Tempo

Foto de Carmen Lúcia

Momento único

Um doce enlevo me conduz à recordação,
trazida pelo vago entre a tarde que morre
e a noite que se anuncia...
Pela nostalgia que se espalha no ar
e pelo espaço vazio entre os dois momentos;
final da tarde e início de noite...
Pelo surgir, de qualquer canto, da saudade
que invade e toma forma,
pra se fazer notar...

Então a vejo...
A tez clara em oposição à contraluz do lugar;
brilho ao mesmo tempo fosco e esfuziante...
Cabelos discretamente dourados,
como folhas de outono, apagadas...
Olhos que me acariciam, me adornam...
E me deito em seu colo
tentando retroceder o tempo...
Queria esse tempo agora...

Utópico pensamento que me consola.
Suas mãos macias em meu corpo
me fazem renascer...
Adormeço com o seu cântico
a me embalar ... e de novo me gerar.

Minha mãe...Eterna morada...
Acordo... enquanto o doce enlevo se desfaz;
olho para o espaço vazio
entre a tarde que se vai
e a noite que ainda vem.
É o momento de a reencontrar...

Carmen Lúcia

Foto de Bruno Silvano

Sou Carvoeiro

Não éramos mais do que um bando de apaixonados
Apaixonados com razão, passávamos por dificuldades e aflições
Mas que mesmo assim não deixavamos de cantar e apoiar o Criciúma
Não importa, o tempo, a distância, ou a ocasião, o carvoeiro sempre esteve e estará em nossos corações

A medida que o tempo passava, a nossa torcida crescia
Diziam que o criciúma nunca ganharia nada
Que não passava de um pequeno time de refugo
Foi ai que viram a força que tem nossa torcida

Cruzamos nosso estado, conquistemos os troféus dentro das 4 linhas
Cantemos alto, mais alto que qualquer torcida
Crescemos e nos tornemos os maiores de Santa Catarina

Passamos o limites do estado, fomos além da terra das maravilhas mil
Passeamos por vários lugares, por vários estádios, em todos os cantos do país
Demos a volta e tivemos a conquista da copa do Brasil..

Enquanto muitos insistiam em dizer que não éramos ninguém
Viajávamos pela América
Conquistando vitórias, conquistando a fama que nos convém

Passamos por varias dificuldades, mas nada disso deixou nos desanimar
Seguimos apoiamos, partida após partida
Isso tornou-se um vicio
O Criciúma tornou-se nossa vida..

Isso vocês nunca vão entender
Somos um torcida diferente
Que tem orgulho de ser carvoeira, pelo mesmo motivo que tem de viver...
Não tentamos imitar os outros, somos simplesmente só a gente.

Foto de Carmen Lúcia

A quinta estação

Não me importa o passar do tempo,
nem a velocidade com que passa.
Já me acostumei a olhar pela vidraça
as cirandas das estações em arruaça
atropelando-se umas às outras
deixando ao vento uma folha seca,
uma flor desidratada,
doce fragrância de pouco cheiro,
uma nesga de raio solar,
um sopro de frio a acenar:
“Um dia hei de voltar,
no outono ou verão.”
Talvez na quinta estação...

Nada disso mais importa
já que não cabe a mim mudar.
Sigo nessa carruagem torta,
vazia de sonhos, sem saber onde chegar.
Alguma emoção na bagagem
ainda teima em perdurar.
A cor me confunde a visão,
não sei se está viva ou apagada
ou em que matiz ficou estagnada.

Que me importa se o tempo é veloz?
Se é algoz, pau mandado, adestrado?
Se está sob o comando... de quem?
Ou se corre a procura de alguém...
Já plantei, semeei , vi florir
e colhi o que mais cultivei,
já sorri, já dancei, poetizei,
e amei, e sofri, e chorei...
Que me carregue com ele, o tempo,
e me entregue ao fadário que me cabe,
bem ligeiro antes que impeça a saudade
ou o próprio tempo se acabe.

_Carmen Lúcia_

Foto de cafezambeze

CARTAS COM ESTÓRIAS DE ÁFRICA (I/VII)

O DIA EM QUE TEU PAI LEVITOU/O DIA EM QUE SEU SANGUE FRIO E SUA INEGUALÁVEL PONTARIA SALVARAM UM AMIGO

Belém, 27/01/2006

Cara sobrinha

Faz tempo me perguntaste se não tinha fotos do teu pai quando em África, pedido que encaminhei para os meus imãos e que creio, devem ter dado uma de baianos. Amanhã... Amanhã...

Esta semana pegaram uma sucuri, prima da anaconda, com uns 4 metros, que passeava no galpão da empresa onde trabalho. Houve comentários e estórias e me lembrei d'algumas onde o teu pai foi a personagem. Não são fotos... mas tentarei enviar-te de vez enquando alguma estorieta.

O DIA EM QUE TEU PAI LEVITOU

Eramos garotos. Eu com uns 10 anos e teu pai com uns 13.
Moravamos em Vila Pery, mais ao menos no centro geográfico de Moçambique.
A alguns quilômetros da vila, destacava-se no horizonte uma formação rochosa conhecida como a Cabeça do Velho.
Não sei mais de quem foi a idêia, acho que dele, mas resolvemos escalar a Cabeça do Velho. Menos temerário, me lembro de atentar para o problema das cobras que eram uma praga. Que nada, argumentou, vamos levar o cavalo marinho do pai (um chicote feito de couro de hipopótamo com um metro e meio mais ou menos), uma chicotada na cobra que aparecer e quebramos-lhe a espinha.
Pegamos um lanche, cantis com água e um caixote kodak e, lá fomos a pé.
A escalada correu bem e em poucas horas chegamos ao topo. Depois de algumas fotos (que ainda devem existir) começamos a descida.
Seguiamos por uma espécie de trilha ladeada por capim seco. Teu pai caminhava uns 5 metros à minha frente quando duas cobras resolveram atravessar a trilha.
Eu gritei e, instintivamente, talvez alertado pela restolhada das cobras no capim, teu pai pulou. Como em câmara lenta e com o coração querendo sair pela boca, vi as cobras de cabeça levantada passarem por debaixo das pernas dele.
Devem ter sido talvez frações de segundo, mas ele ficou parado no ar, de pernas encolhidas. Só caiu depois das malvadas terem passado.
Do susto, me vinguei por uns tempos aconselhando-o, todas as vezes que saíamos, a não esquecer o cavalo marinho para o caso de aparecer alguma cobra.

O DIA EM QUE TEU PAI, SEU SANGUE FRIO E SUA INEGUALÁVEL PONTARIA SALVARAM UM AMIGO

Teu pai, desde pequeno, sempre foi um exímio atirador, tanto à bala como com arma de cartucho.

Devia ele ter uns 14/15 anos, quando fomos fazer uma caçada na farm de um amigo. O Aguiar.
Fomos de bicicleta, eram só 14 km. Na propriedade nos reunimos com o Aguiar e os irmãos, e lá fomos nós. Além das fisgas e pressão d'ar, a arma que levávamos era uma 410 (cartucho) de 5 tiros. Uma adaptação feita com uma culatra de fuzil Mauser.

Depois de matarmos algumas rolas e galinhas do mato (cangas), já de volta para a sede da farm, um dos funcionários que nos acompanhava começou a gritar:
Inhoca! Inhoca! (Cobra)
Era uma senhora Mamba Negra (veneno suficiente numa mordida para matar 10 pessoas em pouco tempo), bem grossa, que serpenteava rápido. Enquanto ela corria, teu pai fez quatro disparos e, embora depois constatássemos que todos a tinham acertado, eles não a pararam.

A bicha se arrastou para um grupo de arbustos, e esse nosso amigo Aguiar correu com um pau para afastar os arbustos à procura da cobra. Logo que ele se chegou aos arbustos, vimos a cobra levantar-se à altura da cabeça dele. Tudo se passou na velocidade de um raio. Um tiro e a cabeça da cobra voou... O susto veio depois quando nos apercebemos de como a morte nos rondou.

O Aguiar ficou branco como papel e sem conseguir falar por um bom bocado.

Foto de Gabriela Bedalti

O tempo é curto

É engraçado, se você notar,
se você parar pra reparar,
como a vida tende a passar,
ligeira a voar

Há tanto pra escolher
tantas decisões a fazer
quando começa a esclarecer
já não há tempo pra saber

Fazer tudo o que desejamos
tudo o que sonhamos
as vezes o muito que almejamos
não acontece como planejamos

Tantas viagens pra divertir
quantos motivos pra sorrir
Quantos castelos pra construir
e um relógio a nos perceguir

Pra execer: muitas profissões
pra cantar: muitas canções
pra dançar: muitos salões
falta tempo, pra tantas emoções!

Quando nos damos conta
a vida se foi sem volta
irrealizados, na revolta
ficamos sem melhora

Que triste o passar do tempo
que não espera nem um momento
rápido como um breve pensamento
que causa sufocamento

O que passou não volta não
nos resta de imediato fazer
o que vem ao coração
e nossa vocação satisfazer!

Foto de P.H.Rodrigues

Panda

Plaina no tempo, a linda Panda.
Se poem a agraciar a simplicidade,
de viver sorrindo, de fazer eterno
um simples momento.

Veja como é belo seu bailar,
de lá pra cá, vibra em alegria,
sem se preocupar com o fator "tempo".

Teu sorriso explode sem direção.
Alcançando até os mais distantes,
criando mar onde há sertão.

Vá Pequena Jovem Panda.
Voe sem medo da altura,
siga alegremente sem se arrepender.
E aproveite ao máximo essa aventura.

Foto de cafezambeze

FUNGULAMASO


FUNGULAMASO
1977 RIO DE JANEIRO.
O RIO DE JANEIRO SEMPRE FOI UMA CIDADE VIOLENTA.
EM 1977 JÁ O ERA, MAS NADA QUE SE COMPARASSE AOS DIAS DE HOJE. QUEM SABE A DITADURA
MILITAR SE FIZESSE MAIS PRESENTE...
OS POLICIAIS AINDA USAVAM REVÓLVERES E VELHAS MAUSERS, E OS FORA DA LEI AINDA NÃO
SE TINHAM ORGANIZADO. ME ATREVO ATÉ A DIZER, QUE NA SUA MAIORIA, ERAM APENAS FREELANCES.

HOJE ELES USAM ARMAS AUTOMÁTICAS E SEMI-AUTOMÁTICAS. EXPLODEM BANCOS, SEQUESTRAM
QUALQUER UM A TROCO DE ALGUNS REAIS E MATAM POR DÁ CÁ AQUELA PALHA. NÃO EXISTE MAIS
UMA IDADE MÍNIMA PARA ENTRAR NO CRIME. CRIANÇAS QUE AINDA USAM FRALDAS MATAM GENTE.
SE ERAM MANCHETE NOS PRIMEIRAS PÁGINAS DOS JORNAIS, HOJE CEDERAM LUGAR AOS POLÍTICOS.
ELES FICAM LÁ PELO MEIO. A SANGREIRA JÁ VIROU ROTINA. A CADA DIA QUE PASSA AUMENTAM OS
NÚMEROS. O GOVERNO RESOLVEU DESARMAR A POPULAÇÃO, MAS NÃO INCLUIU OS CRIMINOSOS NO MEIO.
E A JUSTIÇA?... BEM, A JUSTIÇA É CEGA.

MAS VOLTEMOS A 1977 PARA CONTAR A MINHA ESTÓRIAZINHA.
EU SAÍA LÁ PELAS 5 DA MANHÃ, E SÓ CHEGAVA A CASA LÁ PELAS 8/9 HORAS DA NOITE.
SALTAVA NO PONTO FINAL DO AUTOCARRO, E TINHA QUE CAMINHAR UM BOM PEDAÇO A PÉ, POR RUAS JÁ
DESERTAS.
ÁQUELA ÉPOCA, EU USAVA UMA BOLSA PARA CARREGAR DOCUMENTOS, SEMPRE SOLICITADOS PELA POLÍCIA,
E TRAJAVA O QUE TROUXE DE MOÇAMBIQUE, CALÇA E BALALAICA. A BOLSA, AQUI CHAMADA DE CAPANGA,
EU ENTALAVA NAS CALÇAS, DEIXANDO-A COBERTA PELA BALALAICA A FIM DE NÃO CHAMAR A ATENÇÃO.

