Ovelhas

Foto de HELDER-DUARTE

Vale do Linho

Ai que saudades de ser menino!
Naquele, de Monchique, «Vale do Linho»...
Ai que dor e ansiedade!...
Como quem, perdeu a liberdade!

Laranjais, trigais e flores de mil cores...
Consolavam, minha alma, com caridade.
Naquele tempo, de minha tenra idade.
Também, pássaros eram lindos cantores!

Minhas ovelhas!... Onde estais!?...
Ai, que tanto, vos perdi!...
Mas ainda estarei, convosco, lá e ali.

Vinde ! Oh tempos eternos!... Vinde!
Vinde renovar, o que já não, contemplais!
O «Vale do Linho»... Dos laranjais!

Foto de lialins

Formosa

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Eis que és formosa,amiga minha, eis que es formosa;
os teus olhos são como os das pombas entre as tuas trança,
o teu cabelo é como o rebanho de cabras que pasta no monte de Gileade
Os teus dentes são como rebanho de ovelhas tosquiadas,
os teus labios são como um fio de escarlate o teu falar é docê;
a tua fronte é qual pedaço de romã
teu pescoço é como a torre.
Os teu dois peito são como filhos gemeos da gazela que se apacentam entre os lirios
Que belo são teus amores
Quanto melhores são os teus amores do que o vinho!
Favo de mel emanam dos teus labio,Mel e leite estão de baixo da tua lingua
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*** Eu gosto muito! do livros de cantares de salomão***
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Foto de Gideon

O Nascedouro de Pedras

Bicuda Pequena. Lugar mágico nas montanhas da minha vida...
Escalo-a sem planejar. A minha vida me surpreende. Mas tem também a Bicuda Grande. Dizem ser irmã mais imponente que a Pequena... Não importa, o que vale é que estou feliz... Sorrindo das pedrinhas bicudas ao pé da montanha imponente...
Mete medo olhar o cume, parece que vai despencar, mas claro que não vai, é só impressão.
É que somos pequenos mesmo, percebo isto olhando admirado a enorme pedra. Me surpreendo com a música tocada pelo vento nos foles do vale... Ninguém parece ouvi-la, mas ela está lá nos meus ouvidos. Não sei o modo tonal, se maior ou menor, talvez nenhuma nem outro outro... Mas ainda sorrio, encantado com este milagre...

Ofegante quero parar de subir, mas não posso. A montanha não deixa. Parece que a gravidade lá funciona ao contrário... Tenho de chegar ao redil, na laje. Ovelha guiada pelo pastor...

O Nascedouro

De repente um sobressalto! Um nascedouro de pedras... Surpreendo-me e quase me precipito sobre ele. Equilibro-me no vento e me delicio com a visão. Centenas de pedras pontudas, lá em baixo, no vale. Combinam comigo, e com a música que ouço no vale...
Agora, queria ter uma montanha à minha destra, penso, para me proteger da vida... mas elas estão lá, esperando milênios para crescerem... Sinto-me um pássaro pousado na colina a olhar o vale... Que vontade voar, pular, quem sabe me tornar uma pedra, também do nascedouro...

As pessoas da montanha

Volto-me e vejo o redil... Ovelhas simples, rodeando seu pastor... Vou tocar hoje, uma música qualquer, que gosto muito... para as pedras do nascedouro ouvirem...
Toco na sua direção. As ovelhas ouvem-na primeiro, Mas a música é para as pedras do nascedouro, juro, e que se movem, suavemente, de um lado para o outro no ritmo e direção do som...

Olhos vivos, vestidos de chitas, corações despojados... Vida, muita vida ali, à beira do nascedouro. As ovelhas cantam, mostram-se com o seu belo que é belo. Gosto. Extasio-me, me delicio com a vida à beira do nascedouro.

O Som no Nascedouro

Meu som ecoa deslizando montanha adentro, vertendo os vales, fincando-se nas grutas.
Visitando as rochas, rios, cachoeiras... Mistura-se com a vida da montanha... As pedras do nascedouro dançam ao novo som... Divertem-se ao pé de sua imponente mãe...
Deixo o som lá. Ele se perde fugindo montanha a dentro como um cão fugidio, feliz... Importa não. O que vale mesmo é que vi o vale, o vale da minha vida, e percebi que sempre ao lado de um vale existe uma montanha imponente...

