Serras

Foto de Carmen Vervloet

AMOR ANDARILHO

Amor Andarilho

Sou perfume... Sou flor...
Sou poesia... Sou cor...
Poetizo... Dou alento...
Valorizo o riso...
Eternizo sentimentos...
A alegria, concretizo...
Nos descaminhos da vida
Transformo em sorriso a dor...

Sou o desabrochar delicado
De rosa branca... Anacarado...
Sou a paz que alivia...
Sou luz e sou magia...
Sou gerador de emoção...
Na nascente do coração...
E me esparramo pela terra...
Subo ladeiras e serras...
E entre sulcos escorro...
Deixando a minha trilha...
Que como o sol... Brilha...
E ilumina outros caminhos...
Entre afagos e carinhos...

Mas sou o rochedo...
Sólido... Resistente...
Não tremo por medo...
E me faço presente...
E recebo o vendaval... Paciente...
E do alto do meu cume...
Junto ao meu perfume...
Lanço um olhar...
Que segura o que vai desabar...
E lanço no mar
A minha jangada
E vou machucando
O silêncio da madrugada
Conjugando bem alto
O verbo amar...
Contra as ondas a remar...

E assim vou vagueando
Pelas curvas do tempo
Deixando meu sentimento
Nas ruas... Nas esquinas...
Longe e perto...
Em terra fértil... No deserto...
Sou o amor andarilho
E com meu brilho
Teço pétalas de felicidade...
Vislumbres da eternidade!...

Carmen Vervloet

Foto de HELDER-DUARTE

Sonhei

Ia caminhando p´ela cidade,
Até, que me senti cansado, apesar da minha mocidade.
Cansaço, físico e espiritual...
Não parecendo, este estado, pertencer à lógica racional.
Com verdade, eu era um humano ser, cheio de infelicidade.
Como quem, não tem liberdade.
O estado de ser feliz, não viera a encontro meu.
Sabe Deus, porque isso me aconteceu!
À frente estava um jardim.
Então pensei:
Sentar-me-ei,
Naquele banco, perto do jasmim.
Havia um ribeiro, que som não entoava,
Ao descer um monte, onde as águas não o magoavam.
E um rouxinol, nele bebia;
Pois morrer, não queria,
Como o das «...longes terras...»
Que no ribeiro do século dezasseis,
No mesmo, caia e morria.
Naquela terra, de sofrimento, mil vezes!
Este jardim, tinha vida.
Como o tinham «A Cidade e as Serras»
Do Eça de Queirós, romancista.
Lembrava ainda, «O vale de Azambuja» de «Viagens na Minha Terra»
Do poeta, que a mulher, exaltava
E anjo lhe chamava.
Então, no banco me sentei.
Adormeci...
E sonhei... sonhei...
Que feliz era...
Com a felicidade, que este pó, jamais tivera!!!...

HELDER DUARTE

Foto de HELDER-DUARTE

Verdes pomares

Oh vós verdes pomares,

E verdes serras de Lamego!

Provai me amares,

Pois eu amor por vós tive cedo.

Escondei-me por entre vós,

De ventos do litoral vindos!

Eles com o seu soprar, querem que fiqueis sós,

Do meu amor privados!

Mas ficai sabendo!

Vento estranhos,

Que eu e os bosques de Lamego, não estamos de vós medo tendo!

Pois aqui os nossos bosques,

Têm a ajuda de outros ventos tamanhos,

Do alto vindos, e mais que os vossos, estes são fortes!

HELDER DUARTE

Foto de JGMOREIRA

A MÃO QUE ACENA

A MÃO QUE ACENA

Toma essa mão que acena adeus
que desentrava toda a tristeza do mundo.
U'a mão pálida
um olhar soturno. E toda a tristeza do mundo.

Mergulho meu dia na luz malsã do mercúrio
passando o dia todo, todos os dias
passando por mim,
pensando que passo no mundo.

Não! Não farei como os poetas abnegados
que deixaram nomes encravados em placas
largaram obras belíssimas aos olhos do mundo.
Passarei em claro, deitarei em escuro e terá sido tudo.

E será tudo passar assim pelo mundo ?
Se olho, não vejo; se vejo,não escuto.
Se amo não odeio; se quero, discuto.
Discuto comigo nas serras da minha cabeça
procurando caminho na aurora
aurorescendo que esse caminho aconteça.
Que aconteça de repente, feito nascimento
para que todos os caminhos desapareçam
só restando um caminho
e eu seja criança que se alimenta
de um caminho que a abasteça
que me faça dono do mundo,
senhor das coisas e da razão.
Criança vestida de homem
posando para retrato no jardim
enquanto espoucam as luzes dos dias na sala.
II
AH, toma essa mão que acena adeus.
Repousa todas as mãos e restará essa
que desentranha toda a tristeza do mundo.

Em casa, escutando sons familiares
louças que entretinem, água que jorra
parentes que falam...Essa é toda a vida.
Mas terá vida essa vida de família pelos ares ?
Será vida acalentar nesse quarto o sonho da vida ?
Será vida amassar mil papéis da vida ?
Escrever mil linhas e chamá-las vida ?

O que será viver se passo em branco
todos os meus dias? Não altero nada
não provoco nada, não amo nada
sinceramente. Desejo mil coisas
e passo por elas, tão perto,
que meu desejo fica contente

E ri meu desejo em minha boca
E presto atenção no gato do hotel
na senhora que lava o rosto na pia na área
na menina que grita mãe!
Nas danças de rua nas portas dos bares
Atencionado em tudo, estaciono
Paro. Mole e parvo, à beira de tudo
E não mudo nada, nada mudo
Por isso,
toma essa mão que acena adeus
Pergunta a ela
se é viver passar ao largo do mundo.

Mas pergunta ríspido e forte
que essa mão tonta
às vezes faz-se de surda
para passar sem resposta
a tantas perguntas absurdas.
III
Toma essa mão que acena adeus
Reconforta-a no desenho do teu seio
Aqueça-a com o calor do teu corpo.
Não tenha medo do homem atrás da mão !
O homem é uma coisa de pó
finíssimo, que toma a forma de jarro
onde derrama-se uma gota de poesia.
Forma-se o miraculoso barro

d'onde surge essa mão
que levanta-se do pó para tornar-se mão
para acenar adeus à própria vida
ou a vida do próprio irmão.

Quantas vezes o homem detrás da mão
bem oculto pelas falanges aneladas
esteve louco de tanto olhar
e não ver outra mão?

Eram jarros sem pingo de poesia
que marchavam lá fora
Rolavam, chocando-se com tanta força
que rompiam espalhando o pó
Pó tão espesso, tão pesado
que logo tomou a cidade
Cobriu o céu até não se ver estrela.
O pó alevantado não assentava
Tranquei-me em livros, armadilhas de amar,
em corpos frios de copos vazios
cofres antigos de segredos perdidos
Mas o pó me achou
A poeira pesou meus ombros
Eu a respirei
Quando abri a janela, não pasmei:

estava infecto, imundo, não ventilado
Aquele pó era o mundo
O mundo não cabia no vaso.

Toma, urgente, essa mão que acena
Beija-a, abraça essa mão que não repousa
que insiste acenando adeus
coberta de um pó que não se afugenta.
IV
Oiço tantos sons familiares
o relógio, a buzina, o assobio desafinado
os passos da menina, o grito do soldado
Nessa janela, abismado
confirmo com meus olhos
que minha família está pelos ares
Durmo preocupado
sonhando com o pó envenenado.
V
Vamos, toma logo essa mão
Não a deixa ao acaso
tentando erguer-se da mesa
estando o corpo anestesiado.
Não te apavores, amada, não te apavores!!
Hás de ver tantas mãos acanhadas
que hás de implorar pela minha mão que te acode
empurrando teus passos pela estrada.
Minha mão, no silencio da chuva que desaba
está fria, morta, quieta
lutando contra o vício que a descarna.
Minha mão não quer ser poeta
não quer o formol das estantes
não anseia taças
póstumas pousadas na sua palma sem semblante.
A mão quer a paz dos arvoredos
quer o canto das aves trinadoras
o vôo da rapina mais absoluta
a envergadura de asas perfeitas
Minha mão quer dormir um sono tranquilo
sabendo que a poesia pulou o muro
saiu do quintal esquisito
veio cá fora respirar ar mais puro.

Minha mão quer liberdade
quer justiça.
Uma justiça sem mãos
sem crinas
Minha mão que acena adeus
não quer abrigar sonhos em sua morada
Não quer estalar patíbulos
não escalar horas marcadas

Minha mão quer ser amada !
Quer que tu a toques com cada dedo da tua alma

Minha mão que acena adeus
acena a Deus
que do longe das estrelas
acena duas mãos perfeitas
à minha mão deformada.

Foto de Remisson Aniceto

Estrangeiro

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Estrangeiro sou e não ardo.
Meu corpo segue em névoa calma.
Não carrego nenhum fardo:
não sofre quem não tem alma.

Piso as pedras do caminho
livre, só, sem rumo certo.
E por ser assim _ sozinho _
nada é longe, nada é perto...

Estou aqui, além, aquém,
não importa meu destino;
se não me espera ninguém,
meu viver é peregrino.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Ser estranho é ser feliz,
é ter tudo e não ter nada,
ser mestre e aprendiz,
tendo a casa na estrada.

Vai, alma, não voltes mais!
Vê se te aportas noutro porto.
Ser assim muito me apraz:
não ser vivo nem ser morto...

Se meu corpo não tem alma,
minha`alma um corpo não tem.
Tal estado hoje me acalma;
a ela não sei se convém.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Sou meio-termo inteiro,
animal de consciência;
sou ar puro e passageiro,
que de si não dá ciência.

Minha`alma foi carcereira
do corpo, as rédeas tomava.
Fingia ser companheira
enquanto só regras ditava.

Perdi amor e felicidade,
que a ela não interessava.
Hoje há paz e não saudade
da alma que o corpo matava.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
é que longe, aquém das serras,
alma me abandonou...

Desalmado sou, bem sei,
estou solto e desgarrado,
livre do mundo, da lei,
sem presente e sem passado.

Minha`alma já foi bem tarde
se perder por outros lados.
Faço tudo sem alarde:
sem alma não há pecado.

Vai, alma, pedir pousada
em corpo que te receba.
Sou feliz e não me agrada
te encontrar pelas veredas.

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

É bom que eu seja assim,
como nuvem passageira...
Que o mundo não saiba de mim.
Sou quem não fede nem cheira.

Fui louco, tolo, bastardo,
a alma de mim fez desdém.
Leitores, compreendam meu fado:
a alma jamais fez-me bem.

Serei o que queiram que eu seja.
Se quiserem, serei ninguém.
Sou o novo que viceja
do que já foi velho. Amém!

Sou estranho nesta terra.
Estranho? E por que sou?
É que longe, aquém das serras,
a alma me abandonou...

Foto de HELDER-DUARTE

Macieiras

Vós macieiras de Alcobaça,
Rios Alcoa e Baça,
Alfeizerão, de mouros terras.
E vós de Leiria, pinhais e serras.

Deixai que Deus vos use, para dar-me alegria,
Nestas terras de Leiria...
Pois agora vosso sou...
E convosco estou...

Mas sofro por Lamego ainda amar,
Mas a vós outros também amo,
Igual amor tenho para vos dar...

Consolai meu coração,
Amai-me como, amor, por vós e Lamego eu sinto,
Que podeis crer é mais alto que uma emoção!

Helder Duarte

Foto de HELDER-DUARTE

Cultura

Bernardim Ribeiro

Ai Bernardim Ribeiro,
Que de sofrimento, antes de mim falaste primeiro!
No teu romance da «Menina e Moça» que sofria,
Com o mesmo sofrimento do rouxinol, que no ribeiro morria.

Quem eras tu afinal,
Que o sofrer foi-te por sinal.
Serias «Judeu»
Que pela Inquisição sofreu?

Nesse teu romance,
Em que todos sofrem, sem descanso,
Desde a Dama do tempo antigo, no seu sofrer
A Avalor, Aónia e Bimmarder,

Como é evidente, não me ouves para me responder,
Às minhas questões de sofrer!
Pois só Deus, nos pode ouvir,
Nestas coisas do existir!...

Por isso a ti Senhor invoco,
Jesus meu salvador,
Alivia-me do meu sofrer
E deste tanto padecer!

Só tu o podes fazer,
Porque me amas, até ao ponto de por mim morrer!
Mas ainda que morte enfrentaste,
Dela triunfaste!...

Sem dúvida, que padecimento,
É assunto que entendes,
Pois só tu passaste,
Tão grande sofrimento.

Mais que outro humano ser,
Etendes o que é sofrer.
E a resposta ao porquê, de tanto pranto, na vida,
De Bernadim Ribeiro e na minha.

Na de Job,
E na do cego de Jericó.
Só tu sabes o porquê.
Pois tudo entendes, pois és Deus que tudo vê,

Por seres omnisciente,
E também omnipresente,
Podes então dizer,
A causa, que à gente humana tanto faz sofrer!...

Helder Duarte

Sonhei

Ia caminhando p´ela cidade,
Até, que me senti cansado, apesar da minha mocidade.
Cansaço, físico e espiritual...
Não parecendo, este estado, pertencer à lógica racional.
Com verdade, eu era um humano ser, cheio de infelicidade.
Como quem, não tem liberdade.
O estado de ser feliz, não viera a encontro meu.
Sabe Deus, porque isso me aconteceu!
À frente estava um jardim.
Então pensei:
Sentar-me-ei,
Naquele banco, perto do jasmim.
Havia um ribeiro, que som não entoava,
Ao descer um monte, onde as águas não o magoavam.
E um rouxinol, nele bebia;
Pois morrer, não queria,
Como o das «...longes terras...»
Que no ribeiro do século dezasseis,
No mesmo, caia e morria.
Naquela terra, de sofrimento, mil vezes!
Este jardim, tinha vida.
Como o tinham «A Cidade e as Serras»
Do Eça de Queirós, romancista.
Lembrava ainda, «O vale de Azambuja» de «Viagens na Minha Terra»
Do poeta, que a mulher, exaltava
E anjo lhe chamava.
Então, no banco me sentei.
Adormeci...
E sonhei... sonhei...
Que feliz era...
Com a felicidade, que este pó, jamais tivera!!!...

Helder Duarte

Camões

Camões! Que cantaste Portugal!
Com inspiração, sem igual.
Com força tanta...
Essa alma canta!

Mas eu canto, outro cântico.
De maior valor e encanto!
Meu hino é eterno...
De vida e belo.

Sempre, enquanto convicção, esta, minha alma ter,
Exaltarei, nem só terra...
Mas o céu, canta meu ser!

Porque é reino,
Sem guerra...
Mas de amor eterno!

Helder Duarte

Nada sei

Como Sócrates o grego,
Também eu nada sei...
Nem do mal, nem do bem, no seu todo...
Ao pleno real, ainda não cheguei.

Há o total...
Mas eu dele, tenho muito que aprender.
Do Ser real,
Mais quero ter...

Quem me ensina,
É Deus!
Que é verdade

E a origem da mesma:
O Ser, de actos seus...
Verdade eterna.

Helder Duarte

Foto de Zedio Alvarez

Amiga de Minas

Através de um Rio chamado Chico
Recebi uma bela oferenda
Vinda das canastras serras da vida.
Ela, Mineira, com o cheiro da Flor Verbena
Hoje é uma das minhas melhores amigas

Para vir me conhecer
Deixou seu habitat natural
Aquela maravilha da natureza
Com os lindos campos verdes ao redor
Eles cúmplices daquela pureza

As cascatas com ciúmes da sua Diva
Pediu o imediato retorno da beleza de seda
Ela não voltou contra correnteza...
Na ida viajou em um confortável vapor
Para que aonde passasse, pregasse o amor.

E prontamente embarquei aquela Menina
Claro, pertencia a Gerais. Obrigado! Minas

Foto de Mor

AS ALTEROSAS

AS ALTEROSAS

Mário Osny Rosa

Pediram para pintar
Um Estado importante.
Dos grandes bandeirantes
Que estavam a garimpar.

Dos campos verdejantes
Das serras e seus minérios.
De Ouro Preto o ouro
Da coroa o grande estouro.

Das pedras preciosas
De um povo altaneiro.
Da terra das alterosas
Sempre foi pioneiro.

Poços de Caldas e Ouro fino
Suas águas maravilhosas.
Quentes ricas e sulforosas
Para saúde seu destino.

São José/SC, 7 de maio de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

Foto de Patrícia

Eu cantarei um dia da tristeza (Marquesa de Alorna)

Eu cantarei um dia da tristeza

por uns termos tão ternos e saudosos,

que deixem aos alegres invejosos

de chorarem o mal que lhes não pesa.


Abrandarei das penhas a dureza,

exalando suspiros tão queixosos,

que jamais os rochedos cavernosos

os repitam da mesma natureza.

Serras, penhascos, troncos, arvoredos,

ave, ponte, montanha, flor, corrente,

comigo hão-de chorar de amor enredos.

Mas ah! que adoro uma alma que não sente!

Guarda, Amor, os teus pérfidos segredos,

que eu derramo os meus ais inutilmente.

Marquesa de Alorna (1750 - 1839)

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