Tempo

Foto de DINHO CM2

Carta a Morte

Morte,
não tenho medo de você,apenas te espero reseioso,quando chegar venha devagar pois quero te tempo de terminar de sonhar.
Não seja cruel,pois quero parti feliz deixando para traz tudo que sempre quis,
não vou lhe pedir tempo,pois Deus já me deixou viver meu momento,mais por favor não me leve antes de conhecer o amor,me deixe procriar pois preciso de um filho para amar.
Não lhe direi adeus,e sim ate logo,e quando vinhares me buscar perca o ônibus pois não tenho pressa de você chegar.
Não esqueça de deixar-me despedi-se dos amigos,amores e irmãos,e no momento se possível
deixe-me pedi perdão ao próximo que magoei e humilhei.
Faça com que a minha amada não sofras,pois quero i com a alma leve,me deixe adormecer nos braços do senhor para que meu espirito seja purificado antes do desencarno.

"E por favor não chore minha partida que estarei sorrindo esperando sua chegada."

Autor: DINHO S.D.R

Foto de Bruno Silvano

A Mafia

O Vento batia continuamente na fresta da janela do quintal e produzia um leve e suave assobio, que embalava a mais belas das bandeiras, em tons cintilantes, simples e repletos de significados, que naturalmente se encaixava com aquela cidade e atraiam a atenção das pessoas que por ali passavam, os raios solares realçavam o amarelo, as nuvens em tom de algodão o branco e a camada escura de solo fértil que abria por instantes rente a neve derretia, representavam o preto. Era uma bandeira tricolor, que apesar de poucos saberem o que ela realmente significava, já a adoravam. Essa era a minha vista de quando olhava através das janelas de vidro.
Era apenas um brasileiro, criciumense para mais ser preciso, ou apenas mais um criciumense perdido e sozinho na Europa. Havia mudado recentemente para a cidade de Oxford, cidade essa cheia de cultural e beleza, um dos principais centros universitários do país. A oferta de estagio da garantia de experiências e grandes aventuras me atraíram àquele lugar. Não foi uma das escolhas mais fáceis que tomei em minha vida, longe disso, teria que abrir mão de muitos hábitos e principalmente do meu amor.
Minha cidade de natal fazia muita falta, costumava falar com as estrelas, dizem que as estrelas são boas companheiras, principalmente pra alguém quanto eu que precisa de alguém para se animar, pedia todos os dias para que meus amigos pudessem estar comigo, não que eu estivesse descontente com aquilo ali, talvez a imaturidade e inexperiência me fizesse sentir medo, me fizesse questionar o que estava fazendo ali, muitas vezes acordava assustado ao ver as arvores, os carros, os jardins repleto de neve, acreditava ainda estar dentro de um sonho. Meu passatempo era acordar cedo todos os dias, tomar um cappuccino quente e ficar em frente a lareira observando a bandeira do meu time do coração, que havia cuidadosamente enfiado em frente a casa. Esse era o meu hobbie enquanto não precisa ir trabalhar.
Seguia o mesmo caminho quase todos os dias para ir trabalhar, morava a 3 quadras da empresas, sempre ao sair de casa encontrava dois meninos e uma menina jogando futebol no pouco espaço onde a neve ainda não tomava conta, justamente em baixo aos redores da bandeira, que além de bonita servia como trave pra diversão da criançada. A cada dia que se passava o numero de crianças aumentava e todos tomavam gosto pela bandeira pela sua capacidade de iluminar e proporcional diversão para os mesmo.
Minha vida se tornava uma mesmice naquele lugar, chegara a imaginar que meu um dos meus maiores sonhos, acabara por se tornar pesadelo, era uma ainda muito sozinho repleto de solidão, mal eu imaginava que aquilo pioraria muito, mas que também passaria por muito bons momentos.
Não me importava que as crianças jogassem ali, muito menos com as varia perguntas tolas que recebia de pessoas curiosas sobre a bandeira.
Não me lembro ao certo que dia era, mas a previsão do tempo apontava a vinda de uma forte nevasca para a região, porém muitas crianças ainda brincavam no meu jardim, muitos se assustaram com o barulho das fostes rajadas de ventos que se aproximavam e saiam correndo para suas casas, mas um deles o mais novo da turma que tinha por volta de 4 anos ficou tonto, completamente desorientado, não sabia à que lado ir, logo corri par retirar o menino da rua e leva-lo pra dentro de casa, porém a hora que cheguei ele já não estava mais lá,. Apenas ouvi o barulho de um grande estouro e desmaiei, daí em diante não lembro mais nada.
Quando acordei, demorei a conciliar onde estava, o ambiente cheirava a hortelã, mas tão logo percebi que estava em minha própria cama, no lado tinha uma xícara com chá de hortelã com mel, acompanhado de um bilhete com as seguintes palavras “Cuide-se e da próxima vez tente não sair correndo como um louco na rua, no meio de uma nevasca. Da-lhe Tigre!” Seguido de risos e um beijo estampado a batom. O Chá ainda estava, ainda sentia um cheiro de perfume no ar, tão cheiroso quanto qualquer um outro que já senti outras vezes. Corri a porta pra ver se encontrava alguém, porém tarde demais, a porta estava emperrada devido o excesso de neve. Meu guarda-roupa estava um tanto quanto bagunçado, mas talvez já estivesse assim, devida a minha organização. O dia estava amanhecendo, foi ai que me dei conta que fiquei desacordado por mais de 12h.
