Noite

Foto de CarmenCecilia

UM DIA POEMA DUO

Um dia...
Um dia, longe, vago...
Improvável.
Um dia qualquer,
dia incerto, abstrato.
Inatingível.
Um dia que vem,
outro que vai...
A noite...
Intervalo entre os dias
em tons de ébano...
Noite sutil, flecheira.
Noite certeira...
Como se o alvo fosse atingível.
E é.
Vem armada de lua...
Pingente de prata.
Bala que mata
e arrasta habilmente
o mundo a esperar pelo dia.
Por um novo dia.
E a gente
ínfima semente
à mercê do que virá.
E o que virá?
Adormecida, entorpecida,
alheia à transformação,
submissa à alienação...
Entregue à metamorfose.
Estranha simbiose...Psicose.
Fases crescentes e minguantes,
no semblante.
O frescor do orvalho...
O ciclo normalmente aflora
E desarma, intriga, consola...
Faz confiar de novo
em novo dia
que liberta, acaricia...
Alivia.
Somente mais um dia...
Sem utopia, com fantasia...
Um belo dia...
Contemplação.
A dar início a todos os dias
que virão.

Carmen Cecilia & Carmen Lucia

PARA ESSE POEMA NOS INSPIRAMOS NA MÚSICA DA ÓPERA DO MALANDRO DE CHICO BUARQUE

Foto de Arnault L. D.

Castelo e flor

Na rua, uma sombra alta e triste
ergue-se dentre a névoa gélida;
noite suspensa de um passado.
Tal braço, retesado em riste
do afogando, mão a buscar vida
e um mistério no tempo guardado.

Alta torre faz relevo à vista,
contrasta ao azul, somando ao céu.
Nuvens bordam a moldura entorno;
acima, janela a lua avista
e a filtra em vitrais, a luz pincel...
Quadro vivo, tela o chão, adorno.

Vestígios da beleza em ruína,
restos de sonhos, solvem a volta,
dos risos, dos casos em segredo.
Degraus subindo o mármore a cima,
ligando ao nada a ilusão solta...
Velhos fantasmas a trazer medo.

Apenas restou o que se ergue,
pois, mais ninguém, mais nada lá ficou.
Junto a ultima gota que verteu,
taça de cristal, vinho, e sangue,
estilhaçada a vida se quebrou.
Por testemunha a noite, que esqueceu.

O solo pontilhado de luar,
vazando aos vidros coloridos;
cintilou em matizes de carmim,
que a aurora escureceu ao raiar.
Revelando os Reis adormecidos,
em uma noite, que não teve fim.

Mas, o Sol não trouxe a claridade
que rompesse a densa névoa escura,
que encerrou dentre a alvenaria,
atrás de portas, paredes, grade.
Causas, culpas da história, pura,
não se soube, o oculto não traia...

E veio o anoitecer novamente.
Trancou as portas, fechou as grades,
cerrando as cortinas e os portões...
Desbotando tons, e o inconsciente
se encarregou de criar verdades.
Por provas, fez de mitos as razões...

Recolhido entre as salas desertas,
os anos a somar o abandono
pilharam a beleza em pedaços.
Abrindo furos, rasgando frestas.
E o dormir deste eterno sono,
Morfeu colheu por entre seus braços.

Tudo agora é escombro somente;
cravado à cidade, triste confim
de velhos espectros e da sombra.
Partilhado ao mendigo, indigente,
covil de ratos, aranhas, capim,
que feri aos olhos frágeis que assombra.

Mas, longe da escuridão, um alguém
guardara a lembrança, a luz vencida.
Que afundou-se aos relógios se pôr.
Lembrando a quem, já a muito além...
por tantos anos, por toda vida.
Posto uma prova que houvera o amor.

Solitária rosa, deixava ali.
Em data exata, quando ao ano vem:
De aniversário um presente terno,
no envelhecer do castelo e a si...
Até que a noite deitou-se também,
a pele esfriando-lhe de inverno.

E a ruína, assim, ficou mais só
e a historia, tornou-se rumor.
O castelo apartou-se do mundo,
sequer memória, saudade, ou dó.
Como se sempre ele fora a dor;
tal de canto algum oriundo...

Quiçá, a torre, querendo altura,
qual mão, apenas anseie outra flor,
pelo céu procurando a encontrar...
E para não quebrar-se a jura,
fez das pedras, pétalas, por amor.
Fez-se o castelo uma rosa a murchar.

Foto de Carmen Vervloet

Carta à Minha Mãe

Minha querida mãe,

Quantas saudades!
Dizem que na eternidade o tempo é lento,
mas aqui ele passa mais veloz que o vento!
Tenho a impressão que faz
uma eternidade que você nos deixou...
Sinto sua falta de uma forma tão intensa
que dói, dói, dói muito o meu
saudoso coração!
Quanta falta você me faz mãe!
Você que sempre foi minha
melhor amiga, confidente,
companheira e conselheira,
hoje, sem você, minhas lágrimas
escorrem qual cachoeira,
numa torrente de saudade!
Procuro até não dar muita bandeira,
mas sua ausência deixou
uma lacuna irreparável em mim,
uma tristeza que não tem fim!
Mas chega de lamentos!
Hoje é dia de encantamento
e quero dizer que sempre, sempre
vou te amar!
Tenho a mais plena certeza
que está muito bem
porque o bem que fez nesta vida,
a sua luta, a sua generosidade, a sua lida,
a credenciaram a desfrutar de um lugar
muito especial junto ao Senhor.
Só isto me dá alento
e quando à noite ando ao relento
continuo ouvindo sua doce voz:
“Menina sem juízo vai ficar doente”
E então sinto você pertinho de mim
e mato um pouco desta saudade sem fim.
Eu te amo, mãe, ontem, hoje e sempre.
Feliz dia das mães!
Beijos da sua filha,

Foto de P.H.Rodrigues

Homem da calçada

O homem jogado, largado,
na rotina de ver o tempo que passa,
na calçada, a noite, deitado,
seguindo o rumo que a cidade traça.

Na mão, no pagar, no sacar o cartão.
Esperando a justiça que tarda mais não falha.
O peso que sente o bolso para pagar o que vem do solo,
nosso, da gente, do povo.

Do afastado às calçadas da cidade.
Na certeza do ontem, do hoje, o agora.
Onde se começa um novo dia,
e se repete a rotina de ver o tempo passar.

Foto de William Contraponto

SEM PENSAR

Eu me entreguei sem pensar
Já sabia que valia a pena arriscar
Uma paixão assim diferente desperta na gente
A emoção que é se lançar ao fogo
Sem medo do mesmo queimar

O apartarmento que era tão grande
Agora já é tão pequeno
O veneno do nosso atrevimento
Esta por todo canto
E toma o espaço inteiro

Esses dias não são mais comuns
Depois do bar, do vinho e da viagem
Um louco olhar vem surgindo
Convite aberto a alguns segredos
Serem novamente bem vindos

Mas o que nos importa é a energia...
E magia compartilhar
Pelo resto da noite saudando os deuses
Com mantras suspeitos de amar

Foto de Alexandre Montalvan

Perdão

Eu me disfarço de pesadelos e pensamentos

Faço tudo pelo tempo como a noite ou o dia

Que talvez você diga em apenas um momento

Vira o mundo espanto chama ardente tormento

E me tolhe de repente desta aventura errante,

Tão distante palpitar

Sou feito sangue que jorra, feche o livro por ora

Abra os olhos antes que a fera que devora te olhe

Espere que eu parta, não tenho mais desejos

Você é a dor do mundo inteiro e queima

Como ondas de fogo que teima

Em me matar

Não fazes parte deste tempo, é o abrir de uma janela

E me ver no amanhã, como fosse um maldito retrato

Disforme inchado sem perna ou braços, sem boca

Gritando . . . perdão!

Alexandre

Foto de Carmen Vervloet

Noite Encantada

Na antiga praça, refúgio dos apaixonados,
passam de mãos dadas, sob o luar,
um casal de namorados.

E a lua, no céu
azul diáfano, perpassa formosa,
cheia de argênteo, cheia de graça.

E o casal vai, cheio de graça,
cheio de sonhos, cheio de prata,
seguindo o luar.

Vai, flutuando na paixão,
perdido num mundo de ilusões
trocando juras de amor
no encantamento do luar.

Mas quando a noite se vai
e a lua cerra seus olhos brancos,
surge o sol com seus raios escaldantes
e liquefaz o encanto daquela noite de ilusões.

Foto de Ronita Rodrigues de Toledo

DELÍRIO

Num momento degradante,
Entre palavras tortuosas,
O expulsa impiedosa
E ele sai sem hesitar...

Ao abrir a sua porta,
O vento da noite fria
Invade a sala vazia
E faz tudo se calar...

Na vastidão da noite cinza,
Na janela o emoldura
E vê seu vulto a se perder...

Se tranca em seu quarto
Para fugir do desespero,
Lança a face ao travesseiro
Para as lágrimas conter...

Enquanto traga de um copo
Para o desejo embriagar,
Fantasmas sorrateiros,
Flutuando no cinzeiro
Seus lábios vão beijar...

Desejara nesse instante,
Fosse só por um momento
Te-lo em seus braços
Como o tem agora o vento

Na solidão do quarto frio,
Divagando em pensamentos,
Mergulhada em seu pranto
Ela vai adormecendo...

Em meio a desatinos,
Entre soluços e gemidos,
Ouve a voz de seu amado
A sussurrar em seus ouvidos...

E num delírio profundo
Sente o corpo flutuar...
No aconchego de seu mundo,
O amor se perde
Ao se encontrar...

Ronita Marinho
Registro BN

Foto de Ronita Rodrigues de Toledo

ABISMO

Vou andando por aí
meio afobada
a procura de mim...

Corro ruas,avenidas,
dobro esquinas,
vou de encontro
a contra mão.

Meu relógio parou,
é inverno
o sol se ofuscou...

Escrevo o passado a giz,
apago as tristezas
e arrisco dizer
que fui feliz...

E o vento da noite
vem me falar:

-A vida é mesmo assim!
Posso e falo por mim
que ontem bramia
com a tempestade no mar
e hoje sou briza solitária
na noite fria a sussurrar...

E... vou andando por aí
na companhia
do meu grito calado,
escalando o abismo
que há em mim...

Vou em busca de outros braços
para abraçar meu abraço
e eu possa, quem sabe um dia...
encontrar-me
em fim...
Ronita Marinho - BN

Foto de CarmenCecilia

SÓ QUERO...POEMA

Essa música é tão alto astral, tão SANGUE BOM,que me inspirou a escrever esse poema de improviso:

EDIÇÃO: ENISE

TRILHA SONORA: SANGUE BOM

Só quero...

Só quero...
Você ao meu lado
Para o que der e vier
Sem passado...
Em qualquer cenário

Só quero acordar do teu lado...
Adormecer também e estar contigo
Junto mesmo que no pensamento
O dia inteiro e a qualquer momento

Só quero teu aroma
Pra ter certeza da tua presença
Mesmo na tua ausência...

Sentir tua mão amiga
Ouvir tua cantiga
Rir e chorar contigo
De tanta felicidade

Apaziguar e guerrear
Mais um dia
Mais uma noite
Na tua companhia...

Ter a mesma verdade...
Somar metades...
De sonhos e vontades...
Ah! Eu só quero...
Só quero eu e você...
Você e eu...
Um mesmo céu...

Carmen Cecilia
27/04/2013

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