Ondas

Foto de Marilene Anacleto

Quero Esvair-me Daqui

Quero esvair-me daqui
Feito águas de cascata
Emitindo serenata
Aos ouvidos e sentidos
Dos que têm alma apurada.

Sem um minuto parar,
Assim que puder ver o mar,
Às areias me abraçar
Despedir-me sem soluçar,
Do amado, a caminhada,
Ora alegre ora chorada
Em melodia vibrada.

Como quem ouve o vento
Chamar todos os pensamentos
Os bons e maus sentimentos
Sejam de festa ou lamento,
Agradecer sinceramente
Integrar-me ao mar, finalmente.

As dores que um dia senti
Quando partiste daqui
Pesadelos que vivi
Decepções que sofri
Tua maneira de mentir
Esquecerei tudo, enfim.

Quando me esvair daqui,
Amores irei sentir,
Pela natureza e por mim.
O sol irá transluzir,
O clarão da lua, repartir,
Outro amado a me conduzir,
Nas ondas do mar sem fim,
Estrelas a reluzir.

Foto de Marilene Anacleto

Aos Amigos

Perda de familiares, momentos de tristeza extrema,
Não sei o que dizer aos amigos, procuro a natureza.

Ofereço-lhes uma pintura, um quadro, uma gravura
Do meu lugar favorito: a praia de Cabeçudas.

A gaivota cruza o céu de nuvens de espumas,
Idênticas aos babados das ondas, feito as plumas
Que enfeitam a aconchegante Praia de Cabeçudas.

Vai surgindo devagar ... navega no azul do céu
Que é igualzinho ao mar ...

As praias de Itajaí são os seus lares supremos
Onde os antepassados viveram dias serenos.

A gaivota sabe onde termina o mar e começa o firmamento
Deixa-se bailar e embalar pelas suaves asas do vento.

Não precisa de diploma nesta terra sem lamentos
Confia na natureza que lhe supre de alimentos.

Vem da Caverna do Morcego, atravessa a pedra do Mergulho
Chega ao início da praia onde está o molusco mais puro.

Voar nas asas rasantes e dançar os bailados no ar
Retira-me das tristezas, a gaivota, minha companhia de paz.

Quem não tem pretensão alguma de parecer o que não é
Aqui recebe de tudo: liberdade, aconchego e fé.

Sequer pensa algum dia afastar-se desse céu
A comida está nas ondas, nas rochas. O lazer está no céu.

As rochas oferecem às ondas o instrumento do som
Para ouvidos atentos e almas repletas de amor.

Lazer, alimento, beleza, repouso em meio às agruras
Não falta a quem quiser ver e sentir na Praia de Cabeçudas.

Foto de Daniel Sena

Talvez

Talvez essas sejam minhas últimas palavras
E é possível que nunca mais me vejas, nem me escutes
Talvez seja verdade o que eu soube, mesmo sem entender
Talvez eu quisesse tanto a ti, que esqueci de mim
E ainda é possível fazer com que meu amor seja teu
Posso provar, se quiseres… posso até te ver mais vezes
Talvez não seja só dor, seja querer
Talvez tudo o que eu faça seja por ti
E se porventura estivéssemos com medo?
Talvez nos amássemos já ali, mas as ondas nos assustavam
Fazíamos festa adormecida entre corpos escaldantes
E controlávamos o mundo, éramos tão bons amigos
Talvez eu não soube te encontrar
E por estares perdida, meu amor… a demora nos distanciou
Talvez eu ainda te ame pra sempre, ou te esqueça daqui a algumas horas
Talvez eu me case na sexta, e me divorcie aos 50, com filhos, cabelos brancos
E se estiveres lendo o que penso?
Pensas que talvez possamos dividir tempo e aconchego ainda?
Talvez eu seja um coração, e tu sejas meu pulsar
Talvez eu não valha muita coisa, mas te sou honesto
E é possível que eu te ame tanto, tanto…
Tanto quanto o meu peito suporta durante um suspiro
Talvez eu case contigo, sua boba
E te roube pra mim
Talvez não tenhamos existido, e nos perdemos entre tempos
Somos o que talvez alguns chamem de “almas gêmeas”
Eu nos chamo pelos nomes, e escuto um eco tão apaixonado
Noto até o perfume entre fonemas e dicção
Talvez sejamos o fio mais fino já feito de amor
Por isso nos machucamos às vezes
E é possível não pensar em ti?
Ou não te querer por perto enquanto vivo os meus dias?
Meus solitários, nervosos… às vezes divertidos, mas escuros dias
Talvez eu rasgue os versos que te fiz, só de pirraça
E depois te faça rir, talvez tenhas uma crise de riso
Talvez ao te visitar, eu , na verdade, esteja voltando pra casa
E talvez tenhamos um lindo ocaso só nisso
Com um sol particular, e liberdade pra olhá-lo pelo tempo que for
Não gosto da ideia de te pedir pra me esquecer
Mas talvez seja melhor
Os segundos que não estás por aqui, a mim custam em sangue.

Daniel Sena Pires – Talvez (21/09/2010)

Foto de SANDRA FUENTES

ÀS CEGAS

Vivo
Em um processo
Voluntário
De abandono

Pálido

Em gotas

Nas multifaces
De alguém
Que escreve

Vivo e morro
Todo dia

Ampulhetas explodem por onde passo
E ondas de areia enchem meus olhos
E cegamente
Vou tateando
Sem noção
De tempo

Num caminho
Para um poema novo
Estético
Romântico
Patético

Transpirando lâminas
Atingindo o alvo

(sem querer)

Foto de Anjo Serafim

Revelação silenciosa

Despertei os meus olhos para tocar o que não devia olhar;
E expressar o que não devia revelar.
Ao ver no riso da sua boca a essência da minha sinceridade;
Assim como vejo no além do teu corpo tatuado o conhecimento;
Todavia você é a cobiça da honestidade,
e do colo sossegado do meu caminho certo.
Porém já não me importa sorrir ou chorar,
Tu és mais que respirar duma metáfora e o agir especial das ondas do mar.

Por favor leva-me na produção da sua sedução…
E reveste no meu contentamento a magia da sua encenação.

Você é mais que brilhar da luz duma vela,
o trono da Rainha onde o Agostinho Neto declamaria os seus poemas;
assim como uma das paginas pintadas dos livros de Pepetela.

As vezes fico calado! Quando leio os teus poemas com raros delírios,
que me deixam espantado;
Harmónica é o teu tipo de vestuário que aceito sem me importar se é quente,
Bem como me entrego no seu amor e nos seus desafios…
o meu amor por ti me faz agir como um rico demente.

Nessas suas curvas como da serra da leba é onde me molho,
mesmo na época do cacimbo.
Os teus encantos reflectem a minha alma no espelho,
mesmo que eu diga que não sou um bobo.

Porem a tua mona lisa de mulher é um tempero que frita o teu costume;
Essa calmaria e bugiar das suas carícias limpam o meu Reino,
que cativam a força do meu auge, sentindo me como rei Mandume.

Quis esconder este sentimento, mas é no seu perfil onde me libero,
por isso que do muito que falarei de ti será sempre pouco,
o que eu quero dar-te é muito mais que um presente dum futuro.

Eu não quero sentir o teu amor como um objecto,
eu quero apenas tratar-te com lógicas do amor,
não com discursos, quero dar a minha vida a ti por completo.

Feito em: 22/ 07/ 2011

Foto de Marilene Anacleto

Nos beirais da praia

Feito relâmpago,
O clarão da lua nos abençoa
Entre as folhas das árvores.

Feito canção de amor,
Ondas nos trazem o som do infinito,
Espraiam-se em farfalhar de asas.

Feito uma luz imensa,
A luz divina em nós se expande,
Colore a noite ao toque do beijo eterno.

É o amor
Riso que esparge, brisa que passa,
Canção que ecoa, perfume que exala
Ao toque suave de corpo e alma
Sob as árvores nos beirais da praia.

Foto de Marilene Anacleto

Escrevo para Dizer que Te Amo

O tempo passa, nossa alma se ilumina.

Estrelas colhidas na noite,
Fagulhas a voar das fogueiras,
Picos de ondas, antes da quebrança,
Espuma do mar na areia espraiada
Suntuosamente vividas nesses tempos
Em que nossas mãos deslizavam
Nas faces, nas costas, nos corpos,
Brilham hoje em nossas almas.

Carrega sementes, teu olhar florido,
Da calmante flor de laranjeira.
Tuas mãos são suave afago
Feito a nota sublime de uma lira,
Cujo toque, a alma suspira
E imprime, ainda, calor à vida.

Quero dizer que te amo.
A imagem do corpo perfeito
Perdura ainda na leve memória.
Hoje, o rosto com rugas
Ainda mais e mais amado,
Completa nossa bela história.
Transpassa a alma sem rusgas
Colhida em anos de dedicação
A mim, às flores e a tantos mais,
Na prática constante da paciência,
A ciência de Deus, a ciência da paz.

Quando tivermos de partir
Para o mundo dos sonhos,
Rodeados de serafins,
Flores vão exalar perfumes,
Pássaros vão ecoar seus cantos,
E, à noite, grilos farão serenata.

