Noite

Foto de Sonia Delsin

SEM SEGREDOS

SEM SEGREDOS

Na noite insone desvendo todos meus segredos.
Enfrento todos meus medos.
Admiro a lua completamente nua.
Ela e eu.
Sinto a brisa. A minha pele vai arrepiando.
E penso.
Estive numa corda bamba caminhando.
Estive me desafiando.
Estive me enfrentando.
Pra que tudo isso?
Pra que?
Me vejo onça.
Os beiços a lamber.
Pra que sofrer?

Foto de ivaneti

Cicatrizes " Escravidão "

Cicatrizes
(Ivaneti Nogueira)

Em meu corpo ainda trago as cicatrizes do passado
Em que naquele tempo a dor estava presente
Um tronco, um preso e o pé acorrentado
Chorava, gritava, gemia e a justiça era ausente!

Na vida... Fome, sede e frio foi o que passei
Por amor enlouqueci! Cheguei a pensar que ia morrer!
Me apaixonei! Embriagado no desejo eu me entreguei
Vi meu mundo cair e minhas lágrimas a correr

Em meu destino não tenho esperança, vejo escravidão!
Fui marcado a ferro! Escravo do amor e do preconceito!
No coração fiquei sozinho chorando junto a solidão!

Ainda recordo, tristemente... A cada sol que nascia
Meus dentes eram forçados a sorrir. Á noite a lua me vestia!
Hoje, ainda cansado, carrego nas mãos a carta de alforria!

Foto de Paulo Gondim

A figura - (Cordel)

A FIGURA - Cordel
Paulo Gondim
02/04/2007

Tomei um sopapo no meio do peito
Senti o efeito daquela pancada
Caí meio tonto, naquela calçada
Que fica na rua, do lado direito
Tentei levantar, mas não teve jeito
O mundo rodou e fiquei mesmo lá
A dor que senti nem dar pra contar
Deitado fiquei à beira da praça
O povo da rua achava era graça
Da pobre figura que fui me tornar

Um "filho de Deus" esboçou piedade
Me deu um remédio, pra dor na cachola
Passou um sujeito e me deu uma esmola
Pensando que ia fazer caridade
Porém sem saber qual era a verdade
Mas logo saiu e eu fiquei lá
Perdido, esquecido, naquele lugar
Um outro passou e de mim fez piada
Os outros, ali, só deram risada
Da pobre figura que fui me tornar

O tempo correu, a tarde chegou
E quase ninguém olhava pra mim
Ninguém perguntava de onde é que vim
E pouco importava pra onde é que eu vou
O que ocorrera e como é que estou
Então acordei e me pus a pensar
Como foi que cheguei naquele lugar
Se nem eu sabia o que me ocorreu
Se nem o sopapo eu sei quem me deu
Só sei da figura que fui me tornar

Mas essa figura tão rude e tão feia
Ergueu a cabeça, se pôs a olhar
O povo passando pra lá e pra cá
Calado, sisudo, com cara de "meia"
Se ali tinha vida ou se a vida era alheia
Pensei cá comigo: vou me levantar
Vai ser “uma briga”, mas eu vou tentar
Um pé para frente, um outro pra cima
Bati na parede e no poste da esquina
Mas essa figura de pé vai ficar

A tarde findou e a noite se fez
E eu já de pé, para rua andei
No meio da praça, num banco sentei
Mais uma esmola me deram outra vez
Eu não entendi, porém fui cortês
E o povo passava pra lá e pra cá
Algumas pessoas ficavam a me olhar
Eu desconfiado, sem saber por que
Ai percebi e fui também ver
A pobre figura que fui me tornar

Da praça, eu sai com a minha tristeza
Andei pelas ruas, no meu desalinho
Vereda ou picada pra mim foi caminho
Na minha viagem de pura incerteza
A noite avançada me trouxe fraqueza
Porém, mesmo assim, não parei de andar
Sem destino certo e aonde chegar
Levando comigo as dores do mundo
Tão fraco, tão feio, igual moribundo
Essa pobre figura que fui me tornar

Eu dormi um sono, num canto qualquer
E só acordei com o clarão do dia
Rezei um “Pai nosso”, uma “Ave Maria”
Acendi logo um fogo e fiz um café
O sol clareou e eu já de pé
Saí apressado, me pus a andar
Com a leve certeza de que vou chegar
Num porto seguro, tão certo pra mim
Que me dê guarida e que possa enfim
Sair da figura que fui me tornar

E por todos caminhos, por onde passei
Tristezas vivi, não vi alegria
Vi pouca coragem, mas vi covardia
Amor, compaixão eu não encontrei
Porém, mesmo assim, aqui eu cheguei
De volta pra terra, que é meu lugar
Daqui eu não saio, aqui vou ficar
Mostrar para o mundo o fim da amargura
O renascimento dessa criatura
E a NOVA FIGURA que vai se tornar!

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Publicado no Recanto das Letras em 05/04/2007
Código do texto: T438374

Foto de KarlaBardanza

ESTOU PELO AVESSO

Delícia é tua língua
descobrindo meus precipícios,
solistícios de primavera,
eternidade de quem espera...
De olhos fechados,
vejo céu de veludo,sinto tudo,
provo teu corpo,teu desejo
e sou algo entre o céu
e o mar,quero isso,quero,
quero sentir se sentir é amar...
E tuas mãos são guias,de noite
o dia,de dia sou noite e ardo,
e não tardo a ver estrelas...
Minha mais profunda pele
é tua taça,sou borboleta,
asas abertas,tu casa mi casa,
a gente se casa,a gente se acha...
Encaixa tua alma na minha...
Ó...Nem sei mais o que estar sozinha...
Saboroso momento de sensações...
Mais e mais...Toque-me...
Bocas em passeio,meu seio,
meu desejo te sente,te sente...
A gente viaja em alegria,
sintonia perfeita,
poesia de corpos,poesia do infinito...
Te fito e tudo é recomeço,
e estou pelo avesso...

Karla Bardanza

Foto de Carmen Lúcia

Evocação à Lua

Quero te sentir bem perto, coração irrequieto,
Pisar de leve tua aura branca, clara, mansa,
E derramar recônditos sentimentos
Em teu manto de luz que a dor abranda.

Levam-me a ti, meus pensamentos,
Teleguiados por anseios e tormentos,
Que de tão sedentos já chegaram aí
Em busca da mais pura inspiração,
Latente, na alma ardente dos amantes
E que aflora, submissa à tua atração,
Quando à noite tu despontas tão vibrante.

Não... Não ouças as serenatas doidivanas,
As juras mentirosas, dolorosas, levianas,
Nem uivos de lobos, falsos, traiçoeiros,
Agourando desventuras aos amores verdadeiros.

Ouve-me hoje... tão somente a mim,
Pois, desafiando a noite, abraçar-te vim,
Estou só e minh’alma clama tua afável chama,
Ajuda-me a delinear palavras, que apagadas,
Tento reacender com tua magia, imbuídas de poesia,
Veste-me com as rimas mais ousadas, mais lunáticas,
Pra compor meus versos de amor sem fim...

Batiza-me em tuas fases, com o teu luar,
Pra que eu consiga transcender e ser lunar,
Capta minha essência, me vejas nua,
Intensifica meus sonhos, clarifica meu poetar,
Envolve-me em teu fascínio...Possui-me, lua pura,
Torna-me, enfim, poeta... para que eu possa gritar
Com as inaudíveis vozes da alma, o que é amar!

E ainda que as nuvens te encubram, já dormente,
Ver-te-ei reluzir como um céu torvo que se estrelasse
de repente!

Foto de Cecília Santos

VÍDEO POEMA (CINZAS AO VENTO)

CINZAS AO VENTO

Pedra Grande, a cidade inteira, a seus pés,
Vento cantando, e o sol intenso a brilhar.
E nesse recanto tranquilo, e mágico que a natureza criou.
Você se transformou, em milhões de pontos cintilantes.
Cada partícula de cinza, do que se transformou seu corpo,
Foi levado pelo vento, livre e solto pelo ar.
Nas asas transparentes, de um anjo lindo à voar.
E recebendo os raios do sol, ia se transformando.
Em milhares de borboletas coloridas, que voavam pelo céu.
Nesse lugar lindo e imenso, que quase se mistura ao céu.
Com certeza você, vai continuar a voar,
por entre as nuvens brancas de algodão.
Por entre as pedras esculpidas, pelo força da chuva, e do vento,
Vai cantar e dançar, com a brisa leve, e perfumada.
Fará parte do dia, da noite, do sol, e será arco-íris colorido.
Depois que a chuva cair, como uma gigante gota transparente,
Flores nascerão por entre as pedras.
E a vida vai permanecer, sobre esses rochedos.
Assim como as ervas daninhas, e as flores, você também viverá.
Pois o espírito não morre nunca, é eterno.
E no espaço, e no tempo, você se eternizou.
Reluzirá em cada raio do sol, todos os dias.
E cada estrela do céu, terá o seu brilho.
A brisa será leve, e perfumada como seu riso.
As chuvas que cairem, serão suas lágrimas,
que apagará o pó, e aliviará a alma sofrida!
Você será isso, e muito mais...!
Você será a própria existência...!

Direitos reservados*
Cecília-Poema feito p/minha filha Fernanda em 10/04/07*

Agradeço à Fernanda Queiroz, que me presentou coma a elaboração
desse vídeo poema, no qual muito me emocionou.
Beijos a você querida amiga, te amo!
Cecília

Foto de Carmen Lúcia

Visconde de Mauá

Um recanto de encantos,
De magia, misticismo,
Desenhado nas entranhas
Da Serra da Mantiqueira,
Pelo Artesão da Vida;
Eis, Visconde de Mauá...
Quem não crer, vá até lá!

