Mãos

Foto de Enise

E se...

.
.
.
.
E se o sol cantasse
Fingindo ser passarinho
Quem zelaria por seus raios
Perdidos no fundo do ninho?

E se a chuva zombasse
Fingindo ser assobio
Onde estariam suas águas
Perdidas no fundo do rio?

E se a lua ondulasse
Fingindo ser violeta
Onde andaria o amor
Perdido nas mãos do poeta...

Enise
.
.
.

E se...

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E O PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 5)

A novamente recolhida em si, a montanha não se conformava. Como podia ser aquilo? Um pintassilgo tão lépido e inteligente tinha obrigação de encontrar a saída providencial. Será que a velhice roubara a sua visão? Claro que não, para outras coisas não! Medo de vento ele sempre tivera, mas ante a possibilidade fortuita de recuperar a sua sagrada liberdade, não poderia titubear em optar pelo vento que, diga-se de passagem, não seria mais perigoso fora do que dentro da gaiola, onde já havia entrado. Não, tinha que haver uma outra razão plausível.

De repente, ela se recordou de um detalhe que lhe pareceu importante: durante o imenso minuto em que tudo aconteceu, em nenhum momento o pintassilgo lhe dirigiu sequer um único pensamento. Foi como se ele não ouvisse os seus apelos agoniados, para que fugisse pela portinhola entreaberta, antes que fosse tarde demais. Por que tal comportamento? Será que não mais considerava valiosa a especial e já manifestada amizade de uma montanha? Ora, não havia dado a ele nenhum motivo para tamanho desprezo, muito pelo contrário.

Sua indignação contudo ainda se transformaria em perplexidade: algum tempo depois a montanha foi arrebatada das suas reflexões pelo canto, agora de fato inconfundível, do seu pintassilgo. Lá estava ele novamente. A gaiola fora reposta no mesmo arvoredo, reabastecida de sementes e água, parecendo que nada havia acontecido ao passarinho. Até se poderia deduzir que estava mais feliz do que antes da ventania. Coisa mais absurda ― disse ela a si mesma. Porém, era evidente, nenhum pintassilgo deprimido poderia cantar tanto nem com tamanho virtuosismo, nem dar cambalhotas no ar e fazer outras piruetas. Até um banhinho ele tomava. Sucinto, como são os banhos dos passarinhos, que não têm muita intimidade com líquidos e nem muito o que lavar. Mas bem diante dos arregalados olhares da montanha, o bichinho espirrava água para todos os lados, enquanto, literalmente, mostrava ser também um entusiasmado cantor de banheiro.

Quando a tarde já se preparava para anunciar a sua partida, uma cena insólita mais uma vez surpreendeu a montanha. Vieram os dois caçadores na direção do arvoredo. O velho, ensimesmado, apertando as pálpebras como que por impaciência, não respondia uma só palavra, ao passo que o jovem, mostrava-se inconformado. Alguma coisa o levava a gesticular muito e a despejar no vento repetidos argumentos, tão atropelados que era difícil entender o mínimo. Até mesmo interpor-se no caminho do outro o jovem tentou, inutilmente. Para espanto até do pintassilgo, não apenas o caçador mais velho retirou a gaiola do galho em que estava pendurada, como ainda meteu a mão pela portinhola, apanhou o bicho apavorado entre os dedos, grosseiros mas cuidadosos, e em seguida simplesmente abriu a mão e esperou que ele voasse. O passarinho atônito demorou a entender, porém depois de poucos e longos segundos, mais assustado do que feliz, lançou-se no vazio, seu natural quase esquecido pelos anos de cativeiro. Com um sorriso contido no rosto também marcado pelo tempo, o homem ficou olhando onde ele pousaria. Por seu lado, aborrecido, o jovem virou-lhe as costas e com as mãos na cabeça, numa expressão de perda, foi-se embora a passos duros na direção do vale.

O pintassilgo não chegou muito longe em seu primeiro vôo. Não mais reconhecia a liberdade, suas possibilidades e perigos. Logo percebeu que praticamente nada estava tão perto e disponível, e que necessário se fazia agora dosar o esforço de se deslocar. A satisfação das necessidades dependeria de ser capaz de reconhecer seus limites. E aí estava uma coisa que não lhe parecera importante durante muito tempo: teria que olhar para dentro de si, em vez de conhecer, por dentro, apenas a gaiola. Mas a prática de todas essas coisas teria que ficar para o dia seguinte, pois já estava completamente escuro. A noite, fora da gaiola, era terrivelmente assustadora, até porque, embora estivesse acomodado em um lugar bem seguro contra predadores, ele não sabia disso. Perdera as referências para avaliar a sua segurança e, desse modo, tudo parecia potencialmente perigoso. Os múltiplos sons da noite, assim mais se assemelhavam a uma sinfonia macabra. Fora das paredes da casa do velho caçador, o mundo se tornara quase desconhecido. Não havia mais o acolhedor teto de sapê seco. Não havia ali, na verdade, nenhum teto e o sereno já se mostrava ameaçador. Em compensação não havia nenhuma ventania (Céus! Uma ventania no meio dessa escuridão seria morte certa e dolorosa!), contudo a aragem natural e constante da noite, resultante do resfriamento, tornava difícil manter uma camada de ar, aquecido pela temperatura do corpo, entre as penas e a pele delicada. Apesar de ser pessoa de intelecto muito simples, o caçador sabia que os passarinhos dependem disso para sobreviver e tivera sempre o cuidado de manter a gaiola em algum lugar bem protegido.

Porém, todas essas perdas decorrentes do cativeiro prolongado pareciam secundárias, do ponto de vista de alguém que não poderia caber em gaiola nenhuma. A montanha passara as últimas e desesperadas horas tentando se comunicar com o pintassilgo. E assim foi, ainda por outras horas. Era alta madrugada, ela resolveu que devia armar-se de mais paciência. Decepcionada, viu afinal que as tais perdas tinham uma magnitude bem maior. O seu velho amigo passarinho perdera grande parte da percepção do seu meio natural e exterior, porém, perdera também parte da percepção interior. Que triste era isso.

(Segue)

Foto de Sirlei Passolongo

Por onde veleja o amor? (Sirlei Passolongo e Vinícius Motta)

.

Me pediram um poema...
Alguns traços sobre o amor.
Mas minha lira restante numa face torta
Só sabe das entranhas horas
Em que o corpo bebe estrelas,
Em que o gozo saliva em dois as centelhas
Para afundar a noite no amanhecer...

Me disseram que era fácil versejar o amor
Mas não contaram do instante bandido
Em que a alma se perde insone
Em que a dor consome o sonho...
Não me ensinaram a versejar
Com o coração partido.

Deveras, as coisas do amor cabem
Além do fácil gesto de afiar
Credos em pulsações alfabéticas...
Não é velejar em seus navios,
Nem derramar-se inteiro em lábios.
Não! Seguir por essa estrada infindável
Compreende vícios que a lógica
Desconhece no romper do hálito.

Se mesmo assim me pedirem um poema
Que transcenda o âmago
Num verso em que a boca murmure
Esquecida do sal da lágrima
Direi que a minha lira é restante numa face torta
Porque o gosto amargo que a boca saliva
Embala no mesmo tom o encontro
E o desencontro do sonho...

Porque o amor tateia o imponderável
Com as mãos mais incríveis...
Por isso as palavras findam
Enquanto sangram incisivos
Os corpos apaixonados, enfim amados.

(Sirlei Passolongo e Vinícius Motta)

Foto de Enise

Sob o fio da navalha

.
.
.
.

Poeta finge ser caçador
Um palhaço invertido
Um catador de sonhos
Arranca presumido
Os estilhaços de sua dor

Pele apertada na alma
Explora as letras
Fluídas como cometas
Ao sair de suas mãos...

Rega dores
Fala dos falsos amores
Abaixo de um sol cego.
Cintila uma lua surda
Destila suas mágoas
Num oceano de escuridão...

Na magra inspiração
O céu fecha-se em solidão
Procura no som das águas
Um vinco lúcido da razão.

É dualista
Poeta...realista
Profeta em cada nova imersão.
Laico, itinerante
Tão brilhante
Como um mosaico de emoção...

Na textura das suas palavras
Aponta como as nuvens fugiram
Quais caminhos o vento seguiu
Atrás de quais carinhos...

Como o porte
Entre o romântico e o sensual
Surgiram
No tênue corte
Da poesia que entalha
Sob o suave fio da sua navalha...

Enise

Foto de Sonia Delsin

VEM, VEM MATAR TODOS OS MEUS DESEJOS

VEM, VEM MATAR TODOS OS MEUS DESEJOS

Esta noite eu tive um sonho.
Sonhei com tua boca.
Com teus beijos.
Vem, vem matar todos os meus desejos.
Esta noite eu sonhei com tuas mãos.
Elas deslizavam perigosamente.
E eu estava tão contente.
Tão contente.
Eu te chamava e tu me dizias baixinho.
Te amo tanto.
Sussurrava meu nome.
E acordei assim.
O quarto vazio, frio.
Mas por um momento me pareceu que tu estavas ao meu lado.
Ó, meu amado.
Vem matar todos os meus desejos.
Meu corpo te chama.
Vem, me ama.

Foto de Henrique Fernandes

AMOR...

.
.
.

Tudo quanto poderei escrever
até á exaustão das mãos sobre quem amo...

É uma gotinha que salpica do meu oceano
de amor...

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"UM CRAVO E DUAS ROSAS"

“UM CRAVO E DUAS ROSAS”

Esta chegando a hora...
O cravo já se foi...
Agora uma Rosa esta indo embora!!!

Não estou chateado...
Todos tem um caminho...
É a vez de a Dany partir com seu principe encantado...
Ninguém vive sozinho!!!

Entrego minha linda menina...
Nas mãos de seu escolhido...
Talvez essa seja minha sina...
De um pai muito privilegiado!!!

Ainda tenho uma Rosinha...
Que daqui um pouco vai enfeitar outro jardim...
Agradeço a Deus a felicidade minha...
De poder ter vivido assim!!!

Os frutos começaram a chegar...
Já tem dois Cravinhos...
Um já esta a estudar...
O outro ainda é bem pequenininho!!!

Esta é a vida que eu sonhei...
Os filhos que eu tive...
A família que eu criei!!!

Agora começa uma nova etapa...
O tempo das satisfações...
Agora é ler o livro, não mais só ver a capa...
É tempo de sentir muitas emoções!!!

Foto de Civana

Alma Gêmea II (Completa...)

Dizem que muitas vezes encontramos nossa alma gêmea nos sonhos, já que o encontro na vida real se tornou tão difícil. Será? Pode ser, mas também pode ser que tenhamos sonhado com aquela pessoa que idealizamos, que desejamos e esperamos tanto encontrar, perdida por aí em algum corpo.

E foi exatamente isso que aconteceu essa noite, me encontrei com minha alma gêmea ou meu amado idealizado. Só que, se foi idealizado, porquê ele não tinha uma fisionomia definida? Embora seu olhar fosse maravilhoso, iluminado, me atraía e transmitia tanta paz, que parecia o conhecer desde sempre! Por que sua voz não saía de sua boca? Embora a ouvisse dentro dos meus ouvidos, invadindo minha mente e corpo. Suas mãos me tocaram, mas não eram táteis, transmitiam um calor por onde passavam, até chegar ao abraço. Ah, o abraço, esse sim foi forte, intenso, carinhoso, me fazendo chorar de alegria!
E o local, que todos dizem ser um campo florido ou uma praia paradisíaca? Não, nada disso, nem existia local nenhum, apenas ele e eu. Surgimos do nada, não minto, apenas uma pedra enorme, ou melhor, uma montanha nos separava. Caminhei em direção ao local mais iluminado que havia e ele surgiu de trás da montanha, caminhando para o mesmo local. Paramos, nos olhamos, conversamos como velhos amigos e amantes, apenas afastados pelo tempo.

Encontrei-te... Em sonho, mas encontrei, enfim! Se algum dia pudesse chegar perto de uma experiência como essa, estaria definitivamente completa!

(Civana)

Foto de Sirlei Passolongo

Meu Travesseiro

.
Ah! Se você pudesse ouvir
o que tenho conversado
com meu travesseiro...

Ele me vê sorrir
enquanto fecho os olhos
relembrando nossas juras,
as palavras de amor
embrulhadas em beijos;
as mãos zonzas de desejo.

Ah! Mas ele também
me vê chorar... E calado
acalenta meu coração...
E tece meu sono
trazendo você
em poesia e sonho.

(Sirlei L. Passolongo)

.

Foto de fer.car

O amor

O tempo passa, menos esta saudade
Os dias são devagar porque aqui você não se encontra
Saio de órbita para imaginar seu toque, seus beijos
E uma música me traz sua presença novamente
Nossos momentos mais íntimos
As palavras e juras feitas
O calor de suas mãos percorrendo minha tez
E a mesma voz calando minha voz
O seu corpo ao meu, e sua vida na minha falta
O tempo agora aqui ao seu lado voa
Ele não quer saber de parar, ele passa velozmente
Quando vejo, mais uma vez a saudade em meus dias
Que diferença faz quando não está
Entre estas paredes, quadros e retratos
Entre noite e dia
Entre eu e você
Dois coração como um só
Porque já não sabemos mais ser dois
Desde o dia em que nosso olhares se cruzaram
E naquele exato momento ...
O amor aconteceu
Por isso o tempo não faz cessar
Aquilo que um dia minha alma sentiu
E sua boca soletrou
O amor...

Autoria: Fernanda Carneiro

Páginas

Subscrever Mãos

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma