Sinais

Foto de Diario de uma bruxa

Olhe... Preste atenção

É tão difícil entender o que eu sinto por você
Olhe os sinais... É nítido em minha imagem
Olhe pra mim... Note como meus olhos brilham
Ao lhe ver chegar

Olhe, veja preste atenção
Em como eu fico muda, parecendo uma tola
Só de te ouvir falar
Não consigo responder
Apenas sorrio um sorriso tímido, acanhado
Fico paralisada sem saber o que lhe dizer

Preste atenção
Não consigo andar meu corpo estremece
Com sua presença

Veja... Escute... Sinta
Fique atento... Olhe pra mim
Prestou atenção, agora ta fácil
Deu pra perceber
Que o meu coração é só seu
E de mais ninguém.

Poema as Bruxas

Foto de Paulo Zamora

Vários poemas e Biografia de Paulo Zamora www.pensamentodeamor.zip.net

Por Helen Cunha
Sobre o poeta, escritor e declamador Paulo Zamora (Ano 16)

É uma satisfação escrever sobre meu amigo poeta Paulo Zamora; desde criança possui o dom de ser poeta, participava dos eventos da escola onde declamava poesias, assumindo-se poeta em 1994, foi quando começou a arquivar seus trabalhos (Textos e áudios). Com o passar do tempo foi aprimorando, porque Paulo é amante da leitura e a arte da escrita o fez escrever Poemas, poesias, artigos para jornais, auto-ajuda; enfim, uma variedade de textos, o que o conduz pela sua carreira. As gravações são feitas em sua própria casa, o mesmo faz a parte técnica, são recitações e declamações feitas à sua maneira, Zamora possui um estilo próprio de dar vida a seus poemas; nessas gravações pôde contar com muitos amigos, entre eles novos cantores, poetas, escritores e radialistas. A divulgação do seu trabalho até hoje foi realizada através de murais de escolas, cópias de seus Cd’s de poemas, Internet; eventos escolares, entrevistas em rádios, e sem dúvida tem vivido grandes momentos. É um trabalho realizado por amor, até porque nunca se obteve lucratividade.
Para quem conhece os trabalhos do escritor sabe que é merecedor dos títulos recebidos: PAULO POETA / O GÊNIO DOS PENSAMENTOS DE AMOR/ O POETA DE UMA PALAVRA SÓ/ O POETA COM O MAIOR NÚMERO DE POEMAS GRAVADOS/ O POETA DOS RADIALISTAS/ O POETA QUE MAIS GRAVOU POEMAS.
Desde 1994 (Em 16 anos) escreveu 3.626 textos (Poemas, poesias, auto-ajuda e outros), gravou 2.883 poemas (Somando 198 Cd’s, sendo 116 Inéditos; 82 coletâneas). Faixas com participação somam 823 (Poetas, amigos, locutores, traduções, poesias de outros autores).
Têm falado com as pessoas através de suas mensagens de amor, sem contar que também gravou poemas para TELEMENSAGENS. É um poeta incansável, tendo muita história para contar. Em uma de suas participações em meu programa de rádio (Difusora AM 1250- Três Lagoas MS- Aos Domingos a partir das 9:00 hrs ) agradeceu a todos os colaboradores pela motivação recebida, já que a cultura encontra-se numa fase de crise em nosso país, não quer ser famoso, quer simplesmente continuar levando suas mensagens de amor às pessoas que sabem dar atenção. Seus números comprovam sua dedicação pela arte. Trata-se de um arquivo enorme, e para ele motivar novos autores é ganhar maior público para a cultura deste país, ou pelo menos de sua cidade. “Paulo Zamora tem intuição rápida e decidida” (Professor Luiz Octávio) para escrever. Que continue escrevendo e gravando suas composições poéticas; tenho certeza de que você vai se encontrar dentro de algum poema...
Helen Cunha
Colunista Social e Radialista
Três Lagoas MS, 18 de Outubro de 2010

AGRADECIMENTOS aos APOIADORES:
Maria Irene (Mãe)- João Carlos de Souza (Rádio Band FM- TV Concórdia )- Helen Cunha (Rádio Difusora AM- Colunista Social)- André Mitterer (Declamador)- Célio de Barros (Rádio Difusora AM- Poeta, radialista e ator)- Leif Eric (Professor de Língua de Sinais)- Alex Fernando Soares (Declamador)- Larissa Dandara (Radialista)- Jean Carlos (Rádio Três Lagoas FM)- Bruno Henrique (Poeta)- Carlinhos Albert (Rádio Três Lagoas FM)- Verena Venâncio (Poetisa e Professora)- Sueli Batista Damasceno (Poetisa e Professora)- Luiz Octávio (Professor de Música)- Anne Francielle Bertholdo (Poetisa)- Altair Ferreira e Gleyci Nonato (Poetas do Projeto Poesia Na escola)- Elaine C. D. Zamora (Poetisa)- Fran Soares (Cantora)- Nyck Poesya (Poeta e compositor)- Fabiano Xavier (Rádio Cultura FM)- Alex Fabres (Rádio Três Lagoas FM)- Adilson Silva (Rádio Três Lagoas FM e TV Record)- Ademar Cardoso (Rádio Difusora AM)- Toninha Campos (Rádio Caçula AM) Romário Gutemberg (Rádio Três Lagoas FM).