Mas na Bicuda, tem mais...

Tem também um nascedouro de pedras, que esmaga o meu coração, de pedra...

Foto de HELDER-DUARTE

Pastor

Fui pastor de ovelhas sim!
Ovelhas que tinham fome!
Fome! Fome! Fome! Fome!...
Mas de carne e de carne de homem, enfim.

Não fome, dessa verdade!
Que deviam ter, dela fome!
Mas comeram, carne de homem.
E isto sem ordem e com desordem!

Por isso, me comeram!
Me mataram;
Meu sangue, beberam!

Mas eis que, me dará vida, um pois, que pastor.
Que vem e a quem, mal fizeram!
Mas ele venceu e eu vencerei, com ele, o Senhor!

Foto de Mentiroso Compulsivo

O TOURO

DECIDI PUBLICAR ESTA HISTÓRIA A PROPÓSITO
DE UMA POLÉMICA QUE EU PRÓPRIO LEVANTEI
(como todas as histórias, esta também tem uma moral)

Numa linda manhã primaveril em que os raios de sol brilhavam pelos verdejantes campos do Ribatejo, parecendo reflectir a essência da vida de um botão de flor que acabava por desabrochar, estava um menino de três anos a brincar com dois dos seus primos, uma vizinha e dois irmãos: uma irmã de nove e um irmão de cinco anos.

Naquele lugar, podíamos avistar ao longe o cinzento da serra a contrastar com o verde da planície e dos olivais.

Por entre as oliveiras e um ribeiro que passava por perto, as crianças corriam, pulavam e brincavam às escondidas, como se o mundo girasse à volta daquele instante.

O pai das três crianças, por trabalhar em turnos nocturnos, estava a dormir com a sua irmãzinha mais nova de um ano e meio, enquanto a sua mãe trabalhava, por aquela altura, no turno de dia.

Na euforia da brincadeira, ignoravam um perigo eminente que estava por perto, até que o seu irmão de cinco anos apercebeu-se da surpreendente e bizarra fatalidade que a qualquer altura poderia acabar em desgraça.

Apressando-se de imediato a avisar a irmã mais velha, que se certificou do touro selvagem que andava à solta por aquelas bandas. Ficando em completa histeria, começou aos gritos e apelou à fuga das restantes crianças que ali brincavam para se refugiarem em local seguro.

Pânico instaurou-se entre todos que intuitivamente começaram a correr em direcção à casa mais próxima, tentando evitar, a todo o custo, serem apanhadas por aquele touro.

O seu primeiro instinto foi o da sua própria protecção. Depois, já em local seguro, numa das casas das redondezas, a irmã lembrou-se do mais pequeno de três anos. Este talvez ficasse admirado com toda aquele reboliço e deveria ter pensado que aquilo era uma grande festa e brincadeira. Será fácil imaginar ver a sua cara feliz daquela enorme satisfação, para ele um touro era um simples animal, tal como uma vaca, um pouco estranha, por ser diferente, o que até lhe dava até um ar de mais engraçado. Habituado aos porcos, galinhas, vacas e ovelhas que os pais e os vizinhos criavam por ali, para ele aquela criatura não representavam qualquer ameaça.

O inevitável aconteceu, segundo o relato de algumas testemunhas que presenciaram à tragédia, ao terem acorrido ao local levados pelo alvoroço e o grito das crianças, o rapazito foi arrastado por três marradas do touro, sendo que uma o fez levantar para o ar a uns dois ou mais metros do chão e nas outras duas foi arremessado pelo campo vários metros para a frente.

Os habitantes locais depressa afugentaram o touro e socorreram a criança já toda molestada. Um vizinho pegou-a nos seus braços, cheia de sangue por todo o lado, nas roupas e na cara onde o verde dos seus olhos contrastava com sangrento vermelho que neles ficou. Rapidamente, levando a criança no colo, acorreu para a casa do seu pai para contar o sucedido e pedir auxílio médico. Bateu à porta, bateu e tornou a bater, mas ninguém apareceu para a abrir. Dizia-se por ali que deviria estar muito cansado e talvez com um copito a mais que teria bebido ao sair do trabalho, parece que já se tinha tornado num hábito.