CERTA NOITE, MERGULHADO NUM SILÊNCIO QUE ME PERMITIA ATÉ OUVIR OS MEUS PASSOS, REPARO
QUE SOU SEGUIDO, E LOGO OUÇO OS PASSOS DO MEU AMIGO, NO OUTRO LADO DA RUA, AUMENTAREM O RITMO.
TÔ FERRADO. VOU SER ASSALTADO!
AINDA HOJE SORRIO QUANDO ME LEMBRO DO QUE FIZ. QUANDO PASSEI POR DEBAIXO DE UM LAMPIÃO,
OSTENSIVAMENTE, LEVANTEI A BALALAICA E LEVEI A MÃO À CINTURA, OS PASSOS ATRÁS DE MIM,
DIMINUIRAM O RITMO. TATEEI O FECHO DA BOLSA QUE ABRI, FECHANDO-O EM SEGUIDA PRODUZINDO
UM CLIQUE QUE SE ASSEMELHAVA MUITO AO ENGATILHAR DE UM REVÓLVER. MANTIVE LÁ A MÃO.
A PERSEGUIÇÃO ACABOU. NAQUELE TEMPO ELES AINDA TINHAM UM MATACO PARA CUIDAR.

NOTAS:
FUNGULAMASO (ABRE OS OLHOS, CUIDADO, PRESTA ATENÇÃO)
MATACO (RABO)

Foto de Cesar Jardim

Caminho

A correnteza leva embora,
o que traz de longe,
Por que não seguimos como antes,
o que começamos hoje?

A nossa vida segue,
como o rumo da paixão,
eu voo com as asas da liberdade,
pra encontrar seu coração.

Vamos escrever em cima,
das páginas do livro da vida,
andar sobre as flores despedaçadas,
entre as pedras em um caminho.

Não temos a beleza dos pássaros,
Apenas o tempo em nossas mãos,
o tempo que crio é coragem,
e o que perco é ilusão.

Foto de Carmen Lúcia

Não faz sentido

Não faz sentido viver por viver
sem abraçar sequer uma nobre causa,
viver sem ver a luz do amanhecer,
página aberta induzindo a recomeços,
convite incessante para perceber os erros
e com eles, uma alavanca para os acertos.

A cada recomeço, novas pedras a remover.
A cada cansaço, nova pausa pra se refazer,
onde o silêncio pede para refletir
o que é viver ou simplesmente existir.

Não faz sentido viver sem amar,
não cravar no cerne das pessoas nossa marca,
fazer a diferença na vida de alguém
e ter alguém ao lado em nossa caminhada.
A estrada é longa e triste sem ninguém.
Sozinhos não alcançaremos nada.

Não faz sentido viver sem viver
um grande amor, uma paixão desenfreada
ou, acomodados na mesmice da rotina,
deixar que o tempo leve nossos sonhos
sem que nos apaixonemos novamente pela vida.

Não faz sentido ver o mundo da janela
onde a tramela não permite perpassar por ela
pra desvendar o novo, no afã da descoberta,
ver as belezas das paisagens que acenam,
cair e levantar e começar de novo.
O recomeço faz a vida ser mais bela.

Não faz sentido aprisionar os sentimentos;
a autenticidade é trampolim à liberdade.
Seremos livres libertando os pensamentos,
voar com eles em busca de emoção,
dar vazão ao catarse, alívio emocional
e na hora do adeus final
percebermos que viver não foi em vão.

_Carmen Lúcia _

Foto de Cesar Jardim

Vida

Quando a gente se sente envolvido por um sentimento,
as vezes não podemos fugir, nem fingir que não ligamos,
O que não podemos é perder tempo, pois os bons momentos,
devem ser aproveitados, não devemos amar o que perder,
e nem perder a quem amar.
Quem foge do seu destino, muitas vezes se arrepende,
mas ai aprende e se prende a pensar, que cada dia na vida é importante,
mesmo que seja passageiro, um minuto pode durar uma vida inteira.
Não sabemos se estaremos aqui, hoje ou amanhã,
talvez eu tenha filhos, talvez eu plante uma árvore,
um dia sentirei saudades de pessoas que estão sempre ao meu lado,
e por isso não deixemos nunca de aproveitar a vida,
pois uma das maiores lições da vida é viver.

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