

Foto de Fernanda Queiroz

Apenas por um momento II

Apenas por um momento II

Estou só....
Perdida em momentos
Mais que fragmentos
Momentos de tormentos
Que jamais serão lamentos

Chegou de mansinho
Mesmo sem querer ser ninho
Com a mais bela canção
Despertou meu coração
Plantou em quantidade
Regou com profundidade
Colhendo eternidade
Mesmo que seja em saudade

Não importa com certeza
Se foi ou não realidade
Pois muito mais que tristeza
Vivi amor de verdade
Guardo junto a minha dor
Muito mais que um lamento
Que foi mais que amor
Apenas por um momento

E neste “Apenas por um momento”
Para provar meu juramento
Fez nascer no firmamento
O Dom da pontuação
Que não foi exclamação
Nem jamais interrogação
Levando minha estrela brilhante
Fez nascer lua minguante
Que uma vírgula simboliza
Deixando o ponto final distante
Para que meu sonho se realize
Além de mim... além da minha mente....

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Lu Oliveira

Quando nasci

Quando eu nasci
Um anjo retrucou
Menina maluca,
Em que mundo
você se enfiou?
Neste exato momento
Senti um desejo profundo
De me apoderar deste mundo
Saber o que havia por lá.
Subi montanhas e barreiras
Flutuei na lua cheia
Mergulhei no rio e no mar
Encontrei gente de todo jeito
Animal pra lá de perfeito
Natureza pra se admirar
Então meu anjo sabido
Veio até mim, aflito
Pedindo pra eu lhe contar.
O mundo é uma beleza!
Então deixe de moleza...
O que vale aqui é amar!

Lu Oliveira
2006

Foto de Carmen Lúcia

Reminiscências

De repente bateu-me a saudade.
Viajei pelo túnel do tempo e me vi criança.Feliz, esperançosa, risonha, saudável.
Andava por um caminho ladeado de frondosas árvores.Altas, tão altas que alcançavam o céu.Circundavam-nas florinhas de todas as cores, todos os tamanhos, todas as fragrâncias.
O ranger de um carro-de-boi...e a expectativa de um passeio diferente para mim.Sonho realizado!Acomodei-me nele como se fora um carro-de-boi-alado.
Um riacho murmurava lânguidas canções que pareciam apaziguar o gado, que bem pertinho dali, pastava serenamente.Uma cachoeira despencava pelas montanhas, num festival de águas cristalinas, qual grinalda de noiva.
Pássaros, em grande profusão, ornamentavam o pequeno rincão e faziam algazarra; festa para os corações.Pousavam nos galhos e voavam pra todos os lugares, como se brincassem de esconde-esconde.
Quando passava por uma casinha branca de telhado quase grená, eu não resistia.O cheirinho de doce de cidra e de abóbora, anunciado pela fumacinha de uma chaminé, me fazia descer do carro-de-boi e pedir uma porção à doceira, pessoa que sempre me encantava com suas
histórias fantásticas de duendes,fadas e assombrações.Ali eu permanecia, deslumbrada pela magia de seus contos e saciada da vontade de seus deliciosos doces.
Ao soar o sino de uma capelinha de arquitetura rústica, construída no alto de uma colina, eu e todos os que habitavam o lugar, íamos, como em romaria, fazer nossas orações, pedir alento e agradecer a Deus por tudo que nos havia concedido.Eram momentos de graça.Hora da Ave-Maria.
Antes do sol se pôr, um berrante chamava o gado, que obedecia docilmente, parecendo estar cônscio de ter desempenhado sua função diária.E ia descansar lá no estábulo.
À noitinha, da janela de meu quarto, eu me sentia pertinho das estrelas, vendo-as mudar de lugar, chamando a atenção da lua, que sorria de suas traquinagens.
Na varanda, verdejante por samambaias em xaxins, sentados numa namoradeira, meus pais trocavam juras de eterno amor, iluminados pelo prata do luar.
Volto ao hoje.Tais lembranças adocicaram minha alma,apesar da realidade triste que reina no local do lindo rincão.
A tecnologia acabou com tudo, dando lugar à modernidade de fábricas poluentes,barulhos incessantes,pessoas irritadas, subordinadas a horários, regras, burocracias e competições descabidas.A luta desleal pelo poder.
A auto-destruição do homem.