www.pensamentodeamor.zip.net (Blog)
paulozamoracontato@bol.com.br (E-mail)
Orkut: Paulo Zamora
Orkut: Um poeta de Três Lagoas MS

Saída
Existe somente uma saída para este amor, é me entregar com a alma, e quando sentimentos vierem borbulhar-me a mente saberei que entre as mais difíceis escolhas, escolhi ter você; alguém para amar tanto na primavera como no verão; no sol ou no temporal, em todas as épocas favoráveis, até mesmo no fracasso. Eu quero te amar assim, diferente de todos os amores, e me entregar assim, completamente como sendo tudo o que eu pudesse fazer para ser contente.

Existe somente uma saída, ficarmos juntos, você sabe que em todos os momentos vividos fomos felizes sem exceções, no fundo seu corpo precisa do meu porque o meu corpo precisa do teu.

É comum a entrega, é fato considerável ter você se entregando, deixando em mim a confiança mais prudente, de que eu estou inteiramente me entregando a você. É uma saída, é refugio, solução, é saber que se um dia nos encontramos não foi por acaso, e se nos tacamos não foi nada mais que a força do destino. A saída é nos entregarmos para este amor.
(Escrito por Paulo Zamora em 27 de Outubro de 2010)

Família
Neste ano falei muito sobre família e costumes que podem atrapalhar os relacionamentos; muitos choram coisas perdidas, mas pouco se importam em dar a devida atenção para o crescimento afetivo dos relacionamentos. O comportamento é tudo, aliás, o bom comportamento. De repente dá-se a impressão de que algumas famílias viraram-se de pernas para o ar; esquecem de amar, esquecem da compreensão, notei diante de alguns depoimentos que o espírito vingativo faz com que o mau seja pago com o mau, e isso por sua vez vai aumentando a desunião, a falta de afeto entre as pessoas.
Outro assunto que esteve muito em pauta foi a respeito do alcoolismo, raramente é possível ver alguém assumindo-se alcoólatra; são doses e doses que aumentam o vicio e a cegueira do comportamento; são pessoas que deixam de levar em consideração o que os outros pensam, ou o quanto outros se importam; ao redor não percebem o sofrimento e a ilusão causada por algo sem sentido. A família é mais importante, e estar bem dentro de casa exige de cada ser humano um comportamento renovador a cada novo dia de vida.
Muitos, sei que muitos não agradecem pelo o que possuem, reclamam deixando penetrar neles o poder da negatividade, onde tudo é preciso ser resolvido através de discussões, gritos, ofensas, diante das tensões esquecem-se facilmente dos bons conceitos, e da importância de um bom comportamento para os relacionamentos.
De repente parece que todo conselho é vão, que entra num ouvido e sai noutro. Infelizmente a emoção foi desvalorizada.
Ser contente é decisão tomada, ser feliz é conquista, ser alegre é andar no labirinto deixando claro que a vida é mais, e merece profundo respeito. Há tantos lugares para visitar, há muitos objetivos a serem descobertos, existem muitas coisas que podem trazem imenso sabor à vida; depende de como você vive e encara a vida.
Na saudade é possível descobrir valores; as pessoas são importantes, os sonhos prioridades, os filhos herança, a vida O MAIOR DOM CONCEDIDO A ALGUÉM.
Não perca tempo deixando a tristeza entrar em sua vida, tome medidas cabíveis, seja responsável, conserve sua saúde, vale mais deixar alguns costumes do que viver em conflitos sem necessidades.
Todos os meus textos reflexivos são parecidos, revelam os mesmos sentidos, revelam os frutos vindos dos bons relacionamentos, e o que mais se leva da vida? Mudanças são certezas de que o amanhã será diferente; porque o amor nunca perde o sentido e a família é a preciosidade de uma pessoa que vive.
(Escrito por Paulo Zamora em 22 de Outubro de 2010)

Eu te vi
Eu te vi, correndo e deixando as fagulhas caírem ao chão. Lutou contra o temporal, percebeu a razão do tempo e do viver aqui. Compreendeu motivações para mudanças, acreditou em você, e agora; acredita em mim.

Eu te vi, inacreditavelmente estava falando de amor aos outros, deixou de lado uma arrogância sem medidas, pela primeira vez você me fez feliz pela sua atitude inovadora, você é outra pessoa diferente da que conheci.

Eu te vi, contradizendo a memória, reeditando, reescrevendo os pontos cardeais da vida; passou a compreender o valor da humildade, das lutas e porque alguns infelizmente sofrem, até sem merecer; são efeitos do mundo...

Eu te vi, estava sorrindo ao falar de Deus, estava contente por ter aprendido a ter esperanças.

Há um deserto, dunas enfeitam as paisagens, e nos Oasis refrigera-se a emoção; é alguém como você, que conhece de mim, e então sabiamente conseguiu me ver com olhos da razão e a entender o quanto mudei meus procederes.

Eu te vi; eu te senti em meu ombro, hoje sabemos o quanto é importante essa amizade; e como as fagulhas doentias que caem, não deixe jamais esse imenso carinho ter um fim; porque eu te vi quando não mais pensava em ver alguém mudado; mas eu te vi...
(Escrito por Paulo Zamora em 17 de outubro de 2010)

Encontro juvenil
Foi muita coincidência, os olhos cruzaram nossos olhares, atração física, desejos não mais ocultos, nada me disse, poderia dizer, falar da vontade de se entregar. Como são os anjos? Ainda não sabemos, mas possuem asas sedutoras, assim como você...

Na altura do meu sentimento existe um segredo por você; espera ai; você já sabe, soube por aquele olhar diferente, deixei sem querer transparecer; eu te desejo, não é mais segredo.

Não posso estar enganado, só as crianças são inocentes, só os pássaros voam, só os livros revelam os segredos e desejos dos adolescentes; são muitos os desejos, loucas as vontades, pouca coragem ou coragem demais; até o amor pode ser um risco.

No mesmo instante você me olhou, decorou na memória o formato do meu olhar querendo, possuindo sem tocar, as revelações existem, e nós as precisamos, assim nascerá um encontro juvenil.

Espere! Vou olhar novamente, quem sabe se assim não criemos coragem de falar, me convide para sair, vamos falar de nós, das nossas fantasias, eu quero sentir que você também tem sonhos.

Estou deitado em minha cama, relembrando aquele momento, existem páginas a serem escritas por nossos respeitados desejos, e quem sabe se essa coincidência nos revele um encontro juvenil, onde possamos matar todas as nossas vontades...
(Escrito por Paulo Zamora em 15 de outubro de 2010)

Caminhos abertos
Implorei pena de mim por este amor em conflito, é outra primavera na minha vida; são sonhos renovados, são caminhos abertos; mesmo assim não consegui te esquecer meu amor...
Vou chorar outra vez escondido. O mundo não me deixa pensar em outra pessoa. O prazer não é comum longe dos seus lábios. As lembranças atormentam; vejo continuamente seu corpo possuindo o meu nas noites mais românticas.
Foi amor. Ainda é amor. Eternamente te vejo dentro do mundo da mente, os caminhos estão abertos, posso ir para onde quiser, mas nada, nada completa minha vontade de você.
Não serei feliz, pessoas confundem meu sorriso, não conhecem essa saudade, houveram dias de amarguras destruindo meus objetivos, veja minha vida, os caminhos estão abertos... para você voltar...
(Escrito por Paulo Zamora em 12 de outubro de 2010)

Pela janela da noite
Quando voltei a sentir que seria dessa maneira, fiquei alucinado olhando a vida pela janela da noite, no escuro vejo apenas o meu sentimento caminhando pelo quintal, e nada mais foi bonito ao ponto de ser uma paixão.

Sem você a vida não leito, tem somente o relento, coisas pairam na mente, infelizmente o amor nunca cai no esquecimento. Fui feliz nos momentos em que juntos amamos sem pensar no amanhã.

Acabou. Somente meu amor ficou, sofrendo, padecendo pelas noites.

Falta amparo. Falta abraço. Falta amor...

Vai ter que ser dessa maneira, como eu não queria que fosse, e toda a solidão vai contra minha vontade. Pela janela da noite vejo sombras correndo pelos corredores da vida, talvez à procura da minha alma; tão vazia sem você, e no suspiro de quem tenta resistir um grito reage, é como se o mundo todo fosse escutar minhas palavras de refúgio; eu te amo; Meu Deus como eu te amo!

(Escrito por Paulo Zamora em 12 de outubro de 2010)

Foto de Oliveira Santos

Encontro

Todas as noites andei tentando encontrar em outros braços os teus.
E em bocas forasteiras o sabor da tua.
E em mãos peregrinas o toque das tuas mãos.
Ouvi vozes distintas, marcantes, mas era a tua que meus tímpanos almejavam.
E toda íris por mais bela que fosse sua matiz não tinha o brilho que buscava em tuas retinas.
E toda pele que toquei não tinha teu viço, tua tez nem teus sinais que ansiava para que a mim se revelassem.
E estava tudo em ti.
Ímpar, única, exclusiva.

