Blog de JGMOREIRA

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AFEIÇÃO

AFEIÇÃO

Fecha meus olhos
faz esquecer o tempo
Beija-me um pouco
afaga a alma inquieta

aceita meu corpo desesperado
por uma mão de afago
por um vinho suave tinto
uma voz, um timbre, algum riso

aceita meu corpo
fecha os olhos com beijo
não afligirá o desejo
O que acolhes é medida do medo

medo que acostuma os sozinhos
mas não deveria o só se calar
Houve minha voz quase triste
fazendo de conta que existes

assim passa o tempo
assim acaba o dia
Iludo-me que vivo
na casa vazia

sei que não deveria
mas cedo à vida o dia
melhor que amor não tê-lo
é sonhar sem sabê-lo

a aragem do teu hálito
alivia o calor que sinto
mais que amar na voragem
é amar e sentir o amor vindo

as coisas são como são
o amor é como é
não há como evitar a condição
o homem é da mulher

descansa tua mão
das farpas do coração
que sangram a pele amada
em juras de sangue, ciganada.

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ABRAÇOS

ABRAÇOS
CB: teu abraço viajava

Ver-me na Índia
N’África
Ver-me verde
Adormecendo sobre disparates
Acreditando.

Londres, Istambul
Vietnã
Paranaguá
Verte a ampulheta
Derrama-me

Sobre Haiti, Afeganistão
Dakar, Romênia, Pará
Terra que não há.
Amores risíveis
Aventuras frouxas

Em Paris
Havaí, Natal, Grécia
Japão, Egito
A mala, passaporte carimbado
Eu, morrendo ás sextas

Acreditando que viveria os
Sábados, emocionar-me-ia
Stalingrado, Suécia, Síria, Bahia:
Trancoso; Angola, Suíça,
Outros ares, lugares, olhares

Rodopiando minguante
No céu, em itálico.
Chile, Manágua, Nicarágua
Cuba
Cavalgando Pegásus em Pasargada

Refletido nos espelhos cristalinos
Em Honolulu, faiscante em Viena
Ucrânia, Mesopotâmia, Athenas
Atlântida, apenas semântica
Rios transbordando, secas no sertão.

Ver, ver-te, verter-te
Nos cálices do meu desejo
Abraçar tua pele, selenita
Jamaicana, leva-me para lá
Deita-me em tua cama

Rompa a crosta de hialita
Que reveste meu peito arenoso
Descortina o pôr-do-sol oculto
No oposto do meu rosto
Arábica, anárquica, resuma-me

A um homem
Dentro do teu quarto
Viajando pelas galáxias
Maravilhado com o brilho
Dos mil centauros que te compõem

Que gerarão as estrelas dos nossos filhos
Em Arcádia.

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À PRIMEIRA VISTA

À PRIMEIRA VISTA

Quando tu me viste
Eu já sabia
Que me comerias
Que me beberias
Que te deliciarias em meus cheiros
Líquidos, vasos cheios
Nas noites quentes.

Quando puseste teus olhos
No meu peito, pernas
Eu já sabia que seria tua
Que dançaria na tua estranheza
Que derrubaria o que à mesa
Que te apunhalaria dezenas
Mas, mesmo assim, tu me terias
Enquanto rodopiasse a pena.

Quando me deparei com teus olhos
Acarinhando meus cabelos confusos
Observando meu rosto difuso
Fotografando minhas linhas
Algo me mordeu por dentro
Delatando-me tua tristeza
Tua venida incontida
Que minha vontade queria

Quando me viste, eu sabia
Tu já sabias que me comerias
Que eu não resistiria.
Quando é à primeira vista
Não existe valentia

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A FALTA

A FALTA

A falta que amo
Adormece em nácar
Desperta sob marfins.
A falta hedionda que mata
Dorme ao meu lado, impune.
Incólume, na distância do
Meu desejo.
Pela minha falta de ti
Calculo tua falta de mim
E morro pensando que morres
Da minha saudade de ti.

A falta que amo tanto
Sussurra seu nome nas conversas
Dos amigos; abraça-me
No vazio do abrigo.
A falta, que é tanta
Cavalga-me em leitos em cio
Sob o som de mil chicotes
Em noites de trêmulo pavio.
Noites a fio.

Desafio a falta que não sei se me ama
Na minha falta, que ama.
Desejo-a em todas as minhas palavras,
No leito imenso dos solteiros.
Sob edredons em desalinho
Na feiúra do linho,
Quando penso na blusa
Da sua pele morena
Me abraço sozinho
Desespero solitário.

Ardo em outros corpos
Bebo outras bocas
Aceito palavras
Mas não perco o senso
Que reside na falta
Que amo.

Topométrico, meço minhas subidas e descidas.
Faço mil cálculos sem obter a medida
Exata da falta
Que não sei se me ama.

Assalto mil castelos
Atravesso os inimigos
Com a espada do silencio.
Lanceio meus amigos
Com desejo enorme da falta,
De tão imenso.

Ela ressona em azuis
Cavoucando meu abismo.
Conduzo meus demônios e archanjos
Para o pasto verdiço
Como fora apascentar
O desejo da falta que angustio.

A falta retoma a jornada dos anos.
Prossegue comigo, massacrando-me,
Desfazendo cada carapaça, armadura
Da sua longa pele moura
Renasce meu desejo infinito.

A falta me rouba o tempo,
A respiração, o sono, o amor.
Ela levou o amor.
O amor foi, cordeiro,
Ao chamado da falta.
Correu ao seu encontro
Como se ela fosse a presença
Que ama. E não falta.

O que ama a falta, soluça
Na pele escura da blusa
Da falta obscena.
O homem acena à falta
Que não ama: recusa
O que ama na falta da cor
Além da bruma, blusa,
Que nem sei se ela usa.

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A DIVINDADE

A DIVINDADE

Do amor tanto amado
nada que lembre restou
Sequer um 3x4
que o novo amor rasgou.

Passaram os anos, lépidos
Para mim, rastejantes
Contigo em meu ventre
No olfato, na procura incessante.

Tua imagem, ícone pleiteando parecença,
Jamais encontrou sorriso igual,
Jeito semelhante, carinho assemelhado.
Eu, carregando a cruz da tua ausência.

As músicas, as horas, a companhia,
Nunca mais foram de sacio.
A cama, sepulcro vivo de coisa viúva
Jamais se conformou com o vazio.

Carrego esta tua esfinge às costas
Como fardo que não sei abandonar.
Onde quer que pouse, pare, descanse
Eis teus olhos a me passarinhar.

Com tanta coisa para viver
Fico embrulhado no passado
Da tua pele; no calor do abraço
Que nunca mais, tão terno, encontrarei.

Carregando e amando esse fardo
Vou safando-me dos dias amargos
Que passam, ferozes, arrancando nacos
De carne passiva que apenas ama no passado.

Talvez, quem sabe, um dia, pode ser
Encontre alguém que não seja você
Que me atraia os olhos de repente
Tornando novamente o objeto gente

Se, acaso, ventura, tal se der
Poderei arriar teu peso de mim
Aliviar-me da carga que carrego
Odeio, desprezo, mas não nego

Que o teu amor, minha heresia,
Provou ser Deus uma mulher.

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A DOR CONFESSADA

A DOR CONFESSADA

As palavras são de todos
Que o poema não é meu
Mas a dor, essa tristeza
Somente a mim pertencem

Uma solidão que escraviza
Escrita em esperanto
Para um amor sem esperanças
Que ainda exala seus encantos

Nas ruas, sou o branco no negro
Grão de areia no deserto de Gobi
Apátrida sem eira que espera do céu
Quem fale sua língua e o console

A casa tornou-se sarcófago
Onde se conserva o corpo
De quem há muito está morto
Aguardando futuro próspero

Essa coisa que me toma e leva ao céu
É pleno sofrimento de um desejo
Que não me tomba, não me descarna
Mas tolhe minha vista com seu véu.

Um amor que me tirou a razão, a vida
Que me roubou as sensações
Transformou-me em cousa insípida
Que não sabe expressar as emoções

O riso difícil, o rosto de pedra
A palavra escassa, a eterna espera
As mãos de estivador, ombros rochosos
Apenas para fazer frente ao que o espera

Um homem forjado no breu
Ferido de morte que sobreviveu
Que devastou seus inimigos
Deliciou-se com perigos

No intento de morrer de uma vez
Foi sobrevivendo a cada golpe
Como se o amor fosse torturador
Para mantê-lo vivo sob seu chicote

Com o tempo desesperado passando
As esperanças acenando mãos tristes
Tornou-se objeto inventado dos sonhos
que tivera de um amor que ao tempo resiste

As letras a todos pertencem
Que o poema não tem dono
Mas a dor, a esse direito eu reclamo
Que ela é minha; não a abandono

Não poderia viver no mundo dos felizes
Não caberia no espaço dos civilizados
Não teria lugar para mim na alegria
Que meu coração foi do corpo separado

O que minha mão escreve
O corpo desconhece.
As palavras que confesso
Minha vida não esquece.

Essa tristeza sem igual, sem propósito
Essa imagem que guardo de ti
Esse desespero para que chegue o fim
E finde o amor por quem não mora em mim.

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A ÂNSIA

A ÂNSIA

Amo, na distância, um amor
que não será amado quando perto.
Ao alcance do tacto, do beijo,
esvanecer-se-á e será reles desejo
que pela manhã deixa cheio o cinzeiro.

Amo a distância que dele me separa
como o próprio amor que a ele dedico.
Muitos são os silêncios em minha alma,
como são muitos os passos de toda uma vida.
Em todos esses silêncios há o amor,
como nos passos.
Há amor nos tendões, nervos, ligamentos
sangue, pele, pelos tudo é amor, posto
não haver pensamentos em quando atiro
a perna à frente, à frente, e nos silêncios.

Se puder tocar o objeto do amor, de que vale o amor?
Se posso dar fim à ânsia, de que vale o sacio?
-Ser apenas um corpo vazio a bocejar no escuro?

Ah!, como são reles os que se atiram a findar o amor
como se fosse ódio o que sentissem e fosse
amar estar vazio: Lata de atum no cesto da cozinha.

É preciso amar o amor como se fosse medo.
Evitar a satisfação; ansiar e mais amar a ânsia
para evitar que se aproxime o corpo do vazio.

Quanto mais quero menos esqueço o desejo
e adoro o que amo.
Esvazio-me de mitos
quando amo e ando leve, atirando olhares
semprenovidades ao mundo que vejo.

Extensos são os desertos de minha alma,
com muitas construções a disfarçar o vazio.
Nesse deserto, quando chega a noite
e a lua plena, o vento traça figuras na areia.
Muitas são as figuras traçadas em meu coração.

Os sentidos são estúpidos. Estão explodindo, exigindo,
tornando-me louco por visões, audições, gostos
que me esvaziem do amor que sinto.

mo tudo o que está longe.
Se vejo pedras, sou pele; se sou algas, amo o deserto.
Amo a impossibilidade do amor
como amo o amor.
As coisas que vemos são puramente coisas,
não possuem encanto.
Quanto maior o conhecimento dos símbolos,
menor a ânsia. Quanto mais conheço mais padeço
de desamor. Mais exijo conhecer para menos
me encantar ou procurando algo que não
entenda para a esse me entregar e amar.

Amo as crianças quando me perguntam
"o que é isso, aquilo?" e me detesto ao responder.
Quanto mais sei menos amo e busco, cocaína,
maiores quantidades de inusitados
para, enquanto não os entenda, amá-los.

Quanto mais conheço, compreendo, mais endureço
meu coração, minha'lma e mais sofro.

Quanto mais entendo, mais disfarço os desertos
de minha alma, mais afugento o vento,
mais escorraço Deus das minhas dunas.

A cada dia mais vejo e menos percebo.
Em breve de tudo terei ciência e chegará a hora
em que o deserto será tão extenso e irreconhecível,
o frio tão intenso que o coração se negará
a continuar traçando figuras ao vento.

Quando chegar esse momento, terei medo
e não mais poderei amar o que desconheço.

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