Borboletas

Foto de Sonia Delsin

O JARDIM... DO ESPELHO

O JARDIM... DO ESPELHO

Acredito que para crescermos interiormente passamos muitas vezes por situações muito delicadas, muito difíceis, por fases dolorosas...
Algumas pessoas se revoltam com o sofrimento, tornam-se amargas. Perdem o amor pela vida. Mas às vezes ele é um mal necessário, mesmo que nem nos apercebamos disso.
Ninguém deseja sofrer e quando acontece de sofrermos precisamos sempre procurar tirar algum proveito disto no sentido de crescermos.
Vou contar aqui fatos ocorridos há muitos anos. Uma fase negra, que sei que devia ter apagado de minha alma, de minhas lembranças, de meu eu. Mas como nunca consigo encontrar o apagador... vez ou outra estas lembranças também voltam, vem à tona e agora mesmo estou me lembrando delas.
São dores que já não doem, doeram no seu tempo. Doeram demais e marcaram irremediavelmente minha vida.
Triunfei sobre esta fase e nem devia mais tocar no assunto, mas vou narrá-la para que alguém ao lê-la possa tirar algum proveito. Não é bem por aí, porque não é com as lições dos outros que aprendemos mais, mas com as nossas próprias experiências. Mas tudo bem! Vou contar assim mesmo para quem quiser conhecer um pouco mais de mim.
Vou contar o milagre de um espelho.
O fato aconteceu numa primavera. Naquele tempo eu mal completara dezesseis anos e estava presa a uma cama por quase um ano. Sem perspectivas de melhora eu definhava no leito, sofrendo muitas dores e causando também muito sofrimento a todos meus familiares.
Revoltada com o que a vida me oferecia naqueles meus anos de menina-moça eu me tornava muitas vezes uma doentinha intratável.
Minha mãe com muita paciência e tato enchia o quarto com revistas, com livros que eu tanto gostava e deixava que nosso cãozinho me fizesse companhia quase todo o tempo. Não tínhamos uma TV e só um pequeno rádio me trazia um pouco de distração, além da leitura.
As paredes pintadas de um verde claro, os poucos móveis, um quadro de Jesus e Maria, uma cômoda coberta de remédios, um pouco do céu que eu conseguia enxergar através da janela eram as minhas imagens visuais todo o tempo.
Eu via a vida correndo e sem poder andar, ou me sentar eu já nem sabia mais sonhar. Esperava aquela tortura acabar de uma vez. Entregava-me à dor, ao sofrer.
Um dia, mal amanhecera, minha mãe me fez uma proposta, perguntou-me se eu desejava ver o seu jardim.
Então eu argumentei com ela que nem me levantava, se quisessem me carregar eu sentiria mais dores, me sentiria mal. Não queria sair da cama, que me deixasse em paz.
Ela não aceitou a minha recusa e sugeriu que eu poderia ver o jardim através de um espelho.
Achei bobagem. Que graça teria?!
Ela deixou o quarto e minutos depois apareceu com um espelhinho na mão e foi até a janela. Botou o braço para fora e ajeitou-o para que eu visse o canteiro cheio de flores, perguntando se dava para ver a roseira carregada de belas rosas vermelhas.
Vi as rosas, também as dálias, as margaridas e tantas outras.
As flores todas, que de meu leito só sentia o seu perfume.
Ajeitando-o melhor, com muita paciência, minha mãe me trazia para dentro do quarto os beija-flores que visitavam o seu jardim naquele dia e as borboletas que iam de flor em flor.
Não a deixei guardar tão cedo o espelho. Queria ver mais. Queria trazer para dentro do meu quarto de doente, a primavera que despontara lá fora sem que eu a pudesse apreciar.
Na manhã seguinte ela voltou com o espelho e eu vi as mudanças que se operaram num só dia naquele jardim. Vi que havia mais borboletas, abelhas e que também novos beija-flores o visitavam. Até me pareceu ver ali do leito uma gota de orvalho sobre uma rosa cor-de-rosa.
Quis todos os dias repetir a experiência e minha mãe perdia um tempo enorme ajeitando o espelho, para que eu visse melhor o que acontecia lá fora enquanto eu definhava no leito.
Eu aguardava a manhã chegar para assistir todas as manhãs aquela primavera lá de fora, que um espelho conseguia me trazer.
Assim, os três meses se passaram, e eu comecei lentamente a melhorar. Comecei de novo a achar que tudo valia a pena, que a beleza não morrera porque eu não participava dela. E poderia ainda participar, havia um mundo lá fora e eu ainda o poderia desfrutar.
Na primavera seguinte eu já pude ir ao jardim numa cadeira de rodas e no outro com minhas próprias pernas, numa vitória conseguida com muita luta, persistência, esperança e fé.
Vejam o milagre que um simples espelho consegue operar numa pessoa!

Foto de Cecília Santos

MURMÚRIO

MUMÚRIO
*
*
*
Ouço ao longe um murmúrio.
Murmúrio de ternura,
com misto de candura.
Vozes de anjos?
De arcanjos?
Ou simplesmente
o vento cantando!
Não consigo entender.
Só sei que é um cântico lindo.
Uma magistral melodia,
saída de antigas liras.
Ou de um sonho ludíbrio?
O encanto paira no ar,
As folhas já não caem,
As borboletas deixaram de voar
pra tudo silenciar.
E só a magia restar.

Dreitos reservados*
Cecília-SP/07/2008*

Foto de Sirlei Passolongo

Álbum de Família

Decidi olhar fotos antigas,
Dessas que nos fazem viajar no tempo,
Em alguns momentos pude sentir o cheiro das lembranças
Ouvi vozes e eternas canções... Me vi brincando no quintal
de chão batido... O velho balanço ainda estava no abacateiro,
o cheirinho dos pães caseiro assados no forno à lenha
Ah! O barulho da máquina de costura movida por pés ligeiros.
Cada página do álbum que folheava, uma cena revivia...
E, ao fechar os olhos, dançava a ciranda na rua em frente a casa.
Corria atrás de borboletas, ouvia minha mãe gritar:
Cuidado com o pó das asas!
Mas a ciranda parou... Alguém bateu à porta.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Alessandra Reis

Precisava voar...

...eu precisava...voar pra bem distante
dos meus pensamentos

pra um lugar onde a paz reinasse...
e nada me fizesse sangrar...

onde as borboletas me carregassem
pro vale das sombras e dos montes
de alegria...

das nuvens de risos...
e noites de fantasia....

Foto de ddi

o primeiro 'Amo-te'

Era meio dia. Ela sabia que ele gostava de dormir até tarde, mas tinha a certeza de que gostaria mais ainda de a ver.
Bastante ajeitada, saiu do elevador, no piso acima do seu, e percorreu o corredor até ao 519. Pelo caminho passava com os dedos por entre os seus cabelos loiros e tentava imaginar como seria o seu encontro com ele.
Antes de bater à porta, inspirou fundo. Era agora... Sentia-se nervosa e ao mesmo tempo ansiosa... tinha passado demasiado tempo desde a última vez que o vira.
Bate, e ele ao abrir a porta, olham-se nos olhos e deixam escapar um sorriso que quase rasga a cara. Ela atira-se aos seus braços, e beijam-se com uma enorme saudade. Ela sentiu-lhe o gosto da pasta de dentes, e percebeu que ele já a esperava. Sentiu o cheiro da pele: aquele que a confortava a cada momento que se tocavam. Entra no apartamento e, com força, ele toma-a novamente nos braços. Ela sentiu as borboletas na barriga, o arrepio que lhe percorreu o corpo inteiro, o nervosismo à flor da pele, a ansiedade de querer tudo ao mesmo tempo, o desejo e confiança de ser para sempre... Ela estava perdida e unicamente apaixonada por ele...
O tempo passou... O que fizeram será a vossa imaginaçao a decidir. Sairam do apartamento de mãos dadas. Momentos antes tinha-lhe sussurrado ao ouvido um 'Amo-te' tão ternurento e sincero, que nunca antes lhe soube tão bem dizê-lo.

Foto de sidcleyjr

Quarto escuro

Porta fechada guardando palavras ilustres,
Fazendo sombra às fotos do passado,
Medo que a luz apareça sem sentido acordando a realidade dos monstros,
Água ao lado matando a sede das fabulas,
Escorrendo pelos rios e alagando florestas sem prejudicar as borboletas,
Voando pelos céus ao alcance da metamorfose.