Cachoeira Véu da Noiva,
Festival dos festivais!
A grinalda pura e branca
Se desliza pela serra,
Espumando sobre a terra
De Visconde de Mauá...
Quem não viu, vá até lá!

No morro Pedra Selada,
Lugar de mata fechada,
Onde as trilhas são mistérios,
Os caminhos têm fascínios,
De duendes e regatos,
De cipós, jacus, macacos.

Rio Preto corre manso,
Contribui com o descanso,
Mas, se cheio, as corredeiras
Dão vazão para a coragem,
Estimulam à canoagem.

Um rincão onde o poeta
Busca sua inspiração...
E foi lá, se não me engano,
Com lirismo e eficácia,
Que da alma de Caetano
Nasceu "...Choque entre o azul
e o cacho de acácias..."

Nas flores, em exuberância,
Há um toque de arrogância,
Exalando pelos ares
Suas essências e fragrâncias...
Como ornatos, pelos matos,
Brincam as cores das begônias,
Revelando esconderijos,
As marias-sem- vergonha.

Quando o sol pinta cedinho,
Degelando a geada,
Passarada deixa o ninho,
Principia um escarcéu...
Maritaca, gralha-azul,
Fazem baile lá no céu.

Chega a noite, branca e nua
Vem a lua se mostrando
E na fusão dos pisca-piscas
De estrelas e pirilampos,
Só se vê pra todo canto
Mil pontinhos cintilando.

Num lugar onde a beleza
Vai de encontro à natureza,
Tecnologia se esconde,
O progresso...nem de longe!
Só ar puro em demasia,
Tanta diversidade em harmonia
Onde mora a poesia,
Eis, Visconde de Mauá,
Quem não foi...vá até lá!

Foto de Maria Flor e Rabiscos

"Maktub"

Estava escrito que um dia seria assim:
- Viria de tempos remotos,
de tempos passados,
de terra distante...
Te encontraria nas esquinas da vida.
Nos olharíamos e o universo conspiraria
a nosso favor...

Um roçar de pele,
um olho no olho,
um sorriso,
uma lágrima,
a saudade,

E o amor nasceria...

Seriam desencontros,
encontros,
sorrisos,
promessas,
Palavras soltas ao vento...
Um querer e não poder,
presente, ausente...
O sol que energiza
a terra
A lua que embeleza
a noite...

Entraria em erupção
como um vulcão.
Sereno como as
águas do lago...
Noites repletas de amor.
Noites de longa ausência, solidão...
Seria no raio de sol,
na tempestade.

No delírio das horas mortas,
nos encantos e nas essências,
que nos encontraríamos.
Seriam breves momentos
de pura felicidade,
longas horas de tortura.

Mas estava escrito.
É assim que espero.
É assim que quero amar,
e ser amada,
Sempre mais...

Foto de Cecília Santos

BARCO À DERIVA

BARCO À DERIVA
#
#
#
Procuro um lugar.
Procuro um olhar.
Meu paraíso.
Sou um barco á deriva.
Mar a dentro à vagar.
Nas noites escuras,
sem farol pra me guiar.
Procuro calor.
Procuro amor.
Procuro você.
Fito as estrelas.
Procuro seu doce olhar.
Ouço ao longe, uma canção.
Mas é só o sussurrar do vento.
Vejo seu vulto na escuridão.
Mas é somente, as ondas à dançar.
Procurei-te em vão,
na terra, no céu, no mar.
Minha noite de vigília,
chegou ao fim.
Naufraguei na minha própria angústia.
Na minha própria solidão.
Quando o sol despertou,
banhando-se no mar.
Fui envolvido pela sua claridade.
E renasci outra vez.
Como todos os dias,
Morro e renasço,
Procurando você.

Direitos reservados*
Cecília-SP/04/2007*

Foto de Maria Flor e Rabiscos

Vestida de Vermelho...

Pelas ruas estreitas da madrugada
perdida nesta bruma incompleta
do sonho e da meditação
meus passos arrastados
respiram minutos de solidão.

Vestida de vermelho e nostalgia
a ternura cálida
de um amor ausente.

Sinto-me só
nesta madrugada fria
sem o calor dos teus lábios ardentes
só, sem o delírio dos teus braços
sem o suspiro do teu corpo.

Queria ser vida!

Que esta saudade madrasta
as horas da noite arrasta
em milênios de reflexão.

Meu corpo cansado
indiferente aos sorrisos
de lábios comprados
mas é o seu que tão distante deseja.

Num murmúrio escaldante
teu nome desenho sem tinta nem papel
apenas amor basta.
Amor que é teu
porque apenas tu
em paixão o transformas-te.

Vestida de vermelho
na madrugada que arrasta
esta saudade
e não tem fim...

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