Árvores

Foto de Marta Peres

Entra a Primavera

Entra a Primavera

Da minha janela teço sonhos
E nos sonhos vejo amores
Poesia e flores...

Da minha janela vejo meu jardim,
Encantado pela fada,
ouço pássaros cantando ali
E sei que há colibris...

Menina que brinca e canta
No meu jardim,
Em tempos louros de mim...

Brincando na chuva vejo a menina,
A correr daqui e dali
Nos galhos das árvores a sorrir
...mal-me-quer,
bem-me-quer!

E flores belas e rosas em botão
A menina desfolhando,
Cantando a mesma canção
...mal-me-quer,
bem-me-quer!

É primavera!
Flores se abrem,
Margaridas cobrem tudo
E cobrem tudo as onze horas,
Lírios de todas as cores
Cravos, hortências e jasmins

Lá no final, bem no cantinho
Do muro copos de leite
E os belo girassol,
A sorrir para mim!

Marta Peres

Foto de Sonia Delsin

FIZ UM PACTO

FIZ UM PACTO

Fiz um pacto com o infinito.
Um pacto bonito.
Combinei assim que ia fazer de minha vida um jardim.
Prometi que todo dia a flor do amor eu ia regar.
Que todo dia uma semente na terra eu ia enterrar.
Para meu jardim se imortalizar.
Um dia quando estiver bem distante eu quero que os galhos das minhas árvores alcancem as nuvens.
Quero pássaros cantando todo dia.
Quero uma verdadeira orquestra, uma cantoria.
Fiz este pacto na minha hora de mais temor.
Quando já desacreditava do amor.
Mal prometi e minha vida começou a mudar.
Onde existia tristeza a alegria veio brotar.
Comecei a cantar.
No meu jardim todo dia flores desabrocham.
Tem borboletas e colibris.
Vivo embaixo de um lindo céu e sou imensamente feliz.

Foto de The lonely

Mulheres

"Mulheres são como maçãs em árvores. As melhores estão no topo. Os homens não querem alcançar essas boas, porque eles têm medo de cair e se machucar. Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão, que não são boas como as do topo, mas são fáceis de se conseguir. Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas, quando na verdade, eles estão errados... Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar, aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore."

Foto de HELDER-DUARTE

Novas de Alegria

Oh povos e vós mundo!...
Céus e todo o ser...
Alegre-se tudo!...
Tudo junto...

Mar, terra, árvores...
Peixes e flores...
Ventos dos tempos!
Terra, quatro cantos...

Alegremos... Cantemos!
Porque a luz, já chegou...
As trevas dissipou!

Canta!... Canta!...
Clama!... Clama!... comigo!
Pois vida eterna, tenho contigo!...

HELDER DUARTE

Foto de Carmen Lúcia

Reminiscências

De repente bateu-me a saudade.
Viajei pelo túnel do tempo e me vi criança.Feliz, esperançosa, risonha, saudável.
Andava por um caminho ladeado de frondosas árvores.Altas, tão altas que alcançavam o céu.Circundavam-nas florinhas de todas as cores, todos os tamanhos, todas as fragrâncias.
O ranger de um carro-de-boi...e a expectativa de um passeio diferente para mim.Sonho realizado!Acomodei-me nele como se fora um carro-de-boi-alado.
Um riacho murmurava lânguidas canções que pareciam apaziguar o gado, que bem pertinho dali, pastava serenamente.Uma cachoeira despencava pelas montanhas, num festival de águas cristalinas, qual grinalda de noiva.
Pássaros, em grande profusão, ornamentavam o pequeno rincão e faziam algazarra; festa para os corações.Pousavam nos galhos e voavam pra todos os lugares, como se brincassem de esconde-esconde.
Quando passava por uma casinha branca de telhado quase grená, eu não resistia.O cheirinho de doce de cidra e de abóbora, anunciado pela fumacinha de uma chaminé, me fazia descer do carro-de-boi e pedir uma porção à doceira, pessoa que sempre me encantava com suas
histórias fantásticas de duendes,fadas e assombrações.Ali eu permanecia, deslumbrada pela magia de seus contos e saciada da vontade de seus deliciosos doces.
Ao soar o sino de uma capelinha de arquitetura rústica, construída no alto de uma colina, eu e todos os que habitavam o lugar, íamos, como em romaria, fazer nossas orações, pedir alento e agradecer a Deus por tudo que nos havia concedido.Eram momentos de graça.Hora da Ave-Maria.
Antes do sol se pôr, um berrante chamava o gado, que obedecia docilmente, parecendo estar cônscio de ter desempenhado sua função diária.E ia descansar lá no estábulo.
À noitinha, da janela de meu quarto, eu me sentia pertinho das estrelas, vendo-as mudar de lugar, chamando a atenção da lua, que sorria de suas traquinagens.
Na varanda, verdejante por samambaias em xaxins, sentados numa namoradeira, meus pais trocavam juras de eterno amor, iluminados pelo prata do luar.
Volto ao hoje.Tais lembranças adocicaram minha alma,apesar da realidade triste que reina no local do lindo rincão.
A tecnologia acabou com tudo, dando lugar à modernidade de fábricas poluentes,barulhos incessantes,pessoas irritadas, subordinadas a horários, regras, burocracias e competições descabidas.A luta desleal pelo poder.
A auto-destruição do homem.

Foto de JGMOREIRA

MEZZANINO

A casa onde moraria É bela
porque nao resido nela.
Fiz as malas, embalei os livros
desmontei a parca mobília.
SÓ nao mudei.

A casa vista daqui, tao longe,
é bela, enorme, nao me cabe.
Nao suportaria morar naquela
casa e sair pelo jardim
que dá para uma rua quieta
pela qual nunca passei.

A rua que nao conheço
está arborizada e casas
iguais a que não é minha
perfeitamente iguais,
dão para jardins simétricos
ao que não é o meu.

Coisas a mim igualizadas
saem para o jardim
acompanhadas de quatro
cães com os nomes dos elementos.
Daqui, tao distante mas visível,
vejo-lhes o riso de afago nos lábios
e o amor com que os cães os festejam.
Eles apanham no escaninho
cartas que nunca receberei.
A caligrafia redonda do emitente
lembra-me a minha de adolescente
e reporto-me a tempos distantes
e nao mais visíveis quando escrevia
cartas que eu nunca respondia
a mim mesmo.

Apoiando a mão esquerda no muro
um dos homens que nao sou eu
observa a rua (na direita, as cartas).
Sob as árvores, cegos arrastam
gatos pelos rabos.
Eu nao os vejo, o homem sim.
No mezanino, lateral da casa,
crianças pulam dentro do sol
para cima do telhado
(elas tem parte com os gatos)
até‚ pularem para dentro de abril
e de lá para dentro do homem
que abre a porta e sobe ao sotao.

O homem entende coisas que eu
desconheço, embora a ele se me
pareça eu, e por isso sorri,
esbelto, com o sol de agosto no rosto.
Ele fala do amor aos cães
e o amor é uma janela
pela qual se pula:
atras nao existe chão.

O homem fala do amor
para o sol e o amor e uma
vida sem corpo atrás de si
para nao contagiar.

O homem cumprimenta vizinhos
que são, todos eles, eu, sem nada
a disfarçar a parecência.
Sua mão brilha sob o sol suas
pulseiras; seu rosto recolhe-se
à penumbra, depois u'a mão
fecha a janela.

Foto de JGMOREIRA

GARDEL

GARDEL

Comprei Gardel,
do pescoço verd'amarelo,
com alguns milhares de cruzeiros.

Gardel era meu.
Verd'amarelo na gaiola,
Gardel cantava em vao.

A garganta de Gardel
era só trinado e solidao.
A minha, rouca,
a do carceireiro torturado.

Gardel no ônibus,
na caixa de sapatos.
Princípios e razao.

Gardel no mato,
debaixo do meu braço,
meus cuidados de pai e mae.

Abri a caixa
abri os braços
gardel trinou, hesitou

levantou vôo
ruflou suas asas de anjo
verde e amarelo

sobre as árvores verdes,
Gardel livre.

Quem voava era eu.

Foto de Marta Peres

Frescor da Manhã

A manhã surge lenta e suave,
Há pelo ar uns frêmitos de festa...
Florescem lírios, desabrocham rosas,
E a vida, em tudo, a rir, se mainifesta.

O disco sanguíneo do sol,
escalando pachorrentamente
o horizonte, não chegara ainda
à altura de um cavalo.

O céu, puro e sereno,
é todo inteiro azul
a brisa não acoita
as folhas das árvores
Daqui da janela tudo vejo
e me delicio no frescor
dos seus braços.

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Desalento

Envelheci nestes poucos dias em que Júlia esteve aqui.
Ela chegou e trouxe em suas mãos o sofrimento que transbordou em minha alma,
Fez de minhas alegrias puras tristezas,
Queria que fossem folhas para serem levadas com o vento...
Foram tardes cinzentas e silenciosas
não quero que retornem ao meu coração...
Não quero ser sombra projetada
nem viver fascinada pelas loucuras da poeta,
quero canto de pássaros na janela
e água fresca tirada da gamela.
Quero de novo deitar-me no chão
e sobre folhas secas, caídas de árvores,
sentir as mãos frias no rosto
mas ainda a sombra é triste
e louca...

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Sonhando

Sonhando,
Queria tanto voar
levar até você um pedacinho de amor
num leve balançar de galhos
nos ventos desta minha dor.

Sonhando,
Queria tanto voar
levar até você o cheirinho de chuva
perfume da flor que brotou do coração.

Sonhando,
Quisera eu ser uma gaivota
voar no céu azul
levar até você um recado
de amor e alegria
no bico longo e afiado.

Nada disto sou
pois sou apenas folhas de outono
neste vasto campo de árvores
assim como todas as árvores da vida
que sustenta e alimenta.

Sou apenas uma raiz comum
desta mesma árvore que
balança ao vento
apenas te tenho amor...
Marta Peres

Páginas

Subscrever Árvores

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma