Absoluto

Foto de Cabral Compositor

Criança

Pés no chão
Um sorriso fácil, delicado e puro
Energia de sobra, sem limites
Pureza de alma e sangue a correr nas veias
Um ar de ar puro
Brilho nos olhos e calma
Honestidade nos gestos e nas palavras
Opinião sincera e firme
Um carinho absoluto sem fronteiras
Pés no chão
Pés na grama, na terra, na areia, jogando pelada
Suor e vontade de viver cada dia mais e mais
Criança, alegria de viver
Criança que somos e esquecemos de ser
Lembrar das ruas calçadas e arvores para escalar
Chegar o mais alto possível e gritar
Sentir o céu, o vento bater no rosto ao correr
Gostar de ser criança, brincar de sorrir e sorrir
Brincar de existir em mundos criados
Achar que é o pai, a mãe, a prima e a irmã
Brincar de dormir e acordar ainda mais alegre
Criança que somos e esquecemos
Criança ao falar e ao jogar palavras no cantar
Brincar com as cores, as bolas, os brinquedos imagina rios
Brincar de ser gente, de querer ajudar
Criança que somos e queremos ser
Criança, que gostaria mos de ser

Foto de Shyko Ventura

"O Tempo "

O TEMPO...
..."Faz com que o mais profundo corte, cicatrize e feche suas feridas;
... Acompanha o nascer , que influi no desenvolver e que assiste o morrer;
... Que se imperializa sobre tudo e todos;
... Que estipula os momentos e instantes;
... Que prefere atrapalhar nos atrasos;
... Ora a favor, ora contra, mas que mantém as rédeas sob seu comando;
... Faz com que a flôr que morre dê vida a outra, e até mais bela;
O Tempo, o mesmo Tempo, imponente a tudo e que assiste a tudo
com seu domínio absoluto sobre toda a matéria, perde a sua propriedade
sagaz quanto ao amar, pois de todos os tempos que já passaram e que de muitos
esquecí,
O Tempo não faz, esquecer de Você!!"
____________________________________by Shyko11708

Foto de Rozeli Mesquita - Sensualle

Boca

Tua boca
Saliências deliciosas à sugar minhas vontades
Contornos doces e descontrolados.
Céu da tua boca!
Entreabertas de desejos despejam versos envolventes
Me chama...me toma...me molha
Boca tentadora tocando em mim
Toco...aperto...sorvo teu mel
Tua boca sem vergonha colada na minha
fazendo peripécias e inesgotáveis exercícios.
Boca invasora...trazendo os sonhos molhados
Fascínio e loucura. Refugio e desejo
Tua boca,vontade latente junto ao meu desejo quente
Boca que me come, molha, roça, morde
Cobre minha boca transformando-a em arco iris de paixão
E revelando segredos...deixa-me desnuda
Tua boca,poder absoluto.

Foto de lua sem mar

novo rumo

Lua
A minha passagem aqui por este local magnífico está a chegar ao fim, é hora e altura de remar numa nova maré, nadar para uma outra margem.
E para finalizar este meu caminho não direi adeus, nem, deixarei um poema de despedida mas sim, algo que tanto me orgulhei de ler, algo que deslumbrou o meu coração. Apresento-vos aqui um texto, no qual não vos saberei dizer qual a data ao certo, mas, não é a data que importa, mas sim quem se entregou de corpo e alma nestas palavras…
Desculpa por não te ter pedido a devida autorização, mas queria fechar este meu espaço com algo teu que tanto me fascinou. Poderei não ir a tempo mas, sempre te quis dizer, se estas palavras fossem minhas ainda se aplicavam na actualidade, mas como tu dizes “o amor não se mostra com palavras mas sim, com actos”.
Espero que vocês se fascinem tal como eu me fascinei.

“Olá,
Bem, vou tentar dizer aquilo que gostaria que acontecesse. Os receios que irei viver e, acima de tudo, imaginar a magia que não sei se virá…
Pegar em ti de leve e te esconder bem guardadinha no meu carro para que ninguém te veja e pressinta que te quero só para mim, não me importo parecer egoísta, mas vou querer ser tão abusador de um corpo que me fascina, me traduz em mil e uma emoções e me fragiliza sempre que dentro entro no calor do desejo ardente que me consome e devora.
Sou pequeno para tanta coisa boa que me atrapalha de receber, quero-te esmagar nos meus famintos desejos de leão ferozmente sensível e meigo com a sua presa.
Vou-te dar banho. Quero-te molhar toda, não me importando tão pouco com o quê…
Suor?
Agua de um mar desconhecido?
De uma torneira?
De um corpo fervendo de vontade liquida de amaciar?
Seja o que for…
Já sinto aquele prazer que quero dar e ter, serei mais feliz se a soma do dar for maior do que a do ter. Vou ser o matemático erróneo da subtracção… multiplicarei todos os nossos momentos por segundos seguidos de tempo parado…
Vou querer-te ver comer, tudo que te apetecer. Vou querer comer tudo que me quiseres dar a comer… Vou ser o teu anjo de prazer absoluto… Que medo tenho se não conseguir fazer-te feliz um dia que seja. Desejo tanto te fazer esquecer os momentos tristes que te faço viver.
Quero ser o homem que te seduz com tudo o que tem…
Com erros muitos me completo, com enorme capacidade de querer transformar a tua vida num pedacinho de mundo bom, eu sou.
Mergulharei na tua pele e nos teus braços para contigo adormecer como sonhei, quero contigo acordar abraçado e pensar que me estou a nascer.
Como quero tanto marcar o dia no teu coração, ainda não o fiz de forma firme para me acreditar no que fazes sentes e desejas.
Vou ser um raio de sol sempre que me olhares com vontade de me queimares, serei eternamente agradecido por tudo que viver ali… na lagoa, no mar, na foz e nos teus braços…
Depois de tudo?
Certamente que vou ser mais pequenino diante da pequenina que me rebaixa como grãos de areia…
Tentarei fazer naquele dia com que se sinta mais que protegida pelas estrelas, pela nossa lua, o nosso mar e o nosso oceano…
Oceanomeu que juntinho da lagoaminha iremos escrever mais uma aventura bem apertadinha nas nossas vidas. Vidas nossas que não sei o tempo de vida que terá, mas, que jamais será vida sem interesse. Anos que durarei ou não, não me farão dar por perdido o encontrar e me deixar encontrar por este furacaozinho que me puxa bem junto daquela lava que tanto adoro.
Como gosto de me apertar contra as paredes corporais de uma mulher tão linda, sinto-me lisonjeado por poder saborear sempre que chamo aquela estrela brilhante. Vem logo ao meu encontro como que se fosse ela a ganhar… não, não é verdade. Eu ganho mais que ela. Eu a desejo mais do que imagina, a estrela julga o contrario…
Eu sei, cada vez falta menos, mas, como está o tempo tão parado? Ainda é segunda-feira? Mas que ansiedade! Quero tanto levar-te a meu lado, como sempre lutei para te ter, sempre lá no cimo do que mereces, do valor, das oportunidades, do mérito, do reconhecimento, do amor, da alegria e do respeito.
Nunca mal te farei, é incrível o respeito que nutro por ti minha estrela brilhante.
Como sofro sempre que te falo verdade com dureza, como me sacrifico sempre que penso em como minimizar a pressão dos ensinamentos que exijo que retires de lições que não são tuas…
Sou teu ás vezes, num tempo que distante é firme e continuo na vigilância.
Deixa-me segurar a tua mão, quero apertar o teu coração contra as paredes do meu, se nua por uma só vez para mim.
Vou ser pouco, tudo, muito e nada, diante de tanta beleza…
Quero ser feliz, vou ser feliz!
Quero-te ver feliz, vais ser feliz!

jinho grande,
im”

Se pudesse voltar atrás no tempo tudo teria sido diferente e, nada seria como hoje… Mas a máquina do tempo ainda não existe, e é impossível recuar. Foram tantos os meus erros, as minhas atitudes tolas mas, hoje de nada adianta. Algumas não têm explicação outras não entenderias. Os meus 27 anos são poucos de maturidade, de conhecimento…
Muito eu sei que mudei mas, longo ainda é meu caminho. Aprender será todas as horas, amadurecer será todos os dias, por mais que cresça e amadureça nunca estarei á altura de ti meu oceano.
A ti meu oceano eu deixo um grande obrigado por todos os sonhos que me realizaste e por todos os que me deste a viver sem que estivesse a contar, obrigado por tantas vezes teres a tua mão sempre estendida quando eu mais precisei.
Esta na hora de baixar a cabeça e assumir perante todos os que não acreditavam em mim, que realmente não fui capaz sozinha (na verdade todos achavam que eu estava sozinha), é o tempo de aceitar todas as condições que me sejam propostas.
Um ano depois eu assumo a minha fraqueza, a minha incapacidade…
A minha cidade me espera, a minha família me espera…
Poemas de amor – Obrigado por me albergarem durante estas semanas tão curtas que aqui vos apresentei os meus escritos, todos eles basicamente falando de dor e sofrimento.
Obrigado a todos vocês que me comentaram…

