Raízes

Foto de Sonia Delsin

QUEM SOU EU AFINAL?

QUEM SOU EU AFINAL?

Sou este monte de carne e ossos?
Sou isto somente?
Sou gente.
Quem eu sou afinal?
Me retorna, se desejo o mal.
Se desejo o bem, ele me volta também.
Quem eu sou?
Este mundo tanto me mostrou.
Sou especial.
Uma criatura de meu Pai Eterno.
Penso em eternidade.
O que sou de verdade?
Quem eu sou? Por qual caminho ainda eu vou?
Penso que tenho raízes e asas...
Prendo-me à terra.
Piso em brasas...
E vôo.
Alcanço o inatingível.
Vou com meu dirigível.
Vou com minha mente.
Sou gente...
Gente.
E o que é ser gente?

Foto de Glórinha Gaivota

Duas árvores

Duas árvores

Eram duas árvores
Que viviam
Na mesma rua
Lados opostos
Cada uma com suas raízes
Suas folhas
Suas flores
E frutos

Em certo amanhecer
Depois de uma noite de encantada lua cheia
O dia foi nascendo com uma brisa leve
E gotas do sereno da lua
Fizeram os seus perfumes
Se encontrarem

E as duas inebriadas
Por um instante de tão tortas
Se tocarem
E o encanto se fez

Duas árvores
Calçadas diferentes
Mas unidas
Pelo laço eterno
Que raiz nenhuma
Pode separar

Glórinha Anchieta - GG
19/04/2008
poesias de outono

Foto de Lu Lena

ENCONTRO E DESPEDIDA

Nossos corpos se tocaram
Nossas bocas se encontraram
Não podíamos mais resistir
Nossas almas íriam se fundir

Sem saber o que dizer
transmissão de pensamentos
olhos falavam nesse momento
num brilho latente escondido

querendo estravazar num
desejo ardente reprimido
almas criam raízes no chão
Imanizadas por essa paixão

Não queríamos mais dali sair
Mas tínhamos que partir
E nosso destino
cada qual teria que seguir

apenas encontro e despedida
coisas que acontecem
em nossa vida
não dá pra previnir

Cada qual já sabia
que um dia
iria se cumprir
vazio que iríamos sentir

louca e absurda paixão
de nós dois sem dimensão
selados num beijo sem fim
restou o perfume de jasmim

Foto de Lou Poulit

A MONTANHA E PINTASSILGO (CONTO)

A MONTANHA E O PINTASSILGO
(Parte 7)

Lendo os pensamentos do gato e do gavião, a montanha deduziu que estava se repetindo ali outro fundamento da natureza: a competitividade. Pois que o gato, que antes havia adotado uma postura cautelosa, ao perceber que o gavião já vinha voando rápido e rasteiro na direção do pintassilgo, resolveu que teria de ser ainda mais rápido do que o gavião e aproveitar-se da distância bem menor a que estava do passarinho. Porém ainda mais rápida foi a montanha. Numa atitude muito condenável para qualquer montanha, no entanto, naquela situação, para ela plenamente justificada, puxou com força para dentro de si as raízes do arvoredo onde estava o pintassilgo. Assim, todos muito assustados, o passarinho levou um tombo, o gato deu um bote no vento e rolou longe, e o gavião por pouco não quebrou a asa no lajedo, ao desviar subitamente o seu rumo.

Algum tempo depois, como sempre acontece na natureza, tudo voltou ao normal e a vida prosseguiu sem grandes traumas. Mas não foi assim para a montanha. Ela havia agredido a natureza com seu ato impulsivo. Cometera uma transgressão. Usara o seu poder indevidamente e sabia que, de alguma forma, um dia pagaria um preço por isso. Até que esse dia chegasse, não obstante a distância física que havia entre elas, saberia que outras montanhas a veriam com outros olhos. Criara para si uma imagem de montanha passional, e ferira o sentimento de identidade das demais montanhas, que por isso não saberiam mais quem ela realmente era, e nela não confiariam mais. Seria pois discriminada e devia se preparar.

Para uma montanha tudo é bem mais demorado do que para um pintassilgo. É como se formassem os dois um grande lago. A tona da água seria como o pintassilgo, sua expressão externa, visível e inconstante, susceptível a uma enorme gama de fatores capazes de provocar grandes transformações em pouquíssimo tempo. Já o fundo do lago, protegido e isolado de tais fatores, onde nem mesmo pode chegar plenamente a luz solar, bem mais se assemelha à montanha. Nele nada é tão breve e tudo é mais verdadeiro e confiável. Muito a propósito, nessa dimensão da vida, não se provocam violações da naturalidade e por isso a montanha sentia-se pejada. Ela sabia que a natureza é sustentada por princípios ativos, que sempre conduzem tudo a bom termo, com base em uma sucessividade também natural, cuja mensuração chama-se tempo cronológico. A aceitação disso como verdade depende, entretanto, de que se tenha a consciência ancorada num nível universal e coletivo. Embora por inusitado e admirável sentimentalismo, ela priorizou as consciências individuais, do pintassilgo e dela própria, e por isso transgrediu. Esqueceu-se de que todas as soluções já fazem parte do todo, que ela própria representa nessa analogia. A supervalorização do nível individual da consciência, ou da sua auto-identidade, não é um comportamento adequado para uma montanha milenar, embora seja muito comum em seres que vivem menos como, por exemplo, os pintassilgos e os humanos.

O sol já ia bastante alto mais uma vez, quando a montanha estranhou o comportamento do seu tão amado amigo. Ele parecia estranhamente movido por uma força difícil de identificar, no entanto muito poderosa. Começou a piar cada vez mais forte e com maior freqüência, sem propriamente cantar, movimentava-se mais, expunha mais as penas à luz do sol e até os seus olhinhos negros pareciam brilhar mais. Impressionada e ao mesmo tempo preocupada com ele, já que assim despertaria mais o instinto dos seus predadores naturais, a montanha pôs-se a investigar mais de perto o que estava acontecendo e em alguns poucos minutos tudo começou a ficar claro.

Subindo lentamente a picada mal definida e íngreme que vinha do vale para a montanha, o mais moço dos dois caçadores, que a montanha já conhecia bem, chegava próximo ao lugar onde estava o pintassilgo. Tratava-se, com absoluta certeza, daquele mesmo que mostrara-se inconformado com a soltura do bichinho. E ele não podia estar bem intencionado, pois trazia consigo novamente uma daquelas gaiolas de caça, providas de rede, e dentro dela três outros pintassilgos, que também não paravam de piar apesar dos trancos e escorregões da subida. Não era para se acreditar que viera soltar mais pintassilgos. Seria bom demais se fosse verdade. Cansado da subida, assim que chegou ao lugar que julgou satisfatório, o homem pendurou a gaiola em um toco de galho quebrado e afastou-se, indo acomodar-se por trás do capim que cobria um pequeno lajedo, de modo a não ser visto.

Por algum tempo a montanha sentiu-se muito feliz. O seu pintassilgo cantava loucamente, como nos velhos tempos. Cantava muito e alto, eriçando as penugens do peito, esticando as pernocas e o pescoço. Parecia à montanha comovida que nunca ele cantara tanto, com tanta eloqüência, tanta emoção. Era como se estivesse cantando pela última vez na vida, reunindo todas as forças para isso, e sua consciência coletiva, entrelaçada à da montanha, o fizesse cantar compulsivamente, como se dissesse ao mundo: Eu sou o pintassilgo e esse é o meu canto, o meu papel nesse mundo e o que sei fazer de melhor!

De tal forma o seu cantar se apossou do ambiente, que todos os demais animais se calaram. Até o vento parecia quedar-se a tão bela e sonora efusividade. Com dois olhos arregalados, o caçador mal acreditava no que eles viam e no que seus ouvidos escutavam.

(Segue)

Foto de Sonia Delsin

TATUASTE

TATUASTE

Tatuaste meu corpo.
Foi com teu olhar de fogo.
Ele andou lentamente.
Imagens na minha pele foi criando
Tatuaste minha alma.
Foi com tuas palavras.
Elas foram penetrando.
Penetrando.
Como raízes, se aprofundando.
Hoje eu me vejo assim.
Meio mulher, meio cipreste.
Quanta alegria e quanta dor tu me deste.

Foto de Carmen Lúcia

Novos tempos

A tempestade passou...
Porém as marcas ficaram...
Retalhos, ocupando espaços,
Demarcando territórios vazios,
Não ancorados no cais,
Fáceis de se carregar...

Árvores secas apelam às raízes
Seiva para recomeçar.
O retorno da paz...tempos felizes...
Folhas caídas entopem bueiros,
Danificam canteiros...
Bloqueiam calhas, produzem goteiras,
Impedem passagens, emoções verdadeiras,
Que lutam por se libertar
E de novo contagiar
Almas doentias, realidade de estações sombrias...

Passou a tempestade, ficou o temor...
Abalando a fé, ironizando a dor,
Desestabilizando a eterna verdade
Provando que tudo muda, transmuta,
E nada se conclui;verdade não é única.

É preciso um recomeço,
Partir a cada dia, rumo à harmonia...
Vencer a tempestade, sonhar felicidade.
Almas sobreviventes, carentes
De luz e calor, de amor...
Emergentes do naufrágio da vida,
Pedintes de afeto, de acolhida,
A olhar para o céu, comovidas,
Na esperança da ave a anunciar
O fim do dilúvio...
E novos tempos a recomeçar!

(Carmen Lúcia)

Foto de Henrique Fernandes

O SILÊNCIO É PERFEITO

.
.
.

