Posse

Foto de Carmen Lúcia

"Flamboyant"

Simplesmente ele veio,
Instalou-se em meu ser,
invadiu, tomou posse,
se tornou hospedeiro,
de meu corpo inteiro...

O horizonte se abriu,
libertando as cores,
explodindo os temores,
eclodindo os ardores,
implodindo os valores.

Nem dei conta do tempo,
fui deixando passar,
Qual seria a estação?
Me perdi nos caminhos,
Me encontrei na paixão!

Num cenário irreal,
O mesmo Flamboyant,
Mudou várias roupagens...
Se floriu sorrateiro,
Se tingiu de vermelho,
De laranja altaneiro,
Parecia sorrir....

Escancarei a vida,
Abri todas janelas,
Soprei minhas feridas,
Me despi dos pudores,
Quis viver...Fui feliz!!!

De repente...Que frio!
Sensação de vazio...
Percebi que era inverno...
Em qual parte do mundo?
Talvez dentro de mim...

Vi a porta entreaberta,
as pegadas de alerta,
e lá fora, caídas,
desabadas, sem vida,
as folhas do Flamboyant...
Que sombrio, vergado,
Solitário, solidário,
Lamentava a partida,
o prenúncio do fim...

Foto de Sirlei Passolongo

A Cor do Pecado - Dia de Consciência

Qual a cor do pecado?

Me roubaram a liberdade
Tomaram posse da minha alma
Me fizeram
rezar outros credos
abandonar minhas canções.

Trocaram o meu nome
Poluíram minha cultura
Criaram mitos malditos
De que minha crença
Era bruxaria e feitiço...

Mas a crença dos brancos
Poderia me salvar do inferno
E me mostrar o paraíso
Um lugar de escolhidos...
E me jogaram num tumbeiro
Conheci o inferno e o lixo.

Perdi pai, mãe, filhos
irmãos e companheiros
Para conhecer o tal céu
Pra libertar minha alma
Onde esteve esse Deus dos brancos?
Meu povo morreu no mar
Na terra, na guerra, no canavial
No chicote, de doenças
No tronco e corrente
Da sorte de todo mal.

Mas não me responderam
E o pecado tem cor?

(Sirlei L. Passolongo)
às 16 hrs: 54 / 20/11/07

Foto de Soninha Porto

NOCTURNE

O piano toca ao longe
acordes solitários
na madrugada

ária divina
delicada
voa como brisa ao léu
fica a sensação
de alma agoniada

expulsa fantasmas
que visitam a solidão
tons suaves
calam a noite
seduzem a lua prateada

dedos deslizam
ternos
leves
melancolicamente

piano e pianista
são um só
posse e posseiro
num recital
transcendente

mãos e sons
arteiros
respondem
se abraçam
se amam
lentamente

soninha porto

Foto de ivaneti

Felicidade...

A felicidade é uma fragmentação do tempo em momentos de satisfação plena
Está-se deixando passar instantes preciosos que deixaram saudades,
Pelo que não se fez, enquanto que o bom e fazer sem cobrança...
Sem colocações de posse, sermos únicos significa vivermos intensamente
Os momentos possíveis, transforma-los em momentos interessantes
Em compromisso de ambos...
Mas como? viver momentos tão preciosos, de maneira correta,
Como sentir saudades do que não se faz? se não foi feito,
Então não será lembrado, os momentos inesquecíveis,
Não teremos compromisso nem viveremos intensamente momentos reais,
Por enquanto nossos pensamentos estará voando veloz em lugares maravilhosos ...
Até onde nossa mente possa nos levar,
E seremos eternizado neste sentimento de amor e desejo proibido.

Ivaneti

Foto de Ezequiel-Mano

Felicidade??

A felicidade
Oculta em um canto luminoso
De um imenso salão sombrio,
Aparece por frações de segundos
Para ser captada
Pelos seres que ela merecem
Estes muitas vezes tendo a posse,
Estragam- na por saber...
...que ela é passageira!

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

Foto de Anja Mah

Nosso Banho

A cada encontro da água com seu corpo,
Um toque, uma sensação, um desejo,
Ciúmes desse líquido que o banha,
Dessa espuma que desliza por seu corpo,
Vontade de nele passear minhas carícias,
De encostar meus lábios em teu corpo molhado,.

Sentir o perfume de sua pele ensaboada,
Comprimi-lo contra os azulejos
E fazer de seu gosto o meu gosto,
Num único gosto de amor,
De paixão,
De querer,
Fazendo seu corpo encontrar
O meu num ato de posse,
Mas também de delicadeza
Estremecendo as suas carícias.

Aos meus sussurros sob o chuveiro
Sensações tão quentes
Consumindo corpos e mentes,
Explosão de fantasias guardadas a tanto tempo
Prazer que desatina e liberta nossos corpos entrelaçados.

Libertos das pequenas coisas do mundo,
Do tempo quando nada mais parece existir,
Somente nossas respirações ofegantes,
Somente nossos olhares cúmplices e apaixonados

Te desejo
MCL Anjo

Foto de Carmen Lúcia

Flamboyant

Simplesmente ele veio,
Instalou-se em meu ser,
invadiu,tomou posse,
se tornou hospedeiro,
de meu corpo inteiro...

O horizonte se abriu,
libertando as cores,
explodindo os temores,
eclodindo os ardores,
implodindo os valores.

Nem dei conta do tempo,
fui deixando passar,
"Qual seria a estação?"
Me perdi nos caminhos,
Me encontrei na paixão!

Num cenário irreal,
O mesmo Flamboyant,
Mudou várias roupagens...
Se floriu sorrateiro,
Se tingiu de vermelho,
De laranja altaneiro,
Parecia sorrir....

Escancarei a vida,
Abri todas janelas,
Soprei minhas feridas,
Me despi dos pudores,
Quis viver...Fui feliz!!!

De repente...Que frio,
sensação de vazio,
percebi que era inverno...
Em qual parte do mundo?
Talvez dentro de mim...

Vi a porta entreaberta,
as pegadas de alerta,
e lá fora,caídas,
desabadas,sem vida,
as folhas do Flamboyant...
Que sombrio,vergado,
Solitário,solidário,
Lamentava a partida,
o prenúncio do fim.

(Tema:Solidão)

Foto de Ednaschneider

Ela

Eu a quero.
Ela foge, me entristece.
Eu espero.
Ela não aparece.

Onde estarás àquela “Senhora”?
Por que foges dessa maneira?
O que farei agora?
Sem ela só penso “asneira”.

Preciso tanto dela!
Ela não quer ficar comigo.
Acho-a tão bela!
Ela é meu abrigo.

Ela é linda!
Mas comigo não quer ficar.
Que pena! Ela ainda
Passa a me evitar.

Queria que Ela me acompanhasse
Em cada momento da minha vida
Queria ter dela a posse
Pois Ela é muito querida.

Onde estará àquela “Senhora”?
Dela tenho tantas saudades!
Por que Ela foge e vai embora?
Àquela que se chama Felicidade?

21 de maio de 2007 Joana Darc

(Este poema é registrado. Copyright: Todos os direitos reservados à autora dos mesmos, não devendo ser reproduzido total ou parcialmente sem a prévia permissão da respectiva autora, estando protegido pela lei, ao abrigo do Código dos Direitos Autorais)

Foto de Senhora Morrison

Liberta

Livra-me do seu sentimento de posse.
Amar, não sabe o que é.
Livra-me do seu moralismo vil.
Honra, nunca tivestes.

Ris da dor alheia
Mas não suporta a tua própria
Engenhava-me mais sofrimento
E tivestes minha devoção!

Chama-me verme
Julga-se forte, viril.
Mas faz-me seu escoro
Seu chão, para que pise, pise...

Só sabe ploriferar o medo
Ganhas-me no grito
Violenta minhas entranhas
Sempre que se sente só

Eu que parecia lhe dever
Nunca ousaria seus olhos
Dei-te a submissão
Fui-te um depósito de gozos, esporros...

Era só o que valia
Só o que me fazia valer
Diante de um semblante psicótico
Acompanhava-me da incapacidade

Almejar-se-ia seu reconhecimento
Se não lhe descobrisse agora
Tão fraco, tão fora.
De realidade que ainda desconheço

Tu foste meu primeiro, meu único.
E com mãos de ferro
Marcava-me com sua brutalidade
Com prazer em me sangrar

Jamais saberia ter força olhando estas marcas
Não poderia sequer tentar fugir
De sua presença negra e duras palavras
Mediante suas perspectivas

Nunca tiveste um horizonte
Não me mostraste as rosas do mundo
Deixara as pétalas a outras
E me enfeitava de caules e espinhos

Acostumaste-me a pouco amor
Mas minha alma já cumpriu sua sentença
Agora que com fôlego caminho para a luz
Sinto-te ainda mais agressivo

Nunca me ganhaste
Não me amedronte
Mesmo em flagelos irei recomeçar
Aqui ou em qualquer lugar

Vou curar minhas feridas
Com minha saliva
Tenho a mim
E isto me basta

A dor me abriu os olhos
Vejo-me tão capaz
Vejo que te suportei além
Sozinha será mais brando.

Suas ameaças já não me martirizam
Tão pouco o cumprimento
Nunca tive nada a perder
Não me destes nada

Vou antes de tudo acontecer
Antes que nada se faça
Ainda que respiro
Agora que me livro...

Então dormes homem
Que ontem foste digno do meu amor
Dormes que enquanto isso
Vou para onde não alcance seu cheiro

Que seja embalado em sonhos malditos
De murmuras e lamentos
E que quando desperte
Tenha uma vida em sofrimento

Aqui jaz tudo que fui pra ti
Neste ímpeto de coragem
Deixo-te, a querer que esqueça.
Que um dia existi...

Senhora Morrison
30/05/2006

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