Pensamentos

Foto de Ronita Rodrigues de Toledo

DELÍRIO

Num momento degradante,
Entre palavras tortuosas,
O expulsa impiedosa
E ele sai sem hesitar...

Ao abrir a sua porta,
O vento da noite fria
Invade a sala vazia
E faz tudo se calar...

Na vastidão da noite cinza,
Na janela o emoldura
E vê seu vulto a se perder...

Se tranca em seu quarto
Para fugir do desespero,
Lança a face ao travesseiro
Para as lágrimas conter...

Enquanto traga de um copo
Para o desejo embriagar,
Fantasmas sorrateiros,
Flutuando no cinzeiro
Seus lábios vão beijar...

Desejara nesse instante,
Fosse só por um momento
Te-lo em seus braços
Como o tem agora o vento

Na solidão do quarto frio,
Divagando em pensamentos,
Mergulhada em seu pranto
Ela vai adormecendo...

Em meio a desatinos,
Entre soluços e gemidos,
Ouve a voz de seu amado
A sussurrar em seus ouvidos...

E num delírio profundo
Sente o corpo flutuar...
No aconchego de seu mundo,
O amor se perde
Ao se encontrar...

Ronita Marinho
Registro BN

Foto de Anderson Maciel

O QUE SINTO POR TI

O que sinto por ti jamais por outra sentirei
És a estrela que brilha no céu azul
Cativante és minha, eu sei!
Doce encanto, meu jaz, meu blues

Cheia de sentimentos és minha deusa
Musa de meus pensamentos
Perpetuado em momentos
Onde todo foco é para ti

Estrela cadente que brilha
Rosa branca da paz profunda
Que alivia as dores da alma
Cortando a solidão do meu coração. Anderson Poeta

Foto de José Bento

ALMA DE POETA

Uma pequena homenagem a todos os meus amigos poetas, homem ou
mulher, que sabe interpretar como ninguem os sentimentos humanos.

O poeta é igual ave que encanta,
Mas se esconde entre o verde da folhagem.
É forte e é frágil.
Ás vezes é silêncio que canta.
Mas que também grita
E nem sempre agrada,
E mesmo agradando, ele também espanta.
É um sóbrio delírio, instante breve,
Que reluta ao furor da ventania.
É o ombro amigo,
A voz que acalanta.
Traduz e interpreta os coraçõs errantes,
Na sombra da noite.
No claro do dia.
São tantos os desejos delirantes
Que se escondem por detrás face nua.
Por dentro de casa,
Andando na rua.
Mas quem se importa?
E quem quer saber?
Só a alma do poeta interpreta,
E acredita nas razões do própiro ser.

Já passou de meia noite e estou só.
Silêncio na rua.
Ouço um carro que passa e gente correndo.
De repente, um susto!
Um pássaro noturno dá um grito,
Rascante e horrendo!
Depois, mais um, e ainda um terceiro,
Agora distante.
Outra vez o silêncio!
Dessa vez, tão intenso, que dói os ouvidos.
É alta madrugada.
Das alturas ouço um avião pequeno,
Que logo se vai, plainando, sereno
Quem será que vai nele?
Alguém os espera,
Anciosos por sua chegada.
São pais e são filhos,
Parentes, amigos...
Mãs quem se importa?
E quem quer saber?
Pois somento o poeta se ocupa
De enxergar o que quase inguém vê.

Agora, o vazio.
Silêncio eminente.
Ouço tão somente um grilo que canta.
Quem dera sentisse a paz que aparento.
Fico remoendo pensamentos vãos.
E no coração, um leve desalento.
Sinto um vento frio.
É chuva chegando
As horas se passam
O sono não vem!
Agoniza lenta, a madrugada fria
E os minutos vão passando devagar.
Vejo a lua inválida,
Com a face pálida
Declinar de leve.
Num instante breve, pensei em alguém.
Momentos vividos,
Desejos sentidos e a saudade morna.
Mas quem se importa?
E quem quer saber?
Só a alma de poeta interpreta,
E acredita nas razões do própiro ser.

José Bento.

Foto de Edson Cumbane

GRITOS DO SILÊNCIO

O silêncio grita nos meus pensamentos
Grita tanto nos meus sentimentos
Quando eu repilo as minhas divergências
Com o mundo de outras personalidades
Neste planeta cheio de diversidades
Grita silêncio!!! Grita com veemência
Grita em mim com atmosfera de discórdia
O grito do silêncio em mim é moderação
Quando não posso redargüir na cólera
Quando fico em silêncio estou em reflexão
Quando fico em silêncio estou em meditação
Quando fico em silêncio estou em discussão
Comigo mesmo...
Quando fico em silêncio estou em reunião
Com o meu coração
Com a minha razão
Com a minha vontade
Com a minha mente
Com a minha consciência
Com a minha paciência
Com a minha experiência
Enfim... Este é:
O grito do silêncio em mim!

Foto de ushihaxandre

amar é isso!!

Ei, você. É, você mesmo. Eu sei que você ama alguém. Sei que você pensa muito nessa pessoa, e tudo te faz lembrar dela. Sei que quando você olha pro nada, é ela que lhe vem à cabeça. É olhar pra nada e pensar em tudo. Sei que você já prometeu à si mesmo que não iria derrubar mais uma gota de lágrima se quer por ela, mas acabou não cumprindo. Eu sei que a voz dessa pessoa te conforta, e o abraço dela é o melhor do mundo. Sei que você ama o cheiro dela, e poderia acordar todos os dias com esse cheiro ao seu lado, te abraçando, com um sorriso sonolento dizendo “ bom dia ”. Sei que muitas músicas poderia ser a trilha sonora de vocês dois. Eu sei que você pede conselhos aos seus amigos, mas acaba não seguindo nenhum, porque apesar de tudo você ainda quer ter ela de volta, e traz o sentimento todo junto com ela. E você não liga, porque quer viver tudo de novo. Eu sei que toda noite você se despede dessa pessoa em seus pensamentos, já na vontade de dizer “ não esquece de aparecer nos meus sonhos ! ” , e aparece, porque é o que você quer. Sei que essa pessoa é idiota, insensível, complexa, complicada, mas você não se importa, porque é exatamente isso que te faz gostar mais e mais dela. Eu sei que em cada linha desse texto, você estava com a mesma pessoa na cabeça. Porque só quem já amou alguém de verdade sabe o quanto isso dói.;/

PALAVRAS QUE EXPLICAM EM DETALHES OQUE QUERO TE DIZER....

LUIZ FERNANDO VERESSIMO

Foto de José Bento

O velho e o rio

Navega o velho no rio
No barco velho, sentado
Ao lado o velho embornal,
Uma espingarda tacanha,
E um facão enferrujado

O olhar pregado no tempo
Absorto a contemplar
Ao longe, ao pé da serra
Uma ovelha a pastar.
E assim como a ovelha,
Também foi com os anuns
Onde haviam centenas
Hoje só restam alguns

Navega o velho do rio
Perdido em seus pensamentos
Trazendo marcas no rosto,
Sentindo o sopro do vento,
Que lhe traz recordações,
Lembranças e sensações,
Da vida em outros tempos

É assim toda manhã,
Antes do sol levantado
Navega o velho no rio
No barco velho, sentado

Segura a velha tarrafa
E a joga com cuidado
Vai lentamente puxando
O cordão todo emendado
Tenta pegar algum peixe
Se é que ainda existe
Porem o peixe não vem
Mas o velho não desiste.

Navega o velho no rio
No barco velho, sentado
Ao lado o velho embornal,
Uma espingarda tacanha,
E um facão enferrujado.

Volta pra casa a noitinha
Vencido pelo cansaço
Trazendo a pele queimada
E calões nos pes descalços
Quem sabe então amanhã
Mais sorte lhe seja dada
No despertar matutino
Ao cantar da passarada.

Lá vem o barco do velho
Descendo pela encosta
Trazendo o velho embornal
E a tarrafa que ele gosta
O barco desce sem rumo,
Parece não ser guiado
Morreu o velho do rio
No barco velho sentado

Desce o barco á deriva
Navegando lentamente
Arrastando-se nas curvas
Buscando o sol nascente
Como quem diz num aceno
Que o barco não volta mais.
Adeus meu querido velho!
Deus te guarde, siga em paz!

José Bento

Foto de P.H.Rodrigues

É

Novos gestos, gostos e sabores.
Novas ideologias, pensamentos e temores.
A mesma vontade animal;
De pegar o que está no alto pedestal!

Entre as gêmeas mora a terceira.
Aha! Todos apreciam a sua sutileza.
Não encoste muito! Ela se molha, é tímida!

Mas se chora pede colo! É carente!
A carente mais quente, que abraça forte!
O abraçado é uma pessoa de muita, muita, muita sorte!

E em um jogo de compasso o tempo passa,
e vai cabelo pra todo lado,
e mais se abraçam, tudo se embaça.
A luz trás o dia e é hora de partir.

Foto de Fernanda Queiroz

O Show

Em meio aquela multidão eu me sentia perdida. Por mais que imaginasse nunca cheguei a pensar que pessoas poderiam ser tão apressadas e barulhentas.

Na hora de reservar meu ingresso optei pela geral, pensei que assim passaria despercebida, a idéia de camarote não me inspirava privacidade e sim destaque e como jamais tinha assistido a show de uma Banda famosa ou qualquer outra tudo era novidade. Minha experiência se resumia nas quermesses organizadas pela Associação Comunitária da Vila onde o som da banda dominical entoava valsas enquanto desfilávamos entre barraquinha de jogos e doces e aguardávamos os fogos, estes sim eram a estrelas das festas. Ficar olhando para cima vendo um pequeno zumbido se transformar em imensas partículas colorida era um espetáculo, mesmo que ás vezes acarretasse lembranças nostálgicas, eu amava aquele céu pontilhado de luminosidade.

Enquanto tentava entrar em um enorme recinto, daqueles que se vê somente pela TV, empurrada para lá e para cá por uma multidão que parecia não conhecer as normas da boa educação, estava pensando o que tinha me levado a tomar esta decisão.

Já havia se passado quase dois anos desde que falei com ele pela última vez, neste tempo tão forte quanto às lembranças que sobreviveram estava meu medo de saber o rumo que ele tinha dado a tua vida.
Afastei-me completamente do mundo das manchetes, onde certamente ele sempre seria destaque. Não lia revistas, jornais somente seção de investimentos e cultura, TV canal fechado sobre economia e agricultura, assuntos fundamentais em meu trabalho.
É claro que sem que eu pudesse evitar ás vezes os ouvia cantando, no radinho de pilha de algum operário, nas grandes magazines de eletrodomésticos na cidade, na faculdade onde os rapazes bonitos e famosos fazem à cabeça das garotas que até tatuavam em teus corpos nomes juntamente a desenhos exóticos.
No principio sofria muito por isto, depois sabendo que nada podia fazer, passei a ignorar, afinal quem tinha mandado me apaixonar pelo ídolo do Rock?

Finalmente tinha conseguido entrar no estádio onde a multidão se aglomerava onde estar á frente era certamente um privilégio para expressar o fanatismo que alterava o comportamento das mais diversas maneiras.
E agora estava ali, há poucos minutos e metros de onde ele entraria, duvidando de minha sanidade em ter tomado a decisão de ir vê-lo. Talvez se não fosse próximo à cidade que estava a trabalho há dois dias, jamais teria ido. Fui exatamente para ficar dois dias resolvendo questões de Marketing, mas era impossível não ver todos os outdoors espalhados pela cidade. Minha primeira reação foi de pânico, queria voltar sair correndo ao fitar ele entre o grupo sorrindo, como sorriu muitas vezes para mim... Deus...as lembranças voltavam em avalanche fazendo meu corpo estremecer, meu coração disparava, como aquele ressoar de buzinas que soavam atrás de mim, foi quando me dei conta que estava atrapalhando o transito e com mãos tremulas segui em direção ao hotel onde me hospedara, parando somente em uma loja especializada onde adquiri um potente binóculo, se fosse levar esta loucura a frente ele seria necessário, pois pretendia me manter mais distante possível e algo dentro de mim gritava para ir...Eu iria.

Já se passava 1 hora do horário grifado nos cartazes, a multidão que formara era tudo que jamais tinha visto, parecia uma disputa de quem conseguiria gritar mais alto, ou agitar mãos blusas lenços ou faixas mais altos. De onde estava bem retirada da multidão a tudo assistia ocultando minha ansiedade.

De repente os gritos se tornaram mais forte e contínuo em resposta a presença deles no palco.
Minhas mãos suavam tremulas, meu peito parecia que iria explodir lançando meu coração ao palco, por um momento pensei em desistir e sair correndo para meu abrigo, meu canto onde meus segredos me protegiam... respirei fundo, ergui a cabeça, encostei em uma pilastra, como se ela pudesse segurar meu fardo de dor, estava cantando acompanhado eloqüentes pela platéia minhas mãos levantaram o binóculo sem a pressa de quem esperou tanto por este momento, lentamente o ajustei aos meus olhos onde avistei gigantes holofotes, estava tentando me orientar, olhei em volta tentando ajustá-lo. Vi o baterista movimentado ao frenético ritmo que me fez piscar várias vezes, parecia a minha frente, lentamente movi para a esquerda encontrei o saxofonista, voltei-me para a esquerda devagar, quase sem respirar para não perder o foco, quando o vermelho da guitarra coloriu as lentes senti um impacto tão grande que parecia atingida por um soco no estomago.Engoli saliva inexistente, tentei suavizar os ressequidos lábios passando a língua por eles, meu peito arfava e meus olhos buscava naquela potente tecnologia, tua face amada.

Recosta bem no fundo, longe da entusiástica platéia sabia que precisava vê-lo. Determinada, ajustei as lentes tentando reencontrar o foco reluzente de tua guitarra e lá estavam tuas mãos a segurarem firmemente, dedos firmes dedilhando-a, mãos de artista. Fui subindo, encontrei tua camisa alaranjada, Deus eu amava esta cor em você, lembra-se daquele casaco? Quando o vi sabia que tinha sido feito para você. Caiu como uma luva ficou lindo como sempre foi, será ainda que o guarda? Ou estará jogado e esquecido em algum armário?

Pela camisa entreaberta pude ver tua inseparável medalha segura pelo fino cordão de ouro que cismava em colocar entre os lábios quando estava nervoso, como naquela vez que esqueci o celular desligado por toda tarde exatamente no dia que te aconteceu um imprevisto, tinha que viajar, e não conseguia contato. Quando conseguiu falar, a primeira coisa que disse... já mastiguei todo meu cordão... risos, era sinal de perigo... mas também das pazes de teus beijos ardentes de tuas palavras que compunha as mais belas declarações de amor.

Teu rosto... Deus... a barba feita, cabelos desalinhados como sempre te dando um ar de garoto, tua boca em movimento, cantando ... para a platéia...para o mundo, como gostava quando cantava só para mim que entre risos sempre podia ouvir dizer que me amava... muito, fitando-me longamente com este olhos da cor do oceano e infinitamente maior, pois era a janela que me transportava para as portas do paraíso que meus sonhos tanto almejaram.

Deus... é ele, meu eterno amor, há poucos metros de distancia, no palco, no teu show, no teu mundo.
A lente ficou turva, lágrimas desciam copiosamente por minha face, uma dor física me invadiu fortemente fazendo-me escorregar pela pilastra até encontrar o abrigo do chão, pensamentos desatinado trazia o passado de lembranças onde o presente se fundia em uma imagem com o olhar perdido na platéia.

Teus olhos sorriam as manifestações enlouquecidas, gritavam teu nome em todos os tons, gestos, mãos erguidas, cartazes, onde os pedidos nítidos requeriam tua atenção... teus olhos vagavam acompanhando em um misto de alegria e encantamento.
Olhos para o flash, foi como me disse um dia. Que era um olhar reservado á todas outras garotas do mundo... que para mim sempre seria um único e eterno olhar.
E agora? Que olhar era este? De flash? E se pudesse me ver, me olharia de novo como se tivesse me inventado? Como se tivesse me feito nascer a partir de teu olhar?

Levantei-me cambaleante, tonta, ouvindo o frenesi se tornar mais acentuado, você jogava rosas...a toalha que usou para secar teu rosto...como se doasse um pouco de você...e tudo de mim.

Às vezes vivemos em minutos, muito mais que em dias ou meses, minha mente parecia entorpecida diante da lente que deixava você tão perto quanto eu queria estar, teu rosto, teu sorriso, teu corpo... você do jeito que eu sempre amei... no mundo que não conhecia...no palco...na fama...tua vida, tua carreira, teu destino.

Sai caminhando devagar, virar as costas me custou muito... muito mesmo... nunca saberá o quanto...
A menos que um dia queira assistir um show... em um palco diferente... cheio de galhos e flores... talvez se quiser se juntar á platéia dos passarinhos... ouvindo somente o som de minha flauta, que mesmo tocando baixinho pode-se ouvir além do horizonte...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de P.H.Rodrigues

Prefácios de um Mestre

Sou um sonhador com asas cortadas.
Nadando contra a correnteza nesse mar de nada.
Sou possessor de tudo que ocupa ou não espaço;
Sou privado da verdade escondida em cada passo.

Me afogo e me salvo.
Meus pensamentos são mais do que perturbados.
Há em mim a enorme vontade de viver. Porém,
há também o vago deixado pelo conhecer.

Ser poeta é um dom oriundo.
Você conhece tudo sobre o mundo,
porém, nada sobre você.

O poeta muitas vezes não tem coragem de dizer,
mas é o Rei mais Poderoso e belo ao escrever .
O poeta é aquele que sonha sem sair do lugar.
Que ama seus dramas.

Porém preferia sem eles navegar.
Sou o pássaro livre do material;
Porém preso no emaranhado mundo astral

Um pássaro que nunca voo, porém ama voar.
Um pássaro que escrevendo se cansa,
de tantos poréns usar.

Aquele Bem-Te-Vi que queria pensar menos.
Mas é perseguido por seu talento.

Foto de poetisando

Queria

Queria beijar os teus lábios
Da tua boca sentir o sabor
Queria agora estar contigo,
Na cama a fazermos amor.
Queria saber teus pensamentos
Saber o que estas a sonhar
Queria saber o que tu sentes
E como me estás tu a amar
Queria este amor bem bonito
Como te tenho no coração
Poder amar-te eternamente
Com toda a minha paixão
Queria ter-te na minha vida
Olhar ao teu lindo sorriso
Amar-te de todo o coração
Como amor de ti preciso
Contigo fazer nosso caminho
Sempre para ti estar a olhar
Quando estivesses cansada
Nos meus braços ias descansar
Queria viver este meu sonho
Com toda a nossa felicidade
Beijar-te os lábios e a boca
Amar-te toda a eternidade

De: António Candeias

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