Olhar

Foto de Jardim

na luta diária, tropeços

na luta diária, tropeços,
pedras, nuvens, ventanias,
gasto meu tempo, perjuro,
gasto meu grama de coragem,
meu punhado de futuro.

sigo com o olhar atento,
como quem leva a urgência
de um recado, resoluto,
cumprindo algum mandado
por força do insondável absoluto.

entre as colunas da tarde
calcinadas de lástimas,
entre as paredes, descrente.
um sol melancólico queima
onde ninguém pode ser indulgente.

entre os devassados
esconderijos que busco
entre a sede e a bebida
se vai sem perceber um dia,
um mês, um ano, toda uma vida.

perdulário das horas, dos minutos,
do mundo que eu não soube decifrar,
troco por incerteza o ar errante
e por força do hábito
troco o porvir por um instante.

dos passos em que cego me revelo,
a cada queda me recobro,
preservo o fogo que em mim dura,
no qual forjo, sem medo ou angústia
as faces da máscara futura.

na treva em que me embrenho
sem saber quem sou, existo.
nas vertigens do alento,
sobre as curvas do caminho
ultrapasso a curva do momento.

outro céu, outra fome, outro corte,
por não saber quando parar,
giro e oscilo entre penhascos,
busco solução na chuva e no ar
por não haver alívio para os meus ascos.

Poema do livro Diários do Desassossego
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Foto de Jardim

ando só pelas ruas desta cidade fria e vazia

ando só pelas ruas desta cidade fria e vazia.
carrego comigo o hiato das impossibilidades
e a carga dos desenganos que fazem
da noite de sábado um proscênio solitário.

encarnação de vazios, deixo para trás
pontos de interrogação e concluo
que há muita incerteza nos caminhos
que se abrem à minha frente.

dialogo comigo mesmo, danço a coreografia
dos absurdos, réquiem inevitável
de um futuro que nunca existirá,
passos em terra de ninguém.

na praça dos consolos inúteis
distribuo a piedade que só os miseráveis
são merecedores, na minha andança
sem fim recebo do passado arrepios,
os sorrisos compartilhados são a véspera
dos desassossegos futuros.

ando sem rumo por ruas movimentadas
tentando olhar dentro dos olhos
das minhas verdades e sentindo
a batida do martelo dos remorsos
que só as escolhas erradas trazem.

fragmentos de promessas espalhadas
pelo chão, vestígios pelos muros
de possibilidades impossíveis
originadas no âmago das minhas covardias.

ando só e por aí me perco, uso a bússola
da minha inquietude, sigo as placas
dos meus medos, arranco da memória
uma fatia de sonhos que está guardada
em um frigorífico abandonado
e que quebra quando a toco, algumas coisas
são tão sagradas que não podem ser tocadas.

ando sem rumo, rumo ao improvável,
por alamedas, atalhos, pontes
e abismos que me conduzem.
andanças intermináveis, pelo caminho
questões sem respostas,
respostas sem perguntas,
coisas que não são nada,
nadas que me deixam mudo,
promessas que ouço do luar,
das gotas da chuva que nunca choveu.

estrada feita de horas e horas, o vento
e suas navalhas cortam constelações ilegíveis,
o espelho da finitude desfilando
vácuos inefáveis como se o passado
e o presente andassem de mãos dadas
sorrindo e falando alto nos corredores
desertos da minha intranquilidade:
a sagração de um vazio
que nega a si mesmo.

ando só e sem destino
sob a passarela fúnebre
deste céu de possibilidades mortas
e paixões cegas, enxergo a dureza
dos muros, os papéis levados
pelo vento e os automóveis, converso
comigo mesmo em profundo silêncio,
respiro a textura de um adeus
que faz a alma se encolher
até um canto qualquer
como um detento sem ambição
e sem propósitos, como quem
espera por alguém que não existe.

me prendo a ilusões que escapuliram
de minhas mãos como se nada mais
fosse possível, uma nuvem de poeira
formada por escombros de promessas
não cumpridas sufoca
as minhas esperanças e asfixia
o meu futuro e minhas escolhas absurdas.

tenho uma fascinação pelas coisas
que não existem mais, pegadas invisíveis
pelo chão despedaçado
de um caminho confuso, sonhos fatiados
pela lâmina inexorável dos impossíveis,
minutos perdidos e areias antigas
de ampulhetas emperradas pela desatenção.

encho a taça trincada
pelo grito dos desesperados
e brindo a chegada
da minha própria demolição.

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Foto de Jardim

andei pelas avenidas

andei pelas avenidas
até minhas pernas se confundirem
com o asfalto.
ouvi as vozes de amigos desaparecidos
e de antigas paixões
perdidas num passado distante.

tantos anos, tantas mudanças,
tanta coisa mudou.
mas tudo permanece tão igual
reverberando nas paredes.

à noite vi o meu reflexo no espelho
e não reconheci meu próprio rosto,
somente meu olhar vazio.
eu podia sentir o sangue
em minhas veias
tão negro e tóxico
como a chuva ácida
que cai sobre as ruas de são paulo.

caminhei por ruelas, becos e travessas
seguindo o eco de meus próprios passos
para tentar fugir de mim mesmo
e encontrar um refúgio
profundo e escuro.

despi qualquer desesperança
que ainda restasse,
deixei o momento calar.
deixei a manhã chegar
para esquecer os relógios,
os infernos e os paraísos.

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provo teu negro amor

provo teu negro amor,
teus lábios amargos
na escuridão de nosso beijo.
o espelho reflete nossos corpos nus
e o negrume que nos acompanha.

púbis clara,
lua rara,
nossa roupas
pelo chão
da sala.

teus olhos imóveis
são pedras preciosas
a comprar o vazio da cama.
uma mulher vazia de sonhos.

tua beleza,
que me fez te desejar
acabou por sublimar
as outras tantas
que já desejei
como se todas as outras
tivessem em ti se consolidado.

rosa
escarlate
banhada
no orvalho
das minhas lágrimas.
rosa a me ferir
com seus espinhos.

tua voz
branca,
descrente,
como uma anêmona
entoa num cântico profano
o desalento deste amor
numa longa e triste canção.
o espelho refletindo nossos sexos
e a triste constatação de teu olhar imóvel
como pedras preciosas
a comprar o vazio da cama.

no escuro do quarto
sinto o calor de tuas mãos
e da urgência com que gozas.
a te chupar,
a lambuzar meu rosto
com o teu suco.

a sentir os teus dedos
que me acariciam
cada um de meus sentidos entorpecidos
como o despertar de um sonho
que insiste em não terminar.

diante de teus lábios amargos
me torno tua sombra,
um cão fiel,
um obsceno fruto, teu mel
a tornar amarga a minha vida.

atmosfera escura,
lua obtusa,
acredito em tua mentira
mais uma vez: sou tua.

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em minha boca calada

em minha boca calada guardo palavras mortas e assisto um mundo que silencia turvo e triste, nada mais o que dizer diante desta imobilidade. a incômoda certeza de não mais estar vivo apesar das evidências. só tu permaneces, ainda que ausente. atravessas as horas como se o tempo fosse para ti um brinquedo, como se fôssemos eternos, como se fosse possível esperar o teu retorno e que novamente caminhássemos juntos. estranha liberdade que me torna insensível ao azul do céu, que esconde meus alicerces ruídos, minha casa incendiada, minha rota abortada. um pouco mais e se terá ido o teu olhar, mais um pouco e também a tua pele. em seguida o vento levará o teu cheiro, assim como já levou minhas ambições. escrever é lembrar quem fomos, é aceitar quem jamais seremos.

