3 POEMETOS

BIOGRAFIA
( © Patrícia Evans)

Observando de perto
entre as montanhas, a fenda imensa,
entre jogar-se ou sentar-se:
a total indiferença.

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BURRA
(© Patrícia Evans)

Taí, ela nua, mas não crua.
Pura, não incauta.
A personagem, figura
que não consta da sua pauta,
não na de hoje, ou de ontem.

Taí a puta, a deusa falsa,
que espera que não contem
os segredos que não guarda.

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EXPURGO
( © Patrícia Evans)

Existe dentro da caixa
uma caixa menor,
lacrada com tachas
e atada com faixa,
comprada em brechó,
para usar na trança rala
(moldura da cara larga).
Sempre o mesmo exato nó,
a indefectível laçada,
na indefectível trança minguada,
que um dia, sem mais, sem menos ou dó,
feito pagando promessa, oferecendo ebó,
cortou com tesoura nunca afiada.
E desde então nem se fala,
como se nunca notadas,
sobre as horrendas falhas
da cabeleira rente, cortada
por única tesourada.
E não há quem desconfie ou saiba
sobre o que há na caixa menor,
dentro da outra caixa maior,
lacrada com tachas
e atada com a mesma faixa,
que a trança rala laçava.

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