Voo Duplo
		Tenho medo, muito medo de altura,
Tenho tonturas, sempre me falta o ar.
Mas se voar é fobia, insano é constatar,
		Que só a vertigem me faz te alcançar.
		Então experimento a sensação de ousar
		Arrisco por necessidade de viver a emoção.
		De saber que só teu amor me faz decolar.
		De olhos fechados, a beira do pânico,
		Aperto com força as tuas mãos.
		Meu corpo não tem peso nem a cabeça razão,
		O mundo roda, ainda assim, abro as asas e vou.
		Voo e exponho toda a minha fragilidade,
		Desço num looping vertiginoso, desatinado,
		Mas medo não é o bastante para me impedir
		Você é minha razão para tentar e voar... e tentar
		O vento fustiga, faz biruta de nossos corpos,
		Impõe-se a ousadia, corta, mas  sei que posso,
		Porque teu amor é o que me faz decolar.
		Bem no alto, por sobre as montanhas,
		O ar é rarefeito, pesa e o coração explode,
		Não consigo pensar, sequer respirar.
		Mas você me ensinou a planar e aterrissar.
Do platô novamente saltamos em voo duplo,
Assustados, cruzamos a linha do horizonte.
Ousamos, mergulhamos e tornamos a flutuar.
Por amor,... um amor que nos faz decolar.
				Rosamares da Maia – 06.09.2012