09/10/10

Foto de Tuela Lima

AMOR EXATO

Na exatidão do amor minha alma entalhada!
E quão eterno amado e doce é o meu TOM!
Expressão afável de um sereno dom
Confissão escorre na palavra abalada.
.
Luz radiante que ilumina o som!
Colho flores em especiais e orvalhadas
Contemplo o amor devotado e asas abertas
Na tela pinto um tema inciso e cor marrom.

Brisa que vem do norte em ritmo suave
Componho linda poesia com muito amor.
Selo no coração a meiguice que o amor alimenta

Fecundo transbordar da essência que acalenta
E descortinando-se brotam sinais de fulgor
Mistérios na quietude do amor que é chave.

Um poema dedicado ao meu esposo Alberto Araújo

Foto de Carmen Vervloet

NOVO AMANHÃ

O ouro da aurora tão puro
Surgindo do espaço sideral
derrete um sentimento tão denso e duro
neste meu pranto torrencial.

Minha alma sombria evoca tédio mortal
Nas reticências de um lamento
Qual pássaro que emudeceu no beiral
Mas o sol põe um ponto final neste tormento

Meu eu profeta surge no compasso do verso
E cerca-se de ondas de inspiração
Capta os sinais sutis do universo
Com os olhos videntes do coração

Traz-me prenúncios de um novo destino
Pintado de sonhos cor de rosa
E neste meu desvelo repentino
Desabrocho qual delicada rosa.

E flor... espalho meu perfume
Nas sombras móveis do jardim
E faço da minha alegria um lume
Nas nuances de minhas pétalas carmins.

Carmen Vervloet

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de Lady Godiva

Corre!

O tempo foge,
a cada minuto.
E o silêncio é agora
palavra que nos habita os dias.

Pelo silêncio se mata,
por silêncio se morre...

Corre!!!

Vais querer voltar ao princípio,
mas só se nasce uma vez...

Procura o destino,
entre o tudo e o nada,
capta os sinais,
segue por essa estrada!

Não vês que me perdes
por me prenderes na liberdade?

Solta a palavra,
mata a saudade!
Vamos criar segredos,
entrelaçar nossos dedos,
perder todos os medos e...
amar.

Foto de Ayslan

Eu te amo Priscila

Meu amor eu estarei contigo a todo instante sentindo o que sente... Durantes as noites distantes ao te desejar boa noite construo meus sonhos em versos sem saber o caminho das palavras apenas quero chegar ate você... Sem tirar o seu sono quero sentar do lado da cama e te observa dormi, esperar os primeiros sinais de luz, só então voltar a sonhar e escrever mas, dessa vez tentarei falar de você, colocar seu sorriso em linhas e fazer com que eu possa ler em voz alta e encantar corações, desabrochar flores, levar embora nuvens e iluminar vidas, inspirar canções, poemas e declarações mas, a mão não obedece os sentimentos nenhuma palavras eu escrevo vejo que seu sorriso assim como o amor não pode ser descrito você não pode ser cantada em canções, poetas não encontraram rimas, minhas declarações só são completas quando você as ler e meu coração só mim permite secar as lagrimas após escrever “Eu te amo Priscila”

Para: Priscila

Foto de Lucianeapv

UM BEIJO EM SEU CORAÇÃO

UM BEIJO EM SEU CORAÇÃO... (Luciane A. Vieira – Uberlândia/MG – 24/05/2010 – 09:41h)

O beijo chega insano aos
Lábios que, loucos, tocam
Na vida de um sonhador
E se mascara nos sons
Roucos e poucos a se
Resvalar em tons compactos
De um espectro de luz...

Nas contas áureas do
Prazer ávido de expectativas
Se desfazem num luxuriante
Desejo de se estar a sós...
Os beijos acontecem
Completos e esparsos
Como sinais a ocultar o
Simples plágio de
Toques de latente
Luxúria...

Um beijo sobe
... ou desce...
Tudo depende
Pois quando duas
Bocas se buscam
Não há limites para
Se compactar
Os sentidos...

Foto de Paulo Gondim

Infinitamente

INFINITAMENTE
Paulo Gondim
28/04/2010

Desnudo-te com meu olhar sutil
Com investidas bruscas, incontidas
Rebusco meus sinais, em forma vil
Disfarço, camuflo-me em outras vidas

Penetro em tua carne, como parasita
Ponho-te inerte, como vírus fatal
Que se aloja, como nefasta visita
Ausência do bem, presença do mal

Faço, em tua pele, cicatrizes fundas
Marco teu rosto, deixo-te à sorte
Desejo-te, com vontades imundas

Tomo as rédeas, encontro teu norte
Faço-te mulher, mostro-te a vida
Amo-te infinitamente até a morte

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