Os telejornais avisavam a paralisação em algumas escolas e empresas devido a nevasca. Não iria precisar trabalhar, então fiquei deitado o dia inteiro tentando entender e lembrar de mais alguma coisa sobre o que havia acontecido no dia anterior. Porém todos os meus pensamentos foram interrompidos pela noticia de que entraram o corpo de um menino, por volta de 4 a 5 anos de idade, morto com sinais de asfixia, em um terreno próximo ao da minha casa.
Estava extremamente curioso para descobrir o que havia acontecido, e ainda mais quem era a pessoa que havia me trazido pra dentro de casa, minhas únicas pistas eram, o perfume, o idioma e a letra com que a pessoa havia escrito, e a julgar pelo batom imaginava se tratar de uma mulher, de fato não estava errado. Mas a questão é, o que estaria ela fazendo ali, se a única pessoa que vi era um menininho inocente e indefeso? Ao menos foi isso que imaginei ter visto, pelo menos através do vidro fosco das janelas.
Passaram-se dois dias sem que eu tenha mais informações sobre o caso, porém através de denuncias, feita por uma mulher, que não quis se identificar, que relatou me ter visto com a criança. E como a criança costumava brincar sempre no meu jardim, fiquei sem ter como me defender e as suspeitas sobre a morte do menino recaíram todas sobre mim.
Passei varias tardes respondendo inquérito e prestando depoimentos, haviam encontrado luvas com o emblema do Criciúma perto da cena do crime, o mesmo que estava na bandeira, que por sinal também havia sumido. Peritos constaram que a luva me pertencia e que eu havia sumido com a bandeira, pra não levantar suspeitas e ligações entre luva e bandeira. Mal eu sabia, que a profissão que sempre sonhava em ser, se voltava contra mim, em um mero descaso do destino.
Não entendia o que fazia uma luva do criciúma, era o único criciumense que morava na região. Tentava montar em minha cabeça parte por parte, mas faltava um detalhe, pra mim essa historia não fazia o menor sentido, quanto mais para um chefe do departamento de investigação. Que por sinal era mulher, uma bela mulher, muito me parecia familiar, era baixinha, não tinha mais do que 1,65 metros de altura, possuía cabelos ruivos puxando pra loiro, seu perfume, ela era misteriosa, e isso me atiçou a desvenda-la.
A luva era a prova concreta contra mim, pelo menos para me deportarem para o Brasil, alguns dias antes essa seria uma boa noticia, mas agora já estava muito envolvido no caso e faria de tudo para desvenda-lo, e por ventura provar minha inocência.
Em um dos depoimentos cara a cara com a chefe do departamento criminal de Londres, ela deixou cair alguns relatórios de perícia em cima de mim, havia algumas anotações em português, logo reconheci a letra, como a mesma do bilhete deixado em meu quarto. Estava ai, frente a frente com a pessoa que poderia me salvar, me defender. Ela leu em meus olhos que havia descoberto quem se trava ela, porém não me deu tempo de reação, me deu um beijo, tão suavemente quanto um de cinema, e mandou eu segui-la rapidamente e que me explicaria no caminho, mas que precisa que eu embarcasse no avião e voltasse para o Brasil. Não sei se essa foi uma das atitudes mais inteligentes que tomei, porém segui-la.
Ela me levou a um depósito velho onde trabalhará sozinha como detetive particular, e um dos seus casos era de uma máfia formada dentro da empresa em que estava trabalhando. Máfia essa que aliciava e menores idades inclusive eles que haviam cometido o assassinato do pequenino e estavam me usando pra atrair as crianças. Explicou ainda que se a culpa do assassinato caísse sobre mim era a única maneira de me defender da máfia, e por isso ela se encarregou de implantar as provas.
Detalhou: “Você estava indo salvar a criança, eles estavam atrás dela, ao perceberem que tinha alguém por perto tentaram lhe matar, porém apenas te desacordaram, e antes que tivessem mais tempo, cheguei e eles recuaram, então levei você até a cama e tratei de você, até porque temos muito mais coisas em comum do que você pensa..” Nessa parte fomos interrompido por barulhos de tiro. Corremos em direção ao carro, porém cai na armadilha e fiquei na mira da arma de um dos membros da máfia, um tiro e era certo que eu morreria. Ele engatilhou e atirou, fiquei meio surdo com o barulho do tiro, porém ela a delega havia se joga em minha frente, rebateu o tiro, porém não se livrou do ferimento. Havia sido atingida a altura do pulmão, dava pintas de que não resistiria, deu-me mais um beijo, o melhor deles, e desmaiou.
A ambulância não demorou a chegar, porém não escondia a aflição do medo em perde-la em nunca mais a ver. Porém vi em seus braços uma tatuagem “Da-lhe tigre” e logo entendi que não era apenas destino. Os médicos disseram que ela havia perdido muito sangue, porém ficaria bem. A partir desse dia descobri o que era a paixão, algo que começou a alguns anos em jogos do criciúma, e que se estendeu mais além, além de continentes, um clube que reuniu meus dois amores