É tão perfeito o silêncio
Quando tudo o que sei me chega á alma
Deixando uma luz entre as minhas mãos que ousam
Pedir á mente que retire o arame farpado
Da fronteira entre o sentir as coisas tal como elas são
E entre o sonho que contesta agitação
Fazendo pairar em mim sensações
De que o amanhã fica para depois
De chegar um pouco mais adiante na realidade
Nesta estranha demolição do tempo
Que mato alado de ansiedade já morto por si próprio
Rendido a uma eternidade que não testemunharei
Mas que não hesitará me transpor leviana
Numa importância errada e aprendiz do sério
Que esqueço durante o meu acontecimento
Não me incomoda a ida de hoje por diante
Vinda de uma inocência crua e isenta
Das minhas tentações que não invento
Os eventos sem escolha das minhas emoções
Sigo na vaga da intuição que chama por mim
Sem demoras nem poluição de lamentos
Ganhando raízes num lema de confiança
Como intermediário que me ampara as quedas
Um lema que explode no meu ego
Que a tristeza da solidão acaba
Quando a solidão é liberdade

Foto de Mentiroso Compulsivo

Insustentável Segredo

.
.
.

Sentei-me ao lado do meu insustentável segredo,
Aprisionado nas raízes profundas da minha mente.
Ébrio demente que se esconde num vazio degredo.
Interrogando-me da razão porque estou inconsciente.

São tantas as noites como esta que discuto com a morte,
Do excesso de querer viver num silêncio sufocado pela dor,
Trazida por ventos insalubres, emergentes do ontem sem sorte.
Singrando sobre o mar de sangue do meu corpo sem amor.

A alegria frágil dos meus sonhos traz de novo a noite imperfeita,
Herdando revoltas do além, do supérstite veneno que resiste.
Procuro, revolto-me, grito… trago os nervos como suspeita,
Do vidro que existe a fazer barreira entre o alegre e o triste.

Esta ainda não é a noite magistral para sucumbir à vida.
Discurso espavento com o sono tentando lograr a paz,
Abrem-se-me as minhas veias desta existência vazia,
Assassinadas pelo incêndio dos sentidos, do corpo que jaz.

Jorge Oliveira 10.MAR.08

Foto de Carmen Lúcia

De volta às raízes

De repente me invade a saudade,
Reacende a vontade,
Do retorno pra casa...
Lembranças transportam meus sonhos
Levam-me de volta...Parecem reais...
Àquela casinha risonha
Exalando o calor
Dos braços de meus pais.
Que me apertavam num abraço,
Cantavam cantigas, calando meus ais...

Em torno de um fogão à lenha
Reuníamos todos, nos tempos mais frios,
E assim não sentíamos passar
Dias mais turbulentos, desenhando vazios...
Uma flor vinha prenunciar
Que dias melhores estavam à caminho,
Primavera ficava a espreitar
Hora de se adentrar, trazendo alegria.

Quem dera pudesse voltar
Para me aconchegar,
Ter de volta meu ninho...
Correr aos braços de meus pais
Sufocar os meus ais...Retornar às raízes!
Olhar cada canto da casa
Onde deixei guardados
Os meus tempos felizes.

(Carmen Lúcia)

Foto de doxinho...

PARA VOCÊ ...CORAÇÃO..

Não sei bem o que dizer,vou deixar meu Coração falar...
É PRA VOCÊ CORAÇÃO!!!!
Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens
que hoje,mas isso é raro!
É claro que toda regra tem suas exceções e cada um tem o seu próprio valor.
Porém, com toda a consideração às demais idades, tem uma classe de homen que são companhia agradabilíssima:
isso inclui Você!
Percebese, com uma certa facilidade, a sensibilidade de seu coração, a devoção que têm pelo que há de mais belo: o
sentimento.
tornando a cada um um ser especial...
isso inclui Você!!
Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa
São cativantes, sabem se fazer presentes..
Nos relacionamentos, muitas vezes, trocam a quantidade pela qualidade
Sabem tratar bem uma mulher...
São homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver.
Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.
sabem reconhecer a qualidade da mulher, são mais espirituosos, discretos,compreensivos,
envolventes e educados.
Por que alguns homens possuem estas qualidades?
Ah, por causa das suas raízes, da sabedoria...
Sabedoria de vida,de tristezas e de alegrias a qual consegui na faculdade da vida!
Quanta alegria!!!
Foi ter você no meu caminho,te conhecer,te ter,estar com tigo!
ouvir sua voz suave,porem sonora
mesmo lidando com máquinas virtuais,trabalho que é muito corrido,você consegue ser uma
pessoa maravilhosa e presente na sua medida!
você está me fazendo ver tudo de forma linda na minha vida..
sua alegria me contagia e te digo que VOCê entra na lista
dos HOMENS RAROS!
O mais importante não é atitudes denunciada que o torna mais velho,mas sim reponsavél os raros valores da alma...
VC É MARAVILHOSO ,e estou adorando te conhecer ....VC é o nada e é o TUDO !!!!
E ESTÁ ME FAZENDO FELIZ...
E ISSO TE DIFERENCIA E TE DESTACA !!!!

CORAÇÃO ....VOCÊ É MUITO ESPECIAL...E ESPERO QUE SE TORNE mais AINDA.....BEIJOS....

Páginas

Subscrever Raízes

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma