Terra

Foto de Carmen Vervloet

Mãos

Mãos

Mãos que abençoam,
Que fazem carinho...
Mãos que aperfeiçoam,
Que afagam de mansinho.

Mãos que lançam a semente,
Que aram a terra...
Mãos pacientes,
Que ficam do bom fruto a espera.

Mãos que cumprimentam
De A ao Z do dicionário
Aquecendo por um momento
Corações tão solitários.

Mãos que abrem caminhos
No silêncio do seu amor...
Mãos que arrancam espinhos
Sem se preocupar com a dor.

Mãos que abrem uma porta
Que acolhem com calor
Mãos vivas e não mortas
Que sabem ao outro dar valor.

Mãos que doam...
Mãos que aquecem...
Mãos que acariciam...
Mãos que se oferecem...

E eu o que faço com minhas mãos?
Estendo-as com amor?
Ou me cego diante da dor?

Carmen Vervloet

Foto de Maria Goreti

É NATAL

É NATAL

É Natal!
Sinos dobram na Catedral!
O coral entoa o “GLÓRIA”.

Lembro-me do dia do meu casamento.
Um verdadeiro conto de fadas!
A limusine me esperava na porta da igreja.
Meu vestido branco, cuja blusa de renda guipure fora ricamente rebordada com pérolas e pedras semi-preciosas, tinha saia farta, em shantung de seda pura e detalhes em palha de seda plissada. Atrás, um grande laço de cetim arrematava a cintura. Na cabeça, o longo véu descia em forma de cascata e percorria toda a extensão do corredor da Catedral.
A tiara em pedras semi-preciosas era digna de uma princesa!
Meu noivo, de fraque, mais parecia um lorde inglês!
A igreja lindamente decorada! Lírios, jasmins e ramos de alfazema davam um quê de tranqüilidade, ao mesmo tempo purificavam e perfumavam o ambiente.
A cerimônia foi realizada ao som de orquestra e coro. Ah! A Ave Maria!
No salão de festas tudo era perfeito!
A mesa com o bolo decorado, recheado de nozes e baba-de-moça e, sobre ele, um casal de pombinhos com as alianças nos bicos. As lembranças eram miniaturas do bolo. Que delícia estavam os bombons, os quindins, as trufas, os bem-casados, os macarrones, as balas de alfenins!
No jantar, os garçons serviram do scargot ao faisão, mas também havia um filé de salmão, para aqueles convidados que jamais ousam provar novos sabores.

É Natal!
Os sinos voltam a badalar na Catedral.
O coral entoa “AVE MARIA”.

Ontem foi o meu aniversário, por isto estou muito feliz!
A decoração estava uma beleza! Muitas flores, balões de gás e luzes coloridas.
O bolo sobre a mesa era de brigadeiro e os doces, compotas das mais variadas – jenipapo, jaca, laranja-da-terra, limão, figos, pêssegos, goiabas, mamão com coco, abóbora...
Muitas frutas frescas também compuseram a mesa.
O cheirinho de churrasco invadira o ambiente. Caipirinha e cervejinha gelada para refrescar.
Os convidados chegavam trazendo lindos e valiosos presentes. O DJ era animadíssimo e a festa rolou até altas horas.
Optei por um churrasco para recordar os meus tempos de menina humilde.

É Natal!
Os sinos dobram pela terceira vez.
O coral entoa “NOITE SANTA”.

Na semana que vem será a vez de comemorarmos o aniversário do meu marido. Para tal mandamos matar um novilho, três borregos, dois leitões, dez galinhas e um cabrito. Encomendamos alguns barris de chopp, vinhos e refrigerantes. Contratamos uma banda para tocar. Decidimos fazer a festa na nossa fazenda. Uma comemoração simples, apenas para os amigos mais íntimos.

É Natal!
Na Catedral, o padre espera os fiéis para a tradicional Missa do Galo.
O Coral canta “NOITE FELIZ”.

Desta vez não iremos comemorar.
Sou do tempo em que o Natal era comemorado com Missa do Galo, ceia e sapatinhos nas janelas para esperar o Papai Noel. Armávamos o presépio, junto com papai e mamãe e montávamos nossa árvore, com bolas e lâmpadas coloridas, piscas-piscas e direito à neve de algodão.
Hoje o velho barbudo trocou o gorro pelo boné, o trenó pela motocicleta e não traz mais presentes para as criancinhas... Hoje ele rouba os presentes delas e, se não se cuidar, acaba sendo assaltado.
Fizemos um balanço das notícias do ano. Violência em todos os lugares, acidentes de aviões e trânsito, mulheres prostituídas, crianças abandonadas, balas perdidas, seqüestros, famílias desfeitas, incêndios, terremotos, enchentes, nevascas, aquecimento global, balas perdidas, jovens drogados, políticos corruptos, doenças, falsos médicos, fome... E ainda tem gente que sai alheia a tudo, a gastar com presentes caríssimos, roupas e comidas para festejar o Natal!
Sejamos solidários com nossos irmãos carentes. Com tanta miséria, não dá pra pensar em gastar com festas. Tudo isto é muito triste!
Presentes...!
Meu marido acaba de me presentear com um enorme diamante!

É Natal!
A missa do galo está terminando. Agora não é mais à meia-noite. Começa mais cedo por uma questão de segurança(?).
O coral canta “ENTÃO É NATAL”.

Semana que vem é réveillon e vamos comemorar a entrada do novo ano em casa de amigos, quando aproveitaremos para combinar as nossas férias. Ainda não sabemos para onde iremos.
Logo chegará o Carnaval! Já mandei desenhar minha fantasia e também a do meu marido e das crianças. Vai nos custar uma pequena fortuna, mas iremos arrasar no desfile de fantasias! Meu marido e eu competiremos na categoria luxo e as crianças na categoria originalidade.

É Natal!
A Missa do Galo terminou.
Enquanto os poucos fiéis se retiram da igreja...
O coral canta “PARA NÃO SER TRISTE”.

É... Hoje é Natal!
Não iremos festejar.
Depois, festejar para quê? O quê?
Ouvi dizer que é aniversário de um “tal” Jesus.
Por acaso, você sabe quem é?

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 22/12/07
.......

DESEJO A TODOS UM FELIZ NATAL E UM ANO NOVO DE MUITAS ALEGRIAS, NA PAZ DE CRISTO!

Maria Goreti.

Foto de Sonia Delsin

UMA SIMPLES ALMA DE POETA

UMA SIMPLES ALMA DE POETA

Meus parentes daqui da terra pensam que me conhecem a fundo.
Ó, não!
Eu sou um ser de outro mundo.
Meus parentes reais me cederam por um tempo para enfeitar um pouco a vida de algumas pessoas.
Meus parentes reais moram em outras esferas.
Eles me disseram: Vá, leve a alegria, um pouco de tristeza e principalmente poesia.
Quando eu aqui cheguei minha mãe daqui da terra me recebeu com tanta dor e tanto amor.
Ela pensou.
Esta menina, esta menina, é diferente.
Eu cresci em meio ao verde, a natureza, a beleza.
E a simplicidade.
Tive uma infância feliz de verdade.
Veio a adolescência.
Precisei passar por tantos dissabores, tantas e tantas dores...
Precisei não só da minha. Mas da paciência de todos.
Me recuperei. Daí conheci o amor e me casei.
Fomos felizes, eu sei.
Mas eu era diferente, com minha intensidade.
Com meu voar com tanta facilidade.
Uma sonhadora, uma voadora, uma poetisa.
Ele não entendia minha sensibilidade.
E fiquei sozinha.
Numa vida mais minha.
Aí passei a refletir muito nas minhas noites vazias.
Vazias?
Por que vazias se vôo, se encontro outras paragens, se sou um ser de passagem?
Esta poetisa sonhadora sente que não é daqui. Tem horas assim que se sente um peixe fora da água, um filhote fora do ninho.
Tem horas assim que sou apenas e tão só um passarinho.
Demorei um pouco para entender, mas por fim compreendo o meu caminho.

Foto de Sirlei Passolongo

Em Busca da Felicidade

Pare por alguns momentos
Olhe-se! Por fora e por dentro...
Deixe falar seus sentimentos

Quantos presentes ao seu redor
Tantas coisas... muitas
que não vemos no dia a dia
Tantas razões pra agradecer

Tantos motivos de alegria...
E sempre estamos em busca
D’algo que julgamos melhor.

Olhe! O sol ilumina a terra
É a energia da plantação
Os pássaros anunciam a chuva
Que vêm pra alegrar o sertão

Os peixes fazem a piracema
Pra sua mesa ser farta
As flores abrem serenas
Para enfeitarem as matas

Ah! Olhe seu coração...
A mais perfeita engrenagem
Que pulsa no compasso da emoção...

E se acaso
pode ler essa mensagem
É por que tens a felicidade
De ver toda e qualquer imagem

Abra os olhos!
Seja feliz por tudo que tens
Pelo milagre de recomeçar
Quando o sol levanta

Sorria! Razões são tantas e tantas
E não precisamos longe procurar.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Cabral Compositor

Verde Amarelo

Verde Amarelo

Brasil, meu Brasil brasileiro
De tantas matas, praias e campos, montanhas e nascentes
Brasil, meu Brasil brasileiro
De criaturas fantásticas e acrobáticas
Que lutam por um dia a mais, por um lugar ao sol, por um teto
Brasil, meu Brasil brasileiro
De estados, de federação, de legendas mil, mil partidos e um só Brasil
Brasil, meu Brasil brasileiro
De rios poluídos e aterrados, de oportunistas e falsifica dores
De pobres trabalhadores, assalariados
Brasil, meu Brasil brasileiro
De estradas de estranhos trajetos, objetos indiretos
De obras inacabadas, de hospitais abandonados, e de balas perdidas
Brasil, meu Brasil brasileiro
De cantos, de encantos, de tradições regionais e futebol
De teatro, de dança, de esportes especializados
De filhos nos córregos, de filhos arrastados, de filhos mortos
Brasil, meu Brasil brasileiro
De encantos mil, terra varonil, de esplendor
Brasil, de Rio de Janeiro e Salvador, de São Paulo e Maceió
De Paulo Afonso e Minas Gerais, de Porto de Galinhas e favelas
Brasil, meu Brasil brasileiro, de mineiros, cariocas e estrangeiros
Assaltados, mal tratados e com um Cristo acolhe dor
Brasil, de crenças e religiões, de povo com fé nos milagres
De samba, de xaxado, de chorinho, de forro, de Axé, de MPB
Brasil de brasileiro como eu, de brasileiro que morreu pela pátria
Pátria amada, idolatrado, salve, salve

Foto de Carmen Lúcia

Enfim, é Natal!!!

Há uma luz diferente no céu!
Tão intensa que transpassa todo véu
Que de azul-marinho se faz prata a brilhar
Entremeado com o prata-lunar
Deixando o planeta mais bonito e feliz!
Anjos parecem surfar...
Na mansidão daquela imensidão
Preparam-se para encantar a Terra
Com suas harpas e cânticos de amor...
Fazem das nuvens, tobogã...
E escorregando vêm ao mundo
Em doce missão de alegria e paz...
Expectativas de novos tempos,
Embaladas por sinos a tocar...
Esperanças que renascem
Em cada coração, a cada oração...
Parece que o Amor se espalha
Como fragrância que exala
Em cada canto o seu encanto...
Pensamentos se unem:-Paz!!!
Afastando o desencanto do mal...
A luz se intensifica mais e mais...
Enfim, é Natal!!!

Foto de ZAMY PESCi

Células

Células

mortas

Pânico

Solidão profunda

Que afunda bem fundo

Multidão de bichos

Irracionais

Ricos,

vomitam o pão do pobre

Dominadores

Que morram com suas ordens

Aqueles que abusam da bíblia ,

que morram de peste ruim

Mãe seja Maria

Que pai seja pai da Terra

Criança ,seja anjo

Que o céu ,seja aqui

Que a tecnologia extinga seus filhos “capetas”

Jovens encontrem o meio!

A humanidade seja uma grande família

Deus é pessoal

Que minha química seja a verdadeira

E a sua também

Zam y Pesci 30/05/22004

Foto de ZAMY PESCi

Aleijadinho

FILAS COLOSSAIS
ARQUITETADAS COM CARRÕES,CELULARES,OLHARES,COLARES DOURADOS
SOBRE A CARA CALÇADA DO MUSEU
PESA TOLENADAS A LEPRA ATUAL
SANTAS FACES TRANSPIRAM O SUOR MÓRBIDO DO ARTISTA
LIBERDADE ENTALHADA NA MENTE HUMANA
COVAS SECULARES PERMANECERÃO SOB O CÉU DESTA TERRA
EXUBERANTE VERDE VIVO DO GRAMADO DESENHADO
ATIVA O CÉREBRO DA JOANA IDEALISTA
VERMELHO OFUSCANTE DO BARRO
SANGUE APAIXANADO DE UM POVO BRANDO
VIDA BROTANDO
A CADA MINUTO NASCE UM ESCULTOR

Foto de Carmen Lúcia

Seja para mim...

Seja para mim...
O fato mais marcante de minha história
Ao preencher lacunas de minha trajetória
De tempos que não vivi, apenas sobrevivi.

Seja para mim...
O bem que esmorece as grades
Das muitas que se afincam sobre a terra,
Liberta-me e em vôo livre, nada mais aferra.

Seja para mim...
O elo da felicidade e do amor perfeito
Que nunca alguém um dia já sonhou,
Que nunca alguém jamais experimentou.

Seja para mim...
O riso que esconde as dores
O amor que energiza o mundo
E que prepara encontros bem profundos
Para gerar mais e mais amores.

Seja para mim...
Um desafio íntimo, do mal a minha cura
Como escrever poemas sem amargura
Ou embarcar em louca aventura.

Seja para mim...
A luz das tardes de inverno
Que amarelada parece se apagar
Dando a impressão que o tempo corre devagar.

Seja para mim...
A companhia de meu dia-a-dia
E que calados, sempre lado a lado
Seguindo o brilho de cósmicas poeiras
Possamos ver o céu se encher de estrelas.

Enfim, seja para mim
O que sempre serei para você!

Foto de Ana Botelho

NATAL PERMANENTE

NATAL PERMANENTE

Que não só a sua noite escura ,
Mas também, que o ano inteiro
Tenham sempre a suave presença
De um anjo cristalino do Natal
E que o seu deserto mais árido
Reverdeça, a cada manhãzinha,
Ao afago tranqüilo do amor,
Numa eterna canção matinal
Mas venho, porém, lhe pedir
Que, ao passar pela Terra, seja
Uma balsamizante essência salutar
Alegrando os corações por igual
E que a solidão quando chegar,
Não se importe muito com ela,
Porque em você sempre estará
O que constrói no seu gesto universal
E que você seja também suave
Como o vento, aliviando agonias,
Que cochicha por entre as árvores
Toda a sua musicalidade habitual.
Sejam em quaisquer momentos,
Desde o seco farfalhar das folhas,
Até o pesado murmurar das ondas
Vencedoras dos recifes em coral,
A fim de que pesos não arrebentem
Os seus frágeis e doridos ombros
Recebendo tão somente aquilo
Que temperar na medida do seu sal,
Durante os atos que você praticar
Porque eles serão o seu eterno cartão
Para se apresentar em qualquer lugar
Como o registro da sua marca individual,
Pois arrastamos o que somos, e, seremos
Com o acúmulo de tudo o que pensarmos,
Fizermos e desejarmos ao outro,
Perene, como um grandioso manancial
Que renasce e cresce a cada instante,
Porque todo o universo se completa
Entre idas e vindas intermináveis
Desse precioso projeto imortal.

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