Noite

Foto de ssoaresmartins

aquarela sertanej

saudade,triste saudade
como no peito gravado
esse é, o penoso salário
de quem busca, viver o passado
de ti hó porteira velha
quase nada restou enfim
só os troncos de braúnas
e alguns paus de angelim

nas boas férias de julho
na anciosa caminhada
seu rangido, parecia
alegre com minha chegada
emocionado eu abraçava a vovó
que me punha a esperar
o café de rapadura
com umas broas de fubá

minha boa e velha amiga
bem conheces meu passado
daquele amor primeiro
o beijo que não foi vingado
se com um pequeno canivete
um coração desenhei
muito grande foi a paixão
com que em ti, o nome dela gravei

com tio nelson eu brincava
nas palhadas de feijão
abra o fole da sanfona
hoje é noite de são joão
as meninas arriscam sorte
com quem hei de me casar
dança valsas e rancheiras
até o dia clarear

que pena passou depressa
minhas férias acabou
preciso voltar ao colégio
papai um recado mandou
adeus sitio da bôa esperança
com um nó na garganta eu falava
um rangido agora triste
dentro da mata ecoava

e assim foi pôr muitos anos
minha mocidade chegou
mas um dia que tristeza
tudo de bom se acabou
a vovó muito velhinha
resolveu dali mudar
foi-se embora para são paulo
para nunca mais voltar

fui ao sitio com meus tios
que crueldade aquele dia
todos olhavam triste
para tudo que acontecia
ao passar pela porteira
amiga da infância querida
foi seu rangido mais triste
que ouvi em minha vida

e hoje aqui de regresso
contigo me deparei
mas ao ver o seu estado
te confesso que chorei
seus paus já apodreceram
nem o coração existe mais
só os troncos de braúnas
perdidos nos matagais

o tempo impiedoso
vai fazendo o rumo mudar
adeus sitio da bôa esperança
adeus canto do sabiá
e de tudo só restou
uma lebrança rotineira
atormentando a minha alma
o rangido da porteira

Foto de Menina do Rio

Toca-me

Toca-me
com suavidade e ternura
ainda que distante
Enlaça-me pela cintura
nesse instante
enquanto te acaricio
as tuas costas
perde-te neste cio
sei que gostas
me afaga a pele
ardente de desejo
e deixa que eu me afogue
nos teus beijos
Varre a calma
da minha alma
com teu jeitinho
ama-me devagarinho
deixa que a noite se faça
um poema neste corpo
que me abraça
em tuas ondas deixa navegar
esse carinho sufocado que consome
mergulha na fonte do meu olhar
e terás meu mel a saciar tua fome
(by menina do rio)

Foto de Carmen Lúcia

" A morte do cisne "

Últimos passos da última valsa...

Pas des deux,..pas de bourrée .
Últimas piruetas, rodopios, calafrios...
Arabesques, développés, coupés...
Chopin, Strauss...Noturno?Soturno!!!
Que se tisne o Lago dos Cisnes...
Leve-os a morte...cumpra-se a sorte!

Da doce bailarina, resta a rima...

Da ternura, pureza, purpurina,
Encantos que realçavam a magia,
Dos passos e repassos, luz que reluzia...
Nada restou...somente a noite fria...
E cara a cara com a vida,
Perderam-se encantos, queimaram-se fantasias.

Nos olhos agora, ar de ironia...

Não mais vê a vida como outrora via...
Mas,o talento ainda aflora e vigora,
E na “salida”, molda a pista qual felina
Em direção ao par que o seu corpo alisa,
Revela as fendas laterais e sensuais,
De um vestido preto, colado, ousado, passional.

Ouve Gardel, ousa um “gancho” num bordel...
Num atrevido “ocho”,usa e abusa da atração...
Andar de gato, elegância e aparato,
A flor vermelha nos cabelos, um desagravo,
Seus lábios sorvem o gosto amargo da paixão...
“Y aquella noche lejana”.. triste recordação!
Tango e solidão...nada que cause emoção!

Carmen Lúcia

Foto de Luana Carla Ribeiro

Desejos

Desejo a você
Fruto d mato
Cheiro de jardim
Namoro do portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme de Carlitos
Chope com os amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango Caipira em pensão do interior
Ouvir um paçavra amável
Ter uma surpresa agradávelVer a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir o canto do passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.
(Carlos Drummond de Andrade)

Foto de elcio josé de moraes

LUA CHEIA

Eu quero ver o sol lá fora,

Na selva me embrenhar agora.

Ver rios, igarapés, vou embora,

Não sei se vou voltar senhora.

Se à noite a solidão vagueia,

Até que a lua vem bem cheia.

Eu pego o violão e a esteira,

E canto uma canção na areia.

Se a vida é pra viver, vem vida,

Por terra, céu e mar, bem vinda.

Nascer, crescer, vencer, tão linda,

É esta natureza infinda!..

Escrito por ELCIO J.MORAES

Foto de Sonia Delsin

OS AMANTES

OS AMANTES

Dentro desta noite fria quem somos?
Embaixo das cobertas nos abraçamos.
Quem somos?
Baixinho nos falamos.
Nossas bocas se procuram.
Nos beijamos.
Nos acariciamos.
E a noite se arrasta lenta.
Parece que tem pena.
Parece que tem pena de dois amantes que não querem ver o amanhecer.
Tudo amanhã, ao brilho do sol estará finito.
Este nosso amar tão bonito.
Quem somos?
Uma luz mortiça vai guardando o que vê.
E o que vê é duas silhuetas sob as cobertas.
Num mexe e remexe.
Penalizado o relógio o ponteiro avança.
Um bem-te-vi vem perto da janela anunciar que o encanto acabou.
Um dos dois precisa se levantar.
Acabou-se o tempo de amar.

Foto de Logan Apaixonado

Existo, é só...

Existo e é só
Não sinto a brisa leve da manhã
Nem o calor confortante do sol
Na noite a lua não brilha
Meu olhos cerrados, não enxergam a vida
E escapa de canto uma lágrima sofrida
Meu pranto sem som, amigo fiel
Olho em volta, sem ver o evidente
Realidade mórbida do qurto frio
Apgam-se as luzes da vida incandescente
Meu mundo ficou turvo
A solidão amargurada corrói minha alma
Calado em meu canto, só ouço o pranto
Do meu coração ferido
Em um fraco gemido, expresso minha dor
Pois sem amor não o que é viver

Foto de Carmen Lúcia

Enquanto você dormia...

Enquanto você dormia...

A noite acordou o céu,
Estrelas cantaram,brincaram,
Girando feito carrossel...
Uma brisa serena passou
E o chão se levantou,
Sob um intenso clarão...

Enquanto você dormia...

A musicalidade dos grilos
Pincelava de cores
Espaços escuros
Que a luz não alcançou,
Cobrindo-os de amores,
Os pirilampos pintores...

Enquanto você dormia...

A lua acordava
Iluminando o telhado
Do gato que miava
Solitário...soturno,
Arisco...noturno...
Tal qual o poeta...livre de idéias,
O gato não se prende a pessoas...
Sem se deixar pegar
Parte pra outro lugar...

Enquanto você dormia...

O verdadeiro silêncio
Pôde ser ouvido
Pelos sons da noite...
De repente...um grito
E tudo se agita...
O mistério palpita...
E uma sombra errante
Move-se escondida...
Desaparece num instante,
Fugaz como o tempo
...para os amantes...

Enquanto você dormia...
...e nada via...

Foto de NiKKo

Fazendo um brinde

Ao ouvir o toque da campainha naquela noite
Meu coração bateu muito mais acelerado..
Pois eu tinha preparado tudo especialmente
Para te receber da forma mais adequado.

Deixei a champanhe no balde de gelo
Na mesa o jantar seria a luz de velas
Flores perfumavam a casa inteira
Na cama pétalas de rosa a deixavam mais bela.

O jantar foi tranqüilo e gostoso
Em meio a conversas triviais eu ficava a te olhar
O som que enchia o ambiente era suave
Ate que te convidei para dançar.

Nossos corpos colados ao som da musica
Foram despertando em nós o desejo
Por momentos infinitos nos olhamos
E calamos nossos sentimentos em um beijo.

Deixamos a emoção falar mais alto naquela hora
Nos entregamos com ansiedade aquela paixão.
Nós perdemos uma no corpo da outra
Vivemos ali a momentos de loucura e sedução.

Mas o dia já despontava lá fora
E envolta nos lençóis um brinde eu quis fazer
Afinal eu precisava deixar claro a minha alegria
Embora fosse a primeira e ultima vez que eu iria lhe ter.

Eu sabia que quando ao nascer do dia
Você para outros braços você iria voltar.
Mas eu não conseguiria seguir meu caminho em paz
Se pelo menos uma única vez eu não fosse te encontrar.

Porque eu te amei e você sabe disso
Teu corpo foi meu e ainda me quer
Você despertou em mim todos os sentidos
Em meus braços foi “amante e mulher”

Por isso eu hoje estou aqui sozinha
Em minhas mãos uma taça de champanhe
Talvez você ao lado de seu novo amor
Envolta nas nossas lembranças meu brinde acompanhe.

Foto de Sonia Delsin

MINHA LEVE ALMA

MINHA LEVE ALMA

Minha leve alma voa na madrugada.
Na prisão de carne ela não fica aprisionada.
Ela explora o espaço.
O tempo.
Minha leve alma cansa-se do dia e busca o silêncio da noite.
Busca o silêncio da hora.
E vai embora.
Vai... desliza lenta por entre as estrelas.
Visita antigas paragens.
Minha alma gosta destas viagens.

Ela pisca pra lua e segreda com ela.
Minha alma a chama de bela.
Minha alma é isso...

Busca a leveza.
Não se quer presa.

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