Foto de Sonia Delsin

ELEONORA

ELEONORA

Conheci Eleonora numa festa há alguns anos. Ela era uma mulher pequenina e muito bonita. Meu filho caçula se a tivesse conhecido decerto diria que ela era uma "baixinha gostosa". O mais velho diria que era uma pequena sereia.
O fato era que Eleonora era uma bela mulher e tinha o corpo muito bem feito. O rosto era sensacional, a boca carnuda; olhos oblíquos, intensamente azuis. O bumbum era redondinho e arrebitado e levava qualquer homem a olhar mais de uma vez.
Quando ela soube que eu gostava de escrever quis me contar sua história e eu tento transcrevê-la aqui neste conto:

Cresci numa fazenda do interior do Brasil em meio a bois e cavalos. Meus pais eram moralistas e criaram a mim e a meu irmão na mais rígida educação. Minha mãe não me deixava jamais vestir calças compridas e montar.
Eu via Jorginho montando lindos cavalos e aquilo me deixava enfezada. Por quê não eu? O que havia demais em ter nascido sem aquilo no meio das pernas?
Claro que eu sabia a diferença que existia entre nós dois. Eu nascera com aquela fenda e ele com um apêndice. Escondidos de mamãe nós tomávamos banho de cachoeira completamente nus. Foi o idiota do Chicão que nos surpreendeu um dia e contou ao papai.
Jorginho era um ano mais novo que eu e me adorava. Eu também amava aquele menino sardento e irrequieto.
Havia também na fazenda os filhos dos colonos: Mariana e Marcelo. Eles eram mulatinhos e muitas vezes também conseguimos driblar a vigilância de mamãe e brincamos juntos. Marcelo era uns dois anos mais velho que eu e tinha o pênis bem maior que o de meu irmão. Quando nadávamos nus ele encostava aquele enormidade em mim e eu achava tão bom.
Papai me dizia que eu precisava tomar cuidado com a minha fenda porque ela poderia ser o motivo de minha perdição. Na época eu não conseguia entender o porquê de uma coisa daquelas ser prejudicial a alguém.
Eu era uma menina esperta e aos doze anos parecia ter pelo menos quinze. Foi nessa época que Marcelo mudou-se da fazenda.
Antes de mudar-se ele me pediu uma prova de amor e eu me entreguei a ele. Foi em meio ao feno e ao fedor de estrume que nós nos pertencemos. Ele estava trêmulo quando arrancou meu vestido. Foi uma penetração difícil porque ele era muito bem dotado e éramos completamente inexperientes. Sangrei muito e chorei de dor. Nós dois queríamos que o pênis dele me penetrasse inteira; mas não conseguimos de forma alguma. Nós nos movimentávamos para baixo e para cima como estávamos acostumados a ver os cavalos fazendo com as éguas --escondidos espiávamos, é claro). Depois de várias tentativas Marcelo acabou gozando nas minhas coxas. Eu não conseguia crer que fosse assim.
Tempos depois nós também nos mudamos para a cidade e conheci Alfredo. Este era um vizinho e possuía os olhos mais azuis deste mundo. Esqueci-me completamente de meu amiguinho de infância e me apaixonei por ele. Alfredo era um rapagão esnobe e não me dava a menor bola. Tinha treze para quatorze anos e ardia por ele.
Nas noites intermináveis eu precisava masturbar-me para conseguir conciliar o sono. Era pensando naqueles olhos intensamente azuis que eu me masturbava. Nunca parei para pensar como seria transar com ele. Era pelos olhos dele que eu havia me apaixonado.
Fomos apresentados um ao outro numa festinha que meus pais deram para comemorar os treze anos de Jorginho.
-- Prazer. Você é bonita. -- Pensei que você nunca houvesse me notado.
-- Não dá para não notar você, apesar de ser tão baixinha.
Os olhos eram ainda mais lindos de perto. Mas a voz tão arrogante!
Ainda nos falamos umas banalidades e só no final da festa ele me arrastou para um canto escuro e esfregou-se em mim.
-- Quero você.
-- Agora?
-- Encontre-se comigo amanhã atrás da varanda, embaixo daquela grande figueira.
Não consegui dormir a noite toda. Como seria transar com aquele gato?
Ele estava lá na hora combinada e nos deitamos no gramado. Alfredo me garantiu que todos da casa haviam saído. Ele arrancou rapidamente minha saia e minha calcinha e abaixou a calça. Foi tudo muito rápido e só depois de tudo terminado é que pude notar que ele era muito magricela e que tinha um pinto pequenino que não poderia nem ser chamado de pênis comparando-se com o do primeiro homem de minha vida.
Não me satisfez em absoluto e depois desta transa eu nem quis mais encontrá-lo.
Nos anos subsequentes dediquei-me de corpo e alma aos estudos.
Os rapazes começaram a dar em cima de mim e não achava graça em nenhum deles. Jorginho vivia rodeado por garotas e reclamava com mamãe que eu acabaria ficando solteirona.
Nessa época eu já completara dezoito anos e nunca tivera sequer um namorado. Minha experiência amorosa era nenhuma e sexual só acontecera de ter tido aqueles dois encontros que marcaram a minha vida.
Sentia um medo danado de não sentir prazer da próxima vez e vivia adiando um novo encontro com alguém.
Conheci Sérgio quando passei no vestibular para Odontologia. Eu vivia dizendo a papai que não era o que eu sonhava para meu futuro, mas ele praticamente me obrigava a estudar o que achava que seria bom para mim.
-- Você gosta de Odonto? Perguntou-me ele.
-- Não é bem o que eu queria.
-- Então por que optou por isso?
-- Não foi bem assim. Optaram por mim.
Sérgio olhou-me com seus enigmáticos olhos pretos.
-- Você parece ter personalidade. Não consigo entender.
-- Quero evitar discussões inúteis.
-- Mas trata-se de sua vida.
Pegando minha mão na sua ele puxou-me para um banco.
-- Quer namorar comigo?
Eu precisava tentar pelo menos. Vivia tão só nos últimos anos.
-- Topo.
Ele beijou-me e a sensação foi boa. Senti ferver novamente um vulcão que eu imaginava extinto. Sua língua começou a explorar a minha boca, suas mãos acariciaram meus mamilos e eu senti que poderia sentir prazer ao lado de um homem.
Nos primeiros dias ficávamos nos abraçando e nos beijando até que ele me levou para seu apartamento, e lá eu pude descobrir que mesmo um homem de pênis tamanho normal poderia me proporcionar muito prazer.
Ele me beijou inteira e deixou meu corpo todo desejando-o. Sua língua me explorava toda enquanto suas mãos também procuravam pontos em mim que me deixavam completamente excitada.
Foram as duas horas mais loucas de minha vida e jamais pensei que um dia pudesse ser daquela forma. Eu nem imaginava que um dia faria sexo oral e anal. Aconteceu com ele e foi muito bom.
Sérgio deitou-se relaxado ao meu lado e perguntou-me baixinho se havia gostado. Ele sabia que sim e só perguntara por perguntar.
Namoramos por dois anos. Eu continuava a estudar Odontologia.
Papai faleceu quando eu começava o terceiro ano. Desisti do curso e comuniquei a todos que voltaria a morar na fazenda. Era o que eu queria para mim.
Neste meio tempo acabamos terminando o namoro.
Mamãe também disse que ficaria morando na cidade com Jorginho, que também já estava na faculdade.
Não me importei de voltar só para lá; pois era o que eu sonhava. Viver entre bois, cavalos, estrume. Eu adorava cavalgar pelas nossas terras e mamãe não tinha pulso com os empregados. Eu sim saberia lidar com eles.
No início senti falta de Sérgio, das vezes em que ficávamos em seu apartamento; mas sexo não era tudo na vida. Era muito bom, mas não era tudo.
Em poucos meses na fazenda eu soubera me impor e todos os empregados me respeitavam muito.
Vivia vestindo roupas de montaria e foi cavalgando que conheci Luciano.
Era um homem feio. A pele marcada por acne, olhos verdes e frios. Ele vestia um jeans imundo e as botas estavam sujas de estrume. Era verdade que eu também vivia no meio de bois e minhas roupas eram grosseiras, mas procurava me manter limpa.
A princípio aquele homem rude me causou asco.
-- Pode me dizer que horas são?
-- Por que quer saber as horas neste fim de mundo?
-- Talvez pelo mesmo motivo que a senhorita esteja usando este relógio no braço.
Não gostei dos modos daquele estranho que encontrei enquanto cavalgava. Apertei o pé no estribo e Samara disparou num galope. No início ele pôs-se a me seguir, mas o cavalo em que estava montado não era um puro sangue como a minha Samara.
Chegando em casa desmontei a bela égua e deixei-a aos cuidados do Namberto. Tomei um banho e desci para almoçar.
A Albertina me avisou que tínhamos visita.
-- Quem está aí?
-- O novo vizinho.
-- Como é ele?
-- Um homem estranho. Fede que só ele.
Imediatamente lembrei-me do homem que havia encontrado. Seria o mesmo?
Chegando à varanda eu o vi parado, me esperando.
-- Peço que me desculpe pelo ocorrido, vim só para oferecer meus préstimos.
-- Fico agradecida -- disse sem saber se devia estender a mão.
Ele notando meu constrangimento foi dizendo:
-- Não se preocupe em me estender a mão senhorita. Desculpe-me pelo estado em que me encontro. Foi um problema que tivemos esta manhã. O touro rompeu a cerca e tivemos um trabalho danado para juntar a boiada. Fui grosso lá na estrada e vim pedir desculpas.
Ele se apresentou e eu pude observar que era realmente um homem feio, mas havia alguma coisa diferente nele. A verdade é que ele me atraia.
Dias depois ele apareceu na fazenda montando um lindo cavalo árabe.
-- Acabei de comprar. Gostou?
Eu era uma admiradora de cavalos de raça e lhe disse que era lindo demais.
Conversamos algum tempo sentados nas grandes cadeiras de vime da varanda e Albertina nos trouxe um suco de frutas bem geladinho.
Pouco tempo depois já nos falávamos como dois conhecidos de longa data. Ele me contou que havia se separado da mulher e que comprara aquelas terras para se instalar de vez ali.
Eu também lhe falei que pretendia passar o restante de minha vida naquelas terras que eu tanto amava.
-- E sua mãe? Seu irmão?
-- Mamãe gosta demais da cidade e meu irmão está estudando medicina.
-- Não se sente só aqui?
-- Às vezes.
Ele me disse que poderia voltar mais vezes para conversarmos.
Na despedida segurou algum tempo minhas mãos nas suas e uma corrente elétrica passou por todo meu corpo.
Luciano voltou outras vezes e acabamos nos tornando amantes. Descobri que ele conseguia me envolver emocionalmente mais do que sexualmente, mas era bom. Ele tinha um charme especial e sabia agradar uma mulher.
Um dia lhe perguntei porque não dera certo o primeiro casamento e ele me disse que a ex-mulher se apaixonara pela amiga.
Eu não me casaria com ele mesmo que me pedisse. Queria deixar as coisas como estavam. Quando ele queria vinha me ver e quando eu o queria ia ao seu encontro. Para que modificar o que estava sendo tão bom?

O nosso capataz sofreu um acidente fatal e eu precisava urgentemente de outro. Foi Luciano que sugeriu um homem que ele conhecia bem.
-- É um mulherengo, já aprontou das suas. Tenho um amigo que já perdeu a mulher por causa dele, mas acho que não tem nada a ver.
-- Então o que está esperando? Preciso deste homem para ontem.
-- Se tudo correr bem amanhã mesmo ele estará aqui.
No dia seguinte à tardinha Albertina veio me informar que o rapaz havia chegado.
Fui rapidamente atendê-lo. Precisava logo resolver aquela situação.
Um mulato alto estava de costas para mim e ele olhava tudo à sua volta.
Quando ele voltou-se para mim um sorriso enorme se estampava em seu rosto.
. Então era ele o tal homem? Agora eu podia entender o porquê de um homem perder a esposa para tal sujeito.
Fiquei sem ação. Marcelo estava diante de mim.Devia correr para seus braços, estender a mão?
Sorri gostosamente e gaguejei:
-- Que saudades! Que surpresa boa!
Foi ele que correu para me abraçar e sussurrou em meu ouvido:
-- Desculpe-me se faço isso. Fui louco em vir até aqui. Não conseguirei jamais ser um empregado seu.
Afastei-o delicadamente e pus-me a examiná-lo de cima a baixo. Vi que se tornara um homem alto e bonito demais. O corpo atlético e atraente. Lembrei-me de quando nadávamos nus em nossa infância. Lembrei-me daquela vez em que me entreguei a ele no meio do feno.
Só então me dei conta de que nunca quis um homem em minha vida mais do que quis aquele.
Foi a minha vez de abraçá-lo.
Albertina que se empregara na casa há pouco tempo estranhou aquela cena.
Era verdade que o tempo tinha passado, mas ele havia voltado e só isto me importava naquele instante.
-- Nunca consegui esquecê-lo.
-- Nem eu consegui esquecê-la.
Olhei-o diretamente nos olhos procurando a verdade e convidei-o para conversarmos sentados na varanda.
Albertina entendeu que eu queria estar a sós com ele e afastou-se.
Perguntei por onde andara, o que fizera da vida e se ainda estava solteiro. Ele respondeu que ainda estava "solteirinho da silva". Tivera um caso ou outro.
Sorrindo ele não se cansava de repetir:
-- Nunca me amarrei a ninguém. Acho mesmo que nunca a esqueci. Lembra-se daquela vez? Eu fiquei tão preocupado achando que a tinha machucado. Parti daqui me sentindo um verme. Tinha medo de me aproximar de uma moça e machucá-la. Fiquei mesmo traumatizado e foi só depois de muitos anos que consegui estar com uma mulher. Aos poucos fui apreendendo a lidar com ele -- dizendo isso ele abaixou os olhos em direção ao seu pênis. Você me perdoou por ter agido daquela forma?
Não pude deixar de rir e dizer que éramos completamente inexperientes. Fora só por isso.
Ele foi taxativo em afirmar que jamais conseguiria ser meu empregado e quando já ia se despedir sugeri que ficasse mesmo assim. Teríamos uma relação de amizade e ele me ajudaria enquanto eu não conseguisse outra pessoa.
Marcelo concordou em ficar, por uns tempos.
Luciano ficou me olhando com aqueles olhos gelados enquanto eu lhe contava que o Marcelo crescera na fazenda ao meu lado.
-- Você fala dele de um jeito.
-- Não diga que está com ciúmes!?
-- E não é para estar? Seus olhos brilham enquanto você fala dele. E pensar que eu é que tive a idéia de trazê-lo para trabalhar aqui!
Luciano socou a mesa violentamente.
Eu nunca soubera lidar com um homem violento. Procurei agradá-lo, mas só consegui piorar a situação.
-- Ele a atrai, dá até para um cego ver. E você também o atrai.
Luciano saiu resmungando, montou o belo cavalo árabe e saiu galopando feito louco. Suspirei fundo.
Marcelo se aproximou de mim e pegando a minha mão foi dizendo:
-- É melhor que eu me vá logo daqui. Estou atrapalhando a sua vida. O seu namorado está com ciúmes de mim. Não significo mais nada para você, não é mesmo?
-- Não é assim.
A sombra de um sorriso passou pelo seu rosto.
-- Você ainda sente alguma coisa por mim?
Hesitei em dizer que sim. Ele estava um homem feito, já não tinha mais nada do menino que crescera conosco na fazenda.
Disfarcei dizendo que as recordações eram tantas.
-- Você não está sendo sincera, sente alguma coisa ou não?
-- Não sei.
Sei que fui evasiva, mas estava tão confusa. Os homens que cruzaram meu caminho deixaram marcas e aquele que estava à minha frente fora o que mais me marcara.
Eu poderia assumir o que estava sentindo. Poderia brigar até com o mundo por ele. Teria forças para isso. Mas ele corresponderia?
Ainda segurando minha mão ele me cobrava uma resposta mais direta. De repente perdeu a compostura e beijou-me ardentemente.
Segurou-me apertadamente de encontro ao corpo másculo e senti que iria mergulhar de cabeça nessa nova situação.
Foi a minha vez de colocá-lo contra a parede.
-- Você me ama de verdade? Se disser que sim eu enfrentarei qualquer coisa neste mundo.
Ele respondeu-me com um beijo e perguntou-me se poderia ser como da primeira vez naquele paiol que soçobrara ao tempo.
Meu Deus! Naquela altura de minha vida! Eu já não era uma menina de doze anos!
Fui caminhando abraçada a ele de encontro ao paiol. Não precisava dar satisfações de minha vida a ninguém. Era dona de tudo ali, dona de minha vida.
Como da primeira vez foi em meio ao feno e ao cheiro forte de estrume. Ele delicadamente tirou minha roupa e fez coisas que eu nunca sequer pude imaginar que aquele menino de antigamente iria aprender. Beijou minha boca suavemente e depois passou a beijar meu corpo inteirinho.
Quando finalmente ele me penetrou eu compreendi que com homem algum seria igual. Ele era fabuloso. O pênis se tornara ainda melhor com os anos. A minha obsessão na vida fora pênis avantajado e descobri que ele conseguia me penetrar inteira. Havia espaço suficiente sim!
Depois de completamente saciada de amor eu repousava em seu peito forte quando ele me perguntou se desta vez também eu iria começar a chorar.
Sorri e contei-lhe que andara pela vida procurando um homem com os requisitos dele. Não encontrara, era evidente.
Casamo-nos em dois meses e continuamos fazendo amor nos lugares mais estranhos e diversos. Nem preciso dizer que continuamos apaixonados um pelo outro e que o que mais desejamos é estar juntos.

SONIA DELSIN

Foto de Sonia Delsin

FLORES PARA QUEM PARTIU

FLORES PARA QUEM PARTIU

Ela caminhava observando tudo. Os pássaros livres a recordavam que também conquistara sua liberdade.
A máquina fotográfica dependurada no pulso. Os cabelos ao vento, um agasalho de caminhada, um bom tênis, óculos de sol.
Caminhar é tão bom. Respirar o ar da manhã.

Quatro anos se passaram. Quatro anos.
Uma outra vida dentro de sua vida.

Lara ia pensando que a vida é feita de ciclos. Recordou a infância, a juventude, o dia que se apaixonou por Leonardo. Como ele era bonito! Lindo mesmo...

Uma vida ao lado dele e o fim. Quatro anos se passaram desde aquele dia. O adeus doeu demais e ela sabia que precisava esquecer tudo que se passara. Tudo.

Mas esquecer vinte e tantos anos ao lado de alguém?
É possível esquecer do primeiro beijo ao último olhar, as últimas palavras?
O grande vazio que ficou?

Um pássaro tão lindo numa cerca lhe chamou a atenção. Claro que o fotografaria. Claro.
E as buganvílias floridas então! Não podia deixar de fotografar.

Ia distraída a olhar tudo e as lembranças começaram a aparecer como ondas que o mar insiste em trazer para a praia.

Ela era um rochedo. Nada a abalaria. Nada.
Virou a máquina e tirou uma foto de si mesma ao lado de um arbusto. Cadê o sorriso? Ele não chegou, mas a foto não ficou feia. Todos diziam que ela era linda quando sorria. Talvez mais tarde o sorriso chegasse.

Apanhou uma florzinha azul e lembrou do tempo que apanhava flores do campo para levar ao marido. Ele não a acompanhava nas caminhadas. Preferia ficar na cama deitado e depois se levantaria, tomaria um café e fumaria.
Como ela odiava vê-lo fumando tanto. Quando pedia que fumasse menos ele discutia. Nos últimos anos tudo era um pé de briga.

Esmagou as florezinhas na palma da mão. Tanto tempo e o esquecimento não chegava, não chegava.

Não que tivesse esperanças ainda. Não. Em absoluto. Compreendera neste tempo sozinha que não tinham afinidades. Nem conseguia crer que viveram tantos anos juntos. Mas ficara uma dor, uma vontade de mudar o que o já não podia ser mudado.
Não era remorso. Era vontade que tudo tivesse sido de outra forma. Sem discussões, sem lágrimas.
Mas existe um casamento que termina sem brigas? Pelo menos quando acontecia era algo raro. Ou não?
Ela queria que tivesse sido sem brigas. Queria... tanto isso. Sem brigas.

Passou por uma árvore carregada de amoreira carregada e resolveu apanhar algumas amoras madurinhas. Gostava tanto que nem ligava a mínima em sujar as mãos.

Continuou a caminhar e o pensamento mudou de rumo. Pensou noutras coisas. Esqueceu a dor. Era sempre assim. Aquela dor vinha e ia. Como ela e suas caminhadas.
Pegou rapidamente a máquina para fotografar duas andorinhas que revoavam ao seu lado. Esqueceu o passado. Pelo menos por hora.
Olhou o relógio no pulso. Era hora de voltar para casa. O sol já estava ficando forte e ela não passara protetor solar.

Outras manhãs a aguardariam até que o outro ciclo se fechasse. Ela apertou de encontro ao coração a máquina pensando que tirara boas fotos naquela manhã.
Não levaria flores. Ninguém a esperava. Ninguém.

Foto de Rozeli Mesquita - Sensualle

Lembranças - Due Paty Padilha & Rozeli Mesquita

A lembrança dos doces toques...
Teu cheiro ainda me habita
Vem me abraçar, vem me dar carinho
Atordoada pelas saudades crescentes,
meu corpo todo se ouriça à tua procura.
**Paty Padilha**

Às tuas mãos me entrego sem resistência.
Impiedosas, invadem meu porto.
Já não é mais seguro...
Está à mercê dos teus arroubos
Absoluto nas tuas explorações
Navega em águas tortuosas de desejos
Mata sua sede.
Foi meu sonho...doce lembrança
**Rozeli Mesquita**

Peito apertado...coração dilacerado...
A lágrima que insiste em cair
Na ânsia louca de ter você... te reencontrar
Quero voltar o tempo...
Preciso te amar
**Paty Padilha**

Preciso viver o sonho
Te amar sem medo, sem receio
Acordo na realidade crua
Eu sem você...
Uma doce lembrança
Uma amarga saudade
**Rozeli Mesquita**

Foto de syssy

Você Surgiu

.
.
.
.
Você surgiu de uma miragem quista por mim,
Deixou no suplicio meu coração ao teu dispor,
A fala mansa que no coração ficou.
.
.
Hoje, és dono por absoluto do meu corpo, e inerte
Aos teus beijos me faço de sofre, por te ama assim
Não sei te perder.
.
.
Ignoro os dias e noites, e nessa devoção ao teu
Amor me perco, nos segundos eternos dos teus
Abraços em laçados... Quero amar esse amor que
Fez-se de acaso para o meu amor viver.

.
.
.

Foto de Rosinéri

A MAIOR SOLIDÃO

A MAIOR SOLIDÃO

A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a do ser que se ausenta que se defende,
Que se fecha, recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
O que não dá a quem pede a que ele pode nos dar de amor e amizade.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de se ferir e ferir-se,o
Ser casto de mulher, de amigo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno.
Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa as verdadeiras fontes de emoção, as que são patrimônio de todos.
E encerrado em seu duro privilégio semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Foto de Salome

Cartas de Sade - Lettres de Sade "Le Marquis" (Duo Salomé/Hilde)

.
.
.

.
.
.
.
Cartas voando... Viravoltando...
Passado esvoaçando e cobrando

Respingado de desejos escondidos...
Pelas injustiças sofridas de uma vida

Transbordando em seu pleno ardor...
Subtraída a não poder doar o amor

Ah!... Cartas de lacerante ousadia...
Onde se escondem todas as lascívias

Em teu lume penetrante, assediador...
Lubrificando a luxúria e o doce torpor

Cartas alucinadas de plena agonia...
Inspiradas no cárcere, com sintonia

Palavras sussurradas no nosso ouvido...
Que nos invadem... Assediam e seviciam

Deslizando de atrevimento libertino...
Como água benta dentro do labirinto

Mais intensas que teu desejo carnal...
A nos possuir... Libertando-nos do mal

Embriagando o nosso corpo de mortal...
Com seu prazer selvagem e animal

Cartas proibidas... Fervente caricia...
A nos fazer sentir pulsar... Mil delicias

Enfeitiçando cada fibra do nosso corpo...
Que entorpecidos requerem o teu serviço

Teu atrevimento, desejos de ousadia...
Levam-nos à loucura ardente da poesia

Nessa tinta que corre de tua pluma...
Escrevendo toda a ardência da chama

Tinta carmim de tua angústia latente...
A deslumbrar seduções no horizonte

Cartas de Sade, carnalmente libertinas...
Produziste o início da revolução soberana

Polêmica que te levou à prisão perpétua...
De onde nos mostraste a força eterna

Visão e gozo insaciável, poder prazeroso...
Que emanaram de tuas mãos ardorosas

Cortando nossa roupa, nos deixando nus...
Para viver esse momento belo, puro e cru

Possuíndo-nos com teu desejo insaciável...
Para deixar ao mundo o teu toque genial

Duo: Salomé & Hilde

*******************************************************
(Dedicado a Donatien Alphonse-François de Sade)
Àquele que foi denominado o escritor mais absoluto de todos os tempos... Com suas obras belíssimas sendo ignoradas por mais de um século... A maior parte delas escrita na prisão e num sanatório para loucos... De onde ficou injustamente por quase 30 anos. Marquês de Sade pode ser considerado o mais típico e o mais incomum representante do outro lado do Iluminismo. A psicopatologia da volúpia desenfreada violenta teve um notável papel simbólico, no pensamento de autores como Foucault, o teórico francês Gilles Deleuze (1925-95), e outras pessoas envolvidas com o desejo sexual e sua relação ao poder político.

Páginas

Subscrever Absoluto

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma