Pranto

Foto de JGMOREIRA

CALVÁRIO

CALVÁRIO

O OLHAR DE MARIA
PARA O FILHO NA TRILHA
É O OLHAR DO AMOR
QUE MAIS AMOU

OUTRA MARIA OLHA O AMADO
COM OS OLHOS TURVADOS
OS OLHARES DAS DUAS SE TROCAM
SEM QUE NADA POSSAM

SÃO DUAS MULHERES AMANDO
O MESMO HOMEM, ANDANDO
SOB A CHIBATA E ESPINHO
OLHANDO AS DUAS COM CARINHO

-PAI, MEU CORAÇÃO ESTÁ PRONTO!
MARIA CONTÉM O PRANTO
ENQUANTO A OUTRA LEVANTA O VÉU
ESPERANDO O MILAGRE DO CÉU

O OLHAR DE MADALENA NO OLHAR DE JESUS
ALIVIA-O DO PESO DA CRUZ
POR INSTANTES SUA DÔR FICA VAZIA
PARA QUE VÁ AOS VALES ONDE PASTOREARIA

SOBE A COLINA COM O SOL NAS COSTAS
MADALENA, LINDA, O ESPERA À PORTA
OS FILHOS BRINCAM NA SOLEIRA
UM SORRISO AFLORA SOB A CABELEREIRA

AS PALAVRAS QUE LEVARÁ NAQUELE DIA
SERÃO OUVIDAS PELAS DUAS MARIAS
QUE O OLHAM COMOVIDAS PELO AMOR
TEMEROSAS DA SUA CORAGEM DE PASTOR

A CHIBATA IMPIEDOSA O TRÁZ DE VOLTA
PARA O CENTRO DO PALCO DA HISTÓRIA
O SANGUE DE SEU ROSTO COROADO PELO ESPINHO
PUXA DE MARIA UM GRITO PELO SEU MENINO

MADALENA, QUE AGUARDAVA O MILAGRE
SOLUÇA AO VER O CENTURIÃO COM VINAGRE
A FÉ DA MULHER NESSE INSTANTE FRAQUEJA
PEDE A DEUS QUE NÃO MAIS LHE PEÇA QUE CREIA

QUANDO, POR FIM, ERGUE-SE O MADEIRO
AS DUAS MARIAS DE ABRAÇAM EM DESESPERO
DUAS MULHERES PERDEM O HOMEM AMADO
QUE GRITA AO PAI PORQUE FOI ABANDONADO

DURANTE TODA SUA AGONIA,
JESUS ESTÁ COM MARIA
SOBRE A MORTE SEU CORAÇÃO VOA APAVORADO
ANINHANDO-SE EM MADALENA: DOIS DESACRETIDADOS

DUAS MARIAS OLHAM FIXAMENTE JESUS
ALHEIAS À REALIDADE DA CRUZ
OLHANDO AS DUAS, DO ALTO, O NAZARENO
PASTOREIA NAS COLINAS COM SEU CAJADO.

Foto de Marta Peres

A Felicidade

Segurando forte nas mãos a esperança
Disfarça a pena de viver, apenas isto
Vale nesta existência resumida
Do que uma breve esperança gorada.

Sonho d’alma, luz cruel do meu desterro,
Tênue luz que anseio e busco
Como hora feliz da vida
Em caminhos tortuosos ficou perdida.

Felicidade!
Jardim milagroso dos meu sonhos,
Aureolada em fios de ouro cerzi no pranto.

Sei que existe mas nunca encontrei,
Vivo em delírio a procurar mas não consigo
Onde penso ter colocado não se encontra.
Marta Peres

Foto de Marta Peres

Sou Eu

No silêncio me fecho
dentro destas paredes
de pedra-sabão
sou eu que choro
lágrimas de solidão.

Sinto-me cansada
não quero mais
esta vida infeliz
só me faz mal.

Não sou heroína
nem vulto escondido nas sombras,
vivo entre nevoeiro
olhos ardendo do pranto chorado,
derramado, de fumaça embaçado.

Sonhadora,
menina sonhando com belas montanhas
sem prisões do tempo,
nas manhãs do destino
aquietou-se sem forças
sem que ninguém soubesse,
os gritos entalados
na garganta seca, dolorida.
Marta Peres.

Foto de Marta Peres

Tristeza

Quando a tarde cai
sinto n'alma nostalgia
uma tristeza imensa
é hora da Ave-Maria.

Sou como o findar do dia
quando na igreja toca o sino
invade tristeza imensa
é hora da Ave-Maria.

Em meu coração não há primavera
apenas a dor invade o peito
sei que sempre estou assim
na hora da Ave-Maria.

Sentimento que carrego
desde tempos de criança
não consigo um alento
nem mesmo na hora da
Ave-Maria.

Meu olhar segue em pranto
sem nenhum contentamento
não tem o toque de suas mãos
na hora da Ave-Maria.

Vou seguindo minha estrada
sem ter grande ilusão
rogo que a hora sempre passe
sem haver decepção!

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Lágrimas de Amor

Senti vontade de chorar,
de meus olhos lágrimas corriam
eram cascatas de dor!

Dor de amor
amor que partiu
se foi para não mais voltar!

Meus olhos ardiam de pranto
e o coração amargurado
sentia imensa agonia!

Então minha alma entristeceu
emudeceu
sofreu a grande perda
uma tristeza imensa se abateu!

Vivo assim hoje,
apenas meu pensamento voa
indo em busca deste amor
amor que consome,
amor que me faz sucumbir
a cada dia...
Marta Peres

Foto de Marta Peres

Um dia a gente aprende

Não sabes menina,
enxuga teu pranto
deixa a mostra teus encantos
o sol brilha amanhã!

Não sabes menina,
depois da noite vem o dia,
depois da escuridão brilha o sol
espera, que o sol já vem.

Não sabes menina,
tem gente do todo jeito,
gente que está do lado de lá
gente que nos faz sofrer
gente que sofre por nós
gente que nos machuca
gente que nós machucamos
gente que nos engana
gente enganada por nós!

Não sabes menina,
a vida é mesmo assim
o melhor é deixar como está,
se existe gente que aprende
um dia aprender vai a gente.
Marta Peres

Foto de Dani S.S

Se

Se tua boca faz o contorno exato da minha
Seria por que elas foram feitas para este exato momento?
Por que tudo se consumiria em amor?
E o teu amor fez do meu pranto um suspiro
Um suspiro de êxtase, alegria contida e sofreguidão
E se tua boca conhece o caminho exato do meu corpo
Seria por que ela sempre pertenceu a ele
E neste momento achou o caminho de volta para casa?
E se meu corpo é a tua casa
Seriam minhas coxas tuas almofadas
Seria meu cabelo tua coberta
Seria meus olhos a luz do quarto?
E se tua boca me pertence
Pertenceria a mim o todo?
E se eu não quiser que me pertenças?
Se eu quiser que te entregues a mim livremente
Que te sintas sempre em casa?
Far-me-ei, pois, um lar
Construir-te-ei moradia
Abrigar-te-ei em meu peito
Até o fim de meus dias...

Venha comigo.

Foto de Fernanda Queiroz

Você...

Se você estivesse aqui
Tudo seria diferente
O dia nasceria glorioso
Encontrando-me sorridente

Queria um abraço apertado
Com cheiro de flores silvestre
Sentir você ao meu lado
Ai que dera que pudesse...

Em teu colo me aconchegar
E ver o dia passar
Não importa se colorido
Ou com nuvens a nublar
De tua face irradia
Em meu mundo a fantasia
De teu braço a proteção
Que ficou na ilusão
Mas foi obra do destino
Que marca no coração
Protocola na fatalidade
Toda minha rendição.

Mas não posso reclamar
De você herdei olhar
E quem sabe este jeito
Impetuoso de amar
Ou a forma de querer
De postar o saber
Ou quem sabe este som
Que aprendi entoar
È mais que um dom
Ou mais que pintar
Nas telas ou nos pensamentos
Ou nas notas a tocar

Hoje tenho o compromisso
De passar para frente
Este amor que foi omisso
Não por vontade da gente

Você nunca será passado
Viverá sempre em meu pranto
Ninguém amou tanto
Nem ninguém foi tão amado.

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Marta Peres

Lua

Bela, envolta em véu branco
Qual vestido de noiva,
Nua, mostrando tuas faces
A vagar nas ruas

Lua que chora e soluça amores perdidos,
Caminhas qual sentinela na imensidão dos céus,
Pelas noites sem fim vagando pelo cosmo.
Transforma em poesia amores fatais.

Só no espaço sem fim, vejo-te em caminho,
Macha cadenciada marcada pelo Eterno
Mais parecendo dança lenta, vais num bailado
Cercada de estrelas cintilantes...

E o negro céu bordado com brocados coloridos
Enfeita nossas noites e nossos sonhos e amores,
E dores, sofrimentos sem fim...
Pura paixão deságua meus olhos em pranto!

E a luz que te ilumina, ilumina as águas do rio,
As velhas árvores em sua margem
E cai qual cristal brilhante
sobre minhas quaresmeiras e enche de luz
todo lençol bordado pelas folhas, caídas nas águas.

Marta Peres

Foto de Lou Poulit

PREDESTINAÇÃO (Poema Tríptico)

MANHÃ I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam,
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar,
Das profundezas do desejo vindo.
E na areia a luz de um gozo rendado,
Extrema unção de um amor guardado,
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

TARDE II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões,
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários,
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los,
Os brancos fios dos meus cabelos?

NOITE III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas,
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto,
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

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