Nossa alma colherá o desejo
Feito na antiga e estreita rua,
Naquele primeiro beijo
À luz da suprema lua:
Que alma eterna seguisse
Repleta de iluminuras,
Isenta de medos e lamúrias
Cheias de perdões ornamentados
Alma sem qualquer lágrima,
Cisnes a elevar-se aos céus
Com pálidos reflexos no lago.

Nada me entristece.
Bem fadado o dia que te conheci.
Naquele instante sussurrava uma prece
Que seria para ti, o que serias para mim.

Os momentos de volúpias,
Beijos ardentes, corpos elétricos,
Seguirão conosco vidas afora.
Não haverá saudade imorredoura.
Vivemos plenamente todas as fases.
Do amanhecer ao anoitecer,
Do surgir da lua e das estrelas,
Ao deslumbre do sol após a aurora.

Só quero dizer que te admiro e te amo.

Foto de Edigar Da Cruz

Oceano Da Vida

Oceano Da Vida

A Vida o que é ?
E um oceano infinito
Que fica entre tristezas e felicidades são assovios dos ventos,
A vida e o que ela é! Não o que deveria de ser!
São os pensamentos as pontas das montanhas que se erguem como pequenas ilhotas distintas,..
São oceanos imensos sem fim..
Que leva sempre ao longe
A vida de uma pessoa ou pessoas é como a um veleiro de harmonia,..
É aquela que sabe usar os ventos como força para se impulsionar para sempre ir a frente,..
Que usa as ilhas não como morada mais como descanso provisório, de uma longa jornada,..
A vida e o que você produz dela!
Que sabe aprecia o balanço das ondas do mar, como deveria ela ser,.
E ao final da jornada.
Abri um largo sorriso e dizer, a viagem valeu,..
Quando se ve uma pessoa em desarmonia
E a mesma que transforma os ventos leves em tempestades,..
Que ignora as ilhas de descanso e as veem como obstáculos para suas jornadas e conquistas,..
Que acha que as ondas só podem estar no topo,..
Que no fim da jornada apenas conta quantas vezes as ondas desceram e quantas vezes o barco virou mais nunca olhou ao céu e viu como céu permaneceu azul e perfeito sendo um presente perfeito para conquistas para vida.

Ed.Cruz

Foto de Marilene Anacleto

Fim de Tarde (Avenida Sodegaura)

Antes do dia findar, uma parada, um descanso,
Entre poluição de veículos, caminho.
Largo a bolsa, respiro, ajeito-me em um banco.

A garça faz plantão no barco de pesca.
O rato foge da minha presença, em pânico.
O pato d’água desliza lentamente em festa.

Gaivota voa sobre minha cabeça,
Enquanto o vento traz o cheiro da maresia,
Lança-se ao espelho d’água e consegue uma presa.

A maré hoje, agora, está muito baixa.
Pequenas ondas transluzentes ensinam-me
A serenidade do caminhar constante.

O barco parado convence-me
De que não há tempo para se ter habilidade,
De que não há idade para estacionar no tempo.

Gaivotas dão-me lições soberanas
Voam muito alto, saem dos confortos,
Atingem o objetivo de conquistar a cada dia o pão.

O sol, ao deitar-se, traz ao céu suas rendas rosadas.
A lua surge, em risco amarelo atrás do molhe.
No morrer e no nascer, abraçam-nos na eternidade

Que se repete dia a dia, estação a estação,
Ao fazer penetrar nessa argila raios de emoção
E, ao atingir o espírito e a alma, tornar o corpo são.

Assim, corpo, sentimento e emoção refeitos,
Muitas lições do dia que a luz suspende,
Estou pronta para mimá-lo com doces beijos.

Foto de Marilene Anacleto

Asas de Manteiga

Asas de manteiga, atraídas pela beleza
Das ondas esmeraldadas, mergulha com firmeza.

E, com as asas pesadas, traída pela pureza
Da luz, pelo sol acesa, crê-se no mar afundada.

Mão generosa chega, toma firme a borboleta.
Com um sopro delicado torna-lhe as asas secas.

Leva-a às dunas distantes com vigorosa relva.
As asas já movimenta, retorna à vida primeva.

Quisera que em meus amores, esfacelados de sonhos,
Houvesse uma mão amiga para me tirar do abandono.

Voaria sobre dunas douradas e, com brilhantes asas leves,
Viva um novo amor no tapete orvalhado de relva.

Estive assim tão presa num espelho que não era.
E, meu intenso amor foi apenas uma quimera.

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