Repente

Foto de Sonia Delsin

QUE MUDANÇA!

QUE MUDANÇA!

Ajoelhada ela implorava.
A um deus que ela nem acreditava.
Pedia, chorava.
Será que de repente passou a crer?
Quando lhe veio o sofrer...
Ela que dizia não ter fé.
Repetia.
Javé, Javé, Javé.
Eu a vi transfigurando.
Mudando.
E fiquei olhando.
Por que ela estava ali implorando?
Deus a estava escutando?
Ele sempre nos ouve.
Até quando nem queremos lhe falar.
De repente.
Será que de repente aquela mulher passou a acreditar?

Foto de Salome

Sangue Contaminado

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A sombra escura é uma péssima desculpa de um pilantra para um plágio. É deveras humilhante, desonesto e bem farsante ver uma prosa usurpada e poetizada, ali adiante, de forma desorientada, por quem não teve a perspicácia e a afinidade de seguir com uma idéia própria criando um eixo central e original para seu próprio escrito.

Uma ação-situação constrangedora que vai além do suicídio em sites de poemas, onde a densidade de versos ou na própria criação de prosa faz a pessoa se tornar espontânea e extemporânea!

Laços se atam e desatam na visão distorcida e mistificada do iludível direito de poder se apropriar da criação, deturpar a produção em verso num gosto discutível, sem qualquer talento e essência da outra obra poética que marcou sua presença com carinho e desprendimento.

Há poemas apenas copiados e colados ou mudados ali ou aqui, uma palavra colocando um mero sinônimo sem a doce cumplicidade, mas repleto de fria vaidade… Um plágio bem perverso porque o plagiador-estripador até se acha o verdadeiro autor da idéia… Um mestre do amor!

Uma tapeação ou uma saída meio desonrosa e não tão antiética… Seria o tal mestre-indivíduo não dotado de autenticidade ter a dignidade de colocar ao pé do “seu trabalho” poético a citação dessa fonte de inspiração do “seu pensamento” em vez de se vangloriar desse seu maravilhoso e imaginário talento.

Falsidade que afasta os poetas dos sites de relacionamento, mas um ato de normalidade e tão familiar, crime acidental! Sim para o plagiador safado que desfila com a maior cara de pau como se fosse à coisa mais natural e normal que foi o de invadir e desfilar com a vestimenta de um parente sem a sua devida licença.

Mas que prejuízo pode acarretar isso?! Será que irá causar danos ao autor!... Ah! Mas a alma e o coração são roubados, violados, vulgarizados… O sangue marcante em cada poesia que brotou das nossas veias foi contaminado de repente e dificilmente uma cópia não transgride com a idéia original, por ser uma apropriação indébita para não dizer a demonstração inequívoca de falsidade ideológica.

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Prosa em Dueto KM & HM
http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1212801

Foto de pttuii

Poemas vingativos nunca venderei

Vendo poemas que não indiciem atrocidades comuns.
Negoceio com base no acompanhamento espiritual de um xamã, doutorado em mistérios ininterruptos.
Dos seres inquisitórios, que comem aparições de santas redentoras ao pequeno almoço, e acompanham com uma meia de leite.
Servindo uma causa, um equilíbrio precário, vendo poemas que não prestam. Sonhos remelosos, em que crianças anafadas, soberbas redomas de culpabilização de casais de meia idade, morrem. Sentadas em secretárias acinzentadas de uma escola de interior, revezam-se com o colega do lado na procura por um amanhã de sonhos cumpridos. E, de repente, tombam. O colesterol poderá escorrer pelos pavilhões auriculares, dependendo do jantar do dia anterior.
Pegar em livros de cheques, e eu vendo um poema. Prometo acompanhamento em versos de chumbo. Metáforas oleosas, seborreicas mesmo. Cliente,....deixe a folha ao sol, e no ângulo certo, sentirá a melanina pronta a invadi-lo em ondas de prazer inefável.
Talvez, um dia, venda poemas de esperança. Aforismos preparam-me para composições evolutivas. No primor de um amor que não desilude, e que termina num miradouro, a contemplar um pôr do sol vermelho, que comeu feijoada de ozono ao almoço.
Agora nunca. Jamais. Em tempo algum me verão a vender poemas que o homem pode considerar vingativos. Recorrer a neurónios que dormem mais de 23 horas por dia para, num carrossel de minutos, dar mostras de personalidade doentia. Recorrer a imposições de um bom gosto duvidoso, para espezinhar conceitos. Pessoas mal formadas. Situações que o tempo se enganou a produzir.
Considerarei, Deus assim mo permita, vender poemas de lua rabujenta. Injuriar daquelas senhoras que fazem amor com o treinador de golfe, e depois masculinizam maridos que chupam havanos como se ornamentos fálicos fossem,...isso sim.
Mas poemas vingativos. Nunca venderei.

Foto de lialins

Soneto do Amor

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude

(Vinícius de Morais)

Este soneto é muito lindo
leia com atenção ...mas leia com o coração

lia 100%apaixonada
lins eterna apaixonada

Foto de Luiz Islo Nantes Teixeira

RESPIRAR

RESPIRAR
(Luiz Islo Nantes Teixeira)

Tua presenca cora o meu rosto
E meus olhos nao ousam olhar os teus
Converso com os amigos
Olhos pro quadros antigos
E escondo os olhos meus

Procuro fugir de tua presenca
Buscando lugares onde eu desapareca
Bebo um copo de vinho
Fujo para a varanda sozinho
E comeco a contar as estrelas

Mas eis que de repente sinto um respirar
Bem perto de meu pescoco
E sinto o cheiro de teu perfume
Olho a Lua escondendo-se de ciume
E olho teu lindo rosto

Fico ali hipnotizado por uns segundos
Pisando,mas nao sentindo este mundo
Procurando as palavras mais corretas
Mas sem que eu perceba os meus atos
Me entrego aos teus beijos molhados
Sendo observado pelas pessoas indiscretas

Tua presenca incendeia meu coracao
E me vejo com desejo de beijar teus labios
Que alguns sabios juraram que nao eram para mim
E te seguro com as maos tremulas ainda
Te levando comigo para o meu abrigo, linda
Onde podemos ficar a sos, enfim!

© 2008 Islo Nantes Music/Globrazil(ASCAP)
Globrazil@verizon.net or Globrazil@hotmail.com
Brazil - (021) 2463-7999 - Claudio
USA (1) 914-699-0186 - Luiz
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http://www.islonantes.com/
Luiz Islo Nantes Teixeira

Foto de NiKKo

Magia e sedução.

Meu coração andou entristecido pelo céu noturno
procurando em meio à solidão um novo alento.
Vaguei em meio ao som dos mares bravios das incertezas
para tirar de mim lembranças que me martirizavam o pensamento.

Confesso que não sei por quanto tempo assim eu voei
e nos cumes traiçoeiros e sombrios muitas vezes me abriguei.
Pois a solidão margeava minha alma com tamanha intensidade
que ela era a minha amante, muitas vezes eu imaginei.

Com ela bebi a taça dos desejos roubados e esquecidos
e entoei as canções como faunos para com as Dríades dançar.
Compus poemas e rimas falando somente da dor que sentia
que minhas lágrimas mais se pareciam com as águas do mar.

E de repente no horizonte surgiu uma luz tão clara
tal qual a aurora de um novo dia que esta para nascer.
E envolveu minha vida uma suavidade há tanto tempo perdida
que ao me tocar com seu carinho me fez renascer.

O brilho que vi naquele momento tão especial e fugaz
aproximou-se e então, surpresa eu pude notar
a luz era dos olhos de um Ser tão delicado e sensível
que quebrando a minha solidão, me convidou a de novo voar.

Abri minhas asas e deixei que o vento me ajudasse a subir
pois desejava ir ao mais alto dos céus para me proteger,
pois eu tinha encontrado a metade que me faltava
que junto dela para sempre eu queria viver.

E voando assim nos braços de Morfeu eu me deixei levar
nem percebi que Cronos queria roubá-la de mim.
Que fez com que Netuno a defendesse com seu tridente
criando ondas gigantes no oceano sem fim.

Mas para que o nosso sentimento ficasse registrado
venus apiedou-se a resolveu na lua tatuar.
Fez com que nossos nomes ficassem gravados no universo
juntando a estrela com as penas da Fênix a voar.

E la na imensidão surgiu uma nova entidade luminosa
que nenhum homem consegue descrever.
São as lagrimas dos olhos da Fênix que encantada,
chora por amor e com isso consegue as almas rejuvenescer.

Pois contem em sua gota a magia do encantamento
que sara os corações entristecidos e magoados.
Fazendo com que as cinzas da solidão sejam levadas pelo vento
e se transformem em alegrias nos corações dos apaixonados.

Foto de Sonia Delsin

“TEUS OLHOS VAZIOS”

“TEUS OLHOS VAZIOS”

Teus olhos ficaram tão vazios.
Frios.
E pensar que para eles eu sempre corria.
Teu olhar antigamente me aquecia.
A vida muda.
Tudo pode se modificar.
Eu vivia a me perguntar.
Como pode mudar um olhar?
Não conseguia aceitar.
E isto só fazia me machucar.
Aos poucos fui aceitando.
Que foste mudando.
Noutra estrada caminhando.
Tantas vezes vivemos anos e anos ao lado de alguém.
De repente para este alguém viramos ninguém.

Foto de Sonia Delsin

ELEONORA

ELEONORA

Conheci Eleonora numa festa há alguns anos. Ela era uma mulher pequenina e muito bonita. Meu filho caçula se a tivesse conhecido decerto diria que ela era uma "baixinha gostosa". O mais velho diria que era uma pequena sereia.
O fato era que Eleonora era uma bela mulher e tinha o corpo muito bem feito. O rosto era sensacional, a boca carnuda; olhos oblíquos, intensamente azuis. O bumbum era redondinho e arrebitado e levava qualquer homem a olhar mais de uma vez.
Quando ela soube que eu gostava de escrever quis me contar sua história e eu tento transcrevê-la aqui neste conto:

Cresci numa fazenda do interior do Brasil em meio a bois e cavalos. Meus pais eram moralistas e criaram a mim e a meu irmão na mais rígida educação. Minha mãe não me deixava jamais vestir calças compridas e montar.
Eu via Jorginho montando lindos cavalos e aquilo me deixava enfezada. Por quê não eu? O que havia demais em ter nascido sem aquilo no meio das pernas?
Claro que eu sabia a diferença que existia entre nós dois. Eu nascera com aquela fenda e ele com um apêndice. Escondidos de mamãe nós tomávamos banho de cachoeira completamente nus. Foi o idiota do Chicão que nos surpreendeu um dia e contou ao papai.
Jorginho era um ano mais novo que eu e me adorava. Eu também amava aquele menino sardento e irrequieto.
Havia também na fazenda os filhos dos colonos: Mariana e Marcelo. Eles eram mulatinhos e muitas vezes também conseguimos driblar a vigilância de mamãe e brincamos juntos. Marcelo era uns dois anos mais velho que eu e tinha o pênis bem maior que o de meu irmão. Quando nadávamos nus ele encostava aquele enormidade em mim e eu achava tão bom.
Papai me dizia que eu precisava tomar cuidado com a minha fenda porque ela poderia ser o motivo de minha perdição. Na época eu não conseguia entender o porquê de uma coisa daquelas ser prejudicial a alguém.
Eu era uma menina esperta e aos doze anos parecia ter pelo menos quinze. Foi nessa época que Marcelo mudou-se da fazenda.
Antes de mudar-se ele me pediu uma prova de amor e eu me entreguei a ele. Foi em meio ao feno e ao fedor de estrume que nós nos pertencemos. Ele estava trêmulo quando arrancou meu vestido. Foi uma penetração difícil porque ele era muito bem dotado e éramos completamente inexperientes. Sangrei muito e chorei de dor. Nós dois queríamos que o pênis dele me penetrasse inteira; mas não conseguimos de forma alguma. Nós nos movimentávamos para baixo e para cima como estávamos acostumados a ver os cavalos fazendo com as éguas --escondidos espiávamos, é claro). Depois de várias tentativas Marcelo acabou gozando nas minhas coxas. Eu não conseguia crer que fosse assim.
Tempos depois nós também nos mudamos para a cidade e conheci Alfredo. Este era um vizinho e possuía os olhos mais azuis deste mundo. Esqueci-me completamente de meu amiguinho de infância e me apaixonei por ele. Alfredo era um rapagão esnobe e não me dava a menor bola. Tinha treze para quatorze anos e ardia por ele.
Nas noites intermináveis eu precisava masturbar-me para conseguir conciliar o sono. Era pensando naqueles olhos intensamente azuis que eu me masturbava. Nunca parei para pensar como seria transar com ele. Era pelos olhos dele que eu havia me apaixonado.
Fomos apresentados um ao outro numa festinha que meus pais deram para comemorar os treze anos de Jorginho.
-- Prazer. Você é bonita. -- Pensei que você nunca houvesse me notado.
-- Não dá para não notar você, apesar de ser tão baixinha.
Os olhos eram ainda mais lindos de perto. Mas a voz tão arrogante!
Ainda nos falamos umas banalidades e só no final da festa ele me arrastou para um canto escuro e esfregou-se em mim.
-- Quero você.
-- Agora?
-- Encontre-se comigo amanhã atrás da varanda, embaixo daquela grande figueira.
Não consegui dormir a noite toda. Como seria transar com aquele gato?
Ele estava lá na hora combinada e nos deitamos no gramado. Alfredo me garantiu que todos da casa haviam saído. Ele arrancou rapidamente minha saia e minha calcinha e abaixou a calça. Foi tudo muito rápido e só depois de tudo terminado é que pude notar que ele era muito magricela e que tinha um pinto pequenino que não poderia nem ser chamado de pênis comparando-se com o do primeiro homem de minha vida.
Não me satisfez em absoluto e depois desta transa eu nem quis mais encontrá-lo.
Nos anos subsequentes dediquei-me de corpo e alma aos estudos.
Os rapazes começaram a dar em cima de mim e não achava graça em nenhum deles. Jorginho vivia rodeado por garotas e reclamava com mamãe que eu acabaria ficando solteirona.
Nessa época eu já completara dezoito anos e nunca tivera sequer um namorado. Minha experiência amorosa era nenhuma e sexual só acontecera de ter tido aqueles dois encontros que marcaram a minha vida.
Sentia um medo danado de não sentir prazer da próxima vez e vivia adiando um novo encontro com alguém.
Conheci Sérgio quando passei no vestibular para Odontologia. Eu vivia dizendo a papai que não era o que eu sonhava para meu futuro, mas ele praticamente me obrigava a estudar o que achava que seria bom para mim.
-- Você gosta de Odonto? Perguntou-me ele.
-- Não é bem o que eu queria.
-- Então por que optou por isso?
-- Não foi bem assim. Optaram por mim.
Sérgio olhou-me com seus enigmáticos olhos pretos.
-- Você parece ter personalidade. Não consigo entender.
-- Quero evitar discussões inúteis.
-- Mas trata-se de sua vida.
Pegando minha mão na sua ele puxou-me para um banco.
-- Quer namorar comigo?
Eu precisava tentar pelo menos. Vivia tão só nos últimos anos.
-- Topo.
Ele beijou-me e a sensação foi boa. Senti ferver novamente um vulcão que eu imaginava extinto. Sua língua começou a explorar a minha boca, suas mãos acariciaram meus mamilos e eu senti que poderia sentir prazer ao lado de um homem.
Nos primeiros dias ficávamos nos abraçando e nos beijando até que ele me levou para seu apartamento, e lá eu pude descobrir que mesmo um homem de pênis tamanho normal poderia me proporcionar muito prazer.
Ele me beijou inteira e deixou meu corpo todo desejando-o. Sua língua me explorava toda enquanto suas mãos também procuravam pontos em mim que me deixavam completamente excitada.
Foram as duas horas mais loucas de minha vida e jamais pensei que um dia pudesse ser daquela forma. Eu nem imaginava que um dia faria sexo oral e anal. Aconteceu com ele e foi muito bom.
Sérgio deitou-se relaxado ao meu lado e perguntou-me baixinho se havia gostado. Ele sabia que sim e só perguntara por perguntar.
Namoramos por dois anos. Eu continuava a estudar Odontologia.
Papai faleceu quando eu começava o terceiro ano. Desisti do curso e comuniquei a todos que voltaria a morar na fazenda. Era o que eu queria para mim.
Neste meio tempo acabamos terminando o namoro.
Mamãe também disse que ficaria morando na cidade com Jorginho, que também já estava na faculdade.
Não me importei de voltar só para lá; pois era o que eu sonhava. Viver entre bois, cavalos, estrume. Eu adorava cavalgar pelas nossas terras e mamãe não tinha pulso com os empregados. Eu sim saberia lidar com eles.
No início senti falta de Sérgio, das vezes em que ficávamos em seu apartamento; mas sexo não era tudo na vida. Era muito bom, mas não era tudo.
Em poucos meses na fazenda eu soubera me impor e todos os empregados me respeitavam muito.
Vivia vestindo roupas de montaria e foi cavalgando que conheci Luciano.
Era um homem feio. A pele marcada por acne, olhos verdes e frios. Ele vestia um jeans imundo e as botas estavam sujas de estrume. Era verdade que eu também vivia no meio de bois e minhas roupas eram grosseiras, mas procurava me manter limpa.
A princípio aquele homem rude me causou asco.
-- Pode me dizer que horas são?
-- Por que quer saber as horas neste fim de mundo?
-- Talvez pelo mesmo motivo que a senhorita esteja usando este relógio no braço.
Não gostei dos modos daquele estranho que encontrei enquanto cavalgava. Apertei o pé no estribo e Samara disparou num galope. No início ele pôs-se a me seguir, mas o cavalo em que estava montado não era um puro sangue como a minha Samara.
Chegando em casa desmontei a bela égua e deixei-a aos cuidados do Namberto. Tomei um banho e desci para almoçar.
A Albertina me avisou que tínhamos visita.
-- Quem está aí?
-- O novo vizinho.
-- Como é ele?
-- Um homem estranho. Fede que só ele.
Imediatamente lembrei-me do homem que havia encontrado. Seria o mesmo?
Chegando à varanda eu o vi parado, me esperando.
-- Peço que me desculpe pelo ocorrido, vim só para oferecer meus préstimos.
-- Fico agradecida -- disse sem saber se devia estender a mão.
Ele notando meu constrangimento foi dizendo:
-- Não se preocupe em me estender a mão senhorita. Desculpe-me pelo estado em que me encontro. Foi um problema que tivemos esta manhã. O touro rompeu a cerca e tivemos um trabalho danado para juntar a boiada. Fui grosso lá na estrada e vim pedir desculpas.
Ele se apresentou e eu pude observar que era realmente um homem feio, mas havia alguma coisa diferente nele. A verdade é que ele me atraia.
Dias depois ele apareceu na fazenda montando um lindo cavalo árabe.
-- Acabei de comprar. Gostou?
Eu era uma admiradora de cavalos de raça e lhe disse que era lindo demais.
Conversamos algum tempo sentados nas grandes cadeiras de vime da varanda e Albertina nos trouxe um suco de frutas bem geladinho.
Pouco tempo depois já nos falávamos como dois conhecidos de longa data. Ele me contou que havia se separado da mulher e que comprara aquelas terras para se instalar de vez ali.
Eu também lhe falei que pretendia passar o restante de minha vida naquelas terras que eu tanto amava.
-- E sua mãe? Seu irmão?
-- Mamãe gosta demais da cidade e meu irmão está estudando medicina.
-- Não se sente só aqui?
-- Às vezes.
Ele me disse que poderia voltar mais vezes para conversarmos.
Na despedida segurou algum tempo minhas mãos nas suas e uma corrente elétrica passou por todo meu corpo.
Luciano voltou outras vezes e acabamos nos tornando amantes. Descobri que ele conseguia me envolver emocionalmente mais do que sexualmente, mas era bom. Ele tinha um charme especial e sabia agradar uma mulher.
Um dia lhe perguntei porque não dera certo o primeiro casamento e ele me disse que a ex-mulher se apaixonara pela amiga.
Eu não me casaria com ele mesmo que me pedisse. Queria deixar as coisas como estavam. Quando ele queria vinha me ver e quando eu o queria ia ao seu encontro. Para que modificar o que estava sendo tão bom?

O nosso capataz sofreu um acidente fatal e eu precisava urgentemente de outro. Foi Luciano que sugeriu um homem que ele conhecia bem.
-- É um mulherengo, já aprontou das suas. Tenho um amigo que já perdeu a mulher por causa dele, mas acho que não tem nada a ver.
-- Então o que está esperando? Preciso deste homem para ontem.
-- Se tudo correr bem amanhã mesmo ele estará aqui.
No dia seguinte à tardinha Albertina veio me informar que o rapaz havia chegado.
Fui rapidamente atendê-lo. Precisava logo resolver aquela situação.
Um mulato alto estava de costas para mim e ele olhava tudo à sua volta.
Quando ele voltou-se para mim um sorriso enorme se estampava em seu rosto.
. Então era ele o tal homem? Agora eu podia entender o porquê de um homem perder a esposa para tal sujeito.
Fiquei sem ação. Marcelo estava diante de mim.Devia correr para seus braços, estender a mão?
Sorri gostosamente e gaguejei:
-- Que saudades! Que surpresa boa!
Foi ele que correu para me abraçar e sussurrou em meu ouvido:
-- Desculpe-me se faço isso. Fui louco em vir até aqui. Não conseguirei jamais ser um empregado seu.
Afastei-o delicadamente e pus-me a examiná-lo de cima a baixo. Vi que se tornara um homem alto e bonito demais. O corpo atlético e atraente. Lembrei-me de quando nadávamos nus em nossa infância. Lembrei-me daquela vez em que me entreguei a ele no meio do feno.
Só então me dei conta de que nunca quis um homem em minha vida mais do que quis aquele.
Foi a minha vez de abraçá-lo.
Albertina que se empregara na casa há pouco tempo estranhou aquela cena.
Era verdade que o tempo tinha passado, mas ele havia voltado e só isto me importava naquele instante.
-- Nunca consegui esquecê-lo.
-- Nem eu consegui esquecê-la.
Olhei-o diretamente nos olhos procurando a verdade e convidei-o para conversarmos sentados na varanda.
Albertina entendeu que eu queria estar a sós com ele e afastou-se.
Perguntei por onde andara, o que fizera da vida e se ainda estava solteiro. Ele respondeu que ainda estava "solteirinho da silva". Tivera um caso ou outro.
Sorrindo ele não se cansava de repetir:
-- Nunca me amarrei a ninguém. Acho mesmo que nunca a esqueci. Lembra-se daquela vez? Eu fiquei tão preocupado achando que a tinha machucado. Parti daqui me sentindo um verme. Tinha medo de me aproximar de uma moça e machucá-la. Fiquei mesmo traumatizado e foi só depois de muitos anos que consegui estar com uma mulher. Aos poucos fui apreendendo a lidar com ele -- dizendo isso ele abaixou os olhos em direção ao seu pênis. Você me perdoou por ter agido daquela forma?
Não pude deixar de rir e dizer que éramos completamente inexperientes. Fora só por isso.
Ele foi taxativo em afirmar que jamais conseguiria ser meu empregado e quando já ia se despedir sugeri que ficasse mesmo assim. Teríamos uma relação de amizade e ele me ajudaria enquanto eu não conseguisse outra pessoa.
Marcelo concordou em ficar, por uns tempos.
Luciano ficou me olhando com aqueles olhos gelados enquanto eu lhe contava que o Marcelo crescera na fazenda ao meu lado.
-- Você fala dele de um jeito.
-- Não diga que está com ciúmes!?
-- E não é para estar? Seus olhos brilham enquanto você fala dele. E pensar que eu é que tive a idéia de trazê-lo para trabalhar aqui!
Luciano socou a mesa violentamente.
Eu nunca soubera lidar com um homem violento. Procurei agradá-lo, mas só consegui piorar a situação.
-- Ele a atrai, dá até para um cego ver. E você também o atrai.
Luciano saiu resmungando, montou o belo cavalo árabe e saiu galopando feito louco. Suspirei fundo.
Marcelo se aproximou de mim e pegando a minha mão foi dizendo:
-- É melhor que eu me vá logo daqui. Estou atrapalhando a sua vida. O seu namorado está com ciúmes de mim. Não significo mais nada para você, não é mesmo?
-- Não é assim.
A sombra de um sorriso passou pelo seu rosto.
-- Você ainda sente alguma coisa por mim?
Hesitei em dizer que sim. Ele estava um homem feito, já não tinha mais nada do menino que crescera conosco na fazenda.
Disfarcei dizendo que as recordações eram tantas.
-- Você não está sendo sincera, sente alguma coisa ou não?
-- Não sei.
Sei que fui evasiva, mas estava tão confusa. Os homens que cruzaram meu caminho deixaram marcas e aquele que estava à minha frente fora o que mais me marcara.
Eu poderia assumir o que estava sentindo. Poderia brigar até com o mundo por ele. Teria forças para isso. Mas ele corresponderia?
Ainda segurando minha mão ele me cobrava uma resposta mais direta. De repente perdeu a compostura e beijou-me ardentemente.
Segurou-me apertadamente de encontro ao corpo másculo e senti que iria mergulhar de cabeça nessa nova situação.
Foi a minha vez de colocá-lo contra a parede.
-- Você me ama de verdade? Se disser que sim eu enfrentarei qualquer coisa neste mundo.
Ele respondeu-me com um beijo e perguntou-me se poderia ser como da primeira vez naquele paiol que soçobrara ao tempo.
Meu Deus! Naquela altura de minha vida! Eu já não era uma menina de doze anos!
Fui caminhando abraçada a ele de encontro ao paiol. Não precisava dar satisfações de minha vida a ninguém. Era dona de tudo ali, dona de minha vida.
Como da primeira vez foi em meio ao feno e ao cheiro forte de estrume. Ele delicadamente tirou minha roupa e fez coisas que eu nunca sequer pude imaginar que aquele menino de antigamente iria aprender. Beijou minha boca suavemente e depois passou a beijar meu corpo inteirinho.
Quando finalmente ele me penetrou eu compreendi que com homem algum seria igual. Ele era fabuloso. O pênis se tornara ainda melhor com os anos. A minha obsessão na vida fora pênis avantajado e descobri que ele conseguia me penetrar inteira. Havia espaço suficiente sim!
Depois de completamente saciada de amor eu repousava em seu peito forte quando ele me perguntou se desta vez também eu iria começar a chorar.
Sorri e contei-lhe que andara pela vida procurando um homem com os requisitos dele. Não encontrara, era evidente.
Casamo-nos em dois meses e continuamos fazendo amor nos lugares mais estranhos e diversos. Nem preciso dizer que continuamos apaixonados um pelo outro e que o que mais desejamos é estar juntos.

SONIA DELSIN

Foto de Joaninhavoa

QUEM SOIS

*
QUEM SÓIS
*
e os anjos e diabos...
*

Por fim, parece que consigo conciliar
o sono
Sonho contigo. Estávamos na cama
entre os lençóis
Centenas de anjos e diabos, multiplicados
em conto
Lutavam à nossa volta com almofadas
gritando quem sóis

Penas esvoaçavam no ar e caíam como
flocos de neve
No chão suavemente como quem pede
paz
Visualizei um corpo com rosto de mulher
e seios de sede
Impeliram-me para ti e fazíamos amor
de forma audaz

Enquanto as cópias dos anjos e diabos
Soltavam guinchos
E riam à nossa volta formando um círculo
Semi-cerrado
Lutando e golpeando até cairem cada vez
mais flocos neve

Suave e quente sedosa e densa era a neve
branca e pura
De repente sinto uma humidade vinda de dentro
Para fora
Da atmosfera a densidade provocou sensações
arranhou e entranhou

nos lençóis brancos... a mancha seminal!...

Joaninhavoa,
(helenafarias)
27 de Setembro de 2008

Foto de Sonia Delsin

TE ACENDI

TE ACENDI

Te amei no primeiro instante.
Meu amor não foi bastante?
Foi.
Eu te acendi.
Despertei em ti.
Algo que estava meio morto.
Teu coração que já nem bater queria.
De repente tu foste sentindo uma alegria.
Lia minha poesia.
E se questionava.
Era uma mulher que te falava.
Do amor, do mundo, das coisas mais pequeninas.
Eu te acendi como homem com minha sensualidade.
Eu te acendi como ser humano pra eterna verdade.
Das coisas que têm valor.
Eu cheguei pra ti pra mostrar o amor.

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