Foto de JGMOREIRA

SOUTAMÉRICA

SOUTAMÉRICA

Na América do Diabo
brilha a lua,
inocente e bela
sem saber que a espreitam
espanhóis e portugueses
somente por brilhar amarela.

Para trazer Deus aos silvícolas
urgem espadas, algemas, arcabuzes
bestas de todos os tipos.
Cortez, Pizarro e outras delas,
com a empunhadura em cruz
das lâminas afiadas
esfolam ouro nas peles que, dígnas,
postaram-se contra a fidalguia esparolada
dos cristãos que movem cruzadas
ocultando ouro na fé, esmeralda e muita prata.

Em busca do Eldorado
devastaram Potosí, Montezuma
Ouro Preto.
Venceu os índios o deslumbro,
não a força ou medo.

A América do demo propiciou,
com sua riqueza,
o requinte das realezas,
que se reerguessem reinos falidos
às custas do negro e do índio.

Contraste que emociona o esteta:
a morenez do índio
o negrume do preto
as pepitas amarelas
que guardava o chão
florindo sobre a terra
riqueza de aluvião.

América, açúcar preparando
ouro.
Negro cativo, índio massacrado,
ouro.
Ouro abrindo as portas do céu expansionista
financiando grandes conquistas.
Acumulado na matriz
gera empresas, centros urbanos
Hércules de potentíssimos neurônios
restando a América do abandono.

A América do inferno
Édem terrestre de outrora
esburacada, vazia, destripada,
assesta seus milhões de famintos
contra a América do sonho
que, herdeira protestante da crueldade cristã espanhola,
Escraviza, dizima, espezinha
impera, destrói e desola.

A América, herdeira de Espanha e Portugal,
ensarilha suas baionetas úmidas
arma seus soldados comerciantes
com desprezo por quem não lhe é igual.

Da América do sacrifício
ouve-se a voz do índio:
‘Pai de todos os pobres, de todos
os miseráveis e desvalidos,
ajudai-me a fugir de Tinta!’

Clama a voz no fundo da mina.
O pai de Todos não escuta clamores,
adormecido no seio Inca.
Mastigando coca, ouvindo tambores,
esqueceu-se dos irmãos da Mita.

‘Pai de todos os tortos, entrevados
e opressados nessa liça,
ajudai-me a fugir da Mina’’
Clama outra voz no céu de Tinta

Túpac Amaru, para falar aos índios,
necessita de língua, perdida em Wacaypata
necessita de sua cabeça, em Tinta
do braço direito, em Tungasuca
do esquerdo, em Carabaya
da perna esquerda, em Santa Rosa
da direita, em Livitaca.
Túpac quer seu tronco
lançado em cinzas no Watanay,
quer ouvir seus filhos, enviados
para o lado direito do Pai.
Amaru quer regressar à vida
para tirar de dentro da Mita
seus irmãos que clamam ajuda
contra a força que os executa.

Túpac Amaru, sentado no chão batido
de uma tribo no olvido das batalhas
chora em Potosi, Zacatecas, Guanajanauto,
Outo Preto, Colque, Porto, Andacaba, Huanchaca.
Cura as feridas gangrenadas
de Atahualpa, do Caribe, dos Maias,
Tenochtitlán, Cajamarca,
Cuzco, Cuauhtémoc, Guatemala.

Observa, com olhos sulfurados,
Colombo, Fernão Cortez, Pedro de Alvarado
Fere, com mágoa, a lembrança de Pizarro.

’Ó Pai de todos os mendigos,
inimigo dos dueños de la tierra,
ajudai-me a fugir dessa América!’
Gane uma voz no sétimo inferno da Mita
com os pulmões endurecidos de sílica

Túpac Amaru, sem lágrimas ou ferocidade,
abre seus braços de morto que dão a única fuga
abrigando, em sua redoma, os irmãos da Mita
que rapidamente ascendem aos céus de Tinta.

Os índios centro-sul americanos
acolhem-se na morte aos braços da liberdade

Foto de Joaninhavoa

Estrela feliz!

Sou uma estrela brilhante!..
Que vos brinda lá dos céus
Vós pensais que sou marcante
Por sorrir com os troféus!..

Eu não brilho a toda a gente
Que me quer ver por um triz
Eu sou doce eu sou semente,
Cálice patente! Eu sou feliz!

Venham ventos...venham manhas...
mais a lua ensolarada...
Serei sempre espírito alegre e destemido!..
Como as manhãs d`uma alvorada!..

Decifrando espedachins em lutas assolapadas,..
Farei sempre apelo à Paz e ao Mundo
gritarei serena,
"O caminho é por aqui!".

JoaninhaVoa,
em 16 de Setembro de 2007

Foto de angela lugo

Coração quebrado

Meu coração de tristeza se quebrou
Foi ao chão e nele permaneceu
O céu escureceu e na noite se perdeu
Tentei juntar os fragmentos
Mas a luz não existia
Você simplesmente não aparecia
Esperei que as estrelas brotassem
Como pirilampos acendessem
Ou a lua cheia brilhasse
Tudo era breu nada acontecia
Meu coração no chão se perdia
Procurei a luz da minha alma
Também não encontrei...
Ela de mim se escondeu
Não queria deixar os fragmentos ali
Precisava juntar o que dele restava
Mas não dava... Você não aparecia
Precisava da luz do teu amor
Para irradiar energia ao meu coração
Fazendo ele mais uma vez brilhar
E com tanta felicidade poderia se juntar
Pelo fato de ainda me amar

Foto de Sirlei Passolongo

Vai Levar Um Tempo

Vai levar um tempo
Para que eu me acostume a viver sem você
O vento ainda insiste em trazer seu cheiro
Cada imagem lembra seu rosto

Vai levar um tempo...
Para que meu corpo não sinta falta do seu
Para que a canção que eu escute
não seja sua voz ecoando em meus ouvidos

Vai levar um tempo para que eu olhe a lua
sem chorar...
Para que as madrugadas insones
não tragam sua presença,
E até que esse tempo termine
cada momento vivido sangrará em minha saudade
e todas as juras de amor
se derramarão nos versos do meu poema.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Soninha Porto

NOCTURNE

O piano toca ao longe
acordes solitários
na madrugada

ária divina
delicada
voa como brisa ao léu
fica a sensação
de alma agoniada

expulsa fantasmas
que visitam a solidão
tons suaves
calam a noite
seduzem a lua prateada

dedos deslizam
ternos
leves
melancolicamente

piano e pianista
são um só
posse e posseiro
num recital
transcendente

mãos e sons
arteiros
respondem
se abraçam
se amam
lentamente

soninha porto

Foto de Soninha Porto

SEM CENSURA

Eu sem censura
engulo teus ais
levo-te à loucura
sob à luz dos castiçais

condenados ao lírico
à ausência infinita
ondulamos oníricos,
no arder da chama que agita

hálitos frescos
sabores de menta
em beijos novelescos
sob a luz da lua birrenta

na alvura do quarto
em lençóis suaves
entregues ao desejo farto,
escondidos na alma sem chaves

gestos atrevidos
encaixes perfeitos
completamente esquecidos
a espantar a madrugada sem jeito

Foto de Sonia Delsin

POEMA PARA DOIS SONHADORES

POEMA PARA DOIS SONHADORES

Nunca ficamos a sós.
Para sempre nós.
Nunca nos encontramos.
Sempre nos amamos.
Entre as estrelas foram plantados os nossos sonhos.
Os mais loucos, mais improváveis.
Sonhos impalpáveis.
Um dia eu lhe perguntei.
O que somos?
Mais do que depressa você me respondeu.
Dois anjos.
Verdade. Nós somos dois anjos.
Viajamos pela esfera sideral.
Somos o casal mais especial.
Ah, quem me dera!
Colher um pedaço da lua.
Ficar nua.
Nos seus braços me entregar inteira.
Podemos sempre sonhar.
E sonhamos.
Aos devaneios nos entregamos.
Um dia eu me perguntei.
Será que um dia será permitido?
Será que nosso mais lindo sonho será concedido?
Quem sabe!
Então sim nossas bocas se encontrarão.
Nossas mãos deslizarão...
Seremos anjos satisfeitos.
Exangues após o êxtase.
Completamente entregues nas mãos do destino riremos como anjos de um céu particular.
Exaustos depois de provar o que vivemos a sonhar.

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