Profundamente a dormir num sono descansado, pai e filha ali estavam, ela sã e salva, pois não estivera a brincar com os seus irmãos naquela hora e local, dado que era a mais pequenita, se lá estivesse, quem sabe não teria sido ela a vitima.

Foi então que um dos vizinhos decidiu pegar no seu carro e levar o miúdo para o Hospital da cidade mais próxima. Naquela altura os carros eram raros e na povoação só haviam duas famílias que possuíam carro.

Mais tarde, os seus pais, como é óbvio, depressa ficaram a saber do sucedido. Enquanto a criança lutava pela vida ligada a máquinas, ninguém tinha esperança. Esteve assim por três dias em coma e quando já as esperanças eram poucas a criança conseguiu vencer a vida.

Veio-se depois a saber que o touro teria fugido já ferido de um matador das redondezas.

Pensado que estava marcado o destino desse menino por aquela tragédia, vaie-se lá saber porquê, a sua mãe um dia saíra de casa para ir fazer alguns afazeres e deixara um candeeiro a petróleo aceso no quarto da irmãzinha, nessa altura não havia electricidade por aqueles lugares.

Ao contrário do dia da tragédia do touro, ela não conseguia adormecer, estava muito agitada e com curiosidade, própria daquela idade, mexia em tudo o que apanhava pela frente, até que conseguiu alcançar o napron onde estava o candeeiro, fazendo-o tombar para o chã. Depressa as chamas se espalharam, primeiro pelo quarto, depois por toda a casa. Por mero acaso ou destino, um soldado estava passando por perto, e ouvindo gritos vindo dentro da casa, não perdeu tempo, entrando por uma das janelas salvou primeiro o irmão, depois foi a vez dele e por último a irmã também foi retirada.

Saíram todos com vida e logo foram levados para o Hospital, o seu irmão não tinha sofrido nada, ele apenas teve algumas queimaduras que vieram a sarar, contudo, a sua irmã tinha sofrido graves queimaduras e acabara por sucumbir antes de chegar ao hospital.

Esta é uma história que nunca contei a ninguém, esta é uma história real. Quando a lembro, lembro-a em jeito de tourada e conto-a muito vagamente, apenas pequenos trechos, como o pequeno toureiro que enfrentou o touro pelos chifres, em jeito de brincadeira. Por coincidência ou não o meu signo é Touro.

Foi acaso, foi destino, não sei. Essa criança de três anos, é hoje um homem e pessoa. Essa criança cresceu normal, talvez só diferente na sensibilidade para a vida (será que afectou o cérebro?).
Esta história foi dedicada à minha irmãzinha, ANA MARIA, que nunca conseguiu viver a vida. Eu não dou mérito ao facto de ter sobrevivido, apenas à vida. É A VIDA QUE INTERESSA. Vale a pena pensar ou levar tão a sério aquilo que eu chamo de «mesquinhices» da vida? Fica para pensar.

Esta foi a primeira vez que tornei esta história pública, tentei um dia fazê-lo, mas por respeito a uma pessoa que esteve numa situação muito mais grave e delicada que a minha, retirei a publicação da história. Hoje essa pessoa, penso ter conseguido ultrapassar já os obstáculos mais difíceis. Eu teria mais dia, menos dia, que quebrar o gelo.

Foto de HELDER-DUARTE

Voltou

Ai meu Deus! Que ela voltou, mas eu não sabia!
Qu'ela em força e em acção de novo voltaria.
Queimou os pecadores e ainda os santos, sofredores.
Eis que ai está. Já se sente, seus horrores e calores.

Oh tribunal de fogo do inferno! Filha de Babel e de Hitler.
Porque voltaste? Mulher de venenoso fogo fatal. Não era mister!
Oh Santos de Cristo! Não pequeis! Pois ela vos mata e queima...
E vós, que pecais! Tendo, bastante cuidado, pois a vós matar teima.