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Foto de Jardim

será que consegues

será que consegues entender que algo em mim passou a bater fora
de seu ritmo, que por onde passo já não tenho pressa, que as noites
deixaram de ser uma busca feroz, que as estrelas, agora as conheço
pelo nome, que naquilo que enxergo surgiram prioridades? será que
percebes que mesmo acordado meu mundo se enovela em sonhos e
que a trama da realidade coaduna com eles tornando mais leve o
tempo? será que escutas a música que eu ouço quando nosso olhar
se encontra no meio de uma conversa e de repente entre nós se faz o
silêncio? ansioso por tocar teus cabelos meus gestos denunciam
minhas intenções quando estou ao teu lado. será que desconfias que
chegar a ti foi o mais difícil dos caminhos, o mais improvável dos
acontecimentos, um lance de dados que não aboliu o acaso? será
que imaginas a extensão da minha fome a te devorar com os olhos, a
ânsia de tocar tuas pétalas e nelas colher o perfume que fabricas?
será que entendes, nas pistas que deixo, na cadência da minha
respiração, a inquietude a que me entrego, até nos menores atos,
nos momentos mais fugazes? mesmo que não enxergues o óbvio,
sigo assim, sem ruído, me aprendendo um pouco mais a cada
instante, me surpreendendo, me reciclando, me recriando, me
reinventando, sem querer apressar as horas, sem precisar de nada
além de que existas.

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Foto de Arnault L. D.

Seguindo estrelas ( navegante )

Enquanto a estrada
ligar o lá ao sei onde?
enquanto a esperança se esconde
no horizonte inalcançada.

Cheirarei a rosa dos ventos,
o perfume da estrela...
No afã de assim vencê-la,
ou na ilusão dos momentos.

Corre de mim o limite
neste olhar que se desfoca,
na humanidade, que soca
o falível que a alma omite.

Do sopro, encho as velas.
Este, que respiro e suspiro.
Enquanto o mundo orbita, eu giro,
a lugar sei lá... seguindo estrelas.

Foto de Moisés Oliveira

Passarinho

As lágrimas todas secaram, não há mais água a escoar, como o rio que no mar termina, desembocaram em seu olhar.

Não há mais data marcada, nada de dia ou solução, minha nova amiga está sempre comigo, te apresento a solidão.

seu jeito bobo de me olhar nos olhos, eletrifica o meu bem estar, o mesmo sorriso que ao vivo encanta, na memória me faz chorar.

meu passarinho voou pra tão longe, de onde está já não vai voltar, é lindo te ver passarinho, colorindo o céu, livre pra voar.

Foto de Moisés Oliveira

Peça velha

Não quero saber de olhar pra descobrir o rumo, quero andar despreocupado, caminhante do mundo.

Não quero pensar em demasia no futuro que está por vir, Quero viver cada momento, acordar e poder sorrir.

Não quero uma vida azeda, ao gosto da sociedade, quero me alimentar de sonhos, quero beber felicidade.

Não quero a comodidade que a tal zona de conforto propicia, Quero sair dessa cerca armada, pra não viver só de nostalgia.

Não quero me enquadrar em padrões ou pertencer à equação, Não me importo em ser peça velha, modelo antigo, fora de produção.

Não quero ter que explicar o óbvio, me entediar na inauguração. Quero reviver o momento, apreciar a obra em exposição.

Foto de carlos alberto soares

Dia de chuva

Hoje a chuva cai mansa
Bucólico olho pela janela
E pela rua poucas crianças
Eu busco traços de aquarela...

À pouco tempo eu corria na chuva
Fazia barquinhos
Circulava a mão e fazia uma luva
Se precisasse brincava sozinho

Todos os meus sonhos
Cabiam no olhar
Jamais me sentia enfadonho
Era livre para amar

A chuva salpica o asfalto
E ninguém está na rua
Sou tomado de assalto
Imaginando a lua

Não sei se a vida mudou
Se perdi meu encanto
Se o tempo passou
E não houve acalanto

O que foi que perdi?
Há tanta vida lá fora
Que enfim descobri
Que o viver é agora

E a janela que insisto em olhar
É o reflexo do fim
Que eu não soube apagar
E hoje recai sobre mim.

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