Foto de annytha

HOJE É DIA DOS NAMORADOS (PROSA ESCRITA Á MODA CAIPIRA)

Bom...Já ki hoje é o dia dos namorados, vim aki pra fazer uma homenage e desejar a todos os casais, aos que ainda tão sorteros e aos ki já casados tão! Pros sorteros eu aconseio ki eles namorarem direitinho, procurando sempre lê o que diz Corintios 13. mais leia o capitulo todinho que é mode ficar sabendo o que de fato é o amor, pra num ficar fazendo confusão de sentimentos e mais tarde num teu seu coração partido de tanta dor.
Pros namorados ki já tão casados, eu aconseio a merma coisa!
Quero tamém dizer, que o dia dos namorados, nós comemora é todo dia.
Mas arguém muito sabido comerciante tarvez, só mode ganhar dinheiro, inventou esse tár dia, instituiu o Santo Tonho, que o povo chama de santo casamenteiro, que se os namorados rezá pra ele, ninguém vai ficar sortero! Vixe quanto bestera! Só quem une os casais, é o Senhor, Nosso Pai Adonai, É a Ele ki nós tem ki orar, ki É O Santo dos santos,e não esse tar de Tonho! Ocês num axam não?( Cum todo respeito pra quem acredita)Entoce, já que arguém se lembrou de dedicar esse dia aos enamorados, quem tem namorado, aproveite pra ser feliz, namore muito, dê e receba presentes, oi nos zóios de quem ocê ama, e fale os 2 cum uma só voz e diga...Esse dia ki é só da gente, ta aki o meu presente. Te trouxe um pelfume pra ocê ficar cheirosa, mode eu xerar seu cangote e sentir aquele xerinho de rosa. Aí, ocê namorada diz... quanto a mim, meu tesôro, me dou pra tu inteirinha porque já sou teu presente, entoce vamos aproveitar esse noite, e vamos fazer a festa já ki tamo contente!
Pena que já não mais existem casais de namorados apaixonados. aqueles à moda antiga que ainda mandam frôres mode a namorada se alegrá e abrem inté a porta do carro, que é mode ela passar e ter cuidado pra não enganxar o sarto arto do sapato. Ela inté que gostaria que isso acontecesse que era prá cair nos braços do seu amado . Homis assim, pode crer que hoje em dia é muito raro!
Os dias de hoje naum são iguás aos de antigamente, ki os namorado ficavam namorando oiando a lua,e diziam que ela os deixavam mais apaixonados. Contavam as estrelas, inté dos nomes delas eles sabiam. Mais tarde lá vinha a mãe dela pra oiá se tavam namorando direitinho e como descurpa, levava, 2 copo de coaiada, feita do leite da vaca maida, do sítio do pai dela E dispois ki o namorado ia simbora, a mãe falava pra fia, que cuidasse em dizer pra ele que já tava na hora de casá, porque ela, já tinha preparado o seu enxová e mermo ela já ia fazer 25 anos e se num casasse antes, ia ta dando o primero tiro na cumade macaca. A fia dizia...armaria, mainha, eu que nunca matei uma barata, vou ter ki matar a bixinha , a coitada nunca me fez má! E a mãe prosseguia... óia mia fia, tu num brinca cum essas coisas não, porque tudo isso é muito sério, se tu fizer 28 anos e num casá, vai ficar sorterona e moça véia aki em ksa eu num kero não, visse? E se cum 30 ano e nada de casório, danou-se, tu vai entrá pro caritó, veja a fia da cumade Maria, já é formada, e inté já trabaia, mas já ta com 30 ano e mermo morando numa capitá, nunca mais incontrou um homi mode cum ela querer casá.
Entonce, eu falo pra moçada ki aki se incontra, e ta sem namorado ou namorada, ki num perca tempo não, ore pra Deus Nosso Senhor, lhes mostrar argúem procê se casá e uma famia fazer, ter pelo menos uns 10 fios, todos lindos e sardáveis, iguarzinhos a ocê! e ano que vem, no dia dos namorados, possam ta aki e dar testemunho, que há um ano atrás, ocê num tinha ninguém, mas Deus ouviu suas preces e hoje ocê tem, ai eu vou inté ocê pra lhe dar meu abraço e a igreja tamém vai lhe abraçar e te desejar felicidades!
Viva o dia dos ki tem namorado ! Porque kem num tem, num carece ficar de fora, pois o arraiá é grande e cabe o menino, a menina, o jovem, o sinhô e a sinhora! Alavantú, anarriê...Vamo meu povo, dispois de ganhá os presente, comemorar o dia dos namorado, vamos sair de mansinho sem arrastar os pé pra num incomodar o vizinho, vamos simbora pro arraiá da casa do cumpadi Zequinha, pois lá tem canjica, pamonha e mio verde, onde nos vai prosear, e cumer inté se fartar, dispois, vamo aproveitar prá orar a noite inteira, ki pro mode Deus perdoar os pecado da comilança. A gula! Kkkkkkk...

VIVA 12 DE JUNHO – O DIA DOS NAMORADOS

Foto de Maria silvania dos santos

Queria escrever uma frase

Queria escrever uma frase

_ Queria escrever uma frase, a qual tanto tempo já se faz, mas hoje
sei que não vou poder, pois minha inspiração se pos a esconder...

Autora; Maria silvania dos santos

Foto de Delusa

A fuga da vida

Ando por aí a cantar,
À procura de ti...
Talvez a gritar:
Pura vida!
E pergunto a toda a gente,
Com ar de quem sente:
Viram passar por aí,
Essa perdida?
Sim, passou ali,
Feita menina,
Muito bonita,
De aspecto aflita,
A correr...
Muito esquisita.

E, eu
Continuo atrás dela,
Corro desiquilibrada,
Numa macabra ruela,
A cantar e a gritar,
Perguntando a toda a gente,
Por ela:
Viram-na passar?
Sim,
Passou há pouco tempo,
Ia tocada p'lo vento,
Muito florida,
A correr e a cantar,
Sem a nada olhar,
Fugindo a todos.

E, eu
Sem a poder alcançar,
Continuei a minha corrida,
Seguindo atrás dela,
Pelo caminho da fuga,
Tocada pelo vendaval,
Atrás daquela esquecida,
Triste e sozinha,
Onde ninguém me viu...
Fui pelo caminho,
Que ela seguiu,
E no final parei,
Mas só acordei,
Quando vi o fim,
Em frente a mim,
Uma supultura...
E uma cruz de pedra dura!
Onde pára o destino,
E acaba a tortura.

Depois de tanto correr,
Fez-me compreender,
Que todo o caminho ,
Termina assim,
Numa cruz,
De pedra dura,
A testemunhar,
O fim de alguém,
Que ali repousa.

Onde eu também,
A soluçar caí,
E fiquei ali...
Sem me poder levantar,
Junto da sepultura,
Sobre uma cruz,
De pedra dura...
A olhar para mim,
Que sem dar por isso,
Cheguei ao fim...

Delusa

Foto de cafezambeze

CARTAS COM ESTÓRIAS DE ÁFRICA (II/VII) (FEIJÃO MACACO)

Belém, 31/01/2006

RECARREGANDO CARTUCHOS E MAIS...

Uma coisa que gostávamos de fazer era caçar. Uma das poucas opções para passarmos o tempo nas férias. Mas munição custava dinheiro, que era algo que não tínhamos, e armas, nossos pais raramente as punham nas nossas mãos, senão na companhia deles.

O Aguiar, a quem já me referi, nos ofereceu usar a caçadeira do pai, mas... e cartuchos?

Descobrimos que o nosso vizinho, o sr Roque que nem arma tinha, possuia uma caixa com pólvora, chumbo, espoletas, enfim, os apetrechos necessários para a recarga.

Para quem não sabe, e nós não sabiamos, em cada carga, tanto a pólvora como o chumbo têm que ser pesados, e no caso da pólvora o peso varia também conforme o tipo.

Bem, pusemos a mão no material e resolvemos recarregar cartuchos usados.
Para medir a pólvora fomos cortando um cartucho até a encontrarmos. Essa seria a medida.

Cartucho com espoleta nova, enchíamos a medida com pólvora, umas vezes rasa, outras formando um montinho acima da medida (era tão pouco), outras comprimindo-a com o dedo, e lá vai a carga para dentro do cartucho. Uma bucha feita com jornal, cada uma com o seu tamanho, e o resto do espaço livre cheio de chumbo.

Com um saco cheio de cartuchos, chegamos à farm do Aguiar e fomos recebidos também pelo funcionário que na outra estória tinha dado o grito de aviso: cobra! cobra! Lembras? Ele tinha virado fã do teu pai e veio-nos mostrar o seu arco que era uma obra de arte de perfeição de acabamento e, certamente, ganharia de qualquer coisa industrializada. Me lembro que só tinha uma flecha. Se acertasse algo e o animal não caísse, ficava na pista dele o tempo que fosse preciso.

O teu pai pegou no arco e na flecha e começou a mirar uma pequena tabua de uns 20 x 40cm que estava encostada nuns bambus a uns 50 metros. Ele nunca tinha atirado com arco e pensei que ele só estava testando o arco...Que nada! A flecha partiu e foi cravar-se no centro da tabua.
Chiii!!!! Chiiii!!! Tem cuche-cuche! ponta maning! gritava o moço. Chi é uma esclamação de admiração, cuche-cuche é a palavra para feitiço, ponta é pontaria e maning era usada como muito/muita com concanetação de máximo.
Sorte de novato! Tentamos que ele repetisse a façanha, mas ele não caiu na armadilha.

Quando pegamos a caçadeira do pai do Aguiar, olhamos de esguelha um para o outro, pois o estado da arma era lastimável. Desengonçada, cheia de folgas, com vários pontos de ferrugem e com cara de quem nunca tinha visto um óleo na vida.
Mas tinhamos de experimentar os cartuchos. Tinhamos tido um trabalho danado e eles estavam tão bonitinhos...

O Aguiar, que ficou com medo de cobras, pegou o trator da farm.
Nos encavalitamos nele e lá fomos nós.

O primeiro tiro foi tão forte que a espingarda e o teu pai rodaram com o coice.
A espingarda ficou inteira?... Vamos continuar. Umas vezes o chumbo caía a poucos metros do cano, outras havia um coice violento, mas não havia estampido. Só um vuuummmm, como uma bazuca. Também sairam tiros normais. Me lembro de uma perdiz que o teu pai enchofrou e de que não se aproveitou nada tal a violência do tiro.
A espingarda do Aguiar não era tão má assim. Devolvemos ela inteira.

Montados no trator, a corta mato, acabamos inadvertidamente por passar numa moita cheia de feijão macaco. Porquê feijão macaco?
É uma vagem parecida com um feijão, mas coberta por uma penugem dourada muito bonita. Só que a penugem dourada, ao menor toque se solta, e provoca uma coceira danada. As rodas do trator levantaram uma nuvem que nos cobriu.
Não tinha parte do corpo que não coçasse. Quando chegamos à farm, já com o corpo vermelho de tanto coçar, corremos para tomar banho. Piorou! A mãe do Aguiar apareceu com uma pomada de não sei o quê. Nada adiantou. Nossa sorte foi um moleque que trabalhava na casa e que não parava de rir da gente. O Aguiar o ameaçava com porrada se ele não parasse com a gozação, mas ele ainda ria mais e emitava um macaco se coçando. Por fim, ele se compadeceu de nós e nos levou para o quintal onde nos deu um banho de terra.
Isso mesmo! A terra esfregada no corpo removia a penugem dourada...

Tãooo Bonitinhaaaa!

Foto de Carmen Lúcia

Tributo à Vida

Vida, grata por manter-me viva.
Ver o sol nascer devagarinho,
aquecer o mundo e num toque de carinho
derreter geleiras de corações truncados,
olhares vazios, janelas emperradas.
De almas aflitas que anseiam ser tocadas.

Vida, grata por manter-me viva.
E poder ver o vaivém do mar...
O festival de barcos e velas içadas
Indo e vindo em ondulações e emoções
no verde-azul das águas...
Caminho de sonhos, partidas e chegadas.

Vida, grata por manter-me viva.
Andar pela relva ainda molhada
de orvalho suave da madrugada
a refrescar meus pés durante a caminhada
numa estrada salpicada de dor e muita flor,
onde o espinho não penetra tanto quanto o amor.

Vida, grata por manter-me viva.
E me ter guardado boas lembranças do passado.
Hoje tenho o presente em minhas mãos.
É nele que me situo e meu viver é compactuado.
O amanhã é penumbra que o tempo engole,
é rédea fora de meu controle.

Vida, grata por manter-me viva.
E ter o privilégio de confabular com o universo
tentando entender toda a dimensão de seu mistério,
pedindo estrelas para enfeitar meu verso
e à lua, nova fase para que eu sempre recomece
crescente, cheia de vida, da alegria que permanece.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Reticências...

A indecisão impede-me de prosseguir...
Dúvida atroz segura meus passos.
Eu, que me julgava rica em experiências,
ter conhecido o céu e o inferno,
incapaz de retroceder ou estacionar,
seguindo sempre adiante sem temer obstáculos
que me foram apresentados durante minha vivência,
rendo-me às fragilidades, ao cansaço , aos fatos...
Dou-me a uma pausa...ou às reticências...

Percebo o quanto sou humana e incapaz.
O cristal de minha alma se trincou...
é preciso cuidar pra não se quebrar,
restaurar o que ainda restou...
Agora me entrego às mãos do tempo...
Que elas me coloquem no trilho certo.
É preciso parar no próximo atalho,
repensar a vida, meu estado precário,
buscar clareza, viver o real, sair do imaginário...

Confundem-me os erros e acertos
e os sonhos se encontram em desacerto...
Já nem sei se mais errei ou acertei...
Paradoxos se interpõem em meu caminho
e testam, à toda hora, meus desatinos...
Preciso coordenar o sentido das coisas,
penetrar em seus significados...
Buscar o certo, corrigir o errado.
E o que é certo ou errado?

O primeiro passo já foi dado...
Confessei-me frágil, vulnerável,
revelei minhas debilitações
diante da imprevisão de um temporal.
Reiniciarei minha história...
Parei nas reticências, não no ponto final.

Carmen Lúcia

Foto de Delusa

Cidade segura

Um dia caíu em mim,
Todo o peso da tortura,
Os escombros de pedra dura,
Sombras negras e espessas,
Vultos desconformes e pesadelos.
Caíu, dobrou-se p'los joelhos,
E sobre mim ruíu,
A linda cidade de promessas.

Coberta de escombros,
De uma cidade que amei,
E a chorar fiquei,
Sepultada na tortura,
Sob toneladas de pedra dura,
De uma cidade arrasada,
Que eu própria edifiquei.

Tudo o que era luz e côr,
Sacrifício da minha canseira,
Uma cidade inteira,
Construída de amor,
Ruíu pedra sobre pedra,
Toda se esmoronou...
E tão depressa se esfumou,
A vida de uma cidade inteira.

Mas tive por aliado o tempo,
Que de mim se condoeu,
Porque inocentemente, eu
Sucumbia ao sofrimento.
Nos escombros da tortura,
Arrancou-me da sepultura,
Querendo que eu existisse,
Trouxe-me à superfície,
Dos escombros de pedra dura,
Para que de novo construísse,
Uma cidade segura.

Delusa

Foto de P.H.Rodrigues

Barquinho

Estrelas, meus olhos não querem mais
olhar para o alto, não que não seja capaz,
mas de longe o teu calor satisfaz.

Lua, para ti cessarei meus versos,
vejo o cair do meu teto
e com ele se vai meu caderno, e minha caneta,
mais irritante que uma abelha.

Rimas, suas lindas,
vejo que já não andas com suas mãos nas minhas.
deixei que partisses também.

Só observo o Sol se por e a Lua aparecer.
Só deixo o barco navegar, e o tempo perecer.
Deixo os registros, do que ainda está para acontecer.
Deixo previsões, do que se passou sem se perceber.

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