A mim, sem razão me excomungou da minha casa, da casa do trigo, dessa.
Da casa do pão e das mansas, ovelhas. Também da do verde vinho casa;
E ainda da cidade, do meu nascimento, que eu amei e amo tanto, tanto.

Para longes terras, de nome Babilónia, me transportou e deportou...
Depois cai e ela me cobriu de aroeiras. Em vez de me ajudar, fogo atiçou.
Mas Deus, que é total e real, me está dando vida e já novo cântico canto!

HÉLDER DUARTE

Foto de JGMOREIRA

RESSURREIÇÃO

RESSURREIÇÃO

Os olhos do Santo Cristo
São contos de muita dor.
Olhando pro crucifixo
Encho o peito de amor

Na coroa do Aflito
Repousa a mão do Senhor
Que entregou o próprio filho
Que a si mesmo entregou

Imolou-se em sacrifício
Por um amor salvador
Ofício mais esquisito
O de morrer por amor

No rosto do Santo Filho
Estão as marcas do rancor
De quem beijou o Cristo
E, como o Pai, o entregou

A vontade dos amados
O moço condenou
Amor mais engraçado
Que nada perdoou

O amor não se compadece
Nem das chagas do Senhor
O amor que tu me destes
Meu coração arrancou

Agora, fito no Cristo
Entendo o que é o amor
Faca varando a alma
Como a lança no Redentor

Se Ele ouvisse a carne
Decerto quebrava o andor
Prosseguia sem redengar-se
Uma vida de pastor

Tocando suas ovelhas
Para onde vai o verdor
Esquecido que era filho
De quem o abandonou
Amava quem o amasse
Madalena que o pastoreou
Até o fim no Calvário
Por obra do amor

Sentimento mais esquisito
Que mata quem perdoou
Os olhos do Moço Santíssimo
São contas de sofredor

O amor que tu me destes
Da terra me arrancou
Deixou vivo o martírio
Que nunca mais me largou

A faca mora na alma
É objeto do rancor
Onda que empurra o rio
Que no mar se espedaçou

Coisa mais esquisita
Essa, chamada amor.

Foto de HELDER-DUARTE

Parkinson II

Ainda espero,ver um novo dia, diferente dos de agora.
Nesse dia, não haverá tempo, nem hora...
Meu ser, apanhará tulipas, sem rigidez,
Com agilidade e muita rapidez.

Não mais haverá, esta doença,
Que m´impede, de rosas colher...
E também de vo-las, oferecer...
Pois, no meu pó, agora há esta sentença.

Mas oh Parkinson, minha dor!
E também, minha amiga!
E ainda meu amor...

Nesse dia, cantaremos, os dois,
Uma nova cantiga...
Enquanto, ovelhas, pastoreemos, pois!!

HELDER DUARTE

Foto de Dennel

Esperança

Moça! Trazes o sol para mim
Assim como o vento traz as nuvens
Moça! Trazes a mim a felicidade
Assim como as nuvens trazem as chuvas
Moçar! Trazes a mim a alegria
Assim como as chuvas trazem esperança

Moça! Trazes o sol para mim
Mesmo o vento não trazendo as nuvens
Moça! Trazes a mim a liberdade
Mesmo as nuvens não trazendo as chuvas
Moça! Trazes a mim a alegrai
Mesmo as chuvas não trazendo esperança

Mas ainda que...
Não floresça a videira
Falhe o produto da oliveira
Campos não produzam mantimentos
Ovelhas sejam exterminadas
Nos currais não haja gado
Sempre! Sempre! Sempre!
Te amarei

Foto de Murilo Braga Silva

Laços de bondade

Alma querida, escuta:
O apostolado de Cristo te convida
Para estar trabalhando ao lado dele.
Deus é bom e justo para com suas ovelhas;
Nenhuma ovelha ficará perdida em seu reino.
Tudo se transforma na Terra;
Mas o que vem do céu permanecerá;
Vem cooperar também e servir com Jesus;
Vem cooperar no amor que devemos ao mundo;
E que a bênção de Deus jamais nos desampare, nem despreze a ninguém, iluminando os campos de toda a Terra.

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