Quarto sustentando o escuro poder de significado das quatro paredes,
O amor muitas vezes passou e deixou vozes do puro desejo,
Deixou aqui a velocidade dos constantes privilégios da emoção,
Uma viagem a marte com passaportes ao doce mel da abelha rainha.

Aventurado foi à aniquilação do silêncio,
Que provocou as promessas ameaçadoras,
Conservando a tal verdade dos homens,
Atuando no breve momento dos sonhos,
Acordando pelo próprio despertador no meio da madrugada.

Ninguém escutou,
O quarto permaneceu em silêncio no inverno constante,
Lágrimas deixaram à marca no chão delicado,
Base de vidro que hoje passo com calma,
Para manter-me firme ao local que acreditei.

Agora semeio a experiência,
Ganhei o semblante noturno,
Possuindo uma mascara de palhaço enfeitando o sorriso,
Neutralizando o atrevimento e esperando que o dia amanheça.
O tempo passa e sinto seqüelas oferecidas pela lembrança,
Ao desprezo do corpo sou vulnerável a luz,
Conduzindo a escuridão do quarto.

'Macro

Foto de Sirlei Passolongo

A rosa que sonhava ser azul

Uma rosa vivia triste
e sonhava ser azul... Acreditava
serem mais felizes as violetas.
Pediu aos deuses da natureza
que atendessem seu pedido...
Fez promessas de sorrir
enquanto suas pétalas tivessem vida
E os deuses a ela perguntaram:
Onde viste que a felicidade depende da cor?
O sorriso só brilha por ser o reflexo da alma
As borboletas negras ou coloridas
Passeiam pelo jardim...
O sol empresta suas cores
Pra ver a Lua sorrir...
Felicidade deves sentir
pela simples razão de existir.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Sirlei Passolongo

A Lição das Flores

.

As flores conversavam no jardim
Falavam dos beija-flores
Que lhes visitavam todas as manhãs
De certo modo,
Eles eram-lhes um toque de carinho...
E a margarida disse a violeta,
Não podemos esquecer as borboletas
Elas pousam, delicadamente,
Sobre nossas pétalas no entardecer...
E a rosa falou baixinho:
Não há como não falarmos
Do afago dos passarinhos
Levam nossas sementes além dos rios,
E trazem aos nossos pés um raminho.
Devemos pensar como as flores,
Valorizar todas as pessoas que nos cercam
Cada uma, em sua essência,
Nos doam um pouco de si.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Cecília Santos

FALTOU-ME TEMPO

FALTOU-ME TEMPO
.
.
.
Não tive tempo:
De ver a chuva caindo, a relva molhada,
as sementes brotando, o arco-íris chegando.
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Faltou-me tempo:
De olhar em seu rosto, ver a sua alegria, a sua
emoção, a sua meiguice, seu toque de amor.
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Não tive tempo:
De olhar uma flor se abrindo, as borboletas fazendo
festa, as crianças brincando, e os passarinhos cantando.
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Faltou-me tempo:
De ouvir uma canção de amor, de te dar um abraço
apertado, um beijo estalado, de dizer “eu te amo”.
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Hoje tenho tempo:
De ver tudo o que ontem eu não vi.
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Hoje tenho tempo:
E espero, você chegar pra te abraçar forte,
dar um beijo estalado, e dizer “eu te amo”
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Hoje eu tenho tempo:
Mas você não vem, nosso tempo agora são diferentes,
talvez você até já tenha vindo, mas eu não te vi...!
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Direitos reservados*
Cecília-SP/07/2008*

Foto de Sonia Delsin

BUTTERFLY

BUTTERFLY

Elas bailam...
São bailarinas coloridas.
Tão bonitas, divertidas.
A luz do sol elas ficam fosforescentes.
Fico a olhá-las e penso.
Como são belas as borboletas.
Como são diferentes.
No ar flutuam...leves como penas...
Sonhos apenas...
Chega uma bem azul e vem beijar minhas violetas.
Deitada na rede fico observando.
Elas revoando.
Butterfly. Butterfly...

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