Blog de Paulo Gondim

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Doce magia

DOCE MAGIA
Paulo Gondim
19/05/2012

Um doce reencontro
Apesar da distância
Num acaso da vida
Na doce magia
De tua fotografia

O sorriso ingênuo
A pose desajeitada
A mecha caída do cabelo

E tudo aquilo foi meu
Na loucura dos apaixonados
Dos beijos trocados
Na volúpia intensa
Éramos amados

Tua imagem continua viva
Como alimento da alma
A lembrança boa que me acalma
A saudade do que ficou

Mesmo nos desencontros
Nos sonhos desfeitos
Caminhos em desalinhos
Nossas vidas foram outras
Eu ainda te amo.

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Serca

CERCA
Paulo Gondim
05/05/2012

Não me deixes só, antes que me perca
Pois que aqui o mal nem é a seca
Mas a pouca terra, em tanta terra
Pois se há terra, há também a cerca

E como mar que se navega a esmo
Não me cobre rota ou destino
A terra alheia me faz tão pequenino
A terra existe, mas não é minha
Ela não dá pão e nem farinha

A mesma terra infértil, morta,
Por muito tempo adormecida
Vista de longe com olhos fundos
Suspiros doídos, profundos
De quem até a vida é esquecida

Não me deixes só, antes que me sirvam
Como restos aos urubus que se ativam
Sobre a carniça fétida da fome
Nessa terra, poucas espigas se cultivam

A chuva escassa foge em sua pressa
E na terra seca, a vida logo cessa
Mãos ossudas estendem-se no ar
Num sinistro grito, sem brecha
Mais uma vez a seca, o ciclo se fecha

É assim, sem vida, sem guarida
A cerca impede qualquer saída
A terra cercada se faz abandono
Se tem cerca, também tem dono

E a terra não dividida
Em poucas mãos, possuída
Se torna estéril, impura
E de quem dela precisa
Serve apenas como sepultura

Da série, “No Sertão, é assim”

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Seca

SECA
Paulo Gondim
24/04/2012

Nuvem escura
Vento quente
O céu se abre
Chuva de repente

Simples sonho
Mera utopia
O pensamento
Fez de conta que chovia

De pé, na porta,
O olhar distante
Céu infinito, azul,
No Sertão, é desconfortante

Do sonho ao desânimo
Sem espiga, sem grão
Prenúncio da fome
Praga do Sertão

Mais uma vez, a seca
Resseca o chão
Restringe vida
Acaba-se o pão

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Coragem

CORAGEM
Paulo Gondim

Até quando terei de ser forte?
É assim o preço da vida.
Pois muito bem. Me ponho de pé!
Abdico de minha vontade
Não reclamo os embaraços dessa viagem

É assim a vida?
Pois que seja. Baterei de frente!
Não abrirei mão de minha coragem

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Confissão

CONFISSÃO
Paulo Gondim
14/04/2012

Eu sei quanto mal te fiz
Da mesma forma, quanto te fiz infeliz
Sei também, confesso, não merecias
Mas fiz. Fato consumado
Não posso ser perdoado

Magoei quem tanto me amou
Mesmo de longe, mas me amou
Verdadeiramente, quem sempre me deu valor
Quem sempre me deu colo
Nunca negou seu calor

Mas na minha estupidez, dissimulei
Não tive a sensibilidade, fui rude
E, mais uma vez, destilei minha insensatez
Fiz sofrer a quem muito me amparou

E o que sou? O que restou?

Somente a mágoa, pela indelicadeza
A indiferença justa, pela certeza
Da decepção da amizade rompida
Pela descrença do desamor da pessoa querida

E que faço eu diante dessa confissão
A não ser pedir perdão?

Preciso de colo

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Holocausto

HOLOCAUSTO
Paulo Gondim
27/03/2012

Alguma força ainda lhe resta
Consegue levantar o braço
Estender a mão ossuda
Seguida de um olhar fundo
De um par de olhos arregalados

O esforço é supremo
Não se repetirá
Em poucos dias, nem isso
Não restará mais um fio de luz
Escureceu-se a esperança
Os olhos não se fecham
Cegaram esbugalhados

E aquela criatura magra
Inocente, fraca, impotente
Nem se questiona
Vê-se nos outros, como espelho
Porque são muitos,
Braços erguidos, mãos estendidas
Com grandes olhos arregalados

Tantos ossos expostos
Aquele olhar fundo
Crianças famintas
Ao redor do mundo
Contrasta com o luxo
De religiões, de oligarquias
De crenças absurdas, vãs filosofias
Da abundância restrita, do fausto
E segue a vida nesse holocausto

Algo acabou errado
Filosofias, conceitos, crenças
Precisam ser revistos
Terá dado certo o homem?

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Humano

HUMANO
(Paulo Gondim)

Apenas humano
E assim vai se suportando
Com sua mágoa, sua dor contida
Na angústia que o vai matando
Num sofrer sem fim
Na chaga que o vai marcando
O resto de vida sofrida, doída sim.

Por isso é humano
Porque não tem vantagem
Porque a vida é dura, fria, vazia
Só, com a cara e a coragem
Mesmo assim não foge, luta
Na visceral exposição da vida
Do grito aflito que só a alma escuta

Acima de tudo, humano
Descomposto, vago, ambulante
Exposto em carne viva
De tamanha revolta em seu andar errante
Não há mentira nem desfaçatez
É apenas um homem
Com todas as marcas que a vida lhe fez.

Foto de Paulo Gondim


Paulo Gondim
02/03/2012

Simples criança, crise na infância
As imagens do santos, o medo
Rostos sofridos, sangrados
Lençóis abertos, rasgados
Vestes desfeitas, corpo visto
O sofrimento de Cristo

E eu tinha medo.
Sentia a chaga, o dedo
Que me apontava, me acusava
A porta que se abria, fria
Da dúvida cruel
Do não entrar no céu

E sofria em segredo
E os santos sisudos, mudos
Me olhavam de longe, do alto
No pedestal de seus altares
Em vários lugares
Muitos santos, muitos olhares

E cresci com medo, inseguro
Assim, me sentindo impuro
Ao invés de abrigo, castigo
Não havia saída, nem guarida
E ainda há medo, há dúvida
Incompreensão, distorção

Ensinamento errado
Tudo é pecado, só há mal
Verdade escondida
Vida perdida, combalida
Na dúvida do ser, do crer
Se é preciso crer, sem ver
Sou mais um Tomé, de pé
Em desalinho na fé.

Foto de Paulo Gondim

Renúncia

RENÚNCIA
Paulo Gondim
05/02/2012

Tua vontade não condiz com tua vida
Elas se desencontram, passam longe
Não te satisfaz, virou compromisso
Num contrato que já não pode ser cumprido

Teus desejos não se realizam
Ficam contidos, reprimidos
Como fruto que não consegue amadurecer
Abortam, nuca se tornarão vida...

Tua coragem, aos pouco se afoga
E, como teus desejos, se torna estéril
E nem tua vontade, teus desejos e tua coragem sobrevivem
São apenas cansaço, buscaram outros caminhos

E, já que não há mais vida, mas apenas mágoa
Melhor esquecer o desejo, a vontade, o querer
Cerque-se da solidão, da indolência
Da indiferença, da renúncia à vida, ao viver

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Festa

FESTA
Paulo Gondim
31/01/2012

A lavra da terra, o mistério
O confiar, o esperar
Prova da fé
Em cada semente
O milagre do pão
A multiplicação
O sonho na mão

Vida que se busca
Que se conquista
Como batalha
No fio da navalha
A cada hora, a cada dia

O grão que germina
A espiga que brota
E em cada volta
Do rio que rega
O milagre se dá

E farta colheita
Se faz esperança
E nessa bonança
A vida se alegra
Se faz mais bonita
Um corte de chita
Enfeita o amor
Em tom de louvor
O homem agradece
De Deus não se esquece
Aumenta o fervor

A chuva na terra
Sinal de fartura
Toda criatura
Festeja o momento
Em contentamento
O homem, a mulher
A moça o rapaz
E todos se unem
